sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Profetiza de Deus ou apenas escritora?

Nesta postagem irei fazer uma pequena analise sobre alguns comentários de Ellen G. White encontrados no livro “O desejado de Todas as Nações”. Ao fazer a leitura do referido livro percebe-se claramente a intenção da autora, baseado também na sua própria declaração quando disse que seus escritos são uma “luz menor que guia até a bíblia, a qual é a luz maior”. Segue a declaração de E.G.W. “pouca atenção é dada à Bíblia, e o Senhor deu uma luz menor para guiar homens e mulheres à “luz maior” (Review and Herald, 20 de janeiro de 1903).

Percebe-se então que a intenção da autora é clarificar os acontecimentos narrados na bíblia, enfatizando assim os seus pormenores. Em outras palavras Ela tenta levar os seus leitores de volta aos dias de Cristo, e para isso tenta preencher as lacunas das narrativas dos evangelhos. Geralmente as declarações bíblicas são bem sucintas e aproveitando isso E.G.W tenta “esclarecer” os acontecimentos. Somente alguém que se julga uma pessoa inspirada por Deus para fazer tal coisa, naturalmente uma analise dos acontecimentos bíblicos contrastando com suas declarações serão feitas, caso haja contradições em suas declarações, sua inspiração será posta em xeque.

Nesta postagem quero destacar apenas quatro questões as quais são relacionadas ao livro acima mencionado, veremos que elas jogam por terra a inspiração de E.G.W. A primeira questão é uma declaração completamente fora de contexto, com o intuito principal em fundamentar uma crença, crença esta adotada pelo cristianismo ortodoxo. A segunda questão é um argumento inválido, pelo fato d’ela afirmar que a rigidez exigida pelos líderes judeus dos dias de Cristo era apenas uma tradição rabínica e não um mandamento estrito da torá.

A terceira questão refere-se ao discipulado de Judas Iscariotes, onde ela afirma categoricamente que ele Judas não foi um discípulo escolhido para perfazer o número de doze apóstolos. A quarta questão ela declara algo que ocorreu também com Judas Iscariotes, porém a bíblia não menciona tal ocorrido. Sendo assim percebe-se facilmente a sua errância e contradição, impedindo-a de ser realmente uma profetiza da parte de Deus.

A primeira questão a ser tratada se encontra no capítulo (1) na página 22 do livro O Desejado de Todas As Nações, onde ela Diz: Lúcifer dissera: “Subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono. ... Serei semelhante ao altíssimo.”   Ela utiliza a passagem de Isaías 14. 12-14 “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo.”

Neste momento não darei ênfase a primeira questão, mas não deixarei de dizer que o capítulo 14 de Isaías é um símbolo, onde o personagem principal que está sendo descrito não é um Anjo caído mais sim o rei da Babilônia. Alguns versos do capítulo 14 nos mostra claramente que as declarações nele contidas não retratam um ser espiritual: Is. 14.4Então, proferirás este motejo contra o rei da Babilônia e dirás: Como cessou o opressor! Como acabou a tirania!” Is 14.11 Derribada está na cova a tua soberba, e, também, o som da tua harpa; por baixo de ti, uma cama de gusanos, e os vermes são a tua coberta.”

Is. 14.15-16Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo. Os que te virem te contemplarão, hão de fitar-te e dizer-te: É este o homem que fazia estremecer a terra e tremer os reinos? Percebe-se claramente que estas palavras estão sendo direcionadas para um homem e não para um Anjo; sobre o rei ser chamado de estrela da manhã e de tentar estabelecer o seu trono sobre as mais altas nuvens será analisado em outro assunto.

A segunda questão refere-se a guarda do sábado, e para isso será necessário relembrarmos alguns versos: Ex. 35.3 “Não acendereis fogo em nenhuma das vossas moradas no dia do sábado.” Jr. 17.21Assim diz o Senhor: Guardai-vos por amor da vossa alma, não carregueis cargas no dia de sábado, nem as introduzais pelas portas de Jerusalém.” Segundo o ensino bíblico estas declarações são vindas do próprio Deus e não dos líderes religiosos judaicos, mas não é assim o ensinamento de E.G.W. Jo. 5.5-6Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, perguntou-lhe: Queres ser curado? Segundo o relato bíblico este episódio aconteceu em um dia de sábado.

Jo. 5.9-10 Imediatamente, o homem se viu curado e, tomando o leito, pôs-se a andar. E aquele dia era sábado. Por isso, disseram os judeus ao que fora curado: Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito.” Reparem agora na declaração de E.G.W  “Por tal forma haviam os judeus pervertido a lei, que a tornavam um jugo de servidão. Suas exigências destituídas de significado eram um provérbio entre as nações. Especialmente havia o sábado sido cercado de toda casta de restrições destituídas de senso”... “Os eacribas e fariseus lhes tinham tornado a observância intolerável fardo.”  O Desejado de Todas as Nações pág. 204 

“Ele viera para libertar o sábado daquelas enfadonhas exigências que o haviam tornado uma maldição em vez de benção.” O Desejado de Todas as nações pág. 206. Os versos bíblicos lidos acima, de Jeremias e de Êxodo nos mostra que não foi os fariseus ou qualquer outro líder religioso judaico que sancionou essas leis, a proibição em carregar qualquer carga dentro de Jerusalém no dia de sábado não veio deles; por isso disse que o argumento de E.G.W é um argumento inválido digno de uma escritora e não de uma profetiza da parte de Deus.

Vejam a resposta dos judeus para aquele que fora curado: Jo. 5.10Por isso, disseram os judeus ao que fora curado: Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito.” Dentro do contexto judaico os líderes religiosos estavam seguindo a risca aquilo que era determinado pela lei, não importando se tal determinação era ou não destituído de espiritualidade. O problema de E.G.W é que ela mesma faz aquilo que condena, ou seja, julga mau os líderes dos dias de Cristo, devido a observância do sábado requerida pela lei judaica, e ela procede da mesma forma com o mesmo mandamento.

A terceira questão encontra-se no mesmo livro, e ela falha mais uma vez. Reparem: “Enquanto Jesus estava preparando os discípulos para a sua ordenação, um que não fora chamado se esforçou para ser contado entre eles. Foi Judas Iscariotes, que professava ser seguidos de Cristo. Adiantou-se então, solicitando um lugar nesse círculo mais intimo de discípulos. Com grande veemência e aparente sinceridade, declarou: “Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores.” Jesus nem repeliu, nem o acolheu com mostras de agrado, mas proferiu apenas as tristes palavras: “As raposas têm covis, e as aves do céu ninhos, mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”. O Desejado de Todas as nações, pág. 292.

Mt. 8.19-20 “Então, aproximando-se dele um escriba, disse-lhe: Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores. Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” A bíblia não diz que era Judas a pessoa que se ofereceu para seguir Jesus, diz apenas que era um escriba. Diz também que foi sim Jesus quem escolheu a Judas para ser um de seus discípulos. Jo. 6.70Replicou-lhes Jesus: Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo.”

“A quarta questão também sobre Judas ela diz: Judas viu que suas súplicas eram em vão e precipitou-se da sala”... ...”Ao passarem por local retirado, viram ao pé de uma árvore, sem vida, o corpo de Judas. Era uma cena horripilante. Seu peso rompera a corda em que se pendurava à árvore. Ao cair rebentara-se-lhe terrivelmente o corpo, e cães estavam agora devorando”. O Desejado de Todas as Nações, pág. 722.

Mt. 27.3-5 “Então, Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos importa? Isso é contigo. Então, Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se.”

A bíblia diz apenas que Judas saiu e enforcou-se, não diz que foi comido por cães. Estas declarações de E.G.W foram apenas uma tentativa de tentar “colorir” os escritos bíblicos ou uma revelação detalhada de acontecimentos distantes? Estas comparações ainda que revelem contradições contundentes reforçam a sua posição de profetiza ou joga por terra tal alegação?   



Evandro.