sábado, 1 de maio de 2021

Criados à imagem de Deus.

    Dt. 4. 15 “Guardai, pois, com diligência as vossas almas, pois nenhuma figura vistes no dia em que o Senhor, em Horebe, falou convosco do meio do fogo.” A bíblia é clara em afirmar nesse e em outros versos, que Deus não possui uma forma a qual podemos comparar, Deus não é temporal, portanto, Ele não está sujeito as limitações da matéria.

Como conciliar então, essa afirmação com outros versos bíblicos, a saber: Gn. 1. 26 “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.”

Cl. 3. 10 “E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou.” Não existe contradição nem mesmo dificuldades para podermos conciliar essa questão, o que existe na verdade é uma falsa compreensão daquilo que a bíblia apresenta como sendo à imagem de Deus.

A falsa compreensão relacionada a esse assunto acontece, devido ao fato de interpretarmos essa questão baseados apenas naquilo que intuímos como sendo uma imagem; a nossa mente interpreta uma imagem como sendo um reflexo daquilo que somos, ou daquilo que percebemos ao nosso redor.

Mas, a realidade não é esse o sentido bíblico da imagem de Deus. Vimos contudo em gênesis 1. 26 o verso relatando que fomos criados sim à imagem de Deus, bem, se não podemos interpretar o relato bíblico de imagem como sendo uma forma física a qual expressamos a Deus, o que seria então? Sl. 8. 4-6 “Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés.”

Percebemos aqui uma característica da imagem de Deus compartilhada ao homem, o domínio sobre a criação, Gn. 1. 28 “E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.”

Portanto, a imagem de Deus é algo que foi compartilhado conosco, nada tem haver com aparência física; e mesmo o domínio sobre as obras da criação o qual não foi completamente perdido na queda, trás consigo atributos naturais tais como: racionalidade, uso da linguagem, conceitos de tempos e números, ou seja, a capacidade de raciocínio, essas são características da imagem de Deus que foi compartilhada unicamente com os seres humanos.

Outros atributos da imagem que foram quase que completamente perdidos foram, a justiça, a misericórdia e o amor, por isso o NT. Nos estimula a “resgatarmos” a imagem de Deus, Ef. 4. 24 “E vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade.”

Portanto, se a bíblia nos encoraja a resgatarmos a imagem de Deus, fica claro que isso não pode ser algo físico, principalmente relacionado a um corpo. O mesmo erro de interpretação acontece quando a bíblia diz que Cristo é a imagem de Deus, Cl. 1. 15 “O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação.” Segundo o que nos é apresentado pela bíblia, Cristo compartilhava com as pessoas ao seu redor plenamente os atributos da imagem de Deus, o fato da bíblia dizer que Ele é a imagem do Deus invisível, refere-se exatamente as suas obras, as quais podem ser traduzidas como sendo: (perdão, misericórdia, compaixão, justiça e amor. Diga-se de passagem obras essas realizadas pelo próprio Deus, por meio de Cristo.

Jo. 10. 38 “Mas, se as faço, e não credes em mim, crede nas obras, para que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim, e eu, nele.” Outro elemento importante da imagem de Deus em nós é a nossa consciência dele, isso nenhum animal demonstra. Ao menos duas passagens bíblicas demonstram essa diferenciação, Gn. 9. 6 “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem.”

No AT. A pena de morte para assassinatos feitos injustamente era requerido a pena máxima para o assassino, isso pelo fato do homem ter sido criado a imagem de Deus, Tg. 3. 8-9 “Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.”

Percebemos então, que a imagem de Deus em nós após a queda não deixou de existir, só ficou “aleijada” precisando ser restaurada e isso nos é dito em Judas verso 10 “Estes, porém, dizem mal do que não sabem; e, naquilo que naturalmente conhecem, como animais irracionais, se corrompem”. Estando a imagem de Deus corrompida, a irracionalidade e brutalidade tomam o seu lugar.

Já o NT. Nos dá um padrão de medida relacionado a imagem de Deus, e esse padrão é Jesus, o Cristo. Rm. 8. 29 “Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” Paulo nos diz para aderirmos a imagem de Jesus, pelo fato dele ser considerado a expressa imagem de Deus.

2ª Co. 4. 4 “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” Vimos então, que a imagem de Deus em nós nos torna diferentes do resto da criação; e que ela de nenhuma forma refere-se a algum tipo de imagem literal representada por formas e contornos, o mesmo é válido para Cristo com relação a imagem de Deus, pelo fato de Jesus ser homem apesar de ser glorificado ainda possui características de corpo e formas, algo que Deus não possui.