terça-feira, 1 de novembro de 2016

O "deus ego" e o evangelho da prosperidade.

Seguindo o curso imposto pelo capitalismo, os proclamadores do “evangelho” da prosperidade têm aguçado a tendência de seus seguidores a acreditarem que o simples fato de se intitularem cristãos, lhes dá o direito de serem prósperos em seus afazeres. Infelizmente os cristãos têm demonstrado em suas exposições que o deus o qual professam crer é um deus servo, a serviço do seu senhor.

Lamentavelmente este raciocínio tem penetrado até mesmo nas mentes de pessoas fora do circulo dos professos evangélicos da prosperidade, isso tem ocorrido devido ao fato do regime capitalista ter penetrado no dia a dia das pessoas, moldando os seus costumes e estimulando a sua tendência. E isso tem contribuído grandemente para os cristãos fazerem comparações com os mundanos ou mesmo com cristãos que são abalizados economicamente.

Infelizmente muitos não analisam como determinadas pessoas conseguiram acumular riquezas, não estão preocupadas em saber se foi de uma forma lícita ou não, não importa como, o que importa é ter. Existe apoio bíblico para o conceito de prosperidade material? Sim e Não, no AT. A vida dos israelitas era pautada no aqui e agora, claro se excetua alguns casos em que os profetas estimulavam uma vida de espiritualidade, Pv. 23. 17 Não tenha o teu coração inveja dos pecadores; antes, no temor do Senhor perseverarás todo dia.”  

Com tudo isso, os israelitas foram instruídos não à abandonar a justiça, mas a prosperar na terra a qual lhes foi dado,  no entanto, os cristãos não foram instruídos no modelo do AT. Pelo contrário, a teologia do NT. Vem desfazer este ensinamento. Jesus e seus seguidores estimularam a prática espiritual modelo de um novo reino, Jo. 18. 36 “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.”

Claro que este ensino abriu o leque para a interpretação que conhecemos na atualidade, ou seja, de que o reino será no céu. Antes, o ensino de Jesus visava despertar o povo de que o modelo de reino ou governo que regia o povo estava ultrapassado. Por outro lado estava sendo lhes apresentado um novo modelo de reino, era de origem espiritual ou celestial; outro fato importante a ser abordado é que o ensino de Jesus e de seus seguidores concernente ao reino espiritual, foi que o modelo de reino por ele proposto jamais foi um regime capitalista, nem socialista ou comunista. Contrariando o ensino daqueles que se intitulam cristãos e insistem em apresentar um deus servo.

Em outras palavras não existe apoio para o evangelho da prosperidade dentro do ensino do NT. Lc. 3. 10-11 Então, as multidões o interrogavam, dizendo: Que havemos, pois, de fazer? Respondeu-lhes: Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo.” Não podemos dizer que Cristo e os seus discípulos ensinaram um modelo político o qual visava trazer um equilíbrio entre a sociedade, não pelo contrário, Jesus apresentou um modelo espiritual, baseado na justiça de Deus.

Assim sendo aqueles que se apoiam no modelo de prosperidade ensinado por alguns seguimentos dentro do cristianismo estão desvirtuado quanto a espiritualidade, não existe barganhas com Deus, posso lhes garantir que isso é completamente contrário e mesmo anti bíblico, Mc. 8. 34-35 “ Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á.”  Logo, se o reino de Cristo não pertence a este sistema, se a nossa preocupação é com a vida espiritual, fica claro que o dito evangelho da prosperidade não tem base bíblica e é tremendamente mundana e egocêntrica. Muitos irão argumentar dizendo que vivemos em outro contexto, e o sistema de trabalho e remuneração pertence ao capitalismo não mais ao ensino bíblico.

Claro está que tal argumentação não pode surgir de uma pessoa que diz crer na bíblia, até porque o sistema bíblico de distribuição não é nenhum desses o qual presenciamos, o outro fato que devemos atentar é que a repartição de bens entre a comunidade do NT. Ocorreu após o pentecostes, portanto foi um sistema de distribuição espiritual e sem incentivo político.

Parece-me que mesmo após alguns anos os seguidores de Cristo não haviam abandonado a instrução dos apóstolos com relação à distribuição justa e igualitária, 2ª Co. 8. 12-14 Porque, se há boa vontade, será aceita conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem. Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas para que haja igualdade, suprindo a vossa abundância no presente a falta daqueles, de modo que a abundância daqueles venha a suprir a vossa falta, e, assim, haja igualdade.”

Quando me referi ao deus servo me reporto à prática da pregação instituída pelos proclamadores da prosperidade, a qual podemos perceber na mídia, principalmente na televisiva, percebemos os líderes dessas seitas esbravejando e exigindo que o deus o qual eles acreditam venha lhes satisfazer as suas ordens e desejos, contrariando assim o ensino bíblico de que a vontade suprema de Deus, me refiro ao Deus da bíblia, ou seja, primariamente a vontade de Deus deve ser realizada.

Podemos estar certos de que as bênçãos as promessas e tudo o que perfaz o ensino bíblico principalmente do NT. Está direcionado para a questão espiritual, não podemos medir as bênçãos e promessas de Deus baseado no que conseguimos ou deixamos de conseguir. Os evangélicos atribuem ou medem a sua conduta espiritual baseado naquilo que conquistam, isso é anti bíblico e herege, não existe um pingo de verdade neste ensinamento.

Para eles se um seguidor não está prosperando e isso economicamente, provavelmente segundo eles tal pessoa não é um dizimista fiel, se, contudo, tal pessoa for um fiel dizimista é o diabo que está lhe provando, no meio religioso isso é conhecido como “chavões”, ou seja, se não tem como contrapor ao menos lhe meta terror. Mt. 8.20Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.”

Para os evangélicos da prosperidade Jesus não preencheria o quadro de bom seguidor pelo fato de não ser próspero economicamente. Devemos evitar pensar como esses da prosperidade, pelo fato de isso não ser real ou mesmo possível, no que diz respeito a intervenção de Deus para que tal aconteça, ou seja, as bençãos de Deus não são medidas por ganhos e perdas, isso não tem apoio bíblico, polo contrário é mais fácil ter perdas materiais do que ganho real. 

Na verdade isso é uma sugestão do ego embasado na cultura a qual pertencemos, ou seja, o capitalismo e o consumismo tem dominado, instigado sugerido a sermos prósperos economicamente. Na atualidade se alguém não possuir e muito, tal sujeito está fora do sistema. Portanto, essa não deve ser a lógica seguida por aqueles que professam ter fé na bíblia, pelo contrário, o capitalismo o consumismo além de danificar o planeta com a desculpa de trazer prosperidade tem proporcionado inúmeras doenças, tais quais: depressão, problemas cardíacos entre outros. Vale ressaltar também que este assunto não visa ser contra o bem estar e mesmo a prosperidade das pessoas. Mas sim ser contrário o comércio religioso.     

Evandro.