sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Deus Elege Pessoas Baseado na Presciência da Fé?


Eis um assunto que gera bastante polemica, mas que preserva a realidade bíblica sobre a soberania de Deus. Vale ressaltar que as palavras, presciência da fé, quer dizer que Deus escolhe alguém olhando para a futura fé que tal individuo exercerá. 

As Escrituras ensinam que tudo relacionado ao evangelho tem o propósito de glorificar A Deus e a Cristo, e destruir o orgulho do homem, ao pensar que pode salvar a si próprio. Por consequência, alguma coisa que diminui a glória de Cristo é inconsistente com o verdadeiro evangelho. Então, meu propósito nesta questão não é ser contencioso, mas glorificar ao Pai e ao Filho. 

Este pequeno artigo se propõe a desafiar a posição antibíblica que alguns evangelistas modernos insistem em pregar: a presciência da fé. Eu gostaria especificamente de confrontar essa posição, sustentada por alguns, que crêem que Deus observa de fora os corredores do tempo tentando ver quem crerá e então os escolhe baseado na sua resposta positiva a Ele. Eu entendo que um dos grandes motivos para alguns cristãos acreditarem neste conceito é que eles desejam preservar o amor irrestrito de Deus a todos e não podem imaginar um Deus que arbitrariamente escolhe alguns e condena o resto. 

Se a eleição incondicional fosse verdade, argumentam, então porque Deus não salvou todo mundo? Escolher alguns e deixar outros não tornaria Deus arbitrário em Sua escolha? Essas são objeções compreensíveis que eu espero responder no que se segue: Se entendo corretamente a idéia da presciência da fé, os próximos três pontos expressam corretamente o conceito central que esta posição sustenta: 

A salvação dos homens é definitivamente o resultado de suas escolhas ao contrário de uma escolha divina, unicamente. A eleição é baseada pela presciência divina da fé de certas pessoas e não somente por estar de acordo com Seu desejo e misericordiosa vontade. A eleição é condicional, baseada na aceitação de Jesus Cristo e não na determinação de Deus, mesmo quando a graça de Deus está certamente envolvida neste processo. 

Antes de entrarmos numa discussão dos méritos da racionalidade (lógica), devemos considerar primeiramente que o Cristianismo não é algo que nós deduzimos de uma mera filosofia especulativa. Deus decidiu nos dar faculdades racionais e as ferramentas da lógica; mas, como cristãos, isto deve sempre ser usado dentro dos parâmetros bíblicos que Ele graciosamente nos concedeu. Pensar cristologicamente é reconhecer que podemos saber de Deus somente da forma que Ele revelou-se a nós nas Escrituras; e as Escrituras não dão evidência da doutrina da presciência da fé. 

Portanto, sustentar uma teologia apenas numa inútil lógica humana não é nada mais que tirar os mais profundos fundamentos da nossa fé de fontes extra bíblicas. De fato, as Escrituras dizem... Aqueles que [Deus] de antemão conheceu, também os predestinou, mas seria uma exegese pobre concluir que isto deve significar uma fé prevista. É ir bem mais além do que o texto realmente quer dizer. Todos devemos admitir que isto é ler um conceito adicional que simplesmente não está lá, pelo motivo de o texto em questão não dizer que Deus prevê algum evento (nossa fé) ou as atitudes que as pessoas tomam. 

Pelo contrário, ele diz aqueles que de antemão conheceu... Em outras palavras, Paulo informa que Deus prevê pessoas. As Escrituras, toda vez que citam Deus conhecendo pessoas, referem-se àqueles em quem o Senhor imputou seu amor. Isto expressa à intimidação do conhecimento pessoal. Por exemplo, o Senhor diz a Jeremias: Antes que eu te formasse no ventre te conheci . Deus determinou de antemão separar certas pessoas por amor, mas não pelas decisões delas (Amós 3:2; Mt. 7:23; João 10:14; 2 Tm 1:19). 

Na verdade, a Bíblia ensina que a graça de Deus em nos escolher é livre, baseada unicamente em Sua vontade, e não influenciada por capacidades natas, desejo espiritual (Rm 9:16, João 1:13), mérito religioso ou a presciência da fé das pessoas que ele escolheu para Si (Ef 1:5; 2:5,8). Pelo contrário, Deus atua de acordo com Seu supremo propósito, que é Sua própria glória. 

A todo aquele que é chamado pelo meu nome, e que criei para minha glória, e que formei e fiz. (Isaías 43:7) Inconsistências Lógicas. A partir da falta de evidência bíblica para os defensores da presciência da fé, eu também gostaria de evidenciar a falha fatal e a lógica inconsistente da própria pressuposição antibíblica. Enquanto alguns retratam a fé prevista como uma dádiva de grande liberdade à livre escolha de todos os homens, após uma reflexão mais profunda, esta idéia mostra que nenhuma liberdade é dada ao homem no final. 

Ora, se Deus pode olhar o futuro e ver que uma pessoa A virá a Cristo e que a pessoa B não irá crer em Cristo, então esses fatos já estão consumados, eles já foram determinados. A presciência divina da fé e arrependimento dos crentes implica a certeza, ou necessidade moral desses atos, tanto quanto um decreto soberano.  Porque aquilo que é certamente previsto deve ser certo (R.L. Dabney). 

Se nós assumirmos que o conhecimento divino do futuro é correto (ponto pacífico entre todos os evangélicos), então é absolutamente certo que a pessoa A crerá e a pessoa B não crerá. Não existe qualquer forma de suas vidas tornarem-se diferente disso. Conseqüentemente, é mais que correto dizer que seus destinos já estão determinados, porque não poderiam ser diferentes. A questão é: pelo que seus destinos são determinados? 

Se o próprio Deus os determina, então nós não temos eleição baseada na presciência da fé, e sim na vontade soberana do Senhor. Porém, se Deus não determina seus destinos, então quem ou o que os determina? É claro que nenhum cristão diria que existe um ser mais poderoso que Deus controlando o destino dos homens. Portanto, a única alternativa possível é dizer que seus destinos são determinados por alguma força impessoal, algum tipo de sorte, operante no Universo, fazendo todas as coisas agirem como elas agem. 

Mas, qual o benefício disso? Trocamos, então, a eleição em amor, de um Deus pessoal e compassivo, por um tipo de determinismo guiado por uma força impessoal; e Deus deixa de receber a autoridade final para nossa salvação. (Wane Grudem, Systematic Theology). Além disso, ninguém poderia argumentar consistentemente que Deus previu aqueles que creriam e seriam salvos e também pregar que Deus está tentando salvar todo o mundo. 

Se Deus sabe quem será salvo, então seria um absurdo Ele acreditar que mais pessoas podem ser salvas que aquelas que Ele previamente sabia que o escolheriam. Seria inconsistente afirmar que Deus está tentando fazer alguma coisa que Ele já sabia que nunca aconteceria. Da mesma forma, ninguém pode consistentemente dizer que Deus previu aqueles que seriam salvos e em seguida ensinar que Ele faz tudo que pode para salvar todos os homens do mundo. 

Por este sistema, Deus estaria perdendo tempo e esforço na tentativa de converter um homem que Ele sabia desde o princípio que não O escolheria. O sistema antibíblico desaba por si mesmo. Alguns poderão responder que não é nem eleição nem fé previstas, mas alguma coisa no meio. Esta opção é excluída, por definição, a não ser que você acredite que Deus não conhece o futuro. Em outras palavras, a única forma da posição de meio-termo ser verdade é o caso de limitarmos a onisciência de Deus (uma impossibilidade). Ou Deus sabe e decreta o futuro ou não. 

Se Deus sabe o futuro e sua posição da fé prevista é verdadeira, então Deus nos deixou nas mãos de um acaso impessoal. Nossas escolhas seriam pré-arranjadas por um determinismo impessoal. Sua posição coluna do meio poderia teoricamente ser correta se você afirmar a ignorância de Deus em relação ao futuro, mas então Deus não saberia quem iria escolhê-lo e a teoria inteira se desmancharia pelo fato da presciência da fé gerá-la. 

Concluindo, a não ser que você deseje acreditar que uma força impessoal determina nossa salvação, e que Deus não conhece o futuro (a heresia do Teísmo Aberto), a posição da fé prevista é, ao mesmo tempo, biblicamente e logicamente impossível. Com o propósito de honrar a Deus, nós devemos, neste assunto, originar nossa autoridade das Escrituras e ser cuidadosos para não nos apoiarmos meramente naquilo que nos foi ensinado em nossa igreja. 

Antecipando o contra-argumento que isto faria Deus arbitrário... Primeiramente, eu gostaria de desafiá-lo a confrontar a seguinte passagem. Paulo encontrou a mesma argumentação contra a eleição que isto faria Deus injusto e arbitrário. Romanos 9:18-23 18. (Portanto, Deus tem misericórdia de quem ele quer, e endurece a quem ele quer. Mas algum de vocês me dirá: Então, por que Deus ainda nos culpa? Pois, quem resiste à sua vontade? Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? 

Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: Por que me fizeste assim? O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para uso desonroso? E se Deus, querendo mostrar a sua ira e tornar conhecido o seu poder, suportou com grande paciência os vasos de sua ira, preparados para a destruição? Que dizer, se ele fez isto para tornar conhecidas as riquezas de sua glória aos vasos de sua misericórdia, que preparou de antemão para glória. 

Para começar, Paulo não faria esta questão hipotética a não ser que ele acreditasse que a determinação final da salvação estava apenas nas mãos de Deus. Paulo está dizendo que Deus tem o direito supremo de fazer conosco o que Ele quiser. Você irá condená-lo por este direito? Além disso, como nós conhecemos a personalidade de Deus, nós não devemos pensar que, a Seu modo, Deus não tinha razões ou causas para salvar a alguns e outros não o propósito divino sempre conspira com a sabedoria de Deus e nada ocorre sem motivos ou despropositadamente, apesar destas razões e causas não terem sido reveladas a nós. 

Nos Seus conselhos e obras nos quais nenhum propósito é perceptível, este propósito ainda está oculto com Deus. Logo, o que Ele decretou nunca está fora de uma justa e sábia concordância com Seu beneplácito, fundamentado em Seu gracioso amor que nos envolve. Apenas não saber o porquê de Ele escolher alguns para a fé e outros para a descrença não é razão suficiente para rejeitar isto. Na falta de dados relevantes, nós, portanto, não temos razão, ou o que for, para assumir o pior, portanto não há base legítima para duvidar da benignidade de Deus aqui. 

Conseqüentemente, duvidar que Deus possa escolher-nos baseado somente no seu bel consentimento não é duvidar da bondade de Deus. Os defensores da presciência da fé estão, na verdade, dizendo que são incapazes de crer na escolha de Deus e preferem dá-la a seres decaídos, como se eles pudessem tomar uma decisão melhor que Deus. Vamos resumir então a resposta à acusação de Deus ser arbitrário: As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, o nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre, para que sigamos todas as palavras desta lei. (Deuteronômio 29:29) 

A eleição é baseada nas qualidades morais de Deus (por exemplo: bondade, compaixão, empatia, integridade, não-fingimento, imparcialidade, justiça, etc.) Deus tem causas e razões para Suas escolhas, mesmo que estas sejam íntima dEle (ou seja, desconhecidas nas criaturas). Nós sabemos que o Senhor é bom e, portanto podemos confiar que Ele faria uma escolha melhor que as nossas. Deus não faz nada sem razão. Ele não faz nada despropositadamente. Ele simplesmente não nos revelou estas razões e causas, apesar de elas certamente existirem. 

Como elas não foram reveladas, estamos proibidos de tentar adivinhá-las. Porém, como conhecemos a fidelidade de Deus, podemos nos regozijar em Sua sabedoria. Deus não falta com razões justas para Seus atos. Estas razões justas estão simplesmente ocultas para nós. Salvação não é condicionada por algo que Deus vê em nós e que nos torna dignos de Sua escolha. 

NENHUM dos Seus decretos é feitos sem justiça e sabedoria. Devemos sempre ter em mente que Deus não é obrigado a salvar ninguém e que todos nós somos justamente merecedores de Sua ira. Assim, se Deus salva alguém, é puramente um ato de Sua misericórdia. Todos os evangélicos concordam que seria justiça de Deus pôr toda a humanidade em julgamento. Por que, então, seria injustiça de Sua parte julgar alguns e ter misericórdia do resto? 

Se seis pessoas me devessem certo valor, por exemplo, e eu perdoasse quatro deles, mas ainda quisesse o pagamento dos outros dois, eu estaria totalmente dentro de meu direito. Quanto mais Deus está? (Leia A Parábola dos Trabalhadores na Vinha. Mateus 20:1-16). Portanto, isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus. (Romanos 9:16)


Por, John Hendryx

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A doutrina da encarnação.



Vamos examinar o contexto histórico do desenvolvimento do que se tornou a pedra angular da ortodoxia cristã, a doutrina da "Encarnação." Veremos que esta doutrina não surgiu no vácuo, nem estritamente a partir do texto da Escritura. Foi o resultado da influência de certas crenças e atitudes que prevaleceu em torno da igreja cristã depois do primeiro século.

 A mitologia pagã, e pontos de vista gnósticos da redenção e da pré-existência humana, e a incompreensão da linguagem joanina, tudo isso contribuiu para o ensino de que o próprio Deus se tornou homem. Embora a "Encarnação" seja assumida como um princípio básico do Cristianismo, o termo não é usado ou encontrado em nenhum lugar na Escritura. 

Mas, é admitido por estudiosos trinitarianos. Encarnação, em seu sentido pleno e adequado, não é algo diretamente apresentado na Bíblia. A doutrina da Encarnação foi realmente formulada durante os primeiros séculos da era cristã. A doutrina, que tomou forma clássica, sob a influência das controvérsias dos séculos quarto e quinto, foi formalmente definida no Concílio de Calcedônia em 451. Foi em grande parte moldada pela diversidade da tradição nas escolas de Antioquia e de Alexandria. 

Refinamentos foram adicionados nos períodos posteriores a patrística e medieval. A razão pela qual os conselhos e sínodos levaram centenas de anos para desenvolver a doutrina da Encarnação é que ela não é declarada nas Escrituras, e os versos usados ​​para apoiá-la podem ser explicados sem recorrer a uma doutrina que tem mais semelhança com a mitologia pagã do que a verdade bíblica. 

Ensinar aos judeus que Deus desceu na forma de um homem teria ofendido completamente aqueles que viveram na época de Cristo e os Apóstolos.  Essa doutrina é derivada mais proeminente do evangelho de João, e em particular a partir da frase em Jo. 1.14 Este plano de Deus para a salvação do homem, finalmente, "se fez carne" em Jesus Cristo. Este versículo não estabelece a doutrina da Encarnação é um ensinamento do grande amor de Deus em trazer à existência o Seu plano para salvar o homem dos seus pecados. 

Antes de prosseguir, devemos definir o que é tradicionalmente compreendido por "encarnação" de Cristo. A tradição ensina que, sem deixar de ser Deus, Deus se fez homem.” Vejam o que diz o Novo Dicionário da Bíblia, uma fonte trinitária: Textos entre parênteses. (Parece significar que o Criador divino se tornou uma das suas próprias criaturas, que é uma contradição, em termos teológicos.” “A Encarnação do Filho de Deus, não era uma diminuição da divindade, mas uma aquisição da humanidade.” Se quiser saber como um pré-existente "Deus Filho" pode se tornar um homem sem qualquer "diminuição da sua divindade", ou como ele poderia viver entre os humanos" sem deixar de exercer as funções divinas que exercia desde a eternidade. Os trinitarianos dizem que isso é parte do “mistério "da Encarnação.) 

O Novo Dicionário da Bíblia admite que o conceito não é desenvolvido ou discutido no Novo Testamento. O fato dos escritores do novo testamento não tentarem explicar a doutrina da encarnação mostra que tal doutrina não existia. Portanto, se ela não se encontra na bíblia em nenhum dos dois testamentos como pode eventualmente ela ser considerada uma parte da "Doutrina dos Apóstolos"? Os estudiosos admitem que esta doutrina é fraca biblicamente, devemos examinar então por que os teólogos cristãos do terceiro e quarto séculos tornaram-se tão preocupados em estabelecê-la como a pedra angular da fé cristã trinitária. 

Devemos, primeiramente, estabelecer o fato de que o próprio processo de se transformar de verdade histórica a mitologia foi claramente profetizado pelo apóstolo Paulo no final de sua vida. Isso é incrível, mas não surpreendente, tendo em vista as muitas vezes na Escritura que Deus advertiu seu povo sobre ser influenciado pela cultura pagã. 

"Encarnação", pelo menos na concepção mais comum da visão cristã, é a crença de que Jesus não é um ser criado, mas o Deus invisível "vestido" em carne humana. Assim, a nosso ver, o relato bíblico da criação do último Adão é trocado por um mito. O conceito de Deus, ou qualquer ser espiritual, tornando-se um bebê é completamente inconsistente com a verdade bíblica. Reconhecemos que a doutrina da Encarnação não é o resultado direto da incursão da mitologia pagã, no entanto, os líderes da Igreja dos séculos III e IV depois de Cristo não foram diligentes para permitir que toda a Escritura pudesse determinar a doutrina cristã. 

Na ausência de um compromisso total com a Bíblia, eles interpretaram erradamente a linguagem do evangelho de João e usaram esse mesmo evangelho para estabelecer uma doutrina que não se harmoniza com a profecia do Antigo Testamento, os Evangelhos sinópticos (os outros três evangelhos) e o resto do Novo Testamento. O resultado tem sido deslocar o centro da mensagem cristã da ressurreição, e estabelecer a idéia da Encarnação, uma idéia muito mística, mitológica e misteriosa. 

A história nos mostra que a Igreja sempre reconheceu a natureza altamente misteriosa da crença na encarnação. Poderíamos argumentar que esta doutrina tem feito mais para enfraquecer a fundação do núcleo racional da fé cristã do que todos os assaltos dos chamados hereges juntos. A idéia de que o próprio Deus veio e viveu entre nós na forma de um homem ecoa mitológica e pagã, e, no mínimo, deixou a mensagem cristã aberta ao ridículo. 

Um ser divino preexistente, feito em carne criado por pais humanos soa tão mitológico que tem sido muitas vezes ridicularizado por críticos, especialmente judeus e muçulmanos. Isto é ainda admitido por fonte trinitariana: Tal afirmação, considerada abstratamente no contexto do monoteísmo do Antigo Testamento, pode parecer uma blasfêmia ou sem sentido. A Cristologia tradicional tem trabalhado com um esquema de supranaturalismo. (sobrenatural) O cristianismo expressou isso mitologicamente e os teólogos dos primeiros séculos desenvolveram então a doutrina da Encarnação, encarnação significa que Deus, o Filho, desceu a terra, e nasceu, viveu e morreu dentro deste mundo como um homem. 

Do céu desceu e gentilmente entrou em cena o ser humano, se revestiu em carne algo que não era "dele" e viveu verdadeiramente e completamente dentro dela. Como o homem-Deus, uniu em sua pessoa o sobrenatural e o natural. Porém o problema da cristologia é como Jesus pode ser plenamente Deus e plenamente homem, e ainda verdadeiramente uma pessoa. A maneira tradicional de descrever a doutrina da Encarnação, quase inevitavelmente, sugere que Jesus era realmente o Deus Todo-Poderoso andando na terra, vestido como um homem. 

Jesus não era um homem nascido e criado, ele era Deus por um período limitado participando de uma farsa. Ele parecia um homem, ele falava como um homem, ele se sentia como um homem, mas no fundo ele era Deus vestido em carne. Na verdade, a própria palavra "encarnação" [que não é um termo bíblico] inevitavelmente sugere a idéia de uma substância divina mergulhada em carne e revestido com ela. A doutrina da encarnação foi derivada do paganismo, a doutrina soa tão semelhante a Muitos outros mitos sobre seres divinos que veio e viveu entre os homens é difícil não concluir que os pensadores cristãos empregaram a linguagem das religiões pagãs, em vez de aderir diligentemente à linguagem das Escrituras. 

A idéia de que Deus ou os deuses podiam descer na forma de homens era uma visão comum nos tempos do Novo Testamento. Vemos um exemplo muito claro disso no livro de Atos, após a cura de um paralítico: At. 14,11-13. É digno de nota que Paulo e Barnabé não aproveitaram a oportunidade para explicar que eles não eram deuses ou que vieram na forma humana, Em vez disso, eles argumentaram contra a base mitológica de tais crenças e práticas pagãs: At. 14,14-15. 

Estes versos bíblicos indicam que a maioria das pessoas influenciadas pela religião grega e romana acreditava em uma variedade de mitos, envolvendo a mistura de deuses, homens, mulheres e até animais. Por exemplo, os romanos acreditavam que Rômulo e Remo foram gêmeos nascidos de uma mãe mortal e Marte, o deus da guerra. A lenda diz que eles foram trazidos à tona em um cesto do rio Tibre. Uma loba encontrou os bebês e os criou. Um pastor encontrou os gêmeos e os levou. Já na idade adulta os gêmeos decidiram construir uma cidade no local onde o lobo encontrou-os, mas Rômulo matou Remo e fundou Roma, supostamente em 753 AC. 

O panteão mitológico romano incluía uma tríade, ou seja, um grupo de três deuses, composto de Júpiter, Marte e Quirino. Júpiter era o deus dos céus e Marte, o deus da guerra, enquanto Quirino representava o povo comum. No final dos anos 500, AC, os romanos substituíram a tríade arcaica com outra tríade de Júpiter, Juno e Minerva. 

sábado, 1 de setembro de 2012

Analisando Atos 15.3.


Os sabatistas alegam que quando no novo testamento é proferido as palavras “lei de Moisés” está se referindo as leis cerimoniais que pré-figuravam ou apontavam para Cristo. Mas, surgem então baseados em alguns poucos versos bíblicos algumas perguntas pertinentes, citarei o primeiro verso. Gl. 5.3 (De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei.) 

A circuncisão era a prova final de que tal individuo era realmente judeu, e o mesmo valia para os convertidos ao judaísmo. Em outras palavras se alguem quisesse se “tornar” ser participante das praticas judaicas deveriam se circuncidar. Paulo testifica dizendo que se alguem se circuncidar deve guardar toda a lei, mediante isso eu pergunto: e o inverso disso, não deve ser o mesmo? Ou seja, se alguem quiser observar toda a lei, não deve se circuncidar? 

Lógico que sim. Se a circuncisão me obriga a guardar toda a lei, o inverso disso deve ter as mesmas proporções. Não se pode tentar pertencer a um povo adotando somente parte dos seus costumes e obrigações. Vejam os versos: 

Gn. 17.12-14 (O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações, tanto o escravo nascido em casa como o comprado a qualquer estrangeiro, que não for da tua estirpe. Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua. O incircunciso, que não for circuncidado na carne do prepúcio, essa vida será eliminada do seu povo; quebrou a minha aliança.) 

(A) Natural e estrangeiro deveriam se circuncidar. (B) Se não fizessem assim estariam quebrando a aliança, e não seriam considerados por Deus como povo.                             

Outra questão interessante é encontrado em At. 15.3 que diz: (Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus que haviam crido, dizendo: É necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés.) 

Vejam algumas questões interessantes: (1) para que se observassem a lei de Moisés era necessário circuncidá-los, uma coisa dependia da outra. (2) Que lei de Moisés o verso se refere? (3) São as ditas leis cerimoniais? Vamos analisar as questões: 

A circuncisão não é, pois foi pedido conjuntamente que se circuncidassem, e que observassem a lei de Moisés. O cerimonial que apontava para Cristo, também não é, pelo fato do verso dizer que alguns dos fariseus que creram estavam tentando induzir os apóstolos. Ora, se eles creram no Messias naturalmente não mais haveria necessidade de sacrificar cordeiros, portanto está descartada a hipótese de ser a lei do holocausto. 

E a palavra lei do verso 5 é nomos a mesma palavra encontrada para definir a lei de Deus. Sendo assim dentro da visão sabatista os apóstolos deveriam ser os primeiros a serem considerados antinomistas, visto que eles resistiram a sugestão dos fariseus convertidos de que os gentios deveriam observar a lei de Moisés, lei esta que no grego é nomos, mesma palavra que descreve a lei encontrada em romanos 7.22 por exemplo. 

Seriam os apóstolos contrários a lei? De maneira nenhuma, eles só não eram mais dependentes da lei para salvação, em outras palavras a aliança do Sinai e todas as suas ordenanças não era mais importante para a salvação. Naturalmente os sabatistas irão dizer: Você quer dizer que os apóstolos se rebelaram contra a lei? Lógico que não é isso, os apóstolos estavam dizendo que o sistema mosaico era inoperante para a salvação. 

Observem também que o verso 5 diz que os fariseus que aceitaram a Cristo insurgiram; em outras palavras eles começaram a revoltar-se, pelo fato dos cristãos não estarem se circuncidando e nem mesmo observando a lei. Alegar que todos naquela época guardavam o sábado é uma incoerência muito grande, isso para não dizer mentira muito grande, caso fosse uma realidade não haveria a necessidade dos fariseus convertidos se levantarem dizendo que era necessário os gentios guardarem a lei. 

Ora, se eles já guardavam a lei, que lei então os fariseus que aceitaram o Messias estavam incitando os cristãos a obedecerem? Veremos outros versos interessantes que muitas das vezes passam desapercebidos. At. 15.28 ( Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais.) 

Já ouvi o absurdo por parte dos sabatistas que o verso em questão se refere as ditas leis cerimoniais, mas o que vemos é que isso não passa de uma falsa premissa. Observem o seguinte: se os fariseus convertidos estavam incitando os gentios a guardarem a lei, naturalmente chegamos a conclusão que entre os gentios não havia tal costume. Ninguém obriga outro a cumprir aquilo que lhe é uma prática. Então, o que foi considerado pelos apóstolos como um encargo? 

As festas? Se foi, os sabatistas estão em débito com Deus, visto não terem como uma necessidade atual, todas as leis consideradas cerimoniais não pode ser, devido ao fato dos judeus convertidos não mais precisarem de figuras que representassem o Messias. Naturalmente nós deveríamos de esperar que os apóstolos sendo todos judeus a dois mil anos atrás fossem tremendamente judaizantes, isso deve ser considerado assim pelo fato de que muitos gentios querem a todo custo tornar-se judeu, ou pelo menos impor na nova aliança práticas judaizantes. 

Outros vão além disso,dizendo que devem ter os nomes trocados, devem falar em hebraico, outros vão ao extremo dizendo que são descendentes direto dos judeus e portanto são obrigados mesmo sem se circuncidar em aderir praticas judaizantes. Mas que surpresa temos quando Paulo no livro de Gálatas descreve as atitudes de Pedro. Gl. 2.14 (Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Cefas, na presença de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?) 

Naturalmente Pedro não vivia como um depravado gentil, não era isso. Tanto é assim que o próprio Paulo disse que nós não somos pecadores dentre os gentios. Quanto ao verso acima devemos entender que: (1) Pedro não vivia como um judaizante, (2) o próprio Paulo descartou a questão da obrigatoriedade, ou seja não devemos obrigar um gentil convertido a ser um judaizante, (3) algo muito diferente daquilo que os gentios sabatistas fazem, (4) se um judeu natural convertido ao cristianismo não deve obrigar um gentil convertido a se tornar judeu, por que um gentil deve obrigar outro gentil a praticas judaizantes? 

Logo após o “pedido” dos da seita dos fariseus que haviam crido, em seu discurso Pedro faz uma declaração muito interessante, diz Ele: At. 15.10 ( Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós?) Sendo assim a questão continua, que jugo seria esse? 

Os adventistas argumentam que o jugo aqui referido são os dogmas (tradições) ensinadas pelos líderes judeus, mas não é isso que o contexto mostra, pelo fato da pergunta de Pedro está relacionada a uma exigência dos fariseus convertidos, ou seja, a questão que estava sendo discutida naquele momento era sobre a lei.  

Em outras palavras os fariseus tiveram a mesma atitude dos sabatistas modernos, disseram que o fato dos gentios crerem em Cristo não era suficiente para a salvação a crença deveria está acompanhada das obras da lei. 

Santas palavras do apostolo inspirado que disse: Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós? Atos 15.10. O que percebemos nestes versos que foram relacionados é que a lei que estava em discussão foi toda a primeira aliança, Pedro, Paulo, Tiago e os demais estavam dizendo que tal prática não tem lugar no evangelho de Cristo.