domingo, 1 de dezembro de 2019

Ellen G. White e seu ensinamento sobre Lúcifer.


A bíblia define o profeta como alguém que foi enviado; por vezes percebemos um profeta ensinando mentiras, conforme nos diz Jeremias 23. 26 “Até quando sucederá isso no coração dos profetas que proclamam mentiras, que proclamam só o engano do próprio coração?” E, também nos é dito sobre a importância do profeta verdadeiro para aqueles que seguem os ensinos bíblicos, 2ª Cr. 20. 20 “Pela manhã cedo, se levantaram e saíram ao deserto de Tecoa; ao saírem eles, pôs-se Josafá em pé e disse: Ouvi-me, ó Judá e vós, moradores de Jerusalém! Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas e prosperareis.”

A IASD. Na sua crença fundamental no item 18 diz: (Um dos dons do Espírito Santo é a profecia. Esse dom é uma característica da Igreja remanescente e foi manifestado no ministério de Ellen G. White. Como a mensageira do Senhor, seus escritos são uma contínua e autorizada fonte de verdade e proporcionam conforto, orientação, instrução e correção à Igreja.)

Vale ressaltar que para os adventistas, qualquer luz adicional encontrada na bíblia deve ter o respaldo de E.G.W. E isso independente da posição bíblica sobre o assunto. Mas, o meu objetivo não é questionar se E. G. W foi ou não uma profetiza, mas sim, tentar identificar a veracidade ou não de suas instruções; e como base para isso, irei analisar um pouco o que ela ensina em seu livro compilado de nome, A Verdade Sobre os Anjos, neste livro ela cria toda uma história sobre Lúcifer, e baseado nisso, irei contrastar o seu ensinamento com a bíblia.

No citado livro na página 26 ela declara: “Deus o fez [a Lúcifer] bom e formoso, tão semelhante quanto possível a Si próprio. Review and Herald, 24 de setembro de 1901.” Na página 27 ela continua: “Lúcifer, no Céu, antes de sua rebelião foi um elevado e exaltado anjo, o primeiro em honra depois do amado Filho de Deus. Seu semblante, como o dos outros anjos, era suave e exprimia felicidade. A testa era alta e larga, demonstrando grande inteligência. Sua forma era perfeita, o porte nobre e majestoso....”

O próprio Senhor deu a Satanás sua glória e sabedoria, tornando-o o querubim cobridor, bom, nobre e extraordinariamente formoso. Signs of the Times, 18 de setembro de 1893. Pg. 28”. Ainda na página 28 ela continua: Lúcifer, "filho da alva", era o primeiro dos querubins cobridores, santo e puro. Permanecia na presença do grande Criador, e os incessantes raios de glória que cercavam o eterno Deus, repousavam sobre ele”.

Após essa breve apresentação dos seus escritos devemos lançar primeiramente algumas perguntas: De onde E.G.W retirou esse enredo? Tudo indica que foi da tradição cristã, segundo são Jerônimo um dos padres da igreja, Lúcifer foi o nome do principal Anjo caído. E lúcifer passou a ser identificado como satã após Orígenes outro padre da igreja. Tudo indica que ela também sofreu forte influência dos escritos de John Milton por meio do seu livro, O Paraíso Perdido, publicado em 1667. A segunda questão é: como pode E.G.W utilizar o nome Lúcifer, para representar Satanás?

Nos originais da bíblia não é descrito nada referente, no entanto, algumas traduções, incluindo a King James, traduzem para Lúcifer o texto onde diz estrela da manha de Isaías 14. 12. “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações!”

Neste caso a teologia influencia e muito na determinação de um ensinamento ou mesmo de um credo, devemos isso a Jerônimo, Orígenes, e outros teólogos que nutriam o mesmo pensamento. Contudo, apesar de não ser correto faz parte da teologia, os homens que se dispuseram em elaborar doutrinas, credos e dogmas, sempre penderam a balança para o lado de sua convicção teológica, mas o que dizer de um profeta que se propõe ensinar a verdade? Não deveria ela a profetiza, elucidar essa questão de forma isenta do tradicionalismo teológico?

Por exemplo: quando ela declara em seu livro que Deus fez a Lúcifer, ou ainda que Lúcifer era um Querubim cobridor, de onde ela busca essa informação? Bem, dirão que foi o próprio Deus que a inspirou, contudo isso é irrelevante, visto que existiram vários outros profetas inspirados e nenhum deles fez menção de nada disso. Por outro lado, dizer que ela retirou isso da bíblia também não faz sentido, pelo fato dela em nenhuma parte relatar sobre Lúcifer e muito menos que ele era um Querubim cobridor que vivia ao redor do trono de Deus.

A tradição cristão tem feito um inter-câmbio entre a passagem de Isaías 14. 12 com as passagens que falam sobre a estrela da manhã, com o intuito de fortalecer o ensino da existência do diabo, 2ª Pe. 1. 19 “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração.” Ap. 22. 16 “Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da manhã.”

Por esses dois versos podemos claramente ver que não existe um diabo identificado como sendo a estrela da manhã, a bíblia é clara em dizer que Jesus se denomina a estrela da manhã. Será que E.G.W como uma profetiza inspirada não percebeu essa desinformação? Naturalmente os seus defensores dirão que não houve desinformação, mas sim que ela aprovou uma realidade, dirão que não se pode questionar a queda de Lúcifer tendo como base Isaías 14. 12 e Ez. 28. 14.

Na realidade podemos dizer que a desinformação é tripla, tanto quanto a questão da estrela da manhã descrita no NT. Quanto a Lúcifer, encontrado no livro de Isaías e o Querubim de Ezequiel 28. 14. Primeiramente surge uma questão a ser resolvida: quem representa a estrela da manhã encontrada tanto em 2ª Pedro, quanto no livro de apocalipse? Representa Jesus ou o diabo? E quanto a estrela da manhã de Isaías? Estaria realmente o profeta falando de uma ser angelical ou ele o profeta estava descrevendo alguém de uma forma metafórica? Ezequiel não estaria utilizando o mesmo princípio de Isaías? Veremos estas questões em outro assunto.