quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Leis de saúde ou cerimônia religiosa. Parte 2

Na antiga aliança várias doenças de pele faziam com que uma pessoa fosse considerada impura. Se uma ferida fosse mais profunda do que a pele ou se o pelo no local da praga ficasse branco, a pessoa era considerada imunda; Lv. 13. 3 (O sacerdote lhe examinará a praga na pele; se o pelo na praga se tornou branco, e a praga parecer mais profunda do que a pele da sua carne, é praga de lepra; o sacerdote o examinará e o declarará imundo.) Se o problema de pele se espalhasse, o sacerdote pronuncia que a pessoa estava impura Lv. 13.8 (Este o examinará, e se a pústula se tiver estendido na pele, o sacerdote o declarará imundo; é lepra.)
        
Assim sendo tais pessoas teriam que viver fora do acampamento e advertir as outras pessoas que não eram limpas, Lv. 13. 45-46. (As vestes do leproso, em quem está a praga, serão rasgadas, e os seus cabelos serão desgrenhados; cobrirá o bigode e clamará: Imundo! Imundo! Será imundo durante os dias em que a praga estiver nele; é imundo, habitará só; a sua habitação será fora do arraial.)

Quando alguém era declarado limpo, o sacerdote matava um pássaro, e o mergulhava outra ave no sangue, aspergido a pessoa e lançou a ave viva, Lv. 14. 2, 6-7 (Esta será a lei do leproso no dia da sua purificação: será levado ao sacerdote... Tomará a ave viva, e o pau de cedro, e o estofo carmesim, e o hissopo e os molhará no sangue da ave que foi imolada sobre as águas correntes. E, sobre aquele que há de purificar-se da lepra, aspergirá sete vezes; então, o declarará limpo e soltará a ave viva para o campo aberto.)

A pessoa, que era declarada limpa tinha que raspar o seu pelo e se lavar duas vezes, em seguida oferecia uma oferta pela culpa e outra como expiação pelo pecado, e o sacerdote molhava o lóbulo da orelha direita, e o polegar direito e o dedão do pé direito e a pessoa era declarada limpa. Surpreendentemente, se o problema cobrisse todo o corpo, a pessoa era considerada limpa, Lv. 13. 12-13 (Se a lepra se espalhar de todo na pele e cobrir a pele do que tem a lepra, desde a cabeça até aos pés, quanto podem ver os olhos do sacerdote, então, este o examinará. Se a lepra cobriu toda a sua carne, declarará limpo o que tem a mancha; a lepra tornou-se branca; o homem está limpo.)
              
Se em uma casa ou mesmo em uma veste fosse encontrado o vestígio de contaminação eram considerados imundos. Não há registro de que a lepra atacava uma veste ou mesmo uma parede para designar lepra é a mesma para fungo e mofo. Assim sendo a veste ou mesmo a parede estavam mofadas. Quando a vestimenta estava com mofo deveria ser queimada, Lv. 13. 47-52 (Quando também em alguma veste houver praga de lepra, veste de lã ou de linho, seja na urdidura, seja na trama, de linho ou de lã, em pele ou em qualquer obra de peles, se a praga for esverdinhada ou avermelhada na veste, ou na pele, ou na urdidura, ou na trama, em qualquer coisa feita de pele, é a praga de lepra, e mostrar-se-á ao sacerdote.

O sacerdote examinará a praga e encerrará, por sete dias, aquilo que tem a praga. Então, examinará a praga ao sétimo dia; se ela se houver estendido na veste, na urdidura ou na trama, seja na pele, seja qual for a obra em que se empregue, é lepra maligna; isso é imundo. Pelo que se queimará aquela veste, seja a urdidura, seja a trama, de lã, ou de linho, ou qualquer coisa feita de pele, em que se acha a praga, pois é lepra maligna; tudo se queimará.)

Mesmo lavando o material o tal deveria ser destruído. O mesmo acontecia com as paredes de uma casa, se a parede fosse raspada e após isso a mancha não retornou a casa era declarada limpa, isso após uma cerimônia em que um pássaro era sacrificado e o outro libertado, Lv. 14. 48 (Porém, tornando o sacerdote a entrar, e, examinando, se a praga na casa não se tiver estendido depois que a casa foi rebocada, o sacerdote a declarará limpa, porque a praga está curada.)

 Lv. 14. 49-53 (Para purificar a casa, tomará duas aves, e pau de cedro, e estofo carmesim, e hissopo, imolará uma ave num vaso de barro sobre águas correntes, tomará o pau de cedro, e o hissopo, e o estofo carmesim, e a ave viva, e os molhará no sangue da ave imolada e nas águas correntes, e aspergirá a casa sete vezes. Assim, purificará aquela casa com o sangue da ave, e com as águas correntes, e com a ave viva, e com o pau de cedro, e com o hissopo, e com o estofo carmesim. Então, soltará a ave viva para fora da cidade, para o campo aberto; assim, fará expiação pela casa, e será limpa.)

As leis de impureza são bastante incomuns, e as cerimônias de purificação são incomuns também. Por que uma novilha vermelha era mais eficaz do que uma branca ou preta? Havia alguma razão de saúde pública para que as cinzas de sacrifício fossem despejadas em um lugar limpo ao invés de um impuro? Por que existiam determinados sacrifícios pelo pecado mesmo que tal pecado fosse involuntário? Como por exemplo, esbarrar em algum corpo morto?

Por que a água da limpeza fazia com que algumas pessoas ficassem limpas e outras imundas? Há muitas perguntas que não podemos responder. A distinção entre o puro e o impuro, tanto quanto podemos entender, era uma prática estritamente cerimonial. Acima de tudo, as regras lembravam aos israelitas que eles eram diferentes de outros povos. Nascimentos e mortes lembravam o povo de que deveriam estar em harmonia com Deus. As atividades diárias lembravam ao povo que eles não estavam perfeitamente santos. 

Várias regras davam ao povo freqüentes lembretes que Deus tinha algo a dizer sobre como eles deveriam viver. As coisas sagradas eram diferentes das coisas comuns, e para um israelita, ser santo para Deus, era diferente das outras nações. As leis sobre a impureza pode ter dado aos israelitas alguns benefícios de saúde pública, mas esses benefícios parecem mais incidentais do que o objetivo principal. Se a (praga em uma parede, acredito ser o mofo) era um perigo para a saúde pública, naturalmente seria perigoso para qualquer um raspar o interior das paredes das casas. Ou mesmo para o sacerdote examinar algum leproso.

Deus não instituiu essas leis objetivando quaisquer benefícios de saúde. Embora possamos discernir, a partir de nossa perspectiva do século 20, alguns benefícios com algumas dessas práticas, não podemos afirmar que todas visavam os princípios de saúde. Atualmente ninguém é considerado impuro se matar um mosquito e esse deixar sangue em seu braço. Além disso, não existe um método de purificação exterior para se achegar a Deus, fazemos isso por meio de Cristo, todos os procedimentos de lavagem são agora obsoletos Hb. 9. 10, (Os quais não passam de ordenanças da carne, baseadas somente em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas até ao tempo oportuno de reforma.)

É claro que uma boa higiene é fundamental para a saúde, mas isso não está em discussão nos conceitos bíblicos de puro e impuro.) O exemplo de Jesus é instrutivo. Ele tocou em pessoas com lepra Mt. 8. 3 (E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra.) Mesmo que as pessoas ficassem curadas, segundo as regras da antiga aliança, tanto elas como Jesus seria impuro até à tarde. No entanto, Jesus não fez nenhum esforço para evitar isso. Também não lemos que Jesus nunca participou de uma cerimônia de purificação. Na nova aliança, alguns casos relatados como, por exemplo, tocar em uma pessoa morta não afeta o nosso estado com Deus. A limpeza que nos é necessária é o arrependimento, isso nos faz limpos no sentido religioso.