domingo, 20 de dezembro de 2015

Enfim mais um ano, afinal, progredimos ou regredimos?

Baseado no calendário gregoriano estamos findando mais um ano, e o que podemos dizer acerca disso? Naturalmente todos nós que sobrevivemos, que ultrapassamos os obstáculos que o contexto nos impôs, temos motivos de sobra para agradecer. Ao findarmos esses 365 dias (se de fato isso se concretizar) podemos bradar fortemente, vencemos! E isso é bom e louvável.

Lamentavelmente os cristãos de nossa era têm uma mentalidade muito materialista acerca da realidade que nos rodeia, ou daquilo o qual professamos crer. Sim, concordo plenamente, devemos ser gratos pelo fato de vivermos mais um ano, mas o que dizer da espiritualidade? Houve um crescente ou um regresso?

Festejar por mais um ano vencido, ótimo! Por mais uma conquista adquirida, por mais um projeto realizado, melhor ainda. Mas, e a nossa vida espiritual, progredimos? Com esta postagem não anelo ser (figuradamente) tutor de ninguém, isso pelo fato de ser falho e pecador, no entanto, ela tem como objetivo fazer uma analogia entre tudo àquilo que adquirimos ou perdemos no decorrer deste ano civil o qual está se findando, contrastado com alguns versos bíblicos, principalmente encontrados no NT.

Digo isso para todos que se intitulam cristãos, no final da mesma veremos que a despeito de termos realizados todos os projetos, de termos escapados ilesos, de termos adquiridos, vendido e prosperado ou mesmo perdido e fracassado veremos, no entanto que quase sem exceção regredimos na espiritualidade. Existem algumas denominações cristãs as quais inclusive estão ganhando forças ensinando a prática do materialismo, ou seja, se você é cristão então você tem quer ser próspero, isso pelo fato de associarem prosperidade material com bênçãos oriundas de Deus.

O crescimento de tais denominações se dá basicamente pelo fato dos seus líderes terem posto o “dedo na ferida” em outras palavras os líderes estimulam o que o povo anela. Fato é que tal ensinamento e pensamento não encontram respaldo na bíblia. Pelo contrário, Mt. 13.7 (Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram.) É interessante o relato de Jesus nesta parábola, o fato dele associar a prosperidade material com os espinhos, Mt. 13.22 (O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.)

Mais alguém pode objetar: “não é Deus que nos dá todas as coisas? Segundo o ensinamento bíblico é exatamente isso, o mesmo ensinamento bíblico também nos adverte a não pormos a nossa confiança na riqueza e nos mostra que elas não são fontes de bençãos primária. Sl. 62.10 (Não confieis naquilo que extorquis, nem vos vanglorieis na rapina; se as vossas riquezas prosperam, não ponhais nelas o coração.)

Existe pecado em ser rico? Absolutamente. O problema não está na riqueza em si, mas sim nos resultados que ela exige e produz. O próprio Jesus nos diz (o verso acima) a fascinação das riquezas sufocam a palavra, lógico, estamos falando aqui para pessoas que de alguma forma se importam com a bíblia e que principalmente acreditam nela como sendo a palavra de Deus, não se discute o pensamento do ateu ou do incrédulo a esse respeito. 

Por outro lado o oposto também é uma realidade, as derrotas a escassez, as doenças e tragédias em geral minam quase que completamente a fé de uma pessoa. O pensamento bíblico por outro lado enfatiza o revés como um sinal de crescimento espiritual, naturalmente a sociedade do século 21 não pensa desse jeito. At. 14.22 (fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus.) Tg. 1.12 (Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.)

Naturalmente a pobreza extrema e as provações também dificultam o crescimento espiritual das pessoas da atualidade, baseado ao menos em dois motivos: (1) vivemos e presenciamos uma sociedade capitalista, (2) o fato de alguém ser menos próspero “sufoca a palavra” é o mesmo princípio da parábola do semeador, muitos começam a medir prosperidade e fazer comparações, os cuidados do mundo (algo desnecessário em minha visão).

O fato é que as duas partes, tanto a riqueza quanto a pobreza degeneram o crescimento espiritual, os ricos é claro que tem suas exceções passam a ser arrogantes e orgulhosos, ao passo que a pobreza faz com que uma pessoa se torne menos favorecida e comece a fazer indagações a qual derruba a sua alto estima, prejudicando a sua espiritualidade.

É neste sentido onde disse acima que a despeito de como conseguimos sobreviver mais este ano não prosperamos espiritualmente, muitos poderão dizer: “ fui a igreja o ano inteiro, participei disso e daquilo”. A questão principal é: o que ocupou a minha mente no decorrer deste ano? Sobressaiu a espiritualidade ou não? Ou mais precisamente, como tenho reagido as diversas situações que surgiram neste ano que está se findando? Tem elas tomado conta do meu pensamento?  

Se sim, não importa se escapamos ilesos, se fizemos um bom negocio, ou mesmo se a escassez dominou o ano inteiro, não houve crescimento espiritual. Olhando de uma forma bem humana sabemos lidar melhor com a prosperidade do que com a escassez, a escassez não desnutre somente o físico aniquila também a mente e consequentemente a espiritualidade. Por outro lado a prosperidade muitas das vezes torna a pessoa “inchada” de um modo figurado, não necessitando de mais nada.

Se os opostos são prejudiciais, se ambas, riqueza e pobreza inibem o crescimento espiritual, baseado no ensino bíblico de que os “cuidados do mundo” aniquilam ou sufocam a palavra, neste caso espiritualidade, fica evidente que o problema está na mente do ser humano, ora, se nenhuma das opções são favoráveis ao crescimento espiritual logo percebe-se que a causa degradante não está na questão externa e sim na mente do ser humano a qual está afastada de Deus.

Me refiro baseado no ensino bíblico da necessidade de um nascimento e um consequente crescimento espiritual. A sociedade atual tem demonstrado com os seus afazeres que o importante ou o existente ou mesmo o necessário é somente o físico, a natureza humana e nada mais, atestam eles, contrastando com isso e é claro me dirijo a cristãos, somos informados pela bíblia que apesar de sermos seres palpáveis, temos uma natureza espiritual que necessita crescer, a qual facilmente pode ser sufocada.     

A grande questão é: o que fazer? Ou como fazer. Parece-me que a sociedade do primeiro século estava mais apta a responder esta questão, ou será que alguns cresceram em sua vida espiritual de uma forma que não conseguimos acompanhar? Fl. 4.12 (Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez.)

O verso nos mostra que as situações adversas independentes de como ocorriam não sufocavam a espiritualidade de Paulo e outros, sendo assim isto confirma a minha tese, nem riqueza nem pobreza são problema em si, mas sim  a mente secularizada que atrofia a espiritualidade. O que fazer para reverter tal situação? Acredito que orar, preencher a mente com questões espirituais e exercitar os ensinamentos bíblicos, questões nada fáceis para nós que vivemos no século 21, mas acredito também não ser algo impossível.      

Um feliz ano novo a todos.

Evandro.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Distinção entre juízo local e volta de Jesus.

A bíblia é clara em dizer que os seguidores de Jesus acreditavam que o seu retorno seria em breve. At. 1.6 (Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?) Observa-se no entanto que Jesus não tentou refutar tal pensamento, antes, não precisou uma data, não disse que o reino visível de Deus estava longe nem perto. At. 1.7 (E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder.)

Sendo assim, acredito no fato de que os discípulos acreditavam e ensinavam sobre o iminente retorno de Jesus Cristo, acreditar que eles esperavam o reino de Deus para um futuro distante, algo com dois mil anos ou mais não faz sentido. O pensamento da breve volta de Jesus faz parte de qualquer seguidor comprometido com o retorno de Cristo, ou seja, acreditar que em sua época ou em um período breve posterior Jesus voltará, não há nada de errado nisso, no entanto isso não garante que Jesus retornará naquele período.

Algo que não podemos deixar passar despercebido é o fato de que todos os seguidores de Jesus aguardavam o reino de Deus, porém eles aguardavam um reino visível onde o próprio Cristo iria reinar, acreditar que Jesus estabeleceu o reino de Deus usando para isso o império romano é um tanto temerário. Tal pensamento serve somente para coadunar a ideia e o ensinamento de que os discípulos disseram que a volta de Jesus era iminente e que o tempo estava próximo e etc.

Pois bem, segue então as premissas e sua conclusão: (1) Jesus voltará para estabelecer o reino. (2) O reino não foi estabelecido. (3) Logo, Jesus não voltou. 

Se já no primeiro século era chegado o reino de Deus não podemos entender como o reino de Deus foi estabelecido sem o retorno de Jesus, mesmo porque o reino o qual esperavam os discípulos era um reino físico que passaria de nação para nação e consequentemente encheria a terra.  

A crença judaica do reino de Deus é baseada no seu estabelecimento literal sobre a terra, Dn. 7.27 (O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão.) Os primeiros seguidores no NT. Mantiveram a crença e para eles esse reino seria estabelecido a qualquer momento por Jesus.

Segundo o NT. precisamos distinguir a crença dos discípulos na vinda de Cristo e o estabelecimento do reino, de um juízo iminente para os judeus daqueles dias. O preterismo afirma que o reino de Deus foi estabelecido quando os romanos destruíram Jerusalém no ano 70 dC. Mas, se fizermos uma analise até mesmo superficial de algumas passagens no NT. Veremos uma tremenda distinção entre retorno de Jesus e estabelecimento do reino de Deus e o juízo sobre os incrédulos judeus daqueles dias.

1ª Ts. 1.10 (E para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura.) É desnecessário eu dizer que as cartas tinham como primazia a igreja a qual era dedicada, portanto 1ª e 2ª Tessalonicenses foram direcionadas para as igrejas daquela região. No verso acima descrito Paulo estava querendo dizer o que realmente? Acredito piamente que o seu foco era o ensinamento da vinda literal de Jesus.

1ª Ts. 4.14-17 (Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem. Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.)

Alegam o fato de Paulo ter dito que estaria vivo por ocasião da volta de Jesus, e que encontraria com ele nos ares, isso é garantia para afirmarem que “Jesus já voltou” em 70 dC. Acredito que a linguagem de Paulo era de um homem sensato que aguardava o reino e que sobretudo estava vivo naquele momento, pois de maneira nenhuma ele poderia dizer que seria ressuscitado dos mortos, para isso ele precisava estar morto, mas como morto não fala, então ele se utilizou de uma linguagem óbvia que os vivos pudessem compreender.

Segue então a questão: (1) A trombeta de Deus não ressoou. (2) Os mortos em Cristo não ressuscitaram. (3) Portanto, Jesus não voltou. (4)  E a conclusão óbvia é: se Jesus não voltou o reino não foi estabelecido.

Outra questão importante se dá no fato de Paulo apesar de direcionar os seus ensinamentos para judeus distantes de Jerusalém no caso, Tessalônica entre outros, nos mostra que os “judeus estrangeiros” não provaram do desgosto físico que se abateu sobre os judeus de Jerusalém, portanto mesmo que forcemos a interpretação de que a destruição de Jerusalém “foi a volta de Jesus” todos os judeus dispersos inclusive os gentios não viram os juízos de Deus.

E porque não viram o juízo de Deus? Pelo simples fato de o juízo de Deus ter sido local, direcionado a um povo, e Deus se valeu das mão humanas(os romanos) e não uma ação direta (estabelecimento do reino). E os seguidores de Cristo distinguiam isso claramente, 1ª Ts. 2.14-16 (Tanto é assim, irmãos, que vos tornastes imitadores das igrejas de Deus existentes na Judéia em Cristo Jesus; porque também padecestes, da parte dos vossos patrícios, as mesmas coisas que eles, por sua vez sofreram dos judeus, os quais não somente mataram o Senhor Jesus e os profetas, como também nos perseguiram, e não agradam a Deus, e são adversários de todos os homens, a ponto de nos impedirem de falar aos gentios para que estes sejam salvos, a fim de irem enchendo sempre a medida de seus pecados. A ira, porém, sobreveio contra eles, definitivamente.)

Observe que apesar de dizer que o juízo estava se abatendo sobre os incrédulos judeus de Jerusalém nada disse a respeito do reino de Deus ser estabelecido. Portanto os discípulos fizeram uma clara distinção entre juízo de Deus sobre uma nação e o retorno de Jesus. 1ª Pe. 4.7 (Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações.)

Acreditam os preteristas que este verso reforça a sua causa, no entanto o fato de Pedro ter dito que o fim de todas as coisas estava próximo e isso nos seus dias, não significa necessariamente que Jesus tenha voltado nos seus dias. A julgar pelo contexto o fim de todas as coisas bem poderia ser todas as coisas em Jerusalém, sim lógico, fato é que todas as coisas permanecem.

Apesar de ter sido destruída mesmo Jerusalém ainda permanece, isso significa que não foi um fim escatológico. A palavra eggizo que é traduzida para próximo encontrada no verso acima não quer dizer algo iminente, antes significa aproximar-se, juntar uma coisa a outra, chegar perto.

No final do capítulo 4 mais precisamente no verso 17 Pedro diz que a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada, lógico isso nos seus dias. (Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus?) Percebe-se claramente uma distinção entre Juízo pela casa de Deus ou Jerusalém e seu templo e volta de Jesus em poder e glória, são acontecimentos distintos, em épocas distintas.

Evandro.






segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Jesus já voltou?

Neste tópico quero demonstrar o porquê não aceito o preterismo como o método de interpretação das profecias feitas por Jesus, principalmente a sua forma radical onde é dito que todas as palavras de Jesus descritas em Mateus 24; Marcos 13 e Lucas 21 já tiveram o seu cumprimento total. Naturalmente não acredito no oposto, ou seja, de que nenhuma profecia de Jesus se cumpriu e que irá cumprir-se no futuro, não sou futurista. Acredito que as palavras de Jesus tiveram tem e terão cumprimento, logo a minha visão é progressista.

Os preteristas usam os textos bíblicos a seguir com o intuito de dar suporte a sua interpretação 1ª Jo. 2.18 (Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também, agora, muitos anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora.) 2ª Tm. 3.1 (Sabe, porém, isto nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis.)

Última hora, último tempo, últimos dias, tudo isso tem sido a base do ensino preterista, afirmam eles que tais palavras foram dirigidas únicas e exclusivamente para os dias que antecederam o ano 70 dC. É ensinado que a última hora está relacionando o juízo de Deus sobre Israel, nada além disso. No entanto, acredito parcialmente que tais ensinamentos faziam parte sim da crença dos discípulos, baseado nos ensinos de Jesus registrados nos evangelhos, Jerusalém sofreria a condenação descrita, tanto que não sobraria pedra sobre pedra, e realmente ocorreu assim.

Mt. 24.1-2 (Tendo Jesus saído do templo, ia-se retirando, quando se aproximaram dele os seus discípulos para lhe mostrar as construções do templo. Ele, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.) Lc. 21.20 (Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação.)

Não pode se negar o fato de que o juízo veio sobre os judeus naqueles dias. Mas dizer como alguns preteristas que a palavra última hora entre outras não é escatológica não é cem por cento seguro. Por exemplo alguns tem ensinado que Paulo dirigiu-se exclusivamente a Timóteo quando disse: os últimos dias os tempos “seriam” difíceis. Os preteristas dizem: “Se Timóteo não está vivo, e se os últimos dias é escatológico, por que então Timóteo deveria se preocupar com um ensinamento do qual ele não presenciaria”.

Se esta mentalidade for levada a sério, então guardamos a bíblia para nada, sem nenhum objetivo. Ou em outras palavras, para que escreveram tais palavras se o cumprimento seria imediato e nada temos a ver com isso? Muitos tem argumentado que as palavras (última hora) devem ser interpretadas literalmente a partir das palavras dos escritores bíblicos. Porém a palavra grega eschatos para último, não se restringe somente aquele momento de tempo, é abrangente, serve para último no tempo ou no lugar, e último numa sucessão temporal.

Outro fato interessante percebido se dá quando fazemos uma analogia, por exemplo: vezes por outra utilizo-me da personificação para falar do pecado do diabo e assim por diante, sabemos no entanto que as denominações tradicionais rejeitam tais ensinamentos, mas quando é para fortalecer os seus pensamentos valem-se da mesma estratégia, é o caso do ensino preterista.

Mc. 13.24-25 (Mas, naqueles dias, após a referida tribulação, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados.) Argumentam os preteristas que esta profecia se cumpriu na integra, pelo fato dela suceder as palavras “após a referida tribulação” do mesmo verso. Ensinam que o sol a lua e as estrelas neste verso não podem ter uma aplicação literal, valem-se então do mesmo argumento que tanto combatem.

Neste caso específico argumentam que o sol a lua e as estrelas são as autoridades judaicas. Acredito também que em muitos casos a bíblia se vale de uma linguagem figurada, mas o problema do emprego desta linguagem neste assunto se dá quando a transcorrência da interpretação, ou seja, Jesus profetizava sobre a destruição de uma forma literal e incisiva e de repente sem mais nem menos ele espiritualiza o seu discurso, seria isso desta forma?

Pois para os preteristas a grande tribulação destruição de Jerusalém, foi literal e única na história, mas o escurecimento do sol a ausência da luz da lua e etc. são apenas acontecimentos simbólicos, isso para dar suporte ao ensinamento preterista das profecias do fim descritas por Jesus. Baseado neste ensinamento Jesus já voltou.

Porém para confirmar tal ensinamento somente se a personificação continuar sendo utilizada e é isso mesmo que os preteristas fazem, e é neste ponto que eu rejeito este entendimento. Mt. 24.30 (Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória.)
       
Para o preterista estes versos são coisas do passado, Jesus já veio, como assim Jesus já veio? É aqui que entra uma mirabolância teológica tremenda, Dn. 7.13 (Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele.) Segundo a interpretação preterista a volta de Jesus se deu de uma forma espiritual no céu, tem até uma semelhança com o ensinamento adventista sobre a volta de Jesus em 1844, se valem do mesmo verso.

Se este ensinamento for uma realidade nos depararemos com alguns problemas uns de ordem emocional espiritual e outro teológica. O problema de ordem emocional espiritual se refere a decepção dos cristão que viveram e vivem após o ano 70. Se Jesus já “voltou” e ninguém viu os que o aguardam não passam de pessoas enganadas e desiludidas, já o problema de ordem teológica é o verso seguinte, Mt. 24.31 (E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus.)

Lógico que para responderem este dilema irão espiritualizar o verso, dirão que foi a libertação dos judeus do cerco romano ou a conversão ao evangelho e etc. Mas isso não ameniza a causa teológica nem mesmo o problema espiritual sugerido. E mais, segundo este ensinamento o reino de Deus é a igreja, e por meio dela Jesus está reinando, não irei contestar que Jesus está agindo no meio da sua igreja, mas atualmente não vemos fazê-lo de um modo físico, e principalmente no que diz respeito a exercer um reinado.

Acredito piamente que o reino de Cristo não será um reino onde poderemos contemplar a injustiça como ora presenciamos, a igreja de Cristo a visível não poderá estar dividida e muito menos com conjuntos de partidos, tanto interno quanto externo. Sendo assim, acredito que a destruição do templo e a tribulação parcial realmente aconteceu entre 66-70 dC. Mas não chego ao extremo de dizer que Jesus já voltou e que o seu reino está operante. 

Evandro.


terça-feira, 17 de novembro de 2015

Diabo e Satanás, seres espirituais, ou pessoas impenitentes?

Quando fazemos uma leitura superficial da bíblia percebemos que a interpretação popular acerca do diabo e satanás ganha forças, veremos alguns versos que nos dão a impressão de estarmos lidando com o ser defendido pela cristandade; portanto em um assunto como este o ideal é deixarmos a interpretação popular de lado e focarmos em outras interpretações.

Lc. 22. 3 (Ora, Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que era um dos doze.) Lc. 22. 31 (Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo!) Jo. 13. 2 (Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus.) Jo. 13. 27 (E, após o bocado, imediatamente, entrou nele Satanás. Então, disse Jesus: O que pretendes fazer, faze-o depressa.)

Dentro do pensamento popular estes versos não só são citados, mas tidos mais do que suficiente para provar a existência do diabo ou um ser super espiritual do mal; qualquer pessoa que fora criado dentro dos limites do cristianismo popular irá pensar desta forma, porém tal interpretação deixa lacunas. Nos versos acima o diabo colocou o pensamento de traição no coração de Judas, mas logo após o bocado, ao invés do diabo foi Satanás que entrou nele. Os versos citados foram João 13.2 e 27.

Surge então uma pergunta: Será que Satanás entra em alguém que já foi capturado pelo diabo? Os defensores da tradição popular irão questionar dizendo que são nomes diferentes para designar o mesmo ser, mas não é isso que o original grego quer dizer, por exemplo: diabolos é dado à calúnia, difamador, que acusa com falsidade. Já satanás mesmo no grego é adversário, alguém que se opõe a outro em propósito ou ação. Ou seja, seres distintos.

Jo. 6. 70 (Replicou-lhes Jesus: Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo.) Logicamente Jesus não escolheu um ser espiritual para ser seu discípulo, na verdade Jesus escolheu doze pessoas, seres humanos, apesar de todos serem pecadores as ações de Judas distinguia-o dos demais, e o verso seguinte nos mostra o porque ele era um diabo, Jo. 6.71 (Referia-se ele a Judas, filho de Simão Iscariotes; porque era quem estava para traí-lo, sendo um dos doze.)

Ainda sobre a distinção entre "o diabo" de João 13. 2 e "Satanás" de João 13. 27 temos a seguinte sugestão: assim como o diabo é uma referencia a traição a calúnia e a difamação significa que algum emissário dos sacerdotes semeou no coração (mente) de Judas que ele traísse a Jesus. Quanto a Satanás que significa adversário pode muito bem representar o maior adversário do homem, o pecado, o qual “entrou” Judas e dominou-o por completo tornando-se seu senhor e mestre.

Os versos a seguir demonstram um completo apego ao pecado, Jo. 12.6 (Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, o que estava para traí-lo, disse: Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres? Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava.)

Lc. 22.31 (Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! (ARA). Eis que Satanás vos reclamou, é o que o verso diz, percebemos que Jesus utilizou do plural para chamar a atenção de Pedro, “vos reclamou” disse ele. Vejamos outra versão, («Simão! Simão!», disse ainda o Senhor, «olha que Satanás pediu para vos experimentar a todos, como quem passa o trigo por um crivo.) (TPC). Esta tradução é enfática em dizer que Satanás (pediu visto que este é o verdadeiro sentido de vos reclamar) conforme Lucas 22.31. Podemos entender este verso como sendo os líderes judaicos insistindo com Pedro e os demais acerca de entregarem a Jesus, assim como fizeram com Judas e tiveram êxito.

At. 5.3-4 (Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus.) Vemos nestes versos que Satanás é uma clara referencia ao pecado, Pedro disse que Satanás encheu o coração de Ananias com a mentira, porém o verso seguinte diz que o próprio Ananias foi quem assentou este designo no coração, a palavra assentaste é tithemi e significa: colocar, pôr, estabelecer, em outras palavras o próprio Ananias assentou na mente tal intento. 

Sob uma ótica não popular quando a bíblia diz que Satanás entrou em alguém significa que tal pessoa foi completamente dominado pelo pecado. No entanto o verso a seguir tem sido muito utilizado com o objetivo de comprovar o pensamento popular da queda do diabo, Lc. 10.18 (Mas ele lhes disse: Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago.) A Interpretação popular diz que o verso só vem comprovar o pensamento de que realmente existiu um Anjo no céu o qual se rebelou e por isso foi lançado para a terra; será que existe apoio e comprovação bíblica para tal interpretação?

Sl. 5.4 (Pois tu não és Deus que se agrade com a iniquidade, e contigo não subsiste o mal.) Hc. 1.13 (Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar; por que, pois, toleras os que procedem perfidamente e te calas quando o perverso devora aquele que é mais justo do que ele?) Lc. 20.35-36 ( mas os que são havidos por dignos de alcançar a era vindoura e a ressurreição dentre os mortos não casam, nem se dão em casamento. Pois não podem mais morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.)

Os versos acima nos mostram a impossibilidade da existência do pecado junto de Deus e nos diz também que aqueles que alcançarem a ressurreição dos mortos serão como os Anjos, pois não podem morrer. Ora segundo a bíblia a morte do ser humano é resultado do pecado, sendo assim como o diabo irá morrer; segundo a interpretação popular ele pecou, mas por outro lado a bíblia diz que os Anjos não pecam, isso está implícito quando ela diz que eles não podem morrer.

“Caiu do céu como um relâmpago” Jesus está usando uma linguagem figurada. Ainda segundo a interpretação popular Satanás caiu do céu antes ou nos dias de Adão, não nos dias de Cristo. Qualquer tentativa de relacioná-lo com o príncipe deste mundo que foi expulso é difícil, Jo. 12.31 (
Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso.) Pois tal ocorrência se deu no momento da morte de Cristo enquanto a queda de Satanás segundo o próprio Jesus ocorreu durante seu ministério. Como disse acima o pensamento popular, ensina que "Satanás" caiu do céu para o Éden, então ele já estava na Terra a milhares de anos, no entanto, nos é dito que Jesus viu isso acontecendo em seus dias.

Fato é que a interpretação popular acerca da Queda de Satanás se vale do pensamento de John Milton que retratou em seu livro O paraíso perdido, onde o anjo rebelde foi banido para sempre da sua morada de bem-aventurança. Se a encarnação do mal e seu exército de seguidores, literalmente, caíram do céu para terra, porque só Jesus o viu, e os seus discípulos não viram? Por que não há registro deste evento tão incomum? Queda do Céu é uma forma figurativa de perda de autoridade, é usado, por exemplo, como já visto em outro assunto na morte do rei de Babilônia, em Isaías 14.

Lm. 2.1 (Como o Senhor cobriu de nuvens, na sua ira, a filha de Sião! Precipitou do céu à terra a glória de Israel e não se lembrou do estrado de seus pés, no dia da sua ira.) Qual Satanás Jesus “viu” cair do céu? Como dito anteriormente Satanás representa não só um inimigo físico, mas também o governo do pecado que ora presenciamos, quando digo governo do pecado refiro-me a própria natureza pecaminosa do ser humano não regenerada.

Quando Jesus disse para os discípulos que “Viu” Satanás cair ele estava intensificando a alegria dos discípulos. Os apóstolos tinham acabado de curar um monte de gente Lc. 10.17 (Então, regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome! Neste sentido estava sendo divulgado o reino de Deus que fará frente ao governo do pecado simbolizado por Satanás, reparem o que Jesus disse Lc. 10.19 (Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano.) Neste sentido o reino do pecado simbolizado por Satanás estava perdendo forças, em outras palavras estava caindo do céu.

Evandro.



segunda-feira, 2 de novembro de 2015

As mulheres e o sepulcro vazio.

Os evangelhos não terminam com o sepultamento de Jesus, mas com a descoberta do sepulcro vazio pelas mulheres. No Novo Testamento as histórias do sepultamento e do sepulcro vazio são a mesma história, apesar de terem sido escritas por fontes diferentes. Seria improvável que os primeiros cristãos fizessem circular uma história que terminasse com o sepultamento de Jesus, tal história ficaria incompleta se terminasse com o seu sepultamento, porém os evangelhos demonstram as mulheres vendo e relatando sobre o sepulcro vazio.

 Mc. 16.1-6 (Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem embalsamá-lo. E, muito cedo, no primeiro dia da semana, ao despontar do sol, foram ao túmulo. Diziam umas às outras: Quem nos removerá a pedra da entrada do túmulo? E, olhando, viram que a pedra já estava removida; pois era muito grande. Entrando no túmulo, viram um jovem assentado ao lado direito, vestido de branco, e ficaram surpreendidas e atemorizadas. Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; ele ressuscitou, não está mais aqui; vede o lugar onde o tinham posto.)

Muitos teólogos preferem a fonte de Marcos, isso pelo fato de sua simplicidade escriturística. Apesar da ressurreição em si não ser testemunhada (somente o sepulcro já encontrado vazio) a fonte de Marcos a descreve de uma forma bastante simples acerca do triunfo de Jesus sobre o pecado e a morte, não há utilização de títulos nem citações de profecias cumpridas ou mesmo descrições do Senhor ressuscitado. Portanto, isso é muito diferente de uma ficção criada por cristãos. 

Para fazer uma ideia de quão comedida é a narrativa de marcos, basta ler o relato do evangelho apócrifo de Pedro, que descreve a triunfante saída de Jesus do sepulcro como uma figura de proporções gigantescas, cuja cabeça alcança as nuvens, sustentada por anjos gigantescos, seguida por uma cruz que fala, anunciada por uma voz vinda do céu e testemunhada pelos guardas romanos, líderes judeus e uma multidão de espectadores. Isso demonstra o quão real as lendas se parecem: elas são coloridas por acréscimos teológicos e apologéticos. Já o relato de Marcos, por contraste, é inflexível em sua simplicidade.                         

Pouco tempo depois da descoberta do sepulcro vazio pelas mulheres, Paulo passou a transmitir aquilo que havia recebido de forma oral, I Co. 15.3 (Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras.) Paulo cita uma tradição extremamente antiga que se refere à morte e ressurreição de Cristo, Paulo testifica que recebeu dos contemporâneos de Jesus a informação que ele realmente tinha morrido.

Mais não ficou só nisso 1ª Co. 15.4-8 (E que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E apareceu a Cefas e, depois, aos doze. Depois, foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora; porém alguns já dormem. Depois, foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo.)

Além disso, duas outras características da tradição paulina implicam o sepulcro vazio. Primeiro, a expressão “foi sepultado” seguida da expressão “ressuscitou” implica o sepulcro vazio. A ideia de que um homem pudesse ter sido sepultado e depois ressuscitado, mas seu corpo ainda ter permanecido no sepulcro é uma noção sem sentido. Para os judeus do primeiro século não haveria a menor dúvida de que o sepulcro de Jesus estaria vazio.

Portanto quando a tradição bíblica diz que Jesus foi “sepultado e ressuscitou” nela está implícito que o sepulcro vazio foi deixado para trás. Dadas as remotas data e origem dessa tradição, os que a escreveram jamais poderiam ter acreditado em algo que dissesse que o sepulcro não estava vazio. A expressão “terceiro dia” testifica do sepulcro vazio. Embora bastante sintetizada, uma vez que ninguém de fato viu Jesus ressuscitar dos mortos.

Por que os primeiros discípulos proclamavam que Jesus tinha ressuscitado no “terceiro dia”? Por que não no sétimo dia? A resposta mais provável é que foi no terceiro dia que as mulheres encontraram o sepulcro vazio e, com isso, naturalmente a própria ressurreição veio a ser datada nesse dia. A descoberta do sepulcro vazio não pode ser relatada como um desenvolvimento posterior e lendário.

E mais! Existem boas razões para perceber a presença de fontes independentes para o relato do sepulcro vazio nos outros evangelhos e em atos. Mateus claramente trabalha com uma fonte independente, pois ele inclui o relato dos guardas no sepulcro, Mt. 27.62-63 (E, no dia seguinte, que é o dia depois da Preparação, reuniram-se os príncipes dos sacerdotes e os fariseus em casa de Pilatos, dizendo: Senhor,lembramo-nos de que aquele enganador, vivendo ainda, disse: Depois de três dias, ressuscitarei. 

Além disso, seu comentário sobre como o rumor de que os discípulos haviam roubado o corpo de Jesus era uma história inventada que circulava naqueles dias. Mt. 28.15 (E eles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruídos. E foi divulgado esse dito entre os judeus, até ao dia de hoje.) Esse relato em Mateus demonstra que ele está respondendo a uma tradição anterior. Lucas também possui uma fonte independente, pois ele conta a história, que não se encontra em Marcos, os dois discípulos que foram ao sepulcro para verificar o que as mulheres contaram sobre o sepulcro estar vazio.

Lc. 24. 13-15 (Naquele mesmo dia, dois deles estavam de caminho para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. E iam conversando a respeito de todas as coisas sucedidas. Aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e ia com eles.) A história não pode ser considerada uma criação de Lucas, pois o mesmo incidente e relatado de forma independente em João.

Jo. 20.1-2 (No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra estava revolvida. Então, correu e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o puseram.) E também no livro de atos temos mais referencias indiretas ao sepulcro vazio. At. 2. 32 (A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.)
            
Os historiadores pensam ter feito uma descoberta histórica útil, quando possuem dois relatos independentes do mesmo acontecimento. Mas no caso do sepulcro vazio temos não menos do que seis relatos independentes, sendo que alguns deles estão entre os materiais mais antigos que se encontram no Novo Testamento.

O fato das mulheres terem encontrado o sepulcro vazio só vem confirmar a sua veracidade. A fim de entender esse ponto precisamos entender duas coisas acerca do lugar da mulher na sociedade judaica. Primeiro, as mulheres não eram consideradas testemunhas dignas de crédito. Essa atitude em relação ao testemunho de mulheres fica evidente na descrição fornecida por Josefo, historiador judeu, ”das regras para testemunho admissíveis”.

Diz ele em Antiguidades IV.8.15 “Que um testemunho de uma mulher não seja admitido em função de sua leviandade e atrevimento. Na bíblia não se encontra um regulamento como esse. Antes, é um reflexo da sociedade patriarcal do judaísmo do primeiro século. Segundo, as mulheres ocupavam um baixo nível na hierarquia social judaica . comparadas aos homens elas eram consideradas como cidadãos de segunda classe.

Considere esses textos rabínicos: “Que as palavras da lei sejam antes queimadas do que entregue as mulheres” (Sotah 19ª) E também “Feliz aquele cujos filhos são homens, mas infelizes aqueles cujos filhos são mulheres” (Kiddushin 82b). A oração diária de todo homem judeu incluía a seguinte benção: “Bendito és tu, Senhor nosso Deus soberano do universo, que não me criou gentio, escravo ou mulher” (Berachos 60b).

Assim considerando o seu baixo status social e a incapacidade de servir como testemunhas legalmente reconhecidas, é um tanto surpreendente que tenham sido mulheres que encontraram, como principais testemunhas, o sepulcro vazio. Se o relato do sepulcro vazio não fosse verídico, ou seja, se fosse uma lenda, nessa lenda provavelmente seriam os discípulos que seriam postos como aqueles que encontraram o sepulcro vazio.

Extraído do excelente livro, Em Guarda.

Postado por Evandro. 

      

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Lei de saúde ou cerimônia religiosa?

Entre as várias leis e estatutos estabelecidos por Deus no antigo testamento, encontramos também a lei da alimentação. Diferentemente daquilo que é defendido por algumas denominações judaizantes o regulamento alimentar dos judeus não era uma lei de saúde. Na verdade essas leis estavam relacionadas com a pureza religiosa. Faremos uma análise um tanto detalhada e veremos que a questão da alimentação se restringe ao aspecto puramente cerimonial dos judeus.

Antes, porém no que concerne o assunto é bom salientar a orientação de Paulo, pelo fato do assunto em si não ser um estimulo contrario a nenhum estilo alimentar de quem quer que seja. Rm. 14.2-3 (Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes; quem come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu.) Assim sendo passaremos a questão cerimonial do AT. A lei da restrição alimentar andava junto com a lei da pureza e isso em todos os seus aspectos, e é sobre isso que iremos começar este assunto.   

Gn. 35.2 (Então, disse Jacó à sua família e a todos os que com ele estavam: Lançai fora os deuses estranhos que há no vosso meio, purificai-vos e mudai as vossas vestes.) Percebe-se claramente que os povos semitas relacionavam a pureza apenas no que concerne à questão externa, apesar de terem a mente voltada para outros deuses no caso os ídolos Jacó ordenou que se purificassem e mudassem as vestes. Não nos é dito como se purificaram, mas tudo leva a crer que foi através de um banho cerimonial, os versos a seguir apoiam este pensamento.

Posteriormente os levitas “filhos” de Jacó foram escolhidos para serem os sacerdotes entre todo Israel, foi então que a lei da pureza religiosa ganhou força em sua ordenança. Nm. 8.6-7 (Toma os levitas do meio dos filhos de Israel e purifica-os; assim lhes farás, para os purificar: asperge sobre eles a água da expiação; e sobre todo o seu corpo farão passar a navalha, lavarão as suas vestes e se purificarão.) Percebe-se claramente o aspecto cerimonial da purificação, quando é visto a navalha sobre o corpo e as vestes sendo lavadas.

Parte da oferta pelo pecado tinha que ser queimada fora do arraial, num lugar limpo; Lv. 4.12 (A saber, o novilho todo, levá-lo-á fora do arraial, a um lugar limpo, onde se lança a cinza, e o queimará sobre a lenha; será queimado onde se lança a cinza.) Igualmente as cinzas do holocausto deveria ser levadas para um lugar limpo, Lv. 6.11 (Depois, despirá as suas vestes e porá outras; e levará a cinza para fora do arraial a um lugar limpo.) De igual modo a oferta deveria ser comida em um lugar limpo.

Lv. 10.14 (Também o peito da oferta movida e a coxa da oferta comereis em lugar limpo, tu, e teus filhos, e tuas filhas, porque foram dados por tua porção e por porção de teus filhos, dos sacrifícios pacíficos dos filhos de Israel.) Além de só poderem comer a oferta em um lugar limpo eles os sacerdotes também deveriam estar limpos, Lv. 22.6 (O homem que o tocar será imundo até à tarde e não comerá das coisas sagradas sem primeiro banhar o seu corpo em água.)

Percebe-se claramente nestas passagens que a distinção entre pureza e impureza foi feita para fins religiosos, relativo ao sistema Levítico e sacrifical do antigo Israel. Gn. 34.5 (Quando soube Jacó que Diná, sua filha, fora violada por Siquém, estavam os seus filhos no campo com o gado; calou-se, pois, até que voltassem.) Algumas traduções dizem contaminada ao invés de violada, o sentido é o mesmo de tornar-se impura ou imunda. Muitas outras questões são tratadas as quais não iremos entrar que tornavam alguém impuro.

Mas algumas que demonstram com mais profundidade o seu caráter simbólico nós iremos analisar. Lv. 11.32 (E tudo aquilo sobre que cair qualquer deles, estando eles mortos, será imundo, seja vaso de madeira, ou veste, ou pele, ou pano de saco, ou qualquer instrumento com que se faz alguma obra, será metido em água e será imundo até à tarde; então, será limpo.)

Reparem se algo fosse imundo após ser banhado tornava-se limpo, mas somente a tarde. Mas se algo fosse de barro não poderia ser lavado, Lv. 11.35 (E aquilo sobre o que cair alguma coisa do seu corpo morto será imundo; se for um forno ou um fogareiro de barro, serão quebrados; imundos são; portanto, vos serão por imundos.)

 Os sacerdotes tinham permissão para se tornar impuro, como resultado da morte de parentes próximos, Lv. 21.1-3 (Disse o Senhor a Moisés: Fala aos sacerdotes, filhos de Arão, e dize-lhes: O sacerdote não se contaminará por causa de um morto entre o seu povo, salvo por seu parente mais chegado: por sua mãe, e por seu pai, e por seu filho, e por sua filha, e por seu irmão; e também por sua irmã virgem, chegada a ele, que ainda não teve marido, pode contaminar-se.)

Mas ao sumo sacerdote não lhe era permitido, Lv. 21. 10-11 (O sumo sacerdote entre seus irmãos, sobre cuja cabeça foi derramado o óleo da unção, e que for consagrado para vestir as vestes sagradas, não desgrenhará os cabelos, nem rasgará as suas vestes. Não se chegará a cadáver algum, nem se contaminará por causa de seu pai ou de sua mãe.)

De igual modo aqueles que faziam voto de nazireados não podiam tocar em nenhum cadáver, Nm. 6. 6-7 (Todos os dias da sua consagração para o Senhor, não se aproximará de um cadáver. Por seu pai, ou por sua mãe, ou por seu irmão, ou por sua irmã, por eles se não contaminará, quando morrerem; porquanto o nazireado do seu Deus está sobre a sua cabeça.)

Mas se involuntariamente ele esbarrasse em algum corpo morto deveria sacrificar uma oferta, Nm. 6.9-11 (Se alguém vier a morrer junto a ele subitamente, e contaminar a cabeça do seu nazireado, rapará a cabeça no dia da sua purificação; ao sétimo dia, a rapará. Ao oitavo dia, trará duas rolas ou dois pombinhos ao sacerdote, à porta da tenda da congregação; o sacerdote oferecerá um como oferta pelo pecado e o outro, para holocausto; e fará expiação por ele, visto que pecou relativamente ao morto; assim, naquele mesmo dia, consagrará a sua cabeça.)

Entre os israelitas o povo comum que ficasse imundo, ou mesmo que tocassem em algum cadáver deveriam se purificar com a água purificadora misturada com as cinzas de uma novilha vermelha, contudo aquele que carregava as cinzas ficava imundo, mas se por algum descuido não usasse a água tal pessoas seria eliminada de Israel;

Nm. 19.2, 10-13 (Esta é uma prescrição da lei que o Senhor ordenou, dizendo: Dize aos filhos de Israel que vos tragam uma novilha vermelha, perfeita, sem defeito, que não tenha ainda levado jugo. O que apanhou a cinza da novilha lavará as vestes e será imundo até à tarde; isto será por estatuto perpétuo aos filhos de Israel e ao estrangeiro que habita no meio deles. Aquele que tocar em algum morto, cadáver de algum homem, imundo será sete dias. Ao terceiro dia e ao sétimo dia, se purificará com esta água e será limpo; mas, se ao terceiro dia e ao sétimo não se purificar, não será limpo. Todo aquele que tocar em algum morto, cadáver de algum homem, e não se purificar, contamina o tabernáculo do Senhor; essa pessoa será eliminada de Israel; porque a água purificadora não foi aspergida sobre ele, imundo será; está nele ainda a sua imundícia.)

A outras questões relacionadas à impureza dos filhos de Israel, porém iremos ver em outra postagem, por ora basta atentar o que foi tratado até aqui é algo puramente cerimonial nada relacionado à saúde.

Evandro.

sábado, 3 de outubro de 2015

Paulo, de perseguidor a perseguido.

Na atualidade um grande número de pessoas as quais se intitulam cristãs, tem feito uma propaganda contrária as cartas de Paulo, e consequentemente aos seus ensinamentos. A ponto de dizerem e afirmarem mesmo em livros, que ele Paulo foi contra os ensinamentos de Jesus; para muitos, Paulo foi um contraventor, um produto da igreja gentílica. O problema crucial para essas pessoas está no fato de Paulo não descrever o Jesus histórico segundo os relatos dos evangelhos. Paulo está preocupado em demonstrar o Jesus ressuscitado, pois fato é que o Jesus ressuscitado não está preso a um contexto geográfico, assim sendo os gentios fazem parte da bem aventurança trazida pelo Jesus ressuscitado.

O argumento de que Paulo foi um contraventor reside no fato d’ele Paulo, não basear a sua mensagem de salvação em cima da lei. Antes, a salvação anunciada por Paulo é baseada na graça. Acredito também que uma grande injustiça tem sido feita em toda era cristã sobre aquilo que Paulo tem dito. A graça anunciada por Paulo não é uma anarquia, não é uma vivencia sem regras e limites, ao contrário, é um novo estilo de vida baseado não em padrões estabelecido pelo mundo, mas por Deus, Rm. 6.1-2 (Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?)

No campo das idéias e da experiência, se alguém lutar contra algo será porque aquele algo de alguma forma lhe causou algum desgosto. E é exatamente isso que percebemos na pessoa de Paulo, por muitos anos ele viveu o ensinamento máximo do judaísmo; At. 26.4-5 (Quanto à minha vida, desde a mocidade, como decorreu desde o princípio entre o meu povo e em Jerusalém, todos os judeus a conhecem; pois, na verdade, eu era conhecido deles desde o princípio, se assim o quiserem testemunhar, porque vivi fariseu conforme a seita mais severa da nossa religião.)

Apesar de pertencer ao farisaísmo ou ao partido mais radical dos seus dias, ele Paulo viu que aquilo de nada aproveitava. Ele percebeu não por si mesmo é claro, que as exigências da lei não o faziam merecedor de nada, pois o déficit era grande demais. Rm. 3.19 (Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus.) Foi então que ele percebeu que a lei existe, porém não trás uma solução para aplacar as suas exigências, ao contrário, os reclamos da lei só é cumprida se alguém viver irrestritamente de acordo com suas exigências.

Lv. 18.5 (Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; cumprindo-os, o homem viverá por eles. Eu sou o Senhor.) Se cumprir viverá, mas e se não cumprir? Paulo não foi um rebelde como muitos alegam, nem mesmo intentou desprezar as ordenanças do farisaísmo, antes por ele mesmo as coisas teriam ficado na mesma; isto é, Paulo teria continuado a perseguir os novos convertidos. At. 9.1-2 (E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém.)

At. 8.3 (E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.) Acredito que Paulo perseguia a nascente igreja acreditando que estava agradando a Deus, ou seja, a nova fé era algo que causava repudio entre os judeus, sendo assim ninguém em sã consciência faz o que Paulo fez, segundo o relato bíblico ele pede cartas aos seus líderes e sai afoito para tentar parar aquela onda crescente de novos convertidos, usando para isso mesmo a violência. A história de perseguidor passando a ser perseguido não é uma invenção é fato, algo extraordinário aconteceu em sua vida a ponto de o chamarem de louco. At. 26.24-25 (Dizendo ele estas coisas em sua defesa, Festo o interrompeu em alta voz: Estás louco, Paulo! As muitas letras te fazem delirar! Paulo, porém, respondeu: Não estou louco, ó excelentíssimo Festo! Pelo contrário, digo palavras de verdade e de bom senso.) Porque Paulo estava sendo acusado de louco?

At. 26.9 (Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno.) At. 26.12-15 (Com estes intuitos, parti para Damasco, levando autorização dos principais sacerdotes e por eles comissionado. Ao meio-dia, ó rei, indo eu caminho fora, vi uma luz no céu, mais resplandecente que o sol, que brilhou ao redor de mim e dos que iam comigo. E, caindo todos nós por terra, ouvi uma voz que me falava em língua hebraica: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões. Então, eu perguntei: Quem és tu, Senhor? Ao que o Senhor respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues.)

Somente de uma forma sobre humana foi que Paulo deixou o farisaísmo e consequentemente o legalismo, a salvação na sua visão não mais dependia de viver amarrado aos ditames da lei, na concepção de Paulo, Cristo substituiu a lei, claro naturalmente, dentro do contexto da salvação. É claro que no aspecto moral a lei existe e será por meio dela que Deus em Cristo irá julgar o mundo, lógico que a questão moral não está restrito somente aos preceitos dos dez mandamentos; Gl. 2.19 (Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus.)

É bom reparar como se dá a anulação da lei em nossas vidas, não é viver a seu bel prazer seguindo a natureza e suas concupiscências que a lei é anulada, antes é viver para Deus; Rm 8.2 (Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.) Paulo percebeu por meio do espírito que o sistema judaico dos seus dias no que concerne a religiosidade estava falido, necessário seria outro sistema.

Hb. 9.13 (Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne.) O que o escritor da carta aos hebreus está dizendo é fato, o ritualismo judaico apesar de ser sério só atendia uma parte do culto, a parte física, ou seja, purificava os contaminados com relação a carne, em outras palavras era apenas uma representação. Hb. 10.4 (Porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados.)

Fazer uma acusação contra Paulo dizendo que ele não perseverou em permanecer na tradição judaica é no mínimo desconhecer o que ele viu, ou mesmo não ter percepção de sua espiritualidade, antes devemos ser gratos a Deus por ele ser o apostolo dos gentios.

Nós cristãos temos duas opções com relação a nossa crença, ou aceitamos aquilo que o NT. Nos diz sobre Jesus e de como ele introduziu a nova aliança, ou voltamos para a forma de culto do AT. Sabendo que aquele que ressuscita a lei como meio para a salvação viverá por ela, em outras palavras se não cumprir a risca o que ela determina não viverá. Gl. 3.11 (E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.)



terça-feira, 15 de setembro de 2015

Os três Anjos de apocalipse e a interpretação adventista. Parte II

Em outro assunto nós vimos E.G.W dizendo que a primeira mensagem angélica encontrada no livro do apocalipse refere-se ao nascente movimento adventista, nos dias de Guilherme Miller, e a segunda mensagem cumpriu-se nas denominações protestantes, isso pelo fato de terem elas rejeitado a mensagem da volta de Jesus para 1844. Qual então seria a interpretação adventista para a mensagem do terceiro Anjo?

Ap. 14.9-10 (Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro.)

Antes, porém quero destacar que no que concerne ao NT. E a interpretação profética, defendo o pensamento histórico progressivo, ou seja, acredito que os acontecimentos da era cristã como profetizados na bíblia principalmente no que diz respeito ao NT. estão em ocorrência. Os versos acima como relatados pelo livro do apocalipse nos informam que o terceiro anjo está veementemente nos alertando de um acontecimento, o qual terá lugar em algum momento da história.

Segundo o Anjo, no caso o terceiro, ele está nos dizendo que aqueles que se associarem com a besta sofrerão os castigos advindos do próprio Deus. A associação dita pelo Anjo é descrita como: adorar a besta e a sua imagem, ou receber a sua marca, quer seja na fronte ou na mão. Defendendo o pensamento histórico progressista acredito que a besta não é nenhum sistema religioso como defendido por várias denominações, acredito ser ela um sistema bélico- político que sobressairá às nações.  

Conforme o relato bíblico, a besta é um sistema de governo opressor, o qual imporá a força segundo sua vontade, tentando com isso sanar os males criados pelo próprio homem, inclusive “pelos próprios”, que tentarão reorganizar não só a sociedade corrompida como todo sistema falido que ora presenciamos. Porque não acredito ser a besta algum sistema religioso cristão? Ap. 17.17 (Porque em seu coração incutiu Deus que realizem o seu pensamento, o executem à uma e dêem à besta o reino que possuem, até que se cumpram as palavras de Deus.)

Quem dará a besta o reino que possuem? Ap. 17.12-13 (Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora. Tem estes um só pensamento e oferecem à besta o poder e a autoridade que possuem.) Vemos nestes versos os reis entregando os seus reinos para a besta, trazendo para nossa época podemos dizer que as potencias dominantes operarão juntamente com a besta ou com algum poder bélico-político que estará dominando sobre as nações.

O que essas potências (reis) juntamente com besta isto é pelo poder que estará se sobressaindo entre as nações farão? Ap. 17.16 (Os dez chifres que viste e a besta, esses odiarão a meretriz, e a farão devastada e despojada, e lhe comerão as carnes, e a consumirão no fogo.) Vemos que a meretriz não é a besta pois esta destruirá aquela, a meretriz sim é o sistema religioso, auto intitulado cristão.

Nestas poucas linhas descrevi de uma forma muito resumida o meu parecer sobre como compreendo ser a besta e a meretriz de apocalipse 17. Salientando também que esta não é a visão adventista sobre o assunto. E qual é a mensagem do terceiro anjo segundo a visão adventista? Em 10 de Dezembro de 1871 foi-me mostrado novamente que a reforma de saúde é um ramo da grande obra que deve preparar um povo para a vinda do Senhor. Ela se acha tão ligada à terceira mensagem angélica, como as mãos o estão com o corpo”. “Conselhos sobre regime alimentar”. pág. 69.

Não sei por qual motivo E.G.W disse que o regime alimentar natural fará parte da mensagem do terceiro Anjo, penso no entanto que acreditou ela que tal mensagem será dada somente por aqueles que se absterem de alimento cárneo, em outras palavras para E.G.W a mensagem do terceiro anjo só será proclamada pelos vegetarianos. Sobre este pensamento existem dois paradoxos, os quais são: nem todos adventistas são vegetarianos e nem todos vegetarianos são adventistas.

Na sua maioria senão todos os vegetarianos não adventistas, não acreditam ou não conhecem a mensagem do terceiro Anjo. Os próprios adventistas na sua quase totalidade mesmo os vegetarianos tem uma interpretação errada da mensagem do terceiro Anjo, assim como erram ao interpretarem as duas primeiras mensagens.

Além da mensagem de saúde qual é a mensagem do terceiro anjo segundo a visão adventista? E. G. W diz: “A guarda do sábado é um sinal de lealdade para com o verdadeiro Deus, Aquele que fez o céu a terra, e o mar e as fontes das águas; (Ap. 14.7) Segue-se que a mensagem que ordena aos homens adorar a Deus e guardar os seus mandamentos, apelará especialmente para que observemos o quarto mandamento”. O grande Conflito pág. 438.

Claramente ela está nos dizendo que um povo vegetariano irá dizer que o sábado é o sinal de Deus, em contraste o domingo, segundo ela, é o sinal da besta. Vejam o que ela continua dizendo: “Ao rejeitarem os homens a instituição que Deus declarou ser o sinal de sua autoridade, e honrarem em seu lugar a que Roma escolheu como sinal de sua supremacia, aceitarão, de fato, o sinal de fidelidade para com Roma “o sinal da besta”. O grande Conflito pág. 449.

Percebemos então que a terceira mensagem angélica segundo a interpretação adventista fomentado por E. G. W diz nos ser que o sinal proibitivo o qual trará angustia sobre a terra e impossibilidade dos crentes de comprar e vender é o dia de domingo. Ao meditarmos nesta declaração, percebemos claramente que ela nada mais é do que um conjunto de palavras tentando embasar um pensamento, isso fica claro quando examinamos a questão da seguinte forma.

Qual a similitude entre a proibição de comprar e vender e o domingo? Lembrando sempre que a terceira mensagem angélica além de ser uma mensagem de advertência para aqueles que não receberam, é uma mensagem de condenação para aqueles que irão receber o sinal da besta. Enfatizando também que o sinal da besta será o único meio que uma pessoa poderá participar ativamente do comércio, acredito que o sinal da besta será algo físico, não espiritual como ensinam os adventistas.

Ap. 13.16-17 (E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na mão direita ou na testa, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta ou o número do seu nome.) Os adventistas tentam dar uma explicação para este problema dizendo que aqueles que tiverem o domingo como o dia de guarda poderão comprar livremente, ao passo que os sabatistas ou os adventistas, terão acesso negado no comércio. Na verdade este argumento é falacioso, pois se segundo os adventistas o sinal da besta é algo espiritual como farão para identificar alguém? Geralmente os adventistas não comercializam no sábado, e por isso alegam que serão vedados de comercializar em outros dias. Para que se cumprisse isso necessário seria que o comércio funcionasse apenas no dia de sábado, passaria a ser o oposto do que é na atualidade.

Ainda que no futuro, quer seja por escassez no que diz respeito aos recursos naturais, ou mesmo por ociosidade; digamos que o comércio opere apenas um dia na semana, e suponhamos que esse dia seja o sábado. Mesmo assim os adventistas poderão burlar tal “marca espiritual” e comprar nesse dia; isso pelo fato do dia no nosso calendário gregoriano começar de meia noite até meia noite. Ao passo que o dia bíblico segundo qual o sábado está inserido começa de um por do sol até outro.

Sendo assim, após o por do sol do sábado, para o adventista já é noite de domingo, enquanto para o comércio proibitivo que estará louco para negar uma transação comercial com o adventista, ainda é sábado, neste caso o adventista irá comprar e vender e depois sair rindo da loja. Tal interpretação não suporta o ensino bíblico e também foge da lógica. Sendo assim a interpretação adventista embasada em E. G. W das três mensagens angélicas encontradas no livro do apocalipse são incoerentes. Jesus não voltou em 1844, portanto a primeira mensagem angélica não se cumpriu em Guilherme Miller, pois esta foi a sua mensagem, ou seja, de que Jesus com toda a certeza voltaria naquele ano. 

Para recapear tal erro de interpretação os pós mileritas disseram que a interpretação de Miller estava correta, porém não o lugar para onde Jesus iria, ou seja, para os adventistas Jesus apenas se deslocou no céu; diga-se de passagem, que tal interpretação não tem apoio bíblico. A segunda mensagem angélica, segundo a interpretação adventista também não ocorreu; sabemos que o “caiu Babilônia” significa destruição, extermínio, não apenas uma queda espiritual da cristandade. E a terceira mensagem angélica segundo a interpretação adventista também é falaciosa. Como vimos, para o adventismo, o sinal da besta é o dia de domingo como sendo o dia de repouso, porém percebemos que o dia da semana não será um empecilho para ninguém comprar e vender.        

Evandro.