domingo, 20 de dezembro de 2015

Enfim mais um ano, afinal, progredimos ou regredimos?

Baseado no calendário gregoriano estamos findando mais um ano, e o que podemos dizer acerca disso? Naturalmente todos nós que sobrevivemos, que ultrapassamos os obstáculos que o contexto nos impôs, temos motivos de sobra para agradecer. Ao findarmos esses 365 dias (se de fato isso se concretizar) podemos bradar fortemente, vencemos! E isso é bom e louvável.

Lamentavelmente os cristãos de nossa era têm uma mentalidade muito materialista acerca da realidade que nos rodeia, ou daquilo o qual professamos crer. Sim, concordo plenamente, devemos ser gratos pelo fato de vivermos mais um ano, mas o que dizer da espiritualidade? Houve um crescente ou um regresso?

Festejar por mais um ano vencido, ótimo! Por mais uma conquista adquirida, por mais um projeto realizado, melhor ainda. Mas, e a nossa vida espiritual, progredimos? Com esta postagem não anelo ser (figuradamente) tutor de ninguém, isso pelo fato de ser falho e pecador, no entanto, ela tem como objetivo fazer uma analogia entre tudo àquilo que adquirimos ou perdemos no decorrer deste ano civil o qual está se findando, contrastado com alguns versos bíblicos, principalmente encontrados no NT.

Digo isso para todos que se intitulam cristãos, no final da mesma veremos que a despeito de termos realizados todos os projetos, de termos escapados ilesos, de termos adquiridos, vendido e prosperado ou mesmo perdido e fracassado veremos, no entanto que quase sem exceção regredimos na espiritualidade. Existem algumas denominações cristãs as quais inclusive estão ganhando forças ensinando a prática do materialismo, ou seja, se você é cristão então você tem quer ser próspero, isso pelo fato de associarem prosperidade material com bênçãos oriundas de Deus.

O crescimento de tais denominações se dá basicamente pelo fato dos seus líderes terem posto o “dedo na ferida” em outras palavras os líderes estimulam o que o povo anela. Fato é que tal ensinamento e pensamento não encontram respaldo na bíblia. Pelo contrário, Mt. 13.7 (Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram.) É interessante o relato de Jesus nesta parábola, o fato dele associar a prosperidade material com os espinhos, Mt. 13.22 (O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.)

Mais alguém pode objetar: “não é Deus que nos dá todas as coisas? Segundo o ensinamento bíblico é exatamente isso, o mesmo ensinamento bíblico também nos adverte a não pormos a nossa confiança na riqueza e nos mostra que elas não são fontes de bençãos primária. Sl. 62.10 (Não confieis naquilo que extorquis, nem vos vanglorieis na rapina; se as vossas riquezas prosperam, não ponhais nelas o coração.)

Existe pecado em ser rico? Absolutamente. O problema não está na riqueza em si, mas sim nos resultados que ela exige e produz. O próprio Jesus nos diz (o verso acima) a fascinação das riquezas sufocam a palavra, lógico, estamos falando aqui para pessoas que de alguma forma se importam com a bíblia e que principalmente acreditam nela como sendo a palavra de Deus, não se discute o pensamento do ateu ou do incrédulo a esse respeito. 

Por outro lado o oposto também é uma realidade, as derrotas a escassez, as doenças e tragédias em geral minam quase que completamente a fé de uma pessoa. O pensamento bíblico por outro lado enfatiza o revés como um sinal de crescimento espiritual, naturalmente a sociedade do século 21 não pensa desse jeito. At. 14.22 (fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus.) Tg. 1.12 (Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.)

Naturalmente a pobreza extrema e as provações também dificultam o crescimento espiritual das pessoas da atualidade, baseado ao menos em dois motivos: (1) vivemos e presenciamos uma sociedade capitalista, (2) o fato de alguém ser menos próspero “sufoca a palavra” é o mesmo princípio da parábola do semeador, muitos começam a medir prosperidade e fazer comparações, os cuidados do mundo (algo desnecessário em minha visão).

O fato é que as duas partes, tanto a riqueza quanto a pobreza degeneram o crescimento espiritual, os ricos é claro que tem suas exceções passam a ser arrogantes e orgulhosos, ao passo que a pobreza faz com que uma pessoa se torne menos favorecida e comece a fazer indagações a qual derruba a sua alto estima, prejudicando a sua espiritualidade.

É neste sentido onde disse acima que a despeito de como conseguimos sobreviver mais este ano não prosperamos espiritualmente, muitos poderão dizer: “ fui a igreja o ano inteiro, participei disso e daquilo”. A questão principal é: o que ocupou a minha mente no decorrer deste ano? Sobressaiu a espiritualidade ou não? Ou mais precisamente, como tenho reagido as diversas situações que surgiram neste ano que está se findando? Tem elas tomado conta do meu pensamento?  

Se sim, não importa se escapamos ilesos, se fizemos um bom negocio, ou mesmo se a escassez dominou o ano inteiro, não houve crescimento espiritual. Olhando de uma forma bem humana sabemos lidar melhor com a prosperidade do que com a escassez, a escassez não desnutre somente o físico aniquila também a mente e consequentemente a espiritualidade. Por outro lado a prosperidade muitas das vezes torna a pessoa “inchada” de um modo figurado, não necessitando de mais nada.

Se os opostos são prejudiciais, se ambas, riqueza e pobreza inibem o crescimento espiritual, baseado no ensino bíblico de que os “cuidados do mundo” aniquilam ou sufocam a palavra, neste caso espiritualidade, fica evidente que o problema está na mente do ser humano, ora, se nenhuma das opções são favoráveis ao crescimento espiritual logo percebe-se que a causa degradante não está na questão externa e sim na mente do ser humano a qual está afastada de Deus.

Me refiro baseado no ensino bíblico da necessidade de um nascimento e um consequente crescimento espiritual. A sociedade atual tem demonstrado com os seus afazeres que o importante ou o existente ou mesmo o necessário é somente o físico, a natureza humana e nada mais, atestam eles, contrastando com isso e é claro me dirijo a cristãos, somos informados pela bíblia que apesar de sermos seres palpáveis, temos uma natureza espiritual que necessita crescer, a qual facilmente pode ser sufocada.     

A grande questão é: o que fazer? Ou como fazer. Parece-me que a sociedade do primeiro século estava mais apta a responder esta questão, ou será que alguns cresceram em sua vida espiritual de uma forma que não conseguimos acompanhar? Fl. 4.12 (Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez.)

O verso nos mostra que as situações adversas independentes de como ocorriam não sufocavam a espiritualidade de Paulo e outros, sendo assim isto confirma a minha tese, nem riqueza nem pobreza são problema em si, mas sim  a mente secularizada que atrofia a espiritualidade. O que fazer para reverter tal situação? Acredito que orar, preencher a mente com questões espirituais e exercitar os ensinamentos bíblicos, questões nada fáceis para nós que vivemos no século 21, mas acredito também não ser algo impossível.      

Um feliz ano novo a todos.

Evandro.