segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Outra análise de João 17: 5.

 

Jo. 17. 5 “E, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo”. Os trinitarianos acreditam que essas de Jesus no Evangelho de João mostra que Jesus já existia. Como em qualquer passagem bíblica difícil, devemos considerar o contexto da declaração, e nesse caso não pode ser diferente, vejamos dois versos anteriores, Jo. 17. 1 “Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti”

Jo. 17. 3 “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. Nestes versos, percebemos que a oração de Jesus é direcionada ao "Pai". No Novo Testamento, o Pai de Jesus é sinônimo de "Deus". Quando Jesus diz: "Pai", ele significa "Deus". No entanto, os trinitarianos olham para esta oração e veem "Deus Filho" fazendo um apelo a Deus Pai, para retribuir a glória que ele, "Deus Filho" tinha antes em uma existência pré-humana. Mas essa interpretação define erroneamente a Paternidade de Deus na Bíblia.

Na Bíblia, a Paternidade de Deus é uma metáfora que descreve a relação de Deus com a humanidade, Ex. 4. 22 “Dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito”. Is. 63. 16 “Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor é o teu nome desde a antiguidade”.

Mt. 5. 45 “para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos”. Jo. 20. 17 “Recomendou-lhe Jesus: Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus”.

Biblicamente, a Paternidade de Deus não descreva uma relação metafísica de uma pessoa da "divindade" para outra. Além disso, a Bíblia não descreve a glória destinada ao Messias à direita do Deus Todo-Poderoso como algo que o Messias já teve, que desistiu e foi devolvido. Antes, a exaltação e a glória do Messias foram preditas no Antigo Testamento e depois cumpridas em Jesus, Lc. 24. 25-26 “Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?”

Na verdade, a bíblia fala de coisas que ainda não existem, como se existissem, por isso a interpretação trinitária de João 17. 5 falha em entender que Deus, por meio de Seus profetas, falam de coisas predestinadas (e pessoas) como se elas já existissem . Observem as palavras de Jesus nesta mesma oração de Jesus, Jo. 17. 20-22 “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos”. 

Jesus disse que já tinha recebido a glória que lhe fora destinada. Mas sua glória não havia sido dada literalmente, pelo fado de que ele ainda não havia morrido, ressuscitado e exaltado à “mão” direita do Deus Todo-Poderoso, conforme registrado em Lucas 24. Jesus usou a linguagem do passado em sua oração porque sabia que Deus havia prometido a glória. A concessão da glória é tão “certa quanto feita”, para que Jesus pudesse falar dela como se já a possuísse. E Jesus também podia falar da glória que ele havia dado as pessoas que ainda não eram crentes nele . Algumas dessas pessoas a quem Jesus já deu glória nem existiam quando Jesus falou essas palavras. 

Assim como Deus deu ao Messias a glória antes que o Messias existisse literalmente. Um princípio básico de interpretação das Escrituras é pegar as palavras em seu contexto, e é exatamente isso que o contexto do capítulo 17 nos faz entender, neste contexto Jesus usou a linguagem "dar glória" e "ter glória" antes da existência literal. A glória que Deus planejou para o Messias, Jesus falou no passado, assim como falou no passado da glória que daria aos futuros crentes.

As coisas predestinadas são mencionadas como já existentes, porque são uma realidade aos olhos de Deus. Na Bíblia, uma pessoa pode "ter" algo antes mesmo de tê-lo, ou mesmo antes de existir literalmente, por exemplo: Mt. 5. 10 “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”. Mesmo que essas pessoas ainda não possuam o reino dos céus, dentro da ótica bíblica elas já possuem. Paulo disse que aqueles que creem no Deus único e verdadeiro e em Jesus como o Messias, foram chamados e salvos, antes mesmo de existirem. 2ª Tm. 1. 9 “Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos”.

Quando Abrão era velho e sem filhos, Deus lhe disse: "Eu te fiz pai de muitas nações". Abrão, era velho e sem filhos, como poderia ser pai de muitas nações? Isso ocorre porque Deus fala de coisas que ainda não existem como se elas já existissem, Rm. 4. 17 “Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí. ), perante aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem”.

Assim sendo, com uma interpretação literal e fora de contexto, os trinitarianos criam enormes problemas para sua própria teologia, eles dizem que Jesus está lembrando sua própria pré-existência literal e glória em João 17. 5,na verdade Jesus não reivindica a divindade neste verso, muito menos que faz parte de uma divindade de três pessoas. Jesus também não disse que tinha glória com Deus desde a eternidade passada, apenas antes de o mundo existir, o que é uma maneira estranha de descrever uma glória compartilhada de duas pessoas divinas eternamente existentes.

A doutrina trinitária, ensina que "Deus, o Filho", não abandonou sua natureza divina quando assumiu a natureza humana na encarnação, isto é, ele continuou a ser "totalmente Deus e plenamente homem". A natureza humana de Jesus não tinha glória divina "antes que o mundo existisse", o próprio Jesus pediu para Deus o glorificá-lo. Mas pode "Deus, o Filho", ser totalmente Deus sem a Sua glória?

Deus, o Filho”, deixou de ser Deus renunciando à sua glória divina, ou não deixou de ser Deus e manteve a sua glória? Se ele manteve sua glória e continuou sendo Deus, por que ele está pedindo sua glória de volta? Se ele não mantinha sua glória e a pedia de volta, ele deixou de ser Deus e abandonou sua natureza divina?