quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Os três Anjos de apocalipse e a interpretação adventista.

Ap. 14. 6-7 (Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.)
          
A igreja adventista do 7º dia seguindo a orientação de Ellen G. White a qual eles os adventistas tem como profetiza, ensina que as mensagens angélicas encontradas em Apocalipse 14 referem-se ao movimento adventista. No entanto, segundo ela as duas primeiras mensagens particularmente descrevem o início do movimento. (O movimento Adventista de 1840 a 1844 foi uma manifestação gloriosa do poder de Deus; a mensagem do primeiro anjo foi levada a todos os postos missionários do mundo, e nalguns países houve o maior interesse religioso que se tem testemunhado em qualquer nação desde a Reforma de século dezesseis. Meditação Matinal pág. 18. Aqui E.G. W claramente nos diz que o movimento adventista que compreendeu de 1840-1844 proclamou a mensagem do primeiro anjo.

(Vi que Deus estava na proclamação do tempo em 1843. Era Seu desígnio suscitar o povo, e trazê-los a uma condição em que seriam provados, na qual decidiriam ou pró ou contra a verdade. Pastores se convenceram da exatidão da atitude assumida quanto aos períodos proféticos, e alguns renunciaram seu orgulho e deixaram seus salários e igrejas para sair de um lugar para outro a fim de apregoar a mensagem. E mesmo alguns profissionais foram compelidos a deixar suas profissões a fim de se empenharem na obra impopular de proclamar a mensagem do primeiro anjo.) Primeiros Escritos pág. 232.

Na visão adventista a mensagem do primeiro anjo foi à pregação de Guilherme Miller, o qual baseado em Daniel 8.14 valendo-se de um cálculo matemático disse que Jesus voltaria a terra em 22 de outubro de 1844. (A Guilherme Miller e seus cooperadores coube a pregação desta advertência na América do Norte. Este país se tornou o centro da grande obra do advento. Foi aqui que a profecia da mensagem do primeiro anjo teve o cumprimento mais direto.) O grande Conflito pág. 379. Se segundo os adventistas a mensagem do primeiro anjo foi a pregação de Miller, qual seria a mensagem do segundo anjo?

Ap. 14. 8 (Seguiu-se outro anjo, o segundo, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição.) Para Ellen White a mensagem do segundo anjo cumpriu-se nos religiosos que recusaram ouvir a mensagem de Guilherme Miller, que para ela e para os adventistas representa a mensagem do primeiro anjo. Em outras palavras Ela disse: “vocês não querem ouvir o que Miller disse, vocês cairão em declínio moral e espiritual”.

Como as igrejas se recusassem a receber a mensagem do primeiro anjo, rejeitaram a luz do Céu, e caíram do favor de Deus. Confiaram em sua própria força, e, opondo-se à primeira mensagem, colocaram-se onde não poderiam ver a luz da mensagem do segundo anjo. Mas os amados de Deus, que eram oprimidos, aceitaram a mensagem: "Caiu Babilônia" (Ap. 14.8), e deixaram as igrejas. Primeiros Escritos, Pág. 237. Sendo assim para E.G. W. O “caiu Babilônia” é o rejeitar a mensagem do adventismo segundo o ensinamento de Guilherme Miller, portanto mesmo na atualidade aqueles que não professam ensinamentos que condiz com o adventismo pertencem a Babilônia ou de uma forma espiritual estão caídos.

Na verdade percebemos E.G.W fazendo um “malabarismo” com as mensagens dos anjos de apocalipse, primeiro ela disse que o primeiro anjo representou a pregação de Miller, até ai tudo bem levando-se em conta o fato da palavra anjo ser mensageiro, mas apesar da boa intenção de Miller a sua predição não se cumpriu, ou seja, Jesus não voltou, sendo assim eles mudaram a mensagem, de vinda de Jesus a terra, para ida de Jesus do santo lugar do santuário para o lugar santíssimo do mesmo. E a mensagem do segundo anjo, seria literalmente a queda espiritual daqueles que rejeitaram a controversa mensagem de Miller?

Acredito que não. Quando João em seu livro descreve as palavras, “caiu Babilônia” ele está tomando emprestadas as ocorrências encontradas no AT. Em outras palavras João está fazendo uma analogia; e qual seria? Os profetas do AT. Disseram que Babilônia o império que dominou o mundo entre 605-538 aC. Cairia. Será que a Babilônia a qual iria cair segundo os profetas, se tratava apenas a parte religiosa do império? Is. 21.9 (Eis agora vem uma tropa de homens, cavaleiros de dois a dois. Então, ergueu ele a voz e disse: Caiu, caiu Babilônia; e todas as imagens de escultura dos seus deuses jazem despedaçadas por terra.)

Jr.50.35-37 (A espada virá sobre os caldeus, diz o Senhor, e sobre os moradores da Babilônia, sobre os seus príncipes, sobre os seus sábios. A espada virá sobre os gabarolas, e ficarão insensatos; virá sobre os valentes dela, e ficarão aterrorizados. A espada virá sobre os seus cavalos, e sobre os seus carros, e sobre todo o misto de gente que está no meio dela, e este será como mulheres; a espada virá sobre os tesouros dela, e serão saqueados.) Jr. 51.8 (Repentinamente, caiu Babilônia e ficou arruinada; lamentai por ela, tomai bálsamo para a sua ferida; porventura, sarará.)

Estes versos nos demonstram Babilônia como um todo, não descreve apenas a sua parte religiosa. Apesar da palavra babel significar confusão por mistura, não podemos dizer que tal “mistura” refira-se somente a sua parte religiosa, pelo contrário, refere-se a confusão generalizada que as mentes humanas são capazes de produzir. O cenário atual não é diferente, a diversidade de pensamente, a novidade do momento, as muitas indagações, e as respostas subjetivas moldou o mundo em uma verdadeira Babilônia ou numa confusão por mistura generalizada, sempre lembrando que tal confusão não deve ser entendido somente no escopo religioso, mas em tudo que permeia a sociedade.

Sendo assim quando João toma emprestado as palavras dos profetas do AT. Ele da uma interpretação real do mundo, sem dúvidas o mundo como um todo é uma tremenda confusão, por isso é interpretado como sendo Babilônia. Há aqueles que atribuem a Babilônia do apocalipse como sendo somente o império romano, porém tal interpretação deixa lacunas, acredito que a Babilônia do apocalipse está presente em toda era cristã, não podemos aceitar que vivemos em uma época onde estejamos livres de confusão em todas as suas fases.

Ainda em Jeremias vemos Deus dizendo que queria curar Babilônia, estaria tal relado tentando descrever somente a sua parte religiosa? Acredito que não, Jr. 51.9 (Queríamos curar Babilônia, ela, porém, não sarou; deixai-a, e cada um vá para a sua terra; porque o seu juízo chega até ao céu e se eleva até às mais altas nuvens.) O verso é claro, não há dúvida, Babilônia aqui significa o império não a sua parte religiosa. Sendo assim o mesmo podemos entender de Babilônia do apocalipse, se João tomou emprestado as palavras dos profetas para descrever um acontecimento similar, logo somos obrigados a concordar que tal acontecimento deve ter as mesmas conotações, ou seja, ele está dizendo que o mundo que ora presenciamos é uma Babilônia e consequentemente vai cair. (Veremos mais sobre isso e outra postagem).


Evandro.



sábado, 1 de agosto de 2015

Minha impressão do livro: "Zelota, A vida e a época de Jesus de Nazaré".

Nesta postagem irei fazer uma análise resumida da impressão que tive após ler o livro: “Zelota, A vida e a época de Jesus de Nazaré”. Naturalmente não conseguirei “descrevê-lo” de uma só vez, portanto irei fazê-lo por mais de um tópico. Não devendo fazer em seqüência. O livro foi considerado um Best Seller internacional. Na verdade o autor um iraniano, muçulmano de nascimento, imigrou para o EUA e lá se “converteu” ao cristianismo. Na realidade o livro no que diz respeito à história judaica e o momento turbulento do primeiro século é até interessante. Apesar de como o autor eu também acreditar que houve acréscimos por parte daqueles que quiseram tornar o cristianismo um tanto mitológico.

Acredito, no entanto que o objetivo maior do autor é descredibilizar a bíblia, ou mais propriamente o NT. Nas páginas (16-17) do referido livro, o autor descreve a condição turbulenta que era o início do 1º século, atesta também que se levantaram vários homens, dizendo ser o libertador de Israel, e Jesus foi um deles, nada além disso. Para o autor do livro, a visão que os evangelhos e mesmo as cartas paulinas passam de Jesus, não descreve a realidade dos fatos. Para ele, a ideia de um Jesus misericordioso não coaduna com a missão do messias judeu, sendo assim para o autor tanto as cartas de Paulo quanto os evangelhos é uma adaptação dos primeiros cristãos.

Mt. 2.1 (Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém.) Lc. 2.15 (E, ausentando-se deles os anjos para o céu, diziam os pastores uns aos outros: Vamos até Belém e vejamos os acontecimentos que o Senhor nos deu a conhecer.) Uma das primeiras tentativas em descredibilizar a bíblia reside no fato do autor negar que Jesus tenha nascido em Belém da Judéia, para ele tais versos são acréscimos; o autor é categórico em afirmar que Jesus não nasceu em Belém mas sim na Galileia.  

Sem duvida, Jesus morava na Galileia, e segundo os relatos bíblicos cresceu naquela aldeia. Mas isso não impede que ele realmente tenha nascido em Belém e muito menos de ser descendente de Davi. Vejamos: Lc. 2.1 (Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se.) Para o autor do livro o censo não foi para todo o império, mas só para a judeia e, portanto segundo ele José não precisou se alistar por morar na Galileia.

O autor se estriba dizendo que a história mostra isso. Mas em se tratando de história, a bíblia é um livro de história. Por que as pessoas recorrem a história para tentar descredibilizar a bíblia? Se a bíblia não retrata a realidade que ela afirma quem pode garantir a credibilidade da história paralela? O fato é que a bíblia diz e isso o autor não nega é que José era descendente de Davi, e tentar provar que José não foi a Belém sua terra natal, é o mesmo que tentar afirmar que Cabral não descobriu o Brasil.

Mesmo assim suponhamos que realmente acrescentaram na bíblia o fato de José ter ido a Belém a despeito da história confirmar que realmente houve tal senso nos dias de Quirino governador da Síria, digamos então que “coloriram” a história para se adaptar a um acontecimento no caso o nascimento de Jesus em Belém, isso de maneira nenhuma descarta a sua genealogia, ou seja Jesus continua sendo descendente de Davi. Mas o fato do autor de Lucas descrever o senso e a época ocorrida nos demonstra a plausibilidade de tal acontecimento, em outras palavras o autor quis deixar o senso como um “marco” comprovante histórico. 

O autor também se contradiz, ele argumenta o seguinte: “Quirino convocou um senso para todas as pessoas, bens, e escravos na Judeia, Samaria e Edom – não em todo mundo romano.” “ Além disso o único propósito do senso era Fiscal, o direito romano avaliava a propriedade, não o lugar de nascimento...” Pág. 56. Particularmente quando se tratava de imposto. Ora, segundo o autor de Zelota, os moradores da Galileia eram todos pobres analfabetos, inclusive o próprio Jesus. Mas depois ele descreve que o senso abrangia até mesmo os escravos, não importando o lugar de nascimento, mas o senso foi feito na judeia, e também o que importava segundo o autor era a questão dos impostos, mas recolher imposto de escravos, ou de pobres analfabetos? Bem, não vou duvidar da tirania dos governos opressores, mas a história se adapta mais ao registro do povo, conforme o relato bíblico.

Outra tentativa de deturpação da pessoa de Jesus se encontra na declaração do autor, onde ele afirma baseado em sua pesquisa histórica que Jesus não foi nem de longe esse homem bondoso, paciente e longânimo apresentado pelos evangelhos e pelas cartas paulinas. O autor declara que há uma contradição nos relatos, Lc. 22.36Então, lhes disse: Agora, porém, quem tem bolsa, tome-a, como também o alforje; e o que não tem espada, venda a sua capa e compre uma.”  Mt. 10.34Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.”  Segundo o autor de Zelotas, essas palavras não procedem de um pacifista, mas de alguém que pela força deseja estabelecer sua vontade.

Como sempre, as suas alegações são que as palavras de paz ditas por Jesus não é dele e sim dos evangelistas os quais segundo o autor foram pessoas de segunda e terceira geração pós discípulos que escreveram (embelezaram) segundo suas intenções e dedicaram tais escritos aos apóstolos de Jesus. Sabemos no entanto que a maioria dos estudiosos acreditam que os evangelhos foram escritos entre 85-95 dC. Isto é, primeiro século, já as cartas de Paulo foram escritas antes disso entre 48-85 segundo os eruditos.

Acerca disso o que podemos dizer sobre o livro Zelota? O professor Luke Jonson um estudioso do NT. Acertadamente diz: “A enxurrada de livros recentes que alegam desvendar o verdadeiro Jesus, todos sem exceção seguem o mesmo padrões previsíveis”. O livro começa alardeando as credenciais acadêmicas do autor e de sua prodigiosa pesquisa. O autor alega oferecer alguma interpretação nova, e quem sabe até mesmo propositadamente ocultada, acerca de quem realmente Jesus foi.

Afirma-se que a verdade sobre Jesus foi descoberta por meios de fontes externas à bíblia que nos possibilitam ler os evangelhos de uma nova maneira que está em desacordo com seu sentido superficial. E é exatamente essa linha que segue o autor de zelota, quer recopiar os evangelhos baseado em fontes posteriores e externas ao evangelho. Ora se não podemos confiar nos evangelhos, como poderemos confiar em escritos externos aos evangelhos? Se de alguma forma os líderes da igreja, (pós apóstolos) acrescentaram algo, esse algo não foi sobre o que Jesus fazia, mas sim quem ele era.

Ou seja, realmente tornaram o Jesus humano em um Jesus Deus, isso é ponto pacifico. Agora, dizer que Jesus não era um pacifista, e que ele queria estabelecer o reino de Deus a força, e naqueles dias, não acredito. Diferentemente daqueles que se rebelaram contra o domínio romano, Jesus não buscou muitos seguidores, a maioria o rejeitava, diferente daqueles nos dias do massacre em Massada. O autor de Zelota falha por não ter uma percepção espiritual, acredito que este público fará apologia ao seu livro. 

Jesus não veio brigar com os romanos, não tem como dizer o contrário, Mt. 8. 9-10 “Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, tenho soldados às minhas ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz. Ouvindo isto, admirou-se Jesus e disse aos que o seguiam: Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta.”  A realidade é que o evangelho não é uma questão somente de fé cega, mas sim de espiritualidade, a qual transforma a mente. 

  
Evandro.