sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Mateus 24.34 Apoia o preterismo?

Os preteristas baseado em alguns textos das escrituras tem difundido a idéia de que o apocalipse e o capítulo 24 de Mateus já tiveram o seu cumprimento total. O nome preterismo por si só indica que os acontecimentos neste caso relacionados às escrituras já aconteceram de uma forma completa até o ano 70 dC. Para justificar os seus ensinamentos os preteristas espiritualizam quase todo o livro do apocalipse juntamente o capítulo 24 de Mateus. Para eles de uma forma espiritual Jesus já voltou, e estamos vivendo o período do milênio.

A base do preterismo é Mateus 24.34 (Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.) Antes, porém gostaria de dizer que não compartilho o pensamento futurista, como sabemos os futuristas ao contrário dos preteristas acreditam que todas as profecias apocalípticas acontecerão no futuro. Acredito que muitas profecias apocalípticas já aconteceram, porém muitas outras irão acontecer. Devo dizer que compartilho o pensamento histórico progressivo. Lc. 21.32 (Em verdade vos digo que não passará esta geração, sem que tudo isto aconteça.) Marcos também confirmou estas palavras de Jesus, porém não iremos ler.

O contexto destes versos está relacionado com a saída de Jesus e os seus discípulos do templo. Também quando estavam no monte das oliveiras, reparem que a indagação dos discípulos apesar de seguir uma linha de pensamento ela não se dá em um só momento, a bíblia não diz se a conversa se deu no mesmo dia ou em outra ocasião. Mt. 24.1-2 (Tendo Jesus saído do templo, ia-se retirando, quando se aproximaram dele os seus discípulos para lhe mostrar as construções do templo. Ele, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.) Repare que neste momento eles estavam saindo do templo.

Mt. 24.3 (No monte das Oliveiras, achava-se Jesus assentado, quando se aproximaram dele os discípulos, em particular, e lhe pediram: Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século.) Já no verso três eles estavam no monte das oliveiras, o lapso de tempo entre uma conversa e outra não nos é dito. Percebemos no entanto que a mente dos discípulos estavam aguçadas com relação aos acontecimentos que se seguiriam.

Marcos também repete com a mesma semelhança, primeiro saíram do templo e depois indagaram sobre o fim do mundo, no monte das oliveiras. Quando vêem estes versos os preteristas afirmam categoricamente que as profecias já se cumpriram, para eles a destruição do templo em 70 é o ápice do acontecimento profético. Que a destruição do templo foi profetizada neste contexto não se discute, mas Jesus não veio. E tentar espiritualizar acontecimentos literais, não condiz com o contexto, acredito que promove mais a descrença do que a fé.

Aliais, dizer que todas as profecias apocalípticas já aconteceram é desestimular a fé no retorno de Cristo, acreditar que os acontecimentos os quais presenciamos não é um prenuncio do fim e o mesmo que acreditar que o reino de Cristo já está ativo e operante. Não faz sentido. Em Mateus 24. do verso 1 ao 27 Jesus responde a indagação dos discípulos quando perguntaram: Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século. Ele então passa a descrever que surgiriam falsos cristos que contribuiria grandemente para a destruição de Jerusalém. Como também após isso as nações se volveriam contras outras nações, e reino contra reino, isso naturalmente nada tem a ver com a destruição do templo, pelo fato da destruição ser um problema entre Israel e o império romano. 

Outros reinos e nações não contribuíram para isso. Acredito sem medo de errar que uma das características do fim está registrado em Mt. 24.12 (E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos.) Acredito que viver na sociedade no primeiro século, não deveria ser nenhuma maravilha, mas vivemos em uma época de grande avanço tecnológico onde podemos nos conectar com pessoas em qualquer lugar do mundo, porém somos uma sociedade solitária, e tremendamente individualista, isso faz com que o amor ao próximo fique bastante reduzido Já o verso treze vai contra completamente aos ensinamentos preteristas, Mt. 24.13 (Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.)

Perseverar em que, os judeus do primeiro século, não fizeram isso em Massada? Não resistiram até o sangue? Ora, a perseverança que nos é dito por Cristo é espiritual, significa viver a luz dos ensinamentos bíblicos a despeito daquilo que nos é apresentado pelo mundo, significa perseverar na fé e não retroceder. Mt. 24.14 (E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim.) Ainda que os preteristas insistam que o evangelho foi pregado a todo mundo no primeiro século, não significa que foi, e se foi Deus trabalha de uma forma condicional?

Ou seja, o mundo do primeiro século não foi o mundo que Deus intentou, quando a bíblia diz “todas as nações” significa todas as nações como ora conhecemos, não um contexto limitado de uma época. Acredito que o capítulo de Mateus marcos e Lucas que registram a questão da volta de Jesus e todos os acontecimentos que o cercam está se referindo a acontecimentos que se estenderia desde o primeiro século até a volta de Cristo e o fim do reino dos homens. Os preteristas dizem Jesus disse: Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça.

Acredito que este esta questão pode ser resolvida de uma forma bastante simples sem ter que acreditar que Jesus já veio de uma forma espiritual. Primeiro: o sentido de geração pode significar as gerações sucessivas que estariam lendo e entendendo a bíblia, isso pelo fato de que a volta de Jesus é aguardada por todas as gerações de crentes, sendo assim Ele estaria falando distintamente para cada geração que existe ou já existiu, isso se entendermos a palavra geração como sendo pessoas que vivem um período sobre a terra.

Segundo: podemos entender perfeitamente a palavra geração como sendo um povo e isso é perfeitamente possível, a palavra grega neste verso para geração é: genea e significa: aquele que foi gerado, homens da mesma linhagem, família, os vários graus de descendentes naturais, os membros sucessivos de uma genealogia, ou totalidade das pessoas que vivem numa mesma época. Sendo assim Israel hoje poderia ser chamada de geração, o fato é que Israel está ativo e não passou.

Dois versos que parecem corroborar com este pensamento se encontra em Lucas 11.50-51 (para que desta geração se peçam contas do sangue dos profetas, derramado desde a fundação do mundo;  desde o sangue de Abel até ao de Zacarias, que foi assassinado entre o altar e a casa de Deus. Sim, eu vos afirmo, contas serão pedidas a esta geração.) Vamos pensar que a palavra (geração genea) signifique apenas uma totalidade de pessoas que vivem uma época. Seria justo os judeus ou a geração dos dias de Cristo pagarem pelo crime dos profetas antigos, acredito que não. Mas se geração for toda a nação a coisa fica mais justa. A outra questão a ser avaliada seria a palavra “tudo” quando Jesus disse: (Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça.) A palavra tudo é pás e significa: cada, todo, algum, tudo, o todo, qualquer um, todas as coisas, qualquer coisa.

Mt. 3.5 (Então, saíam a ter com ele Jerusalém, toda a Judéia e toda a circunvizinhança do Jordão.) Como sabemos nem toda Jerusalém saiu a ter com Jesus. Mc. 1.5 (Saíam a ter com ele toda a província da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém; e confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão.) João Batista batizou toda Jerusalém? Claro que não. Se entendermos que a palavra geração signifique apenas aqueles de uma época, a palavra “tudo” de Mateus 24.34 pode muito bem significar “tudo”o que aconteceu até 70. Logo se a palavra “tudo” em muitos casos é limitado, por que então não aplicar o mesmo em Mateus capítulo vinte e quatro.  



sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A queda de Adão e minha.

Nós que aceitamos os ensinamentos das escrituras concernente a criação, em alguma época de nossas vidas inevitavelmente iremos perguntar: o que temos a ver com o pecado de Adão em uma época tão distante? Este ato afetou a minha vida? Essas são perguntas que certamente os crentes farão no decorrer de sua caminhada. Não há como evitar o ensinamento óbvio das escrituras que diz que o pecado de Adão teve consequências drásticas sobre os seus descendentes. 

Rm. 5.12 (Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.) Após a entrada do pecado no mundo devido ao pecado de Adão surgiu uma parede de separação entre Deus e o homem, infelizmente com o pecado de Adão a corrupção foi transferida para os seus descendentes, dando sequencia a separação entre Deus e a humanidade pecadora, Is. 59.2 (Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça.)

A bíblia nos informa de que apesar de não termos pecado juntos com Adão carregamos em nossa natureza a corrupção original, corrupção original é a contaminação inerente à qual todo pecador está sujeito. É uma realidade na vida de todos os homens. É o estado pecaminoso, do qual surgem atos pecaminosos. Após o pecado Adão e Eva carregaram consigo o pecado da culpa original e de uma forma natural transmitiram corrupção aos homens. Por corrupção entende-se que é o estado do qual todos nós nos encontramos. Rm 5. 18 (Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para a condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.)

Naturalmente nem todos aceitam este assunto, alguns seguindo o ensinamento de Pelágio insistem que não temos nada com o pecado de Adão, portanto o pecado original não existe. Bem, que não pecamos juntos com Adão é uma realidade e que também não incentivamos Adão a pecar, isso também é fato. Mas, aceitar a criação e não aceitar a queda e seus resultados não é um ensinamento bíblico. A queda de Adão causou um desequilíbrio em todas as dimensões humanas, físico, mental e espiritual. Realmente não somos culpados por ter Adão cometido tal ato pecaminoso, mas carregamos em nossa natureza as conseqüências desta culpa.

As nossas ações são características de ações pós queda, o mundo em que vivemos é um mundo percebido pelos sentidos pós queda. Logo “se não fosse a transgressão de Adão” a nossa percepção e as nossas ações não estariam moldadas do jeito que ora percebemos e vivenciamos Gn. 2.25 (Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam.) Gn. 3.10 (Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.) Percebe-se claramente a reação de Adão antes e depois da queda.

Pelágio rejeitando este assunto elaborou a seguinte questão, disse ele: “se Deus é completamente bom, então tudo o que criou é igualmente bom, toda a sua criação é boa, incluindo o homem”. Pelágio disse que a natureza humana, como tal, é inalteravelmente boa. Isto é, a essência constituinte do homem permanece boa. A natureza não pode ser alterada na sua substância; só pode ser modificada acidentalmente.

Não acredito na teoria de Pelágio pelo fato que de se fosse assim qualquer um poderia vencer o pecado sem a ajuda de Deus, e isso nós sabemos que nem mesmo Jesus conseguiu veja o que o próprio Cristo nos diz: Jo. 5.30 (Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é justo, porque não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou.) Repare o que Paulo nos diz em Rm. 5.19 (Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos.) Na minha concepção se não creio que a desobediência de Adão causou de certa forma o meu pecado, não posso crer que a obediência Cristo será a minha libertação.

A verdade foi que em seus dias Pelágio viu um cristianismo deturpado e tentou impor certas regras para tentar restabelecê-lo, e uma delas é que nós podemos por nossas forças vencer as tentações. Ao passo que a bíblia ensina o oposto Rm. 3.9-10 (Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos  que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado, como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.) O resultado da desobediência de Adão foi a sua queda, logo a sua queda lhe proporcionou a contemplar um cenário completamente novo, ou seja, um cenário de imperfeição, imperfeição esta da qual somos todos participantes.

Se Adão não tivesse caído nós seriamos perfeitos, pois teríamos nascido em um ambiente livre das conseqüências da queda, neste sentido o pecado de Adão é Meu também. Assim sendo a teoria de Pelágio não se coaduna com a realidade que vivemos, pois disse ele: “se Deus é completamente bom, então tudo o que criou é igualmente bom, toda a sua criação é boa, incluindo o homem”. Não podemos negar o fato de que Deus seja bom, mas também não podemos aceitar que tudo que ele criou seja completamente bom, mais que dentro dos seus planos são justificáveis e tem objetivos necessários.

O que dizer das catástrofes, da assolação e do mal, pois negar que Deus os tenha criado é negar o próprio escrito bíblico Is. 45.7 (Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas.)  Ez. 33.29 (Então, saberão que eu sou o Senhor, quando eu tornar a terra em desolação e espanto, por todas as abominações que cometeram. O que dizer também do calor em excesso, ou do seu oposto, da fome da sede, dos espinhos, naturalmente a criação é bela, porém trás consigo o vestígio do pecado.

Ao contrário do que Pelágio disse a natureza de Adão ao contemplar outro cenário, percebendo que estava nu demonstrou que sua natureza foi drasticamente alterada. Do mesmo modo é enganoso o ensinamento de que não nascemos em pecado, dizer que a sociedade e a localidade onde nasce um indivíduo é que moldam o caráter de uma pessoa não corresponde com a realidade.

Sl. 51.5 ( Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe. Por outro lado se a sociedade e o contexto onde vive tal individuo são os fatores preponderantes no seu comportamento naturalmente deveríamos encontrar indivíduos “santos” em localidades melhores preparadas. Mas não é assim, a corrupção humana atinge níveis extra-físico, em se tratando de corrupção dentro das perspectivas divinas todos somos iguais, claro está que se excetua os que estão sendo santificados em Cristo. Sendo assim por ser Adão o pai da raça humana o seu pecado passou a ser o nosso pecado, e a nossa transgressão o resultado da sua transgressão.


Isso denota claramente a questão da depravação da natureza do homem e isso é ensinado em Rm. 11.32  (Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia.) Mas a questão da misericórdia será tema de um próximo assunto.

Evandro.