sábado, 21 de dezembro de 2013

Quem é o "deus" deste século?

2 Coríntios 4.4 diz assim: (Nos quais o deus deste mundo cegou os entendimentos dos incrédulos, para mantê-los de ver a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.) No mundo cristão quando se houve este texto logo vem em mente a idéia do diabo. Porém, o texto original (aramaico) diz assim: "Para aqueles deste mundo cujas mentes foram cegadas por Deus, porque eles não acreditaram." O texto em grego é theos ou Deus, sabe-se também que o minúsculo foi uma convenção adotada no XI século, portanto não existia tal distinção.

Dentro do contexto humano são as trevas que cegam os olhos dos homens, e essa realidade pode ser emprestada para o mundo espiritual e vice e versa. 1 Jo. 2.11. (Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos.) Ou seja, não andam segundo a luz da Palavra de Deus. O diabo mítico não pode cegar ninguém, pois há apenas um Deus, não existe “espaço” para dois, portanto o diabo não pode ser deus.

A visão judaica da bíblia e consequentemente de Deus é que não há espaço para um rival, em outras palavras Deus opera todas as coisas. E também vale a pena mencionar que Isaías 6.10 diz que Deus tem o poder de cegar Israel. (Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo.)
                                              
O Novo Testamento repete isso. Rm. 11.8 diz que Deus (não Satanás) cegou Israel sobre o evangelho (Como está escrito: Deus lhes deu espírito de entorpecimento, olhos para não ver e ouvidos para não ouvir, até ao dia de hoje.) 2 Co. 3.14 (Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido.)
                        
Por estes versos, podemos ver que o deus deste século como sendo o nosso Deus, Ele é Deus e que faz todas as coisas, Ele mesmo envia um erro afim de que as pessoas passem a acreditar em falsidades, esta é a realidade bíblica. 2 Ts. 2.11 (É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira.)

Não conhecemos os designos de Deus, naturalmente existem motivos que estão ocultos com e Ele utiliza o que quiser para cumprir os seus propósitos, afinal de contas Deus é Deus, portanto é soberano em suas decisões. Jó. 42.2 (Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado.)

A partir do cativeiro babilônico e posteriormente com a influência da cultura grega, Deus passou a ter um rival, “quase à altura”, temido por demais. Esse ser mitológico passou a ser encarregado em operar tudo o que é contrário ao que é bom e reto. No cristianismo popular quando se diz o deus desse mundo ou deste século as mentes são reportadas para Satanás.

Percebe-se em Efésios 4.18 Paulo atribuindo a obscuridade da mente daqueles que não conhecem a Deus, devido à própria natureza pecaminosa não a algum ser do mal. Mesmo se alguém insiste que Satanás existe como um ser pessoal tem de enfrentar a pergunta: Quem criou Satã? Está o seu poder sob o controle de Deus, ou não?

Lc. 11.14 (De outra feita, estava Jesus expelindo um demônio que era mudo. E aconteceu que, ao sair o demônio, o mudo passou a falar; e as multidões se admiravam.) A narrativa em Lucas diz que o demonio era mudo, bem ao menos o menino passou a falar quando ficou curado, já em êxodo nos é dito que não é o diabo quem causa a surdez. Ex. 4.11 (Respondeu-lhe o Senhor: Quem fez a boca do homem? Ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor?)

Não só a bíblia, mas a própria lógica da criação nos demonstra que Deus está no controle. Este mundo, com toda a experiência do mal que ele contém, não é regido por alguém ou algum mal incontrolável. Com isto em mente, deveria ser evidente que "o deus deste mundo" não pode significar que o mundo está sob o controle final de Satanás e não de Deus. Pelo contrário, "o deus deste mundo ou século" [aion] "pode ser entendido como meramente uma personificação de todas as forças deste “século” para frustrar o sucesso da mensagem cristã.

Assim como nos dias atuais a sociedade do primeiro século também era regida pelo princípio do pecado. Além disso, os cientistas os sociólogos e psicólogos confirmaram mais uma vez o ensino bíblico de que a motivação fundamental dos seres humanos é o ego o auto-interesse, o que a Bíblia chama de "Satanás".

O ego é o que motiva as pessoas a nível individual, e, assim, motiva as sociedades. Portanto, é conveniente dizer que "Satanás" é a personificação do pecado humano e também é um termo aplicado para os governos e sociedades como um todo. Certamente, nesse sentido, o Satanás da Bíblia pode ser entendido como "o deus deste mundo". 

Infelizmente muitos mesmo entre os judeus “contaminados” pela influencia pagã atribuíram o inimigo do homem a um ser espiritual, ao passo que o maior inimigo do homem é ele mesmo, ou sua natureza pecaminosa a qual rejeita a Deus e sua instrução.  

No contexto, Paulo vem dizendo em 2 Coríntios 3, que a glória que brilhou no rosto de Moisés, cegou os israelitas para que eles não pudessem ver o verdadeiro espírito da lei que apontavam para Cristo. Da mesma forma, ele argumenta, no capítulo 4, que os judeus do primeiro século não podiam ver "a luz do evangelho de Cristo, comparado a glória da face de Moisés, porque eles ainda estavam cegados pelo deus "deste mundo.

Dentro do contexto do primeiro século e para os judeus, quem era o deus desse século? O príncipe governador o sistema da era judaica, era o "deus" do "mundo”. Note-se que os judeus são descritos gabando-se da lei ...e desonra a Deus... (Romanos 2:17, 24). Para eles, a lei tornou-se o deus de seu mundo. É evidente a partir de como “satã” se “manifestou” At. 9.23 (Decorridos muitos dias, os judeus deliberaram entre si tirar-lhe a vida.)
   
Percebe-se claramente que os judeus do primeiro século eram o principal "Satã" ou literalmente adversário para os primeiros cristãos, especialmente para Paulo. Não houve nenhum ser sobrenatural, tudo foi uma questão de se manter no poder, “eliminaram” por meio dos romanos o Cristo, agora era hora de fazer calar as suas testemunhas, se o povo todo desse ouvido a Paulo e sua pregação, quem nos servirá?


O “deus deste século” pode ser tudo aquilo que nos impossibilita de ver a luz do evangelho de Cristo. Para os judeus do primeiro século vários “deuses” se apresentaram Caifás, o líder judeu daqueles dias, o apego exacerbado a lei, as tradições, tudo cooperou para que a luz não brilhasse nas suas mentes, de uma forma ou de outra isso lhes tornou em satã ou adversário, literalmente alguém que se opõe.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Colossenses 2.16. Parte 2

Os sabatistas e em especial a igreja adventista do 7º dia asseguram veementemente que a guarda do sábado é um requisito necessário a salvação. Mesmo quando confrontados com versos bíblicos que ensinam o contrário, insistem na necessidade da guarda do mesmo, tentam refutar de todas as formas mesmo os textos que são literais e taxativos como é o caso de Colossenses 2.16 o qual diz: (Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados.)

Segundo os adventistas e sabatistas em geral o texto está tratando de uma questão puramente cerimonial, para eles quando diz “dia de festa” ou “lua nova” está mais do que comprovando que se trata de uma cerimonia típica do judaísmo portanto um cerimonial abolido por Cristo. Ao passo que a palavra sábados também se encaixa neste perfil pois segundo os sabatistas o fato de Paulo ter dito sábados ao invés de sábado confirma isso.

Na realidade essa tentativa é nula pois tanto a palavra sábados quanto a palavra sábado no grego é σαββατον sabbaton que quer dizer sétimo dia de cada semana. Para emendar a evasiva aludem que quando é dito sábados ao invés de sábado a bíblia está dizendo os sábados do homem não o sábado de Deus. Nos dias bíblico todos os feriados festivos eram considerados sábados, pois era proibido aos judeus trabalhar nesses dias.

Falando sobre o dia da expiação nos é dito em Levíticos 23.32 (Sábado de descanso solene vos será; então, afligireis a vossa alma; aos nove do mês, de uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso sábado.) O dia da expiação ocorria no dia dez do sétimo mês, naturalmente independente do dia da semana tal dia era um sábado, um feriado conhecido no meio sabatista como sábado cerimonial ou os “vossos” sábados.

E são esses “vossos” sábados que os adventistas do 7º dia e sabatistas em geral asseguram que está sendo declarado pelo apostolo Paulo em sua carta aos Colossenses capítulo dois. Quando isso é afirmado dentro da denominação não há quem questiona, visto que para eles a voz do líder é a voz de "Deus". Mas a questão vista do lado de “fora” é totalmente diferente, por exemplo: se o sábado declarado por Paulo em sua carta aos Colossenses são os sábados festivos por que então, Ele Paulo, diz no mesmo verso para ninguém julgar o semelhante por causa dos dias de festas?

Ora, se os sábados festivos ou cerimoniais são os principais dias das festas judaicas naturalmente eles faziam parte dos dias de festas, sendo assim Paulo estaria sendo redundante ao declarar: dia de festa, ou lua nova, ou sábados, sendo estes pertencentes aos dias de festas. Lv. 23.33-37  (Disse mais o Senhor a Moisés:  Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês sétimo, será a Festa dos Tabernáculos ao Senhor, por sete dias. Ao primeiro dia, haverá santa convocação; nenhuma obra servil fareis.  Sete dias oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; ao dia oitavo, tereis santa convocação e oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; é reunião solene, nenhuma obra servil fareis.  São estas as festas fixas do Senhor, que proclamareis para santas convocações, para oferecer ao Senhor oferta queimada, holocausto e oferta de manjares, sacrifício e libações, cada qual em seu dia próprio.) [Grifo Meu]

Percebe-se nestes versos a festa dos tabernáculos que começava no décimo quinto dia do sétimo mês e se estendia até o vigésimo primeiro dia, reparem que no primeiro e no último dia da festa independente do dia da semana era feriado nacional ou dia de descanso um sábado para o povo judeu. Lv. 23.4-8 (São estas as festas fixas do Senhor, as santas convocações, que proclamareis no seu tempo determinado: no mês primeiro, aos catorze do mês, no crepúsculo da tarde, é a Páscoa do Senhor. E aos quinze dias deste mês é a Festa dos Pães Asmos do Senhor; sete dias comereis pães asmos.  No primeiro dia, tereis santa convocação; nenhuma obra servil fareis;  mas sete dias oferecereis oferta queimada ao Senhor; ao sétimo dia, haverá santa convocação; nenhuma obra servil fareis.)

O mesmo ocorria com a festa da páscoa e a dos pães asmos, no primeiro e no último dia independente do dia da semana era “sábado” em outras palavras feriado nacional.  Lembrando sempre para os adventistas do 7º dia que os sábados cerimoniais estavam inclusos nos dias de festas, em outras palavras os sábados de Colossenses não podem ser cerimoniais.

Como vimos então esses dias sagrados começavam pelos chamados “dias de festa”, expressão que se aplicava aos dias de festas anuais, tais como; Festa dos Asmos, Festa da Páscoa, Festa das Primícias também chamada Festa de Pentecostes, Festa das Trombetas, Festa da Expiação e finalmente Festa dos Tabernáculos celebrada em duas ocasiões: primeiro dia e último dia da festa. Vinham ainda os dias sagrados mensais conhecidos como “Luas Novas” e por fim, os dias sagrados semanais indicados pela palavra “sábados.” 

O que Paulo destacou foi que ninguém deve julgar o outro por meio do calendário, ou seja, as festas ocorriam durante o ano, sendo então as festas anuais, as luas novas mensais e os sábados semanais. Claro está também que isso está relacionado qualquer dia de guarda, não é pelo fato de não precisarmos guardar o sábado para sermos salvos que devo guardar outro dia com o mesmo objetivo.

Quanto ao descanso físico todos sabem de sua necessidade, precisamos sim repousar de nossos labores, mas a nossa santificação não deve estar vinculada a um dia da semana. O assunto em pauta é: se as festas religiosas judaicas, nos seus dias principais exigia do povo que guardasse tal dia como feriado nacional, e se esse dia era vedado ao povo trabalhar naturalmente eles tinham como um sábado.


Sendo assim OS SÁBADOS FESTIVOS NATURALMENTE ESTAVAM INCLUÍDOS NOS DIAS DE FESTAS, fica evidente que os sábados de Colossenses 2.16 está se referindo ao sétimo dia da semana, não pode ser diferente, em outras palavras, festas religiosas judaicas = a sábado cerimonial.  

domingo, 1 de dezembro de 2013

A mitologia e a encarnação de Cristo.

Vamos examinar o contexto histórico do desenvolvimento do que se tornou a pedra angular da ortodoxia cristã, a doutrina da "Encarnação." Veremos que esta doutrina não surgiu do nada, nem estritamente a partir do texto da Escritura. Foi o resultado da influência de certas crenças e atitudes que prevaleceu em torno da igreja cristã depois do primeiro século. 

A mitologia pagã, e pontos de vista gnósticos da redenção e da pré-existência humana, e a incompreensão da linguagem joanina, todos contribuíram para o ensino de que o próprio Deus se tornou homem. Embora a "Encarnação" seja assumida como um princípio básico do Cristianismo, o termo não é usado ou encontrado em nenhum lugar na Escritura, mas é admitido por estudiosos trinitarianos.

Encarnação, em seu sentido pleno e adequado, não é algo diretamente apresentado na Bíblia. A doutrina da Encarnação foi realmente formulada durante os primeiros séculos da era cristã. A doutrina, que tomou forma clássica, sob a influência das controvérsias dos séculos quarto e quinto, foi formalmente definida no Concílio de Calcedônia em 451. Foi em grande parte moldada pela diversidade da tradição nas escolas de Antioquia e de Alexandria.

Refinamentos foram adicionados nos períodos posteriores a patrística e medieval. A razão pela qual os conselhos e sínodos levaram centenas de anos para desenvolver a doutrina da Encarnação é que ela não é declarada nas Escrituras, e os versos usados ​​para apoiá-la podem ser explicados sem recorrer a uma doutrina que tem mais semelhança com a mitologia pagã do que com a verdade bíblica. 

Ensinar aos judeus que Deus desceu na forma de um homem teria ofendido completamente aqueles que viveram na época de Cristo e os Apóstolos, e muito contradiz a compreensão das Escrituras messiânicas.  Essa doutrina é derivada mais proeminente do evangelho de João, e em particular a partir da frase em Jo. 1. 14. (E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.)

Este plano de Deus para a salvação do homem, finalmente, "se fez carne" em Jesus Cristo. Este versículo não estabelece a doutrina da Encarnação é um ensinamento do grande amor de Deus em trazer à existência o Seu plano para salvar o homem dos seus pecados. Antes de prosseguir, devemos definir o que é tradicionalmente compreendido por "encarnação" de Cristo. 

A tradição ensina que, sem deixar de ser Deus, Deus se fez homem. Vejam o que diz o Novo Dicionário da Bíblia, uma fonte trinitária: Textos entre parênteses. (Parece significar que o Criador divino se tornou uma das suas próprias criaturas, que é uma contradição, em termos teológicos.” 

“Quando a Palavra "se fez carne", a Sua divindade não foi abandonada ou reduzida. Ele não deixou de exercer a função divina que tinha sido antes dele... “A Encarnação do Filho de Deus, então, não era uma diminuição da divindade, mas uma aquisição da humanidade.” Se quiser saber como um pré-existente "Deus Filho" pode se tornar um homem sem qualquer "diminuição da sua divindade", ou como ele poderia viver entre Os humanos" sem deixar de exercer as funções divinas que exercia desde a eternidade. Os trinitarianos dizem que isso é parte do “mistério "da Encarnação.) O Novo Dicionário da Bíblia admite que o conceito não é desenvolvido ou discutido no Novo Testamento. O fato dos escritores do novo testamento não tentarem explicar a doutrina da encarnação mostra que tal doutrina não existia. Portanto se ela não se encontra na bíblia em nenhum dos dois testamentos como pode eventualmente ela ser considerada uma parte da "Doutrina dos Apóstolos"?

Os estudiosos admitem que esta doutrina é fraca biblicamente, devemos examinar então por que os teólogos cristãos do terceiro século e quarto séculos tornaram-se tão preocupados em estabelecê-la como a pedra angular da fé cristã trinitária. Ao fazer isso, vamos ver algumas das suposições e crenças que levou a mudança e ao desenvolvimento desta doutrina. 

Devemos, primeiramente, estabelecer o fato de que o próprio processo de se transformar de verdade histórica a mitologia foi claramente profetizada pelo apóstolo Paulo no final de sua vida. Isso é incrível, mas não surpreendente, tendo em vista as muitas vezes na Escritura que Deus advertiu seu povo sobre ser influenciado pela cultura pagã.

"Encarnação", pelo menos na concepção mais comum da visão cristã, é a crença de que Jesus não é um ser criado, mas o Deus invisível "vestido" em carne humana. Assim, a nosso ver, o relato bíblico da criação do último Adão é trocado por um mito. O conceito de Deus, ou qualquer ser espiritual, tornando-se um bebê é completamente inconsistente com a verdade bíblica. Reconhecemos que a doutrina da Encarnação não é o resultado direto da incursão da mitologia pagã, no entanto, os líderes da Igreja dos séculos III e IV depois de Cristo não foram diligentes para permitir que toda a Escritura pudesse determinar a doutrina cristã. 

Na ausência de um compromisso total com a Bíblia, eles interpretaram erradamente a linguagem do evangelho de João e usaram esse mesmo evangelho para estabelecer uma doutrina que não se harmoniza com a profecia do Antigo Testamento, os Evangelhos sinópticos (os outros três evangelhos) e o resto do Novo Testamento. O resultado tem sido deslocar o centro da mensagem cristã da ressurreição, e estabelecer a ideia da Encarnação, uma ideia muito mística, mitológica e misteriosa.

A história nos mostra que a Igreja sempre reconheceu a natureza altamente misteriosa da crença na encarnação. Poderíamos argumentar que esta doutrina tem feito mais para enfraquecer a fundação do núcleo racional da fé cristã do que todos os assaltos dos chamados hereges juntos. A ideia de que o próprio Deus veio e viveu entre nós na forma de um homem ecoa mitológica e pagã, e, no mínimo, deixou a mensagem cristã aberta ao ridículo. 

Um ser divino preexistente, feito em carne criado por pais humanos soa tão mitológico que tem sido muitas vezes ridicularizado por críticos, especialmente judeu e muçulmano. Isto é ainda admitido por fonte trinitariana: Tal afirmação, considerada abstratamente no contexto do monoteísmo do Antigo Testamento, pode parecer uma blasfêmia ou sem sentido, como, aliás, o judaísmo ortodoxo sempre defendeu que ele seja. A Cristologia tradicional tem trabalhado com um esquema de supranaturalismo (sobrenatural).

O cristianismo expressou isso mitologicamente e os teólogos dos primeiros séculos desenvolveram então a doutrina da Encarnação, encarnação significa que Deus, o Filho, desceu a terra, e nasceu, viveu e morreu dentro deste mundo como um homem. Do céu desceu e gentilmente entrou em cena o ser humano, se revestiu em carne algo que não era "dele" e viveu verdadeiramente e completamente dentro dela. Como o homem-Deus, uniu em sua pessoa o sobrenatural e o natural.

Porém o problema da cristologia é como Jesus pode ser plenamente Deus e plenamente homem, e ainda verdadeiramente uma pessoa. A maneira tradicional de descrever a doutrina da Encarnação, quase inevitavelmente, sugere que Jesus era realmente o Deus Todo-Poderoso andando na terra, vestido como um homem. Jesus não era um homem nascido e criado, ele era Deus por um período limitado participando de uma farsa. 

Ele parecia um homem, ele falava como um homem, ele se sentia como um homem, mas no fundo ele era Deus vestido em carne. Na verdade, a própria palavra "encarnação" [que não é um termo bíblico] inevitavelmente sugere a ideia de uma substância divina mergulhada em carne e revestida com ela. A doutrina da encarnação foi derivada do paganismo, a doutrina soa tão semelhante a muitos outros mitos sobre seres divinos que veio e viveu entre os homens é difícil não concluir que os pensadores cristãos empregaram a linguagem das religiões pagãs, em vez de aderir diligentemente à linguagem das Escrituras.

A ideia de que Deus ou os deuses podiam descer na forma de homens era uma visão comum nos tempos do Novo Testamento. Vemos um exemplo muito claro disso no livro de Atos, após a cura de um paralítico: At. 14.11-13. (Quando as multidões viram o que Paulo fizera, gritaram em língua licaônica, dizendo: Os deuses, em forma de homens, baixaram até nós. A Barnabé chamavam Júpiter, e a Paulo, Mercúrio, porque era este o principal portador da palavra. O sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trazendo para junto das portas touros e grinaldas, queria sacrificar juntamente com as multidões.)

É digno de nota que Paulo e Barnabé não aproveitaram a oportunidade para explicar que eles não eram deuses ou que vieram na forma humana, Em vez disso, eles argumentaram contra a base mitológica de tais crenças e práticas pagãs: At. 14.14-15.   (Porém, ouvindo isto, os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgando as suas vestes, saltaram para o meio da multidão, clamando: Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles.)

Estes versos bíblicos indicam que a maioria das pessoas influenciadas pela religião grega e romana acreditava em uma variedade de mitos, envolvendo a mistura de deuses, homens, mulheres e até animais. Por exemplo, os romanos acreditavam que Rômulo e Remo foram gêmeos nascidos de uma mãe mortal e Marte, o deus da guerra. A lenda diz que eles foram trazidos à tona em um cesto do rio Tibre. Uma loba encontrou os bebês e os criou. Um pastor encontrou os gêmeos e os levou. Já na idade adulta os gêmeos decidiram construir uma cidade no local onde o lobo encontrou-os, mas Rômulo matou Remo e fundou Roma, supostamente em 753 AC.

O panteão mitológico romano incluía uma tríade, ou seja, um grupo de três deuses, composto de Júpiter, Marte e Quirino. Júpiter era o deus dos céus e Marte, o deus da guerra, enquanto Quirino representava o povo comum. No final dos anos 500, AC, os romanos substituíram a tríade arcaica com outra tríade de Júpiter, Juno e Minerva.


Já entre os gregos, Zeus, o deus principal do panteão grego, visitou a Diana mulher humana ele fez isso na forma de chuva dourada e tornou-se pai de Perseu, um "deus-homem.” “O qual decapitou medusa.” (Hércules) era filho de Zeus, que deixe enganar Alcmena, personificando seu marido, o Anfitrião geral. Em sua descida aos reinos da morte, Hércules tornou-se o Salvador do seu povo. Da mitologia surgiu então a ideia "cristã" da encarnação.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Salmo 110.1 - Mais um desacerto dos trinitários.

At. 2.22 (Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis.)

A palavra varão grifada acima, no grego é (ανερ = aner) e significa homem, como todos nós conhecemos. Pedro estava dizendo que Ele apresentava para os seus que Jesus o qual foi crucificado era ele o Messias, homem aprovado por Deus, Eu disse homem e não Deus.

Jesus veio primariamente para a nação de Israel como seu Messias. E o que eles fizeram com ele? Eles o mataram! E na sua maioria o rejeitaram. Porém sendo um homem justo não foi deixado na morte, At. 2.24 (Ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela.)

Deve-se salientar que o fato de Jesus não ter ficado retido na morte não foi porque Ele fosse o Deus Todo-Poderoso, mas sim que o Deus todo poderoso o Criador dos céus e da terra, que não pode mentir, prometeu na profecia do Antigo Testamento, que Ele levantaria Seu Filho dos mortos, Sl. 16.10 (Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.) Apesar de ser um salmo de Davi era também um salmo messiânico.
     
E é por isso também que "as portas do inferno” ou sepultura, Mt. 16.18 (Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.) não poderá manter seus prisioneiros, ou aqueles que forem de Cristo.

Como já fora mencionado Jesus Cristo foi um homem justo, sem pecado, portanto não merecia a pena, ou o "salário" do pecado, que é a morte, no caso a morte eterna. Sendo assim Deus podia legal e eticamente ressuscitá-lo dos mortos. A estrita absoluta obediência de Jesus a Deus foi a causa de não ter ficado para sempre no túmulo.

No pentecostes Pedro estava discursando para os judeus, e neste meio tempo Ele Pedro cita um dos personagens máximo dos hebreus, Davi, com o intuito de lembrar o povo que o próprio Davi falou acerca do Messias. At. 2.25 (Porque a respeito dele diz Davi:
 Diante de mim via sempre o Senhor, porque está à minha direita, para que eu não seja abalado.)
         
Pedro também cita o verso 27 (porque não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.) Verso este que os judeus acreditavam que se referia ao próprio Davi, talvez na ressurreição dos justos, mas Pedro imediatamente faz uma afirmação que mexeu com os ânimos dos judeus. At. 2.29 (Irmãos, seja-me permitido dizer-vos claramente a respeito do patriarca Davi que ele morreu e foi sepultado, e o seu túmulo permanece entre nós até hoje.)

Pedro disse aos judeus que Davi havia profetizado sobre a ressurreição do homem que tinha sido entregue pelos judeus aos romanos o qual o assassinaram. Então ele corajosamente declarou que a ressurreição havia sido realizada. At. 2.32 (A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.)

Sl. 110.1 (Disse o Senhor ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.) Este salmo de Davi os judeus entendiam que se tratava do salmo do rei o qual ocupava o trono davídico, mas até aquele momento não existia ninguém que testemunhasse que um homem da linhagem do rei Davi tivesse subido aos céus; até a declaração de Pedro que Ele e outros testemunharam a ressurreição e ascensão do Cristo.

Sendo assim Pedro declarou também que Deus o fez Senhor e ungido ou Cristo At. 2.36 (Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.) Pedro enfaticamente declara aos ouvidos do povo que Jesus da linhagem de Davi é o Messias ou o Cristo,o ungido de Deus.

Esses textos mal entendidos são utilizados pelos trinitarianos com o intuito de ratificarem a doutrina da trindade, reparem que o salmo 110.1 diz: (Disse o Senhor ao meu senhor.) Logo os trinitarianos afirmam que este verso está se tratando de um Deus em unidade, pois no seu início o verso diz que Deus é Senhor e que o Messias é senhor.

Na realidade não era para ser assim, a palavra Senhor do início do salmo 110 foi traduzida pelos setenta, do qual vem o nome septuaginta, no original era Yahweh, mas como os judeus tinham receio em pronunciar o nome de Deus eles copiaram como SENHOR.

Repetindo o salmo 110 Pedro disse para os judeus que Davi não havia subido aos céus, então o Senhor que iria se assentar a destra de Deus não foi Davi e está registrado em At. 2.34-35 (Porque Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés.)

No original hebraico a primeira palavra Senhor é   יהוה Y ̂ehovah ou Javé =Aquele que existe”. Já a segunda palavra Senhor é ’adown ou senhor, chefe, mestre. Já a septuaginta a tradução para o grego dos setenta as duas palavras que diz Senhor é Kurios ou Kyrios que tem o mesmo significado que Adown ou Adonai.

Original hebraico diz: Disse  Yahweh a Adonai assenta-te a minha direita até que eu ponha os teus inimigos debaixo de teus pés. Para o povo judeus dos dias de Pedro o entendimento das declarações de Pedro foram claras, para eles Javé falou para Adonai o Messias que surgiria da linhagem de Davi.

Yahweh era o nome pessoal (próprio) de Deus no Antigo Testamento. Por outro lado, Adon foi um nome descritivo que significa "Senhor". Infelizmente, esses dois termos foram traduzidos do hebraico para a Septuaginta (Antigo Testamento grego) como kurios e depois para a nossa língua como "Senhor".  O que deve sobressair neste assunto é que o Salmo 110, Deus não estava falando consigo mesmo ou com a "segunda pessoa da Trindade." Em vez disso, Deus está falando com o Messias, da linhagem de Davi.

O salmo 110.1 em três traduções diferentes:

Disse o Senhor ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés. RA

O Senhor Deus disse ao meu senhor, o rei: “Sente-se do meu lado direito, até que eu ponha os seus inimigos debaixo dos seus pés.” NTLH


Jehová dijo a mi Señor: Siéntate a mi diestra, Hasta que ponga a tus enemigos por estrado de tus pies. La Santa bíblia reina-valera 1960.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O verbo de João 1 não é Jesus Cristo. Parte II

Vimos em outro assunto: http://evandro-blogdoevandro.blogspot.com.br/o-verbo-de-joao-1-nao-e-jesus-cristo_11.html. Deus sozinho trazendo todas as coisas a existência pela autoridade da sua palavra, Is. 44.24 (Assim diz o Senhor, que te redime, o mesmo que te formou desde o ventre materno: Eu sou o Senhor, que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus e sozinho espraiei a terra.) Sl. 33.9 (Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir.)

Em Isaías, a "palavra" de Deus é mencionada como um agente independente, mas totalmente a serviço de Deus, Is. 55.11 (Assim será a palavra que sai da minha boca: ela não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz, e terá sucesso naquilo para que a enviei.) Isso lembra a personificação da sabedoria em Provérbios, onde "ela" é retratada como ajudante de Deus na criação:

Pv. 8.22, 23 e 30  (O Senhor me trouxe [sabedoria] adiante como a primeira de suas obras, antes de suas obras de idade; fui nomeado desde a eternidade, desde o início, antes que o mundo começou. Então eu era o seu artesão ao seu lado. Eu estava cheio de alegria dia após dia, regozijando-se sempre na sua presença.)

Percebemos na bíblia que "Palavra", "Espírito" e "Sabedoria" são personificações, e estão intimamente ligadas à forma como Deus tem relacionado com o mundo como seu Criador, e que o uso de João do logos é consistente com este uso bíblico. Podemos ver como João baseia-se em todos os ensinamentos do Antigo Testamento.

A sabedoria é personificada em Provérbios 8, dizendo que ela estava no começo, e estava com Deus, e que ela era Seu instrumento na criação. A Palavra de Deus criou os céus (Sl 33:6), e assim fez o Espírito, conforme descrito em Jó. 26.13 e Gênesis 1.2. A linguagem bíblica é claramente uma figura de linguagem uma metáfora, personificação, e não uma realidade última. 

João está dizendo exatamente a mesma coisa do logosNenhum leitor judeu educado nos escritos dos profetas teria deduzido que João estivesse se referindo que o início do seu evangelho fosse uma pessoa que já existia com Deus desde os tempos eternos. Eles entenderiam que as palavras de João foi uma linguagem apropriada para descrever uma continuação das imagens pelo qual a Palavra ou Sabedoria ou as manifestações do Espírito de Deus que são inseparáveis ​​dele são descritas como as intenções de Deus em vigor.

Barclay, um acadêmico e respeitado grego, também reconhece que o logos está intimamente ligado ao poder e sabedoria. "Primeiro, a Palavra de Deus não é só discurso é poder. Segundo, é impossível separar as idéias da Palavra e Sabedoria; E foi a Sabedoria de Deus, que criou e permeou o mundo, que Deus fez. Há ainda mais evidências para ligar o entendimento semita de logos com "poder". O Targum aramaico são paráfrases do texto hebraico, e eles são bem conhecidos para descrever a sabedoria e a ação de Deus como Sua "Palavra". O aramaico era a língua falada de muitos judeus na época de Cristo, incluindo o próprio Cristo, e assim as pessoas na época de Cristo eram familiarizadas com elas. 

Lembrando que um Targum geralmente é uma paráfrase do que o texto hebraico diz, note como os seguintes exemplos de atributos de ação para a "palavra" do Senhor; Targum é qualquer uma das traduções em aramaico, mais ou menos literal, de partes do Antigo Testamento. Gn. 39.2 (O Senhor estava com José.) (E a palavra do Senhor foi ajudante de José). Ex. 19.17 (E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus). No targum: (E Moisés levou o povo "para atender a palavra do Senhor.) Jó. 42.9, no hebraico: E a palavra do Senhor aceitou a face do trabalho de Jó.) No Targum (E o Senhor aceitou a face de Jó).  Salmo 2.4 (E a palavra do Senhor se rirá por causa do desprezo.) (O Senhor se rirá deles). 

O contraste entre o texto hebraico e as paráfrases aramaicas nos versículos acima mostram que os judeus não tinham nenhum problema em personificar a "Palavra" de Deus de tal forma que ela a “palavra” poderia agir em nome de Deus. As paráfrases também provam que os judeus estavam familiarizados com esta idéia referindo-se a Sua sabedoria e ação. Para os judeus Deus estava sozinho, por isso eram estritamente monoteístas, e não acreditavam de forma alguma em um “Deus Trino”.

"Eles estavam familiarizados com os idiomas de sua própria língua, e compreendiam que a sabedoria e o poder de Deus estavam sendo personificados e não representavam de forma alguma uma pessoa real. Ao lermos o Evangelho de João com uma verdadeira compreensão do conceito de logos, o maravilhoso amor do nosso Pai celeste é mostrado claramente. Desde o começo Deus tinha um propósito, um plano que deveria se materializar no mundo, de uma forma que revela o Seu amor e sabedoria. Deve estar claro, então, que o uso de logos no prólogo de João reflete a riqueza do uso bíblico do termo "Palavra" quando é usado em relação a Deus e Seu propósito criativo e suas atividades.

O logos no grego também significa “palavra”, “verbo”, mas foi a partir de Heráclito que o logos teve outro significado, então no 3º século AC. Os estóicos passaram a afirmar que o universo era corpóreo e consequentemente governado por um logos divino, noção esta que os estóicos tomaram de Heráclito e a desenvolveram.

Percebe-se claramente que esta idéia do logos divino oriunda dos estóicos influenciou grandemente os líderes cristãos do primeiro século; ao passo que para os judeus a “palavra” descrita em vários versos na bíblia representa a auto-expressão de Deus, Sua sabedoria, plano e propósitos, e que pode incluir seu poder e suas ações.

Quando passamos a compreender a influência que a filosofia teve sobre os primeiros cristãos e como isso afetou a compreensão do correto uso de “palavra, ou verbo” aí sim estaremos em condições de entendermos o pleno significado da frase, "No princípio" descrito em João 1.1.

O cristianismo tradicional e suas variantes ensinam aos seus seguidores que o princípio relatado no evangelho de João 1.1 é o mesmo princípio registrado em gênesis 1.1-2 isso é suposto pelo fato de acreditarem que a palavra de João 1 é Jesus Cristo, portanto ele estaria também no princípio em gênesis, mas se entendermos que a palavra de João 1 é o plano de Deus sendo trazido a existência compreenderemos que o princípio de João nada tem a ver com o princípio de gênesis.

O princípio relatado em João 1. 1 refere-se ao começo ou a materialização do plano de salvação de Deus, manifestado na pessoa de Jesus Cristo, dando a entender que a nova criação da qual fala a bíblia estava começando a se materializar.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

"Quem" ou "o que" é o diabo para o cristianismo? Uma leitura sem as lentes da ortodoxia cristã

Por uma leitura atenta da bíblia sem as lentes da chamada "ortodoxia cristã", podemos depreender que algumas crenças comuns entram em choque com o ensino das escrituras e que não conseguem, afinal, entrar em acordo sob alguns pontos importantes. Um desses pontos é a respeito de "quem ou o que" é o diabo.

Infelizmente o que percebo é que nossa leitura da bíblia está influenciada demais pelos chamados concílios eclesiásticos (Nicéia, Constantinopla e Calcedônia) além de carregar em nossa bagagem, conceitos que vêm de poetas e filósofos que absolutamente nada têm a ver com a formação das escrituras sagradas. E por este motivo, toda nossa crença a respeito de qualquer questão, como a de quem ou o que é o diabo, inevitavelmente se inclinará para este mesmo lado, com uma falsa roupagem cristã. 
E o resultado disso: Um cristianismo cheio de misticismo e lendas, que vive constantemente com medo do mal.


Proponho com esta reflexão, um "re-exame" do assunto, a fim de trazer à superfície a verdadeira "identidade" deste personagem que está escondido sob a tradição cristã e com isto verificar o que a bíblia nos diz realmente sobre Ele. 

Será que a bíblia apóia a idéia de que o diabo é um ser sobrenatural? Onde estaria o texto bíblico que comprova esta afirmação?
O que significam as palavras "diabo" e "satanás" na bíblia? Somente se referem a este ser rebelde ou tem um sentido amplo?
Onde se encontra na bíblia que o diabo foi algum dia um "anjo de Deus" que se rebelou nos céus? 

De um modo geral no mundo, especialmente no chamado mundo "cristão", existe a ideia de que as coisas boas na vida vêm de Deus e as coisas ruins do Diabo. Esta não é uma idéia nova; nem mesmo é uma idéia apenas limitada ao cristianismo apóstata. 

Os babilônios, por exemplo, acreditavam que havia dois deuses, um deus do bem e da luz, e um deus do mal e das trevas, e que estes dois travavam combate mortal. 
Ciro, o grande rei da Pérsia, acreditava exatamente nisso. 

Por isso Deus disse a ele, "Eu sou o Senhor, e não há outro, fora de mim não há Deus... Eu formo a luz, e crio as trevas, eu faço a paz, e crio o mal (“ desgraça" na Nova Versão Internacional); eu, o Senhor, faço todas estas coisas" (Is. 45:5-7, 22). 

Deus cria a paz e Ele cria o mal ou desastre. Neste sentido Deus é o autor, o criador do "mal".



Um pequeno exemplo de como nossos conceitos não vêm da bíblia, é o seguinte: Qual de nós já não ouviu dizer a seguinte frase:

A maior estratégia do diabo é fazer você acreditar que ele não existe.

Pois bem, esta frase, tão repetida por muitos cristãos foi criada por um poeta francês chamado "Charles Baudelaire" no livro intitulado "As Flores do Mal". A frase exatamente é assim:

O maior truque do diabo foi convencer o mundo de que ele não existe

E onde entra o cristianismo nessa história?  Entra ao copiar conceitos que ouviu, não sabe de onde e repetiu ao longo de séculos, que de tanto repetir acabou "se tornando" uma verdade. Verdade, para os que crêem nela. 

Podemos encarar o problema de frente, elaborando algumas perguntas que julgo serem importantes, e que penso que todo cristão deveria fazer a si próprio e buscar, como tesouro escondido, as repostas na bíblia para elas:

Vamos levantar a problemática sobre o assunto e refletir em cima do que cremos e comparar com o que as escrituras dizem..... Vamos fazer o teste?


PERGUNTAS

1) O diabo era um anjo no céu e foi "lançado" a terra - no Éden, conforme Apocalipse 12:7-9?

2) Ele incorporou a serpente para tentar Eva, conforme Genesis 3:1-5? Mas os versículos 14 a 17 só mostram 3 seres sendo punidos, onde estaria aí o diabo (o 4º ser)?.

3) Em Isaías 14:12 "caiu" do céu, ou seja, foi "lançado" de novo à terra...(???), mas já não tinha sido expulso do céu?

4) Quando, afinal, ele foi lançado à terra? Qual texto bíblico confima isto?

5) Em Ezequiel 28:13,17 diz que ele era um "querubim", estava no Éden e que era perfeito em formosura e que "por terra" foi lançado. Mas, onde é o Éden, no céu ou na terra?

6) Em Zacarias 3:1,2 se encontra de novo no céu, acusando Josué...(???)

7) Em Jó 1:6 e 2:1,2 está de novo no céu tentando acusar Jó; (???) Ou seja, mesmo tendo sido expulso do céu por Deus, ainda tinha acesso a ele (????)

8) Em Mateus 4 já está na terra tentando Jesus...

9) Em João 12:31 ele é expulso para  fora do mundo....(???);


Vamos continuar.....



MARCELO VALLE

valle-teologo.blogspot.com.br

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O materialismo e suas limitações.

O conceito filosófico acerca do materialismo onde é dito que as pessoas são influenciadas e moldadas segundo os ditames regentes da época é uma realidade inconfundível, vivemos em um período da história onde a espiritualidade tem cada vez mais perdendo espaço para o materialismo, e essa “opção” se dá devido ao vazio existente instalado na mente de bilhões de pessoas. Lamentavelmente Deus não faz parte da grande maioria que habita sobre a terra, outros “tratam” a Deus como se ao invés dEle ser o Senhor como sendo Ele um servo, uma espécie de salvo conduto nas horas de angustia.

Segundo a bíblia, exceto em caso de conversão quando um materialista cético clamar na sua angustia o que irá acontecer? Tirando do seu contexto e utilizando para esses dias Jr. 11.14 (Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por eles clamor nem oração; porque não os ouvirei quando eles clamarem a mim, por causa do seu mal.) fica claro que Deus não é uma espécie de gênio da lâmpada que vem realizar os mais variados desejos.

Percebe-se claramente que o deus que está sendo cultuado na era materialista e pelos materialistas é o deus ego. Muitos dirão: - Ele é o tal, “não se preocupa com o material”, vive sem querer prosperar... Lógico que não, tenho os meus defeitos, e também preciso do material para sobreviver; igual a todos busco prosperidade, mas só não cultuo o deus ego, busco ao Deus da bíblia em toas as circunstancias, não espero os momentos críticos.

Outro problema sério é que mesmo entre os professos cristãos existe a conformação ao materialismo. Fato também é que os materialistas escarnecem dos cristãos dizendo que eles os cristãos precisam da religião como ópio a fim de amenizar as suas desilusões, mas cabe então uma pergunta: por que não são todos os cristãos que são desiludidos? Porque muitos cristãos apesar de poderem não se iludam com o materialismo, quer em pequena ou larga escala, mesmo que utilizem do material não faz dele um fim para si.

O grande problema não é buscar os objetivos materiais, mas sim negar a existência do espiritual. Para os materialistas que só enxergam o material que é completamente corruptível na sua essência  fica difícil compreender além dessa perspectiva, para eles não existe o espiritual que é eterno II Co. 4.18 (Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.)

Não se pode de forma nenhuma fazer uma acusação contra a espiritualidade de quem quer que seja, haja vista que este é um problema estritamente espiritual, não se pode exigir de alguém aquilo que ela não possui, isso é bem definido na bíblia, I Co. 2.14 (Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.)

Nem mesmo o ateu na sua “fúria” desembestada pode ser coagido a aceitar aquilo que ele não consegue ver, o homem (termo genérico) na sua existência natural estão biologicamente vivos, ao passo que espiritualmente estão mortos, as “coisas” de Deus lhes causam repulsa não são atraídos por nada que seja de ordem espiritual (bíblica). Falando para pecadores os quais foram espiritualmente ressuscitados Paulo diz,  Ef. 2.1   (Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados.) 

O verso dois e três continua dizendo quem e como se encontra nesta morte espiritual, rejeitando a palavra De Deus, até mesmo com ira, e blasfêmias   Ef. 2. 2-3 (Nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.)

O príncipe deste mundo não é o diabo popular que o povo acredita ser, mas sim todo aquele que na esfera de “poder” seja ele qual for, contribui, permite, incita e aprova as obras da carne, a qual o homem natural, materialista está ligado, em outras palavras é chamado de curso deste mundo onde impera é a inclinação da carne, vale salientar que todos éramos assim, resistentes a vontade de Deus, descrentes ao apelo do evangelho.

Qualquer pessoa que olha para os bens e valores deste mundo almeja para si, todos indistintamente. Aqueles que possuem os recursos materiais que lhes proporciona uma vida prospera são tidos como os bem aventurados, os “iluminados” deste mundo. Que o dinheiro trás conforto e na maioria das vezes proporciona um bem estar eficaz não resta a menor dúvida, mas fazer apologia para isso é sem dúvida uma falta de espiritualidade pertencente aos materialistas; não, não é recalque. Como disse nas linhas acima, o homem natural materialista não possui nenhuma visão do espiritual, sendo assim o prazer e a sua ambição só pode está embasada naquilo que lhe é próprio, o que é espiritual lhe causa repulsa.

Atente agora para o seguinte fato descrito na parábola de um homem rico encontrado no evangelho de Lucas, Lc. 12.16-20 (O campo de um homem rico produziu com abundância. E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? E disse: Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?)

O que Jesus disse além de outras coisa foi que o material não vai além túmulo, essa é a realidade, não importa quanto a pessoa possua. Lhes digo sem medo de errar, se os materialistas aqueles que são bem sucedidos são tidos como bem aventurados, como os privilegiados, o que dizer daqueles que naturalmente nascem mortos para Deus, mas que pela sua misericórdia são chamados para o reino eterno? O verso diz: Ele vos deu vida...

Digo com toda a certeza que os chamados para ver o mundo espiritual são tidos não pelos materialistas, nem mesmo pelos ateus, (eles não compreendem isso) mas pelos que conhecem Cristo, como sendo a elite, escolhidos por Deus antes da fundação do mundo Ef. 1.4 (Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor.) Hb. 9.15 (Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados.)


A “elite” do material irão todos passar, inclusive eles mesmo estão percebendo isso, a degradação material é patente para todos, nada além túmulo. A eleição de Deus para a elite que Ele Deus escolheu, não é percebida, e nem mesmo almejada, mas não faz diferença, como disse o próprio Jesus, quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir assim seja. 

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O Verbo de João 1 não é Jesus Cristo.

João 1.1-3 “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.” Sem dúvida, estes versos mal-entendidos no início do evangelho de João têm contribuído para promover a causa da doutrina da trindade mais do que qualquer outro verso da Escritura.  Os primeiros 18 versículos do evangelho de João são comumente chamados de "prólogo", e são uma introdução poderosa para o resto do livro. 

Assim como a introdução de Mateus começa com uma genealogia de Jesus, Marcos mostra Jesus com muita rapidez no serviço do Senhor e Lucas começa com material sobre as relações humanas de Jesus e sua genealogia a partir do primeiro homem, Adão, João nos apresenta Jesus como o Plano a Sabedoria de Deus. 

O prólogo introduz e apóia o tema do evangelho de João, que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e este é o objetivo do evangelho de João. Jo. 20,30-31. O propósito do Evangelho de João é claramente afirmado, portanto, introduzir o prólogo deste evangelho deve suportar também o tema de que Jesus é o Filho de Deus. 

Vamos olhar também para os conceitos, grego e hebraico de "palavra", e ver que o uso de logotipos no evangelho de João é uma magnífica mistura do pensamento grego e hebraico. Verdadeiramente este evangelho tem um apelo universal para a humanidade, porque apresenta uma visão de Jesus Cristo perfeitamente consistente com o corpo de profecias do Antigo Testamento a respeito do Messias.

Uma vez compreendida, o prólogo do evangelho de João que também se harmoniza com os Evangelhos Sinópticos (os três outros evangelhos) e do testemunho do restante do Novo Testamento, finalmente, vamos abordar a relação do evangelho de João para o gnosticismo desenvolvido no final do primeiro século. Ao fazer isso, veremos que João usa uma parte da linguagem e conceitos do gnosticismo em si com a finalidade de se opor a ele.

Analisando o prólogo de João, destacando e comentando sobre as frases-chave, o evangelho de João começa com a frase "No princípio era o Verbo” (do grego logos), que leva a mente do leitor de volta para Gênesis 1:1: "No princípio Deus..." Antes que possamos analisar a idéia do "início", no entanto, devemos ter uma compreensão do que é o logos, que foi "no princípio".

O Significado do Logos em grego. O logos é a expressão de Deus, Sua comunicação de Si mesmo, assim como uma palavra falada é a expressão dos pensamentos interiores e invisíveis de uma pessoa. Assim, logos inclui a idéia de plano objetivo, "sabedoria" e mesmo "poder". Logos é o termo que Deus usa para representar o Seu propósito para esta nova criação, que acabou sendo realizada na pessoa de Jesus. 

A tradução de logos como "palavra" é uma boa opção de seu significado, mas fica aquém de iluminar a riqueza do "logos" no seu uso grego, uma riqueza que lança luz sobre o propósito de Deus e da pessoa de Jesus. Logos expressa a unidade essencial da linguagem e do pensamento, os quais consistem, em suas formas mais avançadas, de palavras. Quando pensamos, falamos para nós mesmos, quando falamos, estamos pensando em voz alta. 

Além de sua ligação com a linguagem e o pensamento, logos também foi associado com a realidade das coisas, para pensar e falar, em outras palavras, pensar e falar sobre algo. Outro ponto que define o logos, era a sua ligação prática à vida humana. Todos os logos, ou explicação razoável de uma experiência humana, tinha a intenção de levar a um sábio curso de ação, uma abordagem racional ao manuseio e experiências semelhantes no futuro. Logos, em seu uso original grego, abrangeu a linguagem do pensamento, da experiência, e da finalidade da existência humana.

O uso bíblico de logotipos corre paralelo a este conceito em que "o Verbo" é o propósito de Deus ou plano, Sua explicação razoável, e sua razão de ser, Sua criação de todas as coisas antes de se tornarem corrompidas. Comentários recentes sobre João admitem que, apesar da longa tradição, ao contrário do que é ensinado, o termo "palavra ou logos” no prólogo de João não significa o Filho de Deus antes de nascer. 

Nossas traduções ensinam a crença na tradicional doutrina da encarnação. Mas o que foi que se fez carne em João 1.14 (E o Verbo se fez carne e habitou entre nós...) Seria uma pessoa pré-existente? Ou foi a atividade auto-expressiva de Deus, o Pai, em Seu plano eterno?  Um plano pode se tornar carne, por exemplo, quando o projeto em mente do arquiteto finalmente toma forma como, por exemplo, uma casa. 

O que pré-existiam no caso da construção? Os tijolos e outros materiais eram visíveis na intenção e na mente do arquiteto. Assim, é bastante para ler João 1.1-3: "No princípio era o propósito criativo de Deus. Ele estava com Deus e foi totalmente expressivo de Deus” [assim como a sabedoria estava com Deus antes da criação]. Todas as coisas foram feitas por ele.

Estamos agora em uma posição melhor para ver porque Jesus é conhecido como "a palavra (logos) na carne." Jesus foi a expressão suprema de Deus. O plano de Deus, a sabedoria e propósito, era o logos, e quando falamos da Bíblia, ele é chamado "a Palavra" porque também é a expressão do próprio Deus. Quando falamos de uma profecia , dizemos, é "a palavra do Senhor", e neste caso palavra é a expressão do próprio Deus. Jesus era o logos, no sentido mais completo. Ele foi a expressão suprema de Deus e a essência do Seu plano e propósito. 


Como acontece com todo o estudo sério da Bíblia, a verdadeira questão não é o que hoje pensam destas palavras no prólogo de João, mas como os leitores do primeiro século teriam entendido eles, especialmente aqueles que tinham um entendimento hebraico da bíblia. Um estudioso fez o comentário perspicaz seguinte sobre o ponto de vista hebraico de "palavra" não enfatizando a racionalidade ou o plano de Deus, mas Seu poder para trazer a Sua vontade para passar sobre a terra.

Em todo o Oriente antigo a palavra, especialmente a Palavra de Deus, não era só uma expressão de pensamento, era uma força poderosa e dinâmica. A concepção hebraica de “palavra divina” tinha um caráter dinâmico e possuía um poder tremendo. A concepção hebraico de "palavra" (davar) foi mais dinâmica do que a concepção grega, que é característica da linguagem como um todo. 

Um significado básico da raiz da davar é "impulsionar” e, portanto, ser capaz de impulsionar. Isto é consistente com a idéia semita expressa por Jesus em Lucas 6. 45 “da abundancia do seu coração fala a boca.” Em outras palavras, o que está no coração impulsiona a mente, então a boca e, finalmente, as ações. Assim, o significado de davar é desenvolvido ao longo de uma linha definida por três pontos: "fala", "palavra" e, finalmente, "ato". Estudiosos mostram que na mente hebraica, as palavras eram equivalentes aos atos, e este fato é integrado para a própria construção da própria linguagem, Davar não significa "palavra" apenas, mas também "ato".

A palavra é a função mais importante e nobre do homem e é, por essa razão, idêntica à sua ação. E "ação" não são dois significados diferentes de davar, mas a "ação" é a conseqüência do significado básico inerente a davar. Em nosso idioma “palavra” nunca inclui a ação dentro dela. 

FF Bruce é outro estudioso que reconhece que a chave para compreender o significado do conceito de "logos" é traçando suas raízes no Antigo Testamento. Na verdade o pensamento e a linguagem que João quis expressar não são encontrados na filosofia grega, mas na revelação hebraica. A "Palavra de Deus" no Antigo Testamento denota Deus em ação, especialmente na criação, revelação e libertação.


A Palavra de Deus é repetidamente retratada no Velho Testamento como o agente do poder criador de Deus, como os versos a seguir mostram: Salmo 33:6Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus e todo o exército dele”.... Salmo 107:20 “Enviou a sua palavra, e os sarou, e os livrou da sua destruição”. continua...

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Deus tem um lugar exclusivo de culto?

Os cristãos da atualidade e acredito que de todas as épocas tem e tiveram a mesma preocupação da mulher samaritana, que estando com Jesus fez a seguinte pergunta: Jo. 4. 20. (Nossos pais adoravam neste monte vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.) Qual foi a resposta de Jesus? Jo. 4.21 (Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.)

É significativa então a preocupação, pensamos que às vezes Deus requer de nós um lugar exclusivo, tanto é assim que as denominações cristãs gastam grande parte dos seus fartos recursos financeiros embelezando os seus suntuosos templos. E esse pensamento errôneo faz com que nós tenhamos uma visão errada da presença de Deus, ou seja, muita das vezes pensamos que Deus está presente em nossas vidas só quando estamos em um templo feito de tijolos.

Em outras palavras muitos aceitam a idéias de que Deus só está dentro de templos. Na grande maioria das vezes perdemos a noção de que Deus está em todos os lugares e não só dentro de um templo feito de tijolo. Na verdade a bíblia nos mostra o contrário disso; 2ª Sm. 7.7 (Em todo lugar em que andei com todos os filhos de Israel, falei, acaso, alguma palavra com qualquer das suas tribos, a quem mandei apascentar o meu povo de Israel, dizendo: Por que não me edificais uma casa de cedro?)
                
At.7.49 (O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso?) Deus não requer de nós uma casa exclusiva para culto, não é o local que determina o culto mais sim a espiritualidade e a própria noção da presença de Deus. Jo. 4.23 (Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.)
  
Não devemos nos preocupar com templos, devemos nos preocupar se estamos na presença de Deus. Mt. 6. 6 (Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.)
         
O templo feito de tijolos tem objetivos positivos para a adoração, entre eles é reunir em um lugar físico os membros que tem em comum uma crença estabelecida, porém para ter um encontro com Deus o templo de tijolos é desnecessário. Alguém poderá dizer, - na igreja somos mais reverentes... O problema não está no lugar, mas sim na pessoa, o que falta na realidade é a noção do que estamos fazendo, e em se tratando de horário de culto não podemos perder a noção pelo fato de não estarmos em um aglomerado de gente dentro de um templo.

O fato é que após aquela declaração de Jesus para a mulher samaritana, Deus continua contando com os verdadeiros adoradores. Quem são os verdadeiros adoradores? (1) OS VERDADEIROS ADORADORES SÃO AQUELES QUE CONHECEM A DEUS E SÃO CONHECIDOS POR DEUS. Deus não vive numa busca desenfreada por qualquer tipo de adorador que o adore de qualquer maneira. Ele é e sempre será adorado de verdade por aqueles que verdadeiramente lhe pertencem.

O verbo grego zhte/w (procurar, buscar) sugere exatamente isso. O Pai busca seus eleitos com o intuito de torná-los seus adoradores. Lembremos da história do profeta Elias e de seu lamento. Por duas vezes ele se queixou a Deus. I Rs. 19.14.  (Ele respondeu: Tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida.)
               
É como se Elias dissesse assim para Deus: "Senhor, está um caos tremendo em Israel, e eu mesmo não vejo solução para esse país. E tem mais, o Senhor também está com um problemão porque ninguém mais pensa em te adorar, a não ser eu é claro". Qual foi a resposta de Deus ao profeta? I Rs. 19.18. (Também conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou.)
            
Mais tarde o apóstolo Paulo utiliza esse episódio para falar do futuro de Israel: Rm 11.1-6. Ainda hoje o Senhor conta com o remanescente fiel, não só de judeus, mas também de gentios que formam juntos, a verdadeira igreja do Deus vivo. Portanto, não se iluda o Senhor conhece os que lhe pertencem. 2 Tm 2.19 (Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem.)

Não se esqueça: É importante e fundamental conhecer a Deus para que ele seja verdadeiramente adorado, porém, mais importante do que conhecer a Deus é ser conhecido por Deus. Tito 1.16 (No tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, o negam por suas obras; é por isso que são abomináveis desobedientes e reprovados para toda boa obra.)


Portanto, não se ufane dizendo que pertence a “igreja” antes veja se és a verdadeira. A palavra adorar em João 4.23 é Proskuneo e significa expressão de profunda reverência, ajoelhar-se ou prostrar-se, prestar homenagem ou reverência a alguém, seja para expressar respeito ou para suplicar, usado para reverência a pessoas e seres de posição superior.