quarta-feira, 3 de junho de 2020

Deus, o criador é um Deus absoluto.

No assunto anterior, Eu disse que a cristandade tornou o Deus criador em uma verdade relativa; quando me refiro a cristandade, digo o cristianismo pós bíblico, a começar pelos pais da igreja. Recapitulando um pouco sobre o assunto, relembramos os versos onde Jesus dialogou com o escriba, Mc. 12. 28-29 “Chegando um dos escribas, tendo ouvido a discussão entre eles, vendo como Jesus lhes houvera respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os mandamentos? Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!”.

Mc. 12. 32 “Disse-lhe o escriba: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que ele é o único, e não há outro senão ele”. Vemos neste verso uma declaração importante do escriba, ele diz que é com verdade que Deus é um, de único. Interessante também a resposta de Jesus para o escriba, se Jesus fosse relativizar essa verdade essa era a hora, mas não foi assim, pelo contrário, Mc. 12. 34 “Vendo Jesus que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguém mais ousava interrogá-lo”.

Todo o NT. Tem atestado essa realidade, de que Deus é um, e isso no sentido estrito da palavra, não existe por parte dos apóstolos a ideia de que um é três e que três formam? um. Sabemos que a doutrina relativa de quem é Deus, passou a tomar forma com os primeiros padres da igreja, o anti-semitismo foi uma peça chave para a reinterpretação da bíblia, naqueles dias, interpretar a bíblia, principalmente o NT. De uma forma menos judaica foi primordial para os primeiros interpretes do período pós bíblico, tanto, que na sua grande maioria aqueles homens não pertenciam ao povo judeu.

Por outro lado devemos entender, que muitos judeus rejeitaram a ideia do Messias crucificado, naturalmente a igreja gentílica deveria assumir a sua função, função essa de propagação do evangelho, mas não era necessário a reinterpretação de quem ou como a partir dali seria Deus, muito menos a necessidade de se introduzir um novo Deus como conhecemos atualmente, infelizmente devido a isso temos não só um novo Deus, como também um novo “evangelho”.

Ex. 20. 3 “Não terás outros deuses diante de mim.” Essa foi a ordem expressa vinda do próprio Deus, no entanto os homens perverteram essa realidade, transformaram o “diante de mim” para o “diante de vós”; e isso pode ser visto no credo de Atanásio, o credo de Atanásio é dividido em 44 pequenos tópicos, vejamos a relativização de quem é Deus: o item 3 do credo católico diz: (A fé católica consiste em adorar um só Deus em três Pessoas e três Pessoas em um só Deus.) Ao passo que a bíblia diz: Tg. 2. 19 “Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem”.

Sem entrar na questão relacionada aos demônios, mas atentando somente para aquilo que diz respeito a Deus, o verso nos diz que fazemos bem em crer que Deus é um só, mas seria esse um de único ou um “um composto”? 1ª Co. 8. 6 “Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele.” Este verso não deixa dúvidas, aqui nos é dito claramente que esse único Deus é o pai, não deixa margem para dúvidas e especulações, essa é a verdade.

Além disso, não só essa realidade é confirmada, como faz uma diferenciação entre Deus, no caso o pai, e o Senhorio atribuído a Jesus Cristo, a diferença está entre ser Deus, e Senhor, não, não é a mesma coisa, o senhorio atribuído a Jesus está relacionado a questão humana, mais propriamente ao domínio absoluto no novo reino. Quando disse que o cristianismo pós bíblico inseriu um novo Deus na religião, isso pode ser visto no credo de Atanásio, com relação a quem é o Deus verdadeiro, não havia nenhuma necessidade de se instituir um credo, bastava ver o que a bíblia diz, e a bíblia diz exaustivamente que Deus é um, diferente de ser um, trinitário.

Ainda com relação ao credo católico isto é, cristão nos é dito: (O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno. (11) Contudo, não há três eternos, mas um eterno. (12). Portanto não há três (seres) não criados, nem três ilimitados, mas um não criado e um ilimitado). Como? Surgem duas questões interessantes, a primeira é o argumento de que os teólogos do primeiro século, por inspiração, tiveram uma visão privilegiada sobre Deus, e que nós devido a nossa insignificância não podemos compreender.

Segundo; mesmo que não possamos compreender, devemos aceitar pela fé... Bem, na verdade esses são argumentos fracos e falhos, visto que não houve inspiração nenhuma para redefinirem quem é Deus, pelo contrário, a doutrina sobre Deus já estava há muito definida, o que houve na realidade foi uma disputa interna, disputa essa objetivando definir qual credo definiria quem é Deus. E depois, aceitar uma doutrina baseada na visão filosófica de alguns homens não inspirados, não há fé que baste. Pelo contrário, deve-se fazer a mesma pergunta, faltou fé para esses homens aceitarem a revelação bíblica de quem é Deus? Sim, faltou.

Outro fato importante está relacionado com a questão numérica sobre Deus, não existe em parte alguma da bíblia ensinamentos contrários a lógica, muitos dirão: - os milagres existem... sim, mas os milagres contrariam as leis naturais que regem as criaturas, nós somos regidos pela lógica, lógica essa determinada pelo próprio Deus, assim sendo Deus não poderia estipular algo que fosse contrário a sua própria natureza, ou seja, um vai ser sempre um não três. Dt. 4. 35 “A ti te foi mostrado para que soubesses que o Senhor é Deus; nenhum outro há, senão ele.” Logo esse “Ele” se refere a um, não se refere a três para que possa significar um.

O Deus criador apresentado por toda a bíblia, é descrito literalmente como sendo um. Já o Deus relativo, que foi reinterpretado a partir do 1º século, é um Deus “que deve ser”, como assim, deve ser? Ora, nenhum teólogo por mais sábio que seja, pode garantir por meio de sua sabedoria e filosofia, que um Deus possa ser três pessoas distintas e que essas mesmas três pessoas distintas não são três deuses. É impossível tal explicação. Dn. 2. 28 “Mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça, quando estavas no teu leito, são estas”.

Muito interessante o relato de Daniel, “há um Deus no céu”. Aqui não há respaldo bíblico para interpretarmos a ideia de que existe um Deus no céu manifestado em três pessoas, seria ir contra a lógica, acreditarmos que três pessoas formam um único Deus, não conseguimos desassociar à pessoa de Deus; isso baseado no pensamento Antropomórfico, isto é associarmos Deus, com características humanas, (pessoas). O credo trinitário estipulado por Atanásio continua dizendo: O Pai não foi feito de ninguém, nem criado, nem gerado. (21) O Filho procede do Pai somente, nem feito, nem criado, mas gerado.

Segundo este credo, Jesus não foi criado, mais sim, gerado. Isto significa que o Deus da cristandade continua sendo um Deus relativo, isto pelo fato de que atualmente os teólogos trinitários contrariando o credo universal, reinterpretaram mais uma vez quem é o Deus trindade. Na atualidade, Jesus não é mais designado como sendo gerado, conforme o credo de Atanásio, segundo a reinterpretação teológica moderna, Jesus não foi feito, nem gerado, mas igualmente o pai e o Espírito Santo, ele também é eterno. O que temos na cristandade, é um Deus criado, reinterpretado por teólogos e filósofos, relativo e confuso em sua identificação.