sábado, 2 de outubro de 2021

A doutrina do santuário segundo o adventismo.

    O que entendemos ser uma base? A base é o apoio o suporte, a sustentação de algo. Logo, quando a base desmorona, tudo o que depende dela cai por terra. E no que concerne a questão religioso não é diferente, o próprio Jesus utilizou da base como metáfora, para um bom ou um mau fundamento religioso.

Mt. 7. 24-25 “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.

Como podemos identificar um ensinamento doutrinário religioso como estando embasado ou não? Primeiramente ele deve ser coerente com o ensino bíblico, segundo: não deve haver contradições entre o ensinamento e a bíblia, e terceiro: não deve haver miscelânea, ou seja, misturas de explicações objetivando encontrar apoio. Caso isso ocorra tal questão doutrinária religiosa deve ser relegado ao desprezo. E por falar em base doutrinária vejamos o que disse E. G. W. No seu livro História da Redenção, pg. 375.

(A passagem que, mais que todas as outras, havia sido tanto a base como a coluna central da fé do advento, foi a declaração: "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado.) Dan. 8:14.

A declaração que vimos dela é que a doutrina adventista do santuário não é somente a base, mas também a coluna central do adventismo. Portanto, precisamos saber se essa doutrina suporta os questionamentos que naturalmente incorrem sobre ela. A primeira questão a ser levantada é sobre o contexto bíblico, principalmente no que relaciona a historia dos dias da profecia de Daniel capítulo 8. visto ser ele o ponto de partida para a interpretação adventista da doutrina do santuário. Dn. 8. 14 “E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado.”

Ainda no livro História da Redenção na pg 377 ela continua dizendo: (Em 1844, com a terminação dos 2300 dias, não mais existia o santuário terrestre havia já séculos; portanto, o santuário celestial era o único que poderia ser trazido à luz nessa declaração: "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado." Dan. 8:14. Mas, como o santuário celestial necessitava de purificação? Retornando às Escrituras, os estudantes das profecias aprenderam que a purificação não era uma remoção de impurezas físicas, pois isso devia ser realizado com sangue e, portanto, devia ser uma purificação do pecado).

Na pg. 378 ela continua: (Assim, os que seguiram a luz da palavra profética viram que, em vez de vir Cristo à Terra, ao terminarem os 2300 dias em 1844, entrou Ele então no lugar santíssimo do santuário celestial, na presença de Deus, para levar a efeito a obra final da expiação, preparatória para Sua vinda).

Veremos se a declaração de E.G.W está ou não de acordo com a bíblia. Dn. 8. 5 “E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha uma ponta notável entre os olhos.”

Dn,. 8. 8-11 “E o bode se engrandeceu em grande maneira; mas, estando na sua maior força, aquela grande ponta foi quebrada; e subiram no seu lugar quatro também notáveis, para os quatro ventos do céu. E de uma delas saiu uma ponta mui pequena, a qual cresceu muito para o meio-dia, e para o oriente, e para a terra formosa. E se engrandeceu até ao exército dos céus; e a alguns do exército e das estrelas deitou por terra e os pisou. E se engrandeceu até ao príncipe do exército; e por ele foi tirado o contínuo sacrifício, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra”.

Não vamos ler todo o capítulo para não tornar a leitura enfadonha, por ora, vamos identificar quem esse bode representa, visto ser alguém que deu sequencia em seu empreendimento que contaminou o santuário do AT. Dn. 8. 21 “mas o bode peludo é o rei da Grécia; e a ponta grande que tinha entre os olhos é o rei primeiro.”

Dn. 8. 22 e 24 “O ter sido quebrada, levantando-se quatro em lugar dela, significa que quatro reinos se levantarão da mesma nação, mas não com a força dela. E se fortalecerá a sua força, mas não pelo seu próprio poder; e destruirá maravilhosamente, e prosperará, e fará o que lhe aprouver; e destruirá os fortes e o povo santo.”

Reparem que o verso claramente diz que o lidar da mesma nação se fortaleceria e destruiria muitos povos, inclusive o povo santo, a quem entendemos por Israel. Assim sendo, fica claro que o poder proveniente da Grécia faria ou fez cessar os serviços religiosos no templo em Jerusalém. E o que isso significa? Significa que a interpretação adventista sobre a contaminação do santuário é simplesmente reprovável.

Primeiramente não se trata em Daniel capítulo 8 de que os pecados dos crentes de todas as épocas tenha contaminado o santuário, essa interpretação é deplorável. Depois, o contexto do capítulo está se referindo ao santuário do AT. Portanto, refere-se aos judeus. Não há relato de santuário celeste nesse contexto. É dito também que a abominação adentrou no santuário por causa das transgressões dos judeus, nada diz sobre pecados de todas as eras, e muito menos de que Jesus esteja fazendo investigação por pecados dos crentes.

Diz também que a contaminação duraria (ATÉ) 2300 tardes e manhãs e o santuário seria purificado, já a interpretação adventista advoga a ideia de que o santuário começaria a ser limpo (APÓS) 2300 tardes e manhãs sendo que segundo eles, não são 2300 tardes e manhãs, mas sim 2300 anos literais.

O que vemos nisso tudo? Percebemos primeiramente a incoerência com o ensino bíblico. Depois percebemos confusão, entre o contexto bíblico e a doutrina, de uma lado a bíblia dizendo que quem causou a abominação foi os gregos, do outro o adventismo diz que foi o papado, ( ler o Grande Conflito) a bíblia diz que o santuário seria purificado no término das 2300 tardes e manhãs, já o adventismo diz que após os 2300 anos literais o santuário começaria a ser purificado.

Dn. 8. 12 “E o exército lhe foi entregue, com o sacrifício contínuo, por causa das transgressões; e lançou a verdade por terra; fez isso e prosperou.” Vemos que o santuário foi derribado por causa das transgressões, segundo o adventismo o santuário foi simbolicamente derribado pelo poder do papado, e por fim, como Jesus não veio em 1844 reinterpretaram a questão do santuário, ou seja, Jesus não viria naquele período à terra, mas entraria no santo dos santos, no santuário celestial.

Percebemos uma tremenda confusão tendo como intuito em adaptar uma doutrina, doutrina essa considerada não só a base, mas também a coluna central do adventismo. O que vemos em tudo isso é que podemos considerar a base do adventismo como sendo a casa edificada na areia, Mt. 7. 26-27 “ E aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”.