segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Para quem é a salvação?

Alguns versos bíblicos vêm nos dizendo que Deus não quer que ninguém se perca. O que a bíblia quer nos dizer exatamente? Deus está falando de uma totalidade envolvendo a questão matemática, ou a palavra ninguém se refere aos que irão se salvar? Para quem foi destinada a palavra de Deus? Em meio há vários versos que tratam sobre o assunto iremos analisar apenas três deles. O apóstolo Pedro declara com clareza que Deus não quer que ninguém pereça. 2ª Pe. 3.9 Como podemos encaixar este versículo na predestinação? Se não é a vontade de Deus eleger todos para a salvação, como pode então a Bíblia dizer que Deus não quer que ninguém pereça? Em primeiro lugar precisamos entender que a Bíblia fala da vontade de Deus em mais de uma maneira. Por exemplo: de um lado a Bíblia fala do que nós chamamos de vontade soberana eficaz. A vontade soberana de Deus é aquela vontade pela qual Deus faz com que as coisas aconteçam com absoluta certeza. Nada pode resistir à vontade de Deus neste sentido. Por sua soberana vontade, Ele criou o mundo. A luz não poderia recusar-se a brilhar Jó 42:2, Is. 46:10 A segunda maneira na qual a Bíblia fala da vontade de Deus é com respeito ao que chamamos de vontade preceptiva, ou seja, o que é ordenado por Deus . A vontade preceptiva de Deus refere-se a seus comandos, suas leis e seus mandamentos. È a vontade de Deus que façamos o que Ele ordena, porém, Somos capazes de desobedecer a sua vontade. Na realidade, quebramos seus mandamentos. Porém não podemos fazer isso impunemente. Fazemos isso sem sua permissão ou sanção. Ainda assim o fazemos. Na verdade nós pecamos. Um terceiro modo que a Bíblia fala da vontade de Deus faz referência à disposição de Deus, ao que agrada a Ele. Deus não tem prazer na morte do ímpio. Ez. 18:23, 33:11. Outro fato que não podemos esquecer é que Deus está direcionando estas palavras para Israel. O ímpio aqui relatado não significa necessariamente somente os ímpios impenitentes. Tanto é assim que o apostolo Paulo disse que há seu tempo Cristo morreu pelos ímpios. Rm 5:6. Existe um sentido no qual a punição do ímpio não traz alegria a Deus. E isso na esfera humana. Ele escolhe fazê-lo porque tem que punir o mal. Ele se alegra na justiça de seu julgamento, mas é “triste” que tal julgamento justo precise ser realizado. É algo como um juiz sentar-se na corte e sentenciar seu próprio filho à prisão. Vamos aplicar estas três definições possíveis à passagem de 2ª Pedro. Se tomarmos a declaração compreensiva “Deus não quer que ninguém pereça”, e aplicarmos a ela a vontade soberana de Deus, a conclusão é óbvia. Ninguém perecerá. Se Deus soberanamente decreta que ninguém deve perecer, e Deus é Deus, então certamente ninguém jamais perecerá. PV. 21:30. Este, então, seria um texto de prova não para o arminianismo, e sim para o universalismo, arminianismo é uma teoria teológica surgida na Holanda por Tiago Armínio. O universalismo é um pensamento ou uma doutrina teológica que diz que no final, todos serão salvos. Se aplicarmos a definição da vontade preceptiva de Deus a esta passagem, então a passagem significaria que Deus não permite que ninguém pereça. Isto é, Ele proíbe o perecimento das pessoas. E contra sua lei. Se as pessoas fossem adiante e perecessem, Deus teria de puni-las por perecerem. Sua punição por perecerem seria mais perecimento. Esta definição não funcionará. Não faz sentido. A terceira alternativa é que Deus não tem prazer no perecimento das pessoas. Isto se enquadra no que a Bíblia diz, em outros lugares, sobre a disposição de Deus em relação aos perdidos. Esta definição poderia servir nesta passagem. Pedro poderia simplesmente estar dizendo aqui que Deus não tem prazer no perecimento de ninguém. Embora a terceira definição seja possível e atraente para ser usada na solução desta passagem, com a qual a Bíblia ensina sobre predestinação, há ainda um outro fator a ser considerado. O texto diz mais do que simplesmente que Deus não quer que ninguém pereça. A cláusula inteira é importante: “pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento”. Qual é o antecedente de nenhum? É claramente “nós”. Será que “nós” se refere a todos nós humanos? Ou se refere a nós cristãos, o povo de Deus? Pedro gosta de falar dos eleitos como um grupo especial de pessoas. Na verdade o que ele está dizendo aqui, é que Deus não quer que nenhum de nós (os eleitos) pereça. Se esse é o seu significado, então o texto exigiria a primeira definição e seria mais uma forte passagem a favor da predestinação. De duas maneiras diferentes o texto poderia ser harmonizado com a predestinação. De maneira nenhuma sustentaria o arminianismo. O único significado possível seria o universalismo, que então entraria em conflito com tudo o mais que a Bíblia diz contra o universalismo. Por exemplo: o mesmo ocorre com Jo. 3:16-17. Não podemos interpretar estes versos como eles querendo falar literalmente. O fato é que Deus enviou, comissionou o seu filho ao mundo, agora, crer que Deus quer salvar o mundo matematicamente não se enquadra no que a bíblia diz. Na verdade Jesus viveu neste mundo para poder salvar os eleitos que estão no mundo. Mt.25:34, Jo. 17:9. (Eu rogo por eles: não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus). E se Deus tem os seus, naturalmente existem aqueles que não lhes pertence no que concerne à salvação. Assim como Deus proveu um meio para salvar os seus, e este meio nós sabemos foi enviar o seu filho ao mundo, assim também Deus de antemão providenciou um lugar para onde ele enviará os perdidos. Mt.25:41. Percebemos que a bíblia diz que tal lugar está preparado, isto nos mostra que se está preparado de maneira nenhuma Deus intentou salvar todos matematicamente. Mt. 24: 31 Outro fato está na declaração de Jesus, se existem os escolhidos também devem existir os que não foram escolhidos. 1ª Jo. 2:2 A bíblia nos diz que o sacrifício e a intercessão de Cristo são estendidos para o mundo inteiro. Novamente surge a questão da globalização, porém é fácil entender que o ímpio não recorre a Deus e a Jesus Cristo para ter os seus pecados cancelados, outro fato bastante relevante é que o apóstolo está direcionando as suas palavras para o mundo não matemático, mas sim para o mundo de crentes. E para ter uma maior prova disso basta ler o contexto deste mesmo capítulo dois. Jesus é a propiciação dos pecados de todos os seus que estão espalhados por todo o mundo. 2ª Tm. 2:19. diz: (Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade). Vale lembrar que tanto o universalismo quanto o arminianismo são doutrinas sem fundamento bíblico.