segunda-feira, 11 de julho de 2011

Demônios, ou ídolos pagãos?

Algumas pessoas me questionam dizendo: você muda de opinião com relação as suas crenças muito rápido, você não está sendo enredado por ventos de doutrinas? Você não acreditava na existência do diabo até pouco tempo atrás? Sempre respondo o seguinte: O fato de mudar de opinião com respeito a minha crença religiosa depende muito do novo paradigma que me é apresentado.


Por exemplo: por vários anos acreditei e defendi a doutrina da trindade, e a morada no céu como sendo uma realidade última, percebi que tais doutrinas são anti-bíblicas. Percebemos claramente que o diabo como um ser espiritual foi introduzido na bíblia devido ao contexto em que foi escrito, ou seja, a cultura grega o qual predominava nos dias do NT. Influenciou grandemente a todos, quer judeus quer pagãos a crerem no diabo como um ser espiritual maligno. Já o AT. não fornece referencias bíblicas para tal ensinamento, portanto tenho suporte bíblico e histórico para crer que de maneira nenhuma estou sendo levado por ventos de doutrinas.


E isso abre um leque muito grande para a pesquisa bíblica a respeito do diabo, ou mais especificamente a não existência do diabo como um ser espiritual. Fica então uma pergunta: os judeus eram céticos com relação ao diabo? Em que lugar da bíblia hebraica Deus por meio dos seus profetas nos recomenda a termos temor pelo diabo?


Ou a temermos um ser espiritual (um anjo rebelde) conhecido por satã? O fato é que os judeus até o cativeiro Assírio não estavam familiarizados com a crença em demônios. Para ser mais exato existe sim no antigo testamento referencia ao [demônio anjo caído], não nas escrituras hebraicas, mas sim nos apócrifos (escritos grego) no livro de Tobias no capítulo três, verso oito diz assim: (Sara tinha sido dada sucessivamente a sete maridos. Mas logo que eles se aproximavam dela, um demônio chamado Asmodeu os matava.)


Esse demônio ciumento logo em seguida foi preso pelo anjo Rafael. Tb. 8: 3- (nesse momento, o anjo Rafael tomou o demônio e prendeu-o no deserto do alto Egito.) Tobias capítulo um, verso dois nos diz que estes acontecimentos se deram nos dias de Salmanasar, rei dos Assírios e nesta época Israel se encontrava em cativeiro.


Na realidade o livro de Tobias é fictício não tem como negar, só nos mostra como os judeus foram contaminados com a demonologia pagã. Não podemos negar que até mesmo os apóstolos foram influenciados com a cultura contemporânea, mas, muitos poderão dizer: não é possível, eles estavam com Jesus e naturalmente ele não iria permitir tal acontecimento.


Sabemos quão difícil foi para Jesus ensinar o povo falando-lhes o que era comum, imaginem então Jesus removendo idéias pré-estabelecidas. Quando Jesus caminhou por sobre as águas os discípulos pensaram estar vendo um fantasma, mas, como é possível? Os judeus que nem mesmo acreditavam em imortalidade da alma!


Sim. A cultura grega já havia influenciado também os judeus. Fantasmas não existem, e não deveriam existir no pensamento de um judeu. Mt.14: 26- (E os discípulos, vendo-o caminhar sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram, com medo.) O interessante disso é que Jesus não lhes explicou que fantasmas não existem. Porque não? Foi como eu disse anteriormente, naquele momento o mais importante para Jesus era mostrar que ele era o Messias, idéias pré-concebidas, mentalidade prevalecente, tentar remover tudo isso, só iria criar mais resistência.


O fato é que os judeus dos dias de Cristo tinham os apócrifos e os extras bíblicos como literatura inspirada, e esses livros foram a base da demonologia no mundo cristão (O primeiro livro de Enoque alcançou grande prestigio no judaísmo da época de Cristo. R. H. Charles, The Apocrypha. Pág. 180).


Em outro assunto eu disse que o livro base da demonologia, ou a queda dos anjos foi o livro de Enoque, outros livros também falam da queda dos anjos. Outro fato interessante é que quase todas as fontes destas lendas falam em relações sexuais com mulheres. Também outro apócrifo, o Livro dos Jubileus (Jb), fala dos gigantes. Jubileus começou a ser escrito no século II a. C. embora um pouco posterior ao principal de 1ª Enoque, chegando a ser concluído talvez até no século II d. C.


Apresenta a história bíblica do Gênesis e dos 12 primeiros capítulos do Êxodo segundo a mentalidade do judaísmo contemporâneo de Cristo e com as lendas judaicas ou midrashim. Deve seu nome ao fato de suas lendas serem apresentadas em períodos jubilares de 7 em 7 anos. O Livro dos Jubileus repete a lenda de que os anjos guardiães vieram ao nosso mundo a ensinar aos homens, mas logo se apaixonaram pelas mulheres da Terra. Os rabinos muito fantasiaram sobre as relações sexuais dos anjos caídos com as mulheres humanas. Escrevem no Talmude:


Já desde Adão, que "todos estes anos engendrou espíritos, demônios e fantasmas noturnos; pois se diz: 'quando Adão tinha 130 anos engendrou à sua imagem e semelhança', o que quer dizer que antes tinha engendrado seres que não eram à sua imagem e semelhança". Mais ainda, no Talmude chegam a sugerir também que guardiões femininos tiveram relações sexuais com varões humanos.


Durante todo esse tempo, da mesma maneira que Adão fecundava guardiões femininos, também Eva teria engendrado de guardiões masculinos, dando-lhes abundante descendência (Rabba 24,6). Outro livro apócrifo que fala do diabo é o livro de sabedoria: (Deus criou o homem para a incorruptibilidade e o fez imagem de sua própria eternidade. É por inveja do Satã que a morte entrou no mundo. Prová-la-ão quantos são do seu partido.) (Sb 2,22-24).


Volto a dizer sem medo de errar, que a crença no diabo como um ser espiritual teve lugar devido à tradição judaica que foi influenciada pelo paganismo. Se não, onde está o diabo, ser espiritual no AT? Não existem referencias bíblicas que apóiam tal ensinamento, existe sim a interpretação equivocada de que a serpente no éden foi médium do diabo, que Isaías 14 fala da queda de lúcifer e Ezequiel 28 alude o rei de Tiro como sendo o diabo, na realidade são interpretações teológicas infundadas, baseadas somente na crença popular. Por quê então no NT. A crença no diabo é fervilhante?


Exatamente devido à tradição rabínica e o contexto cultural que prevalecia fortalecido pelos livros apócrifos, imaginem que atribuíam o livro de Enoque como sendo o Enoque o 7º depois de Adão, na realidade este Enoque datava do século 2 a.C. Muitos dirão que estou equivocado, pois em algumas versões aparecem o termo demônio no AT. Porém volto a repetir que A PALAVRA DEMONIO NO ANTIGO TESTAMENTO É SÓ FRUTO DE TRADUÇÕES POSTERIORES.


Is. 13: 21- (Porém, nela, as feras do deserto repousarão, e as suas casas se encherão de corujas; ali habitarão os avestruzes, e os sátiros pularão ali.) Na Versão dos Setenta, a palavra é vertida como “coisas vãs" e na Vulgata latina, "os demônios". Tradutores modernos e lexicógrafos muitas vezes adotam o mesmo conceito, traduzindo-a por "demônios". Outro fato interessante é que os ídolos dos povos são considerados demônios, Dt. 32: 17- (Sacrifícios ofereceram aos demônios, não a Deus; a deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, dos quais não se estremeceram seus pais.)


o termo demônio existe neste verso devido a tradução, lê se assim: Ofereceram sacrifícios a sedins, que não são Deus, A deuses que não conheceram, A deuses novos, que apareceram há pouco, Diante dos quais vossos pais não tremeram. Sedins era um ídolo que Israel estava cultuando. E de que povo era esse ídolo? Sl. 106: 36-38. (E serviram os seus ídolos, que vieram a ser-lhes um laço. Demais disto, sacrificaram seus filhos e suas filhas aos demônios; E derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos e de suas filhas, que sacrificaram aos ídolos de Canaã, e a terra foi manchada com sangue.) O ídolo Sedin era de canaã, reparem que ídolo e demonio é a mesma coisa, ou seja é uma questão de tradução.


Paulo nos fala sobre isso em 1ª Co. 10: 20- (Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios.) Paulo está dizendo que o ídolo demônio representa um anjo caído, ou ele está querendo dizer que este ídolo demonio é vão, inexistente? Vejam o verso 19 de 1ª Co. (Mas que digo? Que o ídolo é alguma coisa? Ou que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa?) O ensinamento tão popularmente difundido que os ídolos representam ou pré figuram os demônios, não tem apoio bíblico, é somente convenção teologica.


Igualmente o Salmo 96: 5 diz assim: (Porque todos os deuses dos povos não passam de ídolos; o Senhor, porém, fez os céus.) Os setenta traduziram ídolos em demônios, na vulgata está a mesma coisa. Vemos aqui que o termo demonio no AT. É fruto da tradução dos 70 que data do 2º século AC. Época que prevalecia a cultura grega.