domingo, 1 de outubro de 2023

Ateísmo, alguns pontos...

   O ateísmo pode ser tratado como um problema espiritual? Sim, um exemplo claro disso é encontrado no livro do êxodo, Ex. 5. 2 “Mas Faraó disse: Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir Israel.” 2ª Ts. 3. 2 “E para que sejamos livres de homens dissolutos e maus; porque a fé não é de todos.” Esse verso confirma o que eu disse. Não estou dizendo que todos os ateus são essencialmente maus, me refiro a questão da fé.

A despeito de ser um problema espiritual a materialização do ateísmo se dá devido a algumas questões e dentre elas cito: perda de algo, esse foi o caso de faraó, Ele não poderia imaginar o fato de ficar sem os escravos que movimentavam o seu país. Os ateus também são pessoas que foram quem sabe, até “crentes” mas não conheciam a Deus, me refiro ao fato de possivelmente terem criado um deus imaginário.

O que é um deus imaginário? São deuses criados segundo a necessidade e urgência de cada um Is. 43. 15 “Eu sou o Senhor, vosso Santo, o Criador de Israel, vosso Rei.” Na nossa cultura o pronome senhor está mais direcionado para as pessoas idosas, mas na mentalidade bíblica esse pronome é mais abrangente, está relacionado também com domínio, autoridade, tanto é que o verso lido de Isaías relaciona Senhor com Rei.

Não é assim com o deus imaginário, na verdade esse “deus” sim, foi criado pela mente humana com a finalidade única de servir o indivíduo que passa a ser o senhor desse deus. E quando esse “deus” não responde aos seus anseios, surge então, as revoltas que presenciamos. O outro grupo de ateu, são aquelas pessoas que um dia realmente creram no Deus Criador, mas não conseguiram compreender que nem sempre Deus nos responde como almejamos.

E por que é assim? Essa questão é respondida pelo profeta Isaías, Is. 55. 9 “Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” As queixas mais aceitáveis a favor e feitas pelos seres humanos, são aquelas que relacionam doenças e morte. Porém, não existe uma promessa de isenção para essas questões dentro desse contexto que ora vivemos.

Pelo contrário, Jo. 16. 33Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” E o outro fato mais relevante dentro da teologia é que Deus não nos deve nada, e pelo fato de ser o criador, rei e governante de todo o vasto universo, Ele está desobrigado de satisfazer os nossos anseios terrestres, Dn. 4. 35 “³E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?”

Surge então a indignação por parte de muitos. Mas, para termos uma visão mais apurada daquilo que a bíblia descreve devemos de recorrer a pelo menos quatro versos, Rm. 3. 10 e 19 “Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.” “Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus.”

Visto que somos culpados e irremediavelmente condenados a destruição perante Deus, o que podemos exigir? Ef. 2. 4-5 “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos).” Naturalmente o verso está se referindo a salvação espiritual dos eleitos. Dando a entender claramente que Deus não está alheio aos nossos anseios, no entanto, a promessa de redenção não está incluído o aqui e agora.

A outra causa para o ateísmo se dá devido a uma falsa interpretação dos mesmos, os quais acreditam que Deus tem duas versões sobre sua vontade, alegam então, que o Deus da bíblia é mutável e impotente. Baseiam esse raciocínio em declarações bíblicas que ora fala que Deus salva somente os eleitos, e ora fala que quer que todos se salvem. O que na verdade falta para essas pessoas é ter um conhecimento mais apurado.

Na verdade essa aparente contradição é facilmente explicável, devemos distinguir entre a vontade de preceito de Deus e sua vontade de decreto. O que significa vontade de preceito? Preceito significa uma regra, uma norma, uma recomendação, e essa vontade pode e é rejeitada pelos homens, Já o decreto significa uma ordem, uma determinação e nesse caso uma manifestação dos designíos de Deus os quais deverão invariavelmente se cumprir, a despeito da vontade humana.

Um acontecimento que caracteriza um preceito ou uma recomendação por parte de Deus se encontra em Ex. 4. 21-23 “E disse o Senhor a Moisés: Quando voltares ao Egito, atenta que faças diante de Faraó todas as maravilhas que tenho posto na tua mão; mas eu endurecerei o seu coração, para que não deixe ir o povo. Então, dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito. E eu te tenho dito: Deixa ir o meu filho, para que me sirva; mas tu recusaste deixá-lo ir; eis que eu matarei a teu filho, o teu primogênito.”

Percebemos nestes versos as duas vontades de Deus, a vontade de preceito ou ordem, essa vontade diz o que deveria acontecer. E também encontramos a vontade de decreto, quando Deus diz que endurecerá o coração de Faraó, a fim de que Faraó se recuse a ordem de deixar o povo ir. Esta é a vontade decretiva de Deus, ou seja, sua vontade de decreto ou propósito. O que Deus tem ordenado acontecerá. Ela é também conhecida como sua vontade oculta, ou vontade soberana ou vontade eficiente. “Assim, o que vemos [em Êxodo] é que Deus ordena que Faraó faça algo que a vontade do próprio Deus não permite. A boa coisa que Deus ordena ele impede.

Assim, a vontade decretiva de Deus refere-se ao secreto, tudo que engloba seu divino propósito de acordo com o que ele predestinou, seja o que for que venha a acontecer. Já a Sua vontade de preceito refere-se às ordens e proibições nas Escrituras. O fato é que Deus pode decretar aquilo que ele tem proibido. A vontade de Deus é às vezes é “frustrada” porque ele assim o quer.

É importante manter em mente que nossa responsabilidade é obedecer à vontade de preceito ou vontade revelada, e não especular sobre o que está oculto ou sobre a vontade decretiva de Deus, essa vontade está com Ele e pertence a Ele.