sábado, 21 de dezembro de 2013

Quem é o "deus" deste século?

2 Coríntios 4.4 diz assim: (Nos quais o deus deste mundo cegou os entendimentos dos incrédulos, para mantê-los de ver a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.) No mundo cristão quando se houve este texto logo vem em mente a idéia do diabo. Porém, o texto original (aramaico) diz assim: "Para aqueles deste mundo cujas mentes foram cegadas por Deus, porque eles não acreditaram." O texto em grego é theos ou Deus, sabe-se também que o minúsculo foi uma convenção adotada no XI século, portanto não existia tal distinção.

Dentro do contexto humano são as trevas que cegam os olhos dos homens, e essa realidade pode ser emprestada para o mundo espiritual e vice e versa. 1 Jo. 2.11. (Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos.) Ou seja, não andam segundo a luz da Palavra de Deus. O diabo mítico não pode cegar ninguém, pois há apenas um Deus, não existe “espaço” para dois, portanto o diabo não pode ser deus.

A visão judaica da bíblia e consequentemente de Deus é que não há espaço para um rival, em outras palavras Deus opera todas as coisas. E também vale a pena mencionar que Isaías 6.10 diz que Deus tem o poder de cegar Israel. (Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo.)
                                              
O Novo Testamento repete isso. Rm. 11.8 diz que Deus (não Satanás) cegou Israel sobre o evangelho (Como está escrito: Deus lhes deu espírito de entorpecimento, olhos para não ver e ouvidos para não ouvir, até ao dia de hoje.) 2 Co. 3.14 (Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido.)
                        
Por estes versos, podemos ver que o deus deste século como sendo o nosso Deus, Ele é Deus e que faz todas as coisas, Ele mesmo envia um erro afim de que as pessoas passem a acreditar em falsidades, esta é a realidade bíblica. 2 Ts. 2.11 (É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira.)

Não conhecemos os designos de Deus, naturalmente existem motivos que estão ocultos com e Ele utiliza o que quiser para cumprir os seus propósitos, afinal de contas Deus é Deus, portanto é soberano em suas decisões. Jó. 42.2 (Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado.)

A partir do cativeiro babilônico e posteriormente com a influência da cultura grega, Deus passou a ter um rival, “quase à altura”, temido por demais. Esse ser mitológico passou a ser encarregado em operar tudo o que é contrário ao que é bom e reto. No cristianismo popular quando se diz o deus desse mundo ou deste século as mentes são reportadas para Satanás.

Percebe-se em Efésios 4.18 Paulo atribuindo a obscuridade da mente daqueles que não conhecem a Deus, devido à própria natureza pecaminosa não a algum ser do mal. Mesmo se alguém insiste que Satanás existe como um ser pessoal tem de enfrentar a pergunta: Quem criou Satã? Está o seu poder sob o controle de Deus, ou não?

Lc. 11.14 (De outra feita, estava Jesus expelindo um demônio que era mudo. E aconteceu que, ao sair o demônio, o mudo passou a falar; e as multidões se admiravam.) A narrativa em Lucas diz que o demonio era mudo, bem ao menos o menino passou a falar quando ficou curado, já em êxodo nos é dito que não é o diabo quem causa a surdez. Ex. 4.11 (Respondeu-lhe o Senhor: Quem fez a boca do homem? Ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor?)

Não só a bíblia, mas a própria lógica da criação nos demonstra que Deus está no controle. Este mundo, com toda a experiência do mal que ele contém, não é regido por alguém ou algum mal incontrolável. Com isto em mente, deveria ser evidente que "o deus deste mundo" não pode significar que o mundo está sob o controle final de Satanás e não de Deus. Pelo contrário, "o deus deste mundo ou século" [aion] "pode ser entendido como meramente uma personificação de todas as forças deste “século” para frustrar o sucesso da mensagem cristã.

Assim como nos dias atuais a sociedade do primeiro século também era regida pelo princípio do pecado. Além disso, os cientistas os sociólogos e psicólogos confirmaram mais uma vez o ensino bíblico de que a motivação fundamental dos seres humanos é o ego o auto-interesse, o que a Bíblia chama de "Satanás".

O ego é o que motiva as pessoas a nível individual, e, assim, motiva as sociedades. Portanto, é conveniente dizer que "Satanás" é a personificação do pecado humano e também é um termo aplicado para os governos e sociedades como um todo. Certamente, nesse sentido, o Satanás da Bíblia pode ser entendido como "o deus deste mundo". 

Infelizmente muitos mesmo entre os judeus “contaminados” pela influencia pagã atribuíram o inimigo do homem a um ser espiritual, ao passo que o maior inimigo do homem é ele mesmo, ou sua natureza pecaminosa a qual rejeita a Deus e sua instrução.  

No contexto, Paulo vem dizendo em 2 Coríntios 3, que a glória que brilhou no rosto de Moisés, cegou os israelitas para que eles não pudessem ver o verdadeiro espírito da lei que apontavam para Cristo. Da mesma forma, ele argumenta, no capítulo 4, que os judeus do primeiro século não podiam ver "a luz do evangelho de Cristo, comparado a glória da face de Moisés, porque eles ainda estavam cegados pelo deus "deste mundo.

Dentro do contexto do primeiro século e para os judeus, quem era o deus desse século? O príncipe governador o sistema da era judaica, era o "deus" do "mundo”. Note-se que os judeus são descritos gabando-se da lei ...e desonra a Deus... (Romanos 2:17, 24). Para eles, a lei tornou-se o deus de seu mundo. É evidente a partir de como “satã” se “manifestou” At. 9.23 (Decorridos muitos dias, os judeus deliberaram entre si tirar-lhe a vida.)
   
Percebe-se claramente que os judeus do primeiro século eram o principal "Satã" ou literalmente adversário para os primeiros cristãos, especialmente para Paulo. Não houve nenhum ser sobrenatural, tudo foi uma questão de se manter no poder, “eliminaram” por meio dos romanos o Cristo, agora era hora de fazer calar as suas testemunhas, se o povo todo desse ouvido a Paulo e sua pregação, quem nos servirá?


O “deus deste século” pode ser tudo aquilo que nos impossibilita de ver a luz do evangelho de Cristo. Para os judeus do primeiro século vários “deuses” se apresentaram Caifás, o líder judeu daqueles dias, o apego exacerbado a lei, as tradições, tudo cooperou para que a luz não brilhasse nas suas mentes, de uma forma ou de outra isso lhes tornou em satã ou adversário, literalmente alguém que se opõe.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Colossenses 2.16. Parte 2

Os sabatistas e em especial a igreja adventista do 7º dia asseguram veementemente que a guarda do sábado é um requisito necessário a salvação. Mesmo quando confrontados com versos bíblicos que ensinam o contrário, insistem na necessidade da guarda do mesmo, tentam refutar de todas as formas mesmo os textos que são literais e taxativos como é o caso de Colossenses 2.16 o qual diz: (Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados.)

Segundo os adventistas e sabatistas em geral o texto está tratando de uma questão puramente cerimonial, para eles quando diz “dia de festa” ou “lua nova” está mais do que comprovando que se trata de uma cerimonia típica do judaísmo portanto um cerimonial abolido por Cristo. Ao passo que a palavra sábados também se encaixa neste perfil pois segundo os sabatistas o fato de Paulo ter dito sábados ao invés de sábado confirma isso.

Na realidade essa tentativa é nula pois tanto a palavra sábados quanto a palavra sábado no grego é σαββατον sabbaton que quer dizer sétimo dia de cada semana. Para emendar a evasiva aludem que quando é dito sábados ao invés de sábado a bíblia está dizendo os sábados do homem não o sábado de Deus. Nos dias bíblico todos os feriados festivos eram considerados sábados, pois era proibido aos judeus trabalhar nesses dias.

Falando sobre o dia da expiação nos é dito em Levíticos 23.32 (Sábado de descanso solene vos será; então, afligireis a vossa alma; aos nove do mês, de uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso sábado.) O dia da expiação ocorria no dia dez do sétimo mês, naturalmente independente do dia da semana tal dia era um sábado, um feriado conhecido no meio sabatista como sábado cerimonial ou os “vossos” sábados.

E são esses “vossos” sábados que os adventistas do 7º dia e sabatistas em geral asseguram que está sendo declarado pelo apostolo Paulo em sua carta aos Colossenses capítulo dois. Quando isso é afirmado dentro da denominação não há quem questiona, visto que para eles a voz do líder é a voz de "Deus". Mas a questão vista do lado de “fora” é totalmente diferente, por exemplo: se o sábado declarado por Paulo em sua carta aos Colossenses são os sábados festivos por que então, Ele Paulo, diz no mesmo verso para ninguém julgar o semelhante por causa dos dias de festas?

Ora, se os sábados festivos ou cerimoniais são os principais dias das festas judaicas naturalmente eles faziam parte dos dias de festas, sendo assim Paulo estaria sendo redundante ao declarar: dia de festa, ou lua nova, ou sábados, sendo estes pertencentes aos dias de festas. Lv. 23.33-37  (Disse mais o Senhor a Moisés:  Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês sétimo, será a Festa dos Tabernáculos ao Senhor, por sete dias. Ao primeiro dia, haverá santa convocação; nenhuma obra servil fareis.  Sete dias oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; ao dia oitavo, tereis santa convocação e oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; é reunião solene, nenhuma obra servil fareis.  São estas as festas fixas do Senhor, que proclamareis para santas convocações, para oferecer ao Senhor oferta queimada, holocausto e oferta de manjares, sacrifício e libações, cada qual em seu dia próprio.) [Grifo Meu]

Percebe-se nestes versos a festa dos tabernáculos que começava no décimo quinto dia do sétimo mês e se estendia até o vigésimo primeiro dia, reparem que no primeiro e no último dia da festa independente do dia da semana era feriado nacional ou dia de descanso um sábado para o povo judeu. Lv. 23.4-8 (São estas as festas fixas do Senhor, as santas convocações, que proclamareis no seu tempo determinado: no mês primeiro, aos catorze do mês, no crepúsculo da tarde, é a Páscoa do Senhor. E aos quinze dias deste mês é a Festa dos Pães Asmos do Senhor; sete dias comereis pães asmos.  No primeiro dia, tereis santa convocação; nenhuma obra servil fareis;  mas sete dias oferecereis oferta queimada ao Senhor; ao sétimo dia, haverá santa convocação; nenhuma obra servil fareis.)

O mesmo ocorria com a festa da páscoa e a dos pães asmos, no primeiro e no último dia independente do dia da semana era “sábado” em outras palavras feriado nacional.  Lembrando sempre para os adventistas do 7º dia que os sábados cerimoniais estavam inclusos nos dias de festas, em outras palavras os sábados de Colossenses não podem ser cerimoniais.

Como vimos então esses dias sagrados começavam pelos chamados “dias de festa”, expressão que se aplicava aos dias de festas anuais, tais como; Festa dos Asmos, Festa da Páscoa, Festa das Primícias também chamada Festa de Pentecostes, Festa das Trombetas, Festa da Expiação e finalmente Festa dos Tabernáculos celebrada em duas ocasiões: primeiro dia e último dia da festa. Vinham ainda os dias sagrados mensais conhecidos como “Luas Novas” e por fim, os dias sagrados semanais indicados pela palavra “sábados.” 

O que Paulo destacou foi que ninguém deve julgar o outro por meio do calendário, ou seja, as festas ocorriam durante o ano, sendo então as festas anuais, as luas novas mensais e os sábados semanais. Claro está também que isso está relacionado qualquer dia de guarda, não é pelo fato de não precisarmos guardar o sábado para sermos salvos que devo guardar outro dia com o mesmo objetivo.

Quanto ao descanso físico todos sabem de sua necessidade, precisamos sim repousar de nossos labores, mas a nossa santificação não deve estar vinculada a um dia da semana. O assunto em pauta é: se as festas religiosas judaicas, nos seus dias principais exigia do povo que guardasse tal dia como feriado nacional, e se esse dia era vedado ao povo trabalhar naturalmente eles tinham como um sábado.


Sendo assim OS SÁBADOS FESTIVOS NATURALMENTE ESTAVAM INCLUÍDOS NOS DIAS DE FESTAS, fica evidente que os sábados de Colossenses 2.16 está se referindo ao sétimo dia da semana, não pode ser diferente, em outras palavras, festas religiosas judaicas = a sábado cerimonial.  

domingo, 1 de dezembro de 2013

A mitologia e a encarnação de Cristo.

Vamos examinar o contexto histórico do desenvolvimento do que se tornou a pedra angular da ortodoxia cristã, a doutrina da "Encarnação." Veremos que esta doutrina não surgiu do nada, nem estritamente a partir do texto da Escritura. Foi o resultado da influência de certas crenças e atitudes que prevaleceu em torno da igreja cristã depois do primeiro século. 

A mitologia pagã, e pontos de vista gnósticos da redenção e da pré-existência humana, e a incompreensão da linguagem joanina, todos contribuíram para o ensino de que o próprio Deus se tornou homem. Embora a "Encarnação" seja assumida como um princípio básico do Cristianismo, o termo não é usado ou encontrado em nenhum lugar na Escritura, mas é admitido por estudiosos trinitarianos.

Encarnação, em seu sentido pleno e adequado, não é algo diretamente apresentado na Bíblia. A doutrina da Encarnação foi realmente formulada durante os primeiros séculos da era cristã. A doutrina, que tomou forma clássica, sob a influência das controvérsias dos séculos quarto e quinto, foi formalmente definida no Concílio de Calcedônia em 451. Foi em grande parte moldada pela diversidade da tradição nas escolas de Antioquia e de Alexandria.

Refinamentos foram adicionados nos períodos posteriores a patrística e medieval. A razão pela qual os conselhos e sínodos levaram centenas de anos para desenvolver a doutrina da Encarnação é que ela não é declarada nas Escrituras, e os versos usados ​​para apoiá-la podem ser explicados sem recorrer a uma doutrina que tem mais semelhança com a mitologia pagã do que com a verdade bíblica. 

Ensinar aos judeus que Deus desceu na forma de um homem teria ofendido completamente aqueles que viveram na época de Cristo e os Apóstolos, e muito contradiz a compreensão das Escrituras messiânicas.  Essa doutrina é derivada mais proeminente do evangelho de João, e em particular a partir da frase em Jo. 1. 14. (E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.)

Este plano de Deus para a salvação do homem, finalmente, "se fez carne" em Jesus Cristo. Este versículo não estabelece a doutrina da Encarnação é um ensinamento do grande amor de Deus em trazer à existência o Seu plano para salvar o homem dos seus pecados. Antes de prosseguir, devemos definir o que é tradicionalmente compreendido por "encarnação" de Cristo. 

A tradição ensina que, sem deixar de ser Deus, Deus se fez homem. Vejam o que diz o Novo Dicionário da Bíblia, uma fonte trinitária: Textos entre parênteses. (Parece significar que o Criador divino se tornou uma das suas próprias criaturas, que é uma contradição, em termos teológicos.” 

“Quando a Palavra "se fez carne", a Sua divindade não foi abandonada ou reduzida. Ele não deixou de exercer a função divina que tinha sido antes dele... “A Encarnação do Filho de Deus, então, não era uma diminuição da divindade, mas uma aquisição da humanidade.” Se quiser saber como um pré-existente "Deus Filho" pode se tornar um homem sem qualquer "diminuição da sua divindade", ou como ele poderia viver entre Os humanos" sem deixar de exercer as funções divinas que exercia desde a eternidade. Os trinitarianos dizem que isso é parte do “mistério "da Encarnação.) O Novo Dicionário da Bíblia admite que o conceito não é desenvolvido ou discutido no Novo Testamento. O fato dos escritores do novo testamento não tentarem explicar a doutrina da encarnação mostra que tal doutrina não existia. Portanto se ela não se encontra na bíblia em nenhum dos dois testamentos como pode eventualmente ela ser considerada uma parte da "Doutrina dos Apóstolos"?

Os estudiosos admitem que esta doutrina é fraca biblicamente, devemos examinar então por que os teólogos cristãos do terceiro século e quarto séculos tornaram-se tão preocupados em estabelecê-la como a pedra angular da fé cristã trinitária. Ao fazer isso, vamos ver algumas das suposições e crenças que levou a mudança e ao desenvolvimento desta doutrina. 

Devemos, primeiramente, estabelecer o fato de que o próprio processo de se transformar de verdade histórica a mitologia foi claramente profetizada pelo apóstolo Paulo no final de sua vida. Isso é incrível, mas não surpreendente, tendo em vista as muitas vezes na Escritura que Deus advertiu seu povo sobre ser influenciado pela cultura pagã.

"Encarnação", pelo menos na concepção mais comum da visão cristã, é a crença de que Jesus não é um ser criado, mas o Deus invisível "vestido" em carne humana. Assim, a nosso ver, o relato bíblico da criação do último Adão é trocado por um mito. O conceito de Deus, ou qualquer ser espiritual, tornando-se um bebê é completamente inconsistente com a verdade bíblica. Reconhecemos que a doutrina da Encarnação não é o resultado direto da incursão da mitologia pagã, no entanto, os líderes da Igreja dos séculos III e IV depois de Cristo não foram diligentes para permitir que toda a Escritura pudesse determinar a doutrina cristã. 

Na ausência de um compromisso total com a Bíblia, eles interpretaram erradamente a linguagem do evangelho de João e usaram esse mesmo evangelho para estabelecer uma doutrina que não se harmoniza com a profecia do Antigo Testamento, os Evangelhos sinópticos (os outros três evangelhos) e o resto do Novo Testamento. O resultado tem sido deslocar o centro da mensagem cristã da ressurreição, e estabelecer a ideia da Encarnação, uma ideia muito mística, mitológica e misteriosa.

A história nos mostra que a Igreja sempre reconheceu a natureza altamente misteriosa da crença na encarnação. Poderíamos argumentar que esta doutrina tem feito mais para enfraquecer a fundação do núcleo racional da fé cristã do que todos os assaltos dos chamados hereges juntos. A ideia de que o próprio Deus veio e viveu entre nós na forma de um homem ecoa mitológica e pagã, e, no mínimo, deixou a mensagem cristã aberta ao ridículo. 

Um ser divino preexistente, feito em carne criado por pais humanos soa tão mitológico que tem sido muitas vezes ridicularizado por críticos, especialmente judeu e muçulmano. Isto é ainda admitido por fonte trinitariana: Tal afirmação, considerada abstratamente no contexto do monoteísmo do Antigo Testamento, pode parecer uma blasfêmia ou sem sentido, como, aliás, o judaísmo ortodoxo sempre defendeu que ele seja. A Cristologia tradicional tem trabalhado com um esquema de supranaturalismo (sobrenatural).

O cristianismo expressou isso mitologicamente e os teólogos dos primeiros séculos desenvolveram então a doutrina da Encarnação, encarnação significa que Deus, o Filho, desceu a terra, e nasceu, viveu e morreu dentro deste mundo como um homem. Do céu desceu e gentilmente entrou em cena o ser humano, se revestiu em carne algo que não era "dele" e viveu verdadeiramente e completamente dentro dela. Como o homem-Deus, uniu em sua pessoa o sobrenatural e o natural.

Porém o problema da cristologia é como Jesus pode ser plenamente Deus e plenamente homem, e ainda verdadeiramente uma pessoa. A maneira tradicional de descrever a doutrina da Encarnação, quase inevitavelmente, sugere que Jesus era realmente o Deus Todo-Poderoso andando na terra, vestido como um homem. Jesus não era um homem nascido e criado, ele era Deus por um período limitado participando de uma farsa. 

Ele parecia um homem, ele falava como um homem, ele se sentia como um homem, mas no fundo ele era Deus vestido em carne. Na verdade, a própria palavra "encarnação" [que não é um termo bíblico] inevitavelmente sugere a ideia de uma substância divina mergulhada em carne e revestida com ela. A doutrina da encarnação foi derivada do paganismo, a doutrina soa tão semelhante a muitos outros mitos sobre seres divinos que veio e viveu entre os homens é difícil não concluir que os pensadores cristãos empregaram a linguagem das religiões pagãs, em vez de aderir diligentemente à linguagem das Escrituras.

A ideia de que Deus ou os deuses podiam descer na forma de homens era uma visão comum nos tempos do Novo Testamento. Vemos um exemplo muito claro disso no livro de Atos, após a cura de um paralítico: At. 14.11-13. (Quando as multidões viram o que Paulo fizera, gritaram em língua licaônica, dizendo: Os deuses, em forma de homens, baixaram até nós. A Barnabé chamavam Júpiter, e a Paulo, Mercúrio, porque era este o principal portador da palavra. O sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trazendo para junto das portas touros e grinaldas, queria sacrificar juntamente com as multidões.)

É digno de nota que Paulo e Barnabé não aproveitaram a oportunidade para explicar que eles não eram deuses ou que vieram na forma humana, Em vez disso, eles argumentaram contra a base mitológica de tais crenças e práticas pagãs: At. 14.14-15.   (Porém, ouvindo isto, os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgando as suas vestes, saltaram para o meio da multidão, clamando: Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles.)

Estes versos bíblicos indicam que a maioria das pessoas influenciadas pela religião grega e romana acreditava em uma variedade de mitos, envolvendo a mistura de deuses, homens, mulheres e até animais. Por exemplo, os romanos acreditavam que Rômulo e Remo foram gêmeos nascidos de uma mãe mortal e Marte, o deus da guerra. A lenda diz que eles foram trazidos à tona em um cesto do rio Tibre. Uma loba encontrou os bebês e os criou. Um pastor encontrou os gêmeos e os levou. Já na idade adulta os gêmeos decidiram construir uma cidade no local onde o lobo encontrou-os, mas Rômulo matou Remo e fundou Roma, supostamente em 753 AC.

O panteão mitológico romano incluía uma tríade, ou seja, um grupo de três deuses, composto de Júpiter, Marte e Quirino. Júpiter era o deus dos céus e Marte, o deus da guerra, enquanto Quirino representava o povo comum. No final dos anos 500, AC, os romanos substituíram a tríade arcaica com outra tríade de Júpiter, Juno e Minerva.


Já entre os gregos, Zeus, o deus principal do panteão grego, visitou a Diana mulher humana ele fez isso na forma de chuva dourada e tornou-se pai de Perseu, um "deus-homem.” “O qual decapitou medusa.” (Hércules) era filho de Zeus, que deixe enganar Alcmena, personificando seu marido, o Anfitrião geral. Em sua descida aos reinos da morte, Hércules tornou-se o Salvador do seu povo. Da mitologia surgiu então a ideia "cristã" da encarnação.