sexta-feira, 1 de maio de 2020

Deus, o criador, deve ser baseado na verdade absoluta.


2ª Co. 13. 8 “Porque nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade”. Este verso é interessante e muito importante, a importância dele abrange todas as áreas de nossas vidas, inclusive aquela que delineia a nossa crença. A pergunta a se fazer é: o que é a verdade? É uma pergunta muito simples. Obviamente, responder não é tão simples. Podemos oferecer definições como "A verdade é aquela que está de acordo com a realidade, ou fato". Mas essa definição básica não está completa porque está aberta à interpretação e a uma ampla variedade de aplicações. O que é realidade? O que é fato? E assim por diante.

Para que a verdade seja definida adequadamente, teria que ser uma declaração factual e lógica correta. Em outras palavras, teria que ser verdade. Mas, talvez pudéssemos olhar mais longe a verdade, determinando o que não é. Verdade não é erro. A verdade não é auto-contraditória. Verdade não é engano. Certamente, pode ser verdade que alguém está sendo enganado, mas o engano em si não é verdade.

Dentro do contexto bíblico podemos encontrar verdades relativas? Sim, podemos, 2ª Cr. 9. 28 “Importavam-se cavalos para Salomão, do Egito e de todas as terras.” A visão de todas as terras do autor do texto, não é a mesma visão que temos do mundo na atualidade, por isso a realidade neste contexto é relativa, o mesmo pode ser entendido no que se refere ao conhecimento astronômico dos dias bíblicos, Js. 10. 13 “E o sol se deteve, e a lua parou até que o povo se vingou de seus inimigos. Não está isto escrito no Livro dos Justos? O sol, pois, se deteve no meio do céu e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro”.

O pensamento geocêntrico era uma verdade para as pessoas dos dias bíblicos, no entanto não é mais uma realidade para os nossos dias. O mesmo acontecia com as pessoas doentes naqueles dias, a verdade que permeava a mentalidade da época era que os doentes estavam possuídos, por que era assim? A doença geralmente não é visível ou palpável, assim sendo era algo espiritual que acometia o indivíduo, portanto, neste aspecto a verdade para eles não é a mesma para nós.

A grande questão a ser analisada está no fato de que esses detalhes não torna o relato bíblico uma mentira, a crença destacada nesses casos (toda a terra, o sol se deter, as doenças serem manifestações de espíritos) é uma crença baseada na tradição e na falta de conhecimento, lembrando sempre que não foi objetivo da bíblia ir contra a linguagem e conhecimentos da época. Outro fato é que essas verdades relativas não ferem a espiritualidade nem mesmo a divindade. Não podemos considerar esses itens como sendo doutrinários, pelo contrário.

Mas, as pessoas podem questionar dizendo, se a bíblia testifica que os demônios foram e são as causas das doenças, então naturalmente ela está se contradizendo... mas isso não é uma realidade doutrinária e sim uma realidade para época, no que diz respeito a questão teológica e mesmo doutrinária, a bíblia não apoia o dualismo, ou seja, um ser espiritual disputando com Deus, ao menos três versos bíblicos clareia essa questão, Is. 40. 18 “Com quem comparareis a Deus? Ou que coisa semelhante confrontareis com ele?”

Is. 40. 25 “A quem, pois, me comparareis para que eu lhe seja igual? — diz o Santo”. Is. 46. 5 “A quem me comparareis para que eu lhe seja igual? E que coisa semelhante confrontareis comigo?” Percebe-se nestes versos o próprio Deus jogando por terra a questão do dualismo. Assim sendo, percebemos que a verdade relativa encontrada na bíblia, está interligada com as interpretações sugeridas e tidas como realidade da época, no entanto, tal interpretação e pensamento não fere a questão teológica principal, ou seja, Deus. 

O questionamento levantado para o Deus da bíblia, sua autoridade e sua criação, não pode surgir de pessoas que professam crer na bíblia, quando os céticos em todas as variantes fazem isso, pode ser visto como algo natural, haja vista que o objetivo deles é desacreditar a bíblia perante uma sociedade afetada pelo materialismo, mas quando ao longo dos séculos vemos pessoas reinterpretando a teologia, essa ciência ou estudo que se ocupa de Deus, de sua natureza e seus atributos, contribui para relativizar a verdade sobre quem é Deus.

A bíblia precisa ser interpretada? Naturalmente! No entanto, o mesmo não pode ser dito sobre quem é Deus. Ou pelo menos, não podemos reinterpretar aquilo que a própria bíblia testifica de quem seja Deus. Por exemplo, vimos a cima, nos versos de Isaías, a bíblia dizendo que não existe um concorrente para Deus, jogando por terra a crença no dualismo pagão, tão difundido e defendido pela maioria das denominações cristãs.

A bíblia também nos apresenta uma fartura de versos dizendo que Deus é um, Is. 44. 24 “Assim diz o Senhor, que te redime, o mesmo que te formou desde o ventre materno: Eu sou o Senhor, que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus e sozinho espraiei a terra”. Lc. 18. 19 “Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus.” Gl. 3. 20 “Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um.” Rm. 16. 27 “Ao Deus único e sábio seja dada glória, por meio de Jesus Cristo, pelos séculos dos séculos. Amém!”

Paulo, Jesus, Isaías, não foram eles que elaboraram tal descrição, de que Deus é um, essa informação é bem anterior, alias, foi dita pelo próprio Deus, Ex. 20. 3 “Não terás outros deuses diante de mim”. Segundo a língua portuguesa, o pronome oblíquo mim, refere-se a 1ª pessoa do singular (eu) : mim, comigo. Quando Deus disse, (Mim), obvio que Ele não estava tratando da primeira pessoa do plural, que seria: nós, conosco, ou seja, Ele não disse, “diante de nós”.

Outro fato interessante é que desde essa declaração pós êxodo, passaram-se vários anos, e sempre, cada personagem bíblico em sua época sustentaram a unicidade de Deus, percebe-se claramente que para os escritores bíblicos tal unicidade de Deus já era algo definido determinado e terminado, outra questão importante foi que nenhum deles tentaram reinterpretar quem era Deus, fica evidente que Deus se auto revelou, não foi necessário um interpretação para poder entender quem é Deus.

É evidente por toda a bíblia que Deus é um. Não podemos dizer o mesmo da teologia cristã pós bíblica. Os primeiros teólogos da era cristã mudaram o entendimento daquilo que a bíblia diz ser Deus. Para eles, Deus continua sendo um, porém, esse um, é compartilhado por três, eles continuam insistindo, não importa, esse três deve ser entendido como sendo um. A pergunta a se fazer é: não estaria esses mesmos teólogos transformando a verdade de Deus em uma verdade relativa? Naturalmente!

Se por milhares de anos Deus foi descrito como sendo um ou uma unicidade, logo, se alguém diz que ele não é tão um conforme a bíblia assim o diz, então naturalmente a verdade dessa unicidade é relativa. Mas, não é esse o ensino bíblico, pelo contrário, combatendo essa aparente relatividade, vejamos os seguintes versos: Mc. 12. 28-29 “Chegando um dos escribas, tendo ouvido a discussão entre eles, vendo como Jesus lhes houvera respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os mandamentos?


Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!” O interessante é que a pergunta feita pelo escriba, foi direcionada justamente para aquele que os teólogos trinitarianos dizem ser Deus, mas o próprio Jesus desmente essa tentativa de relativizar a verdade sobre o único Deus, Mc. 12. 32 “Disse-lhe o escriba: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que ele é o único, e não há outro senão ele”. Vemos neste verso uma declaração importante do escriba, ele diz que é com verdade que Deus é um, de único.

A outra questão está na resposta de Jesus para o escriba, se Jesus fosse relativizar essa verdade essa era a hora, mas não foi assim, pelo contrário, Mc. 12. 34 “Vendo Jesus que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguém mais ousava interrogá-lo.