sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

O diabo como um leão.

2ª Pe. 5. 8 “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar.” A interpretação cristã popular, ou mais propriamente a “ortodoxa”, vê esse verso como sendo o diabo um ser violento que segue os passos das pessoas como um leão bravo, buscando oportunidade para levá-los a morte. Este é o problema de se interpretar passagens bíblicas em sua forma literal, cria-se confusão.

Por exemplo: seria literalmente o diabo um leão como dito em segunda Pedro? Ap. 12. 9 “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o diabo e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.” Ou seria ele um dragão ou mesmo uma serpente? Pode ser que ele seja também um homem, quem sabe? Jo. 6. 70 “Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? E um de vós é um diabo.”

Como não há um consenso na bíblia sobre o que realmente seja o diabo, não podemos tomar um verso e por ele somente literalizar as nossas crenças e opiniões, baseadas na tradição e ortodoxia. Continuando com o pensamento de que o os animais bravios representam o diabo somos forçados a crer que estamos definitivamente derrotados, isso por estarmos lidando com um ser o qual é espiritual e selvagem.

Mas apesar de ser um ser não amigável e pouco domesticado, a bíblia nos informa que podemos derrotá-lo, forçando a sua fuga com a nossa resistência a sua insistência, Tg. 4. 7 “Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” Outro fato importante a ser analisado é: que tipo de destruição o diabo estava e está tentando realizar? Em sua primeira carta, Pedro dá nos a entender de que se tratava de uma perseguição sobre os convertidos.

1ª Pe. 5. 9-10 “Ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo. E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá.” As palavras aflições e padecimento nos levam a crer que se trate de perseguição religiosa.

Neste caso, somente Deus para nos libertar e proteger e essa foi a promessa, 1ª Pe. 4. 13-14 “Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis. Se, pelo nome de Cristo, sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus.” Quanto a destruição causada pelo diabo, Tiago nos dá outro parecer.

Tg. 4. 1-2 “Donde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura, não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis.” Depois de relatar alguns fatos relacionados à natureza humana, no verso sete ele nos manda resistir ao diabo.

Sendo assim, podemos entender que o diabo descrito pela bíblia em sua literalidade, é o próprio gênero humano em sua natureza corrompida, ora em suas ações violentas contra o próximo e tudo o que está ao seu redor, e ora, a sua própria natureza pecaminosa, prejudicando e sendo prejudicado. Essas duas situações são explicitadas por esse dois apóstolos. Em ambas as situações, o diabo só é vencido pelo poder de Deus. 

Pedro nos diz que devemos esperar pela atuação de Deus, o qual silenciará o nosso inimigo no tempo oportuno exercendo juízo contra ele, e Tiago nos recomenda a buscarmos de Deus forças para vencermos nossas tendências pecaminosas. Por exemplo, as características de leão é aplicado para pessoas, Sl. 57. 4 “A minha alma está entre leões, e eu estou entre aqueles que estão abrasados, filhos dos homens, cujos dentes são lanças e flechas, e cuja língua é espada afiada.”

Pv. 28 .15 “Como leão bramidor e urso faminto, assim é o ímpio que domina sobre um povo pobre.” E quem seria o leão que andava em derredor procurando alguém para comer, como dito por Pedro? Paulo complementa essa situação, revelando os acontecimentos naqueles dias, 2ª Tm. 4. 17 “Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que, por mim, fosse cumprida a pregação e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão.”

Ao descrever o sucesso de sua primeira apelação contra as acusações de que ele estava sendo julgado, Ele diz que “ficou livre da boca do leão" Paulo fez referência ao tribunal romano e faz referência também aos judeus perseguidores, 2ª Tm. 3 11-13 “Perseguições e aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou. E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições. Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados.”

Portanto, no contexto do NT. a expressão, diabo como um leão que ruge, buscando a quem possa tragar, se referia aos romanos e aos judeus perseguidores, Paulo advertiu os cristãos a viverem de modo a não dar ao diabo a oportunidade de levá-los ao tribunal, o verso a seguir nos confirma isso, At. 18. 12 “Mas, sendo Gálio procônsul da Acácia, levantaram-se os judeus concordemente contra Paulo e o levaram ao tribunal.”

Será que Pedro viu o diabo esbravejando e tendo a forma de um leão? Não, isso é uma metáfora para designar algo ruim, o mesmo podemos observar da declaração encontrada em apocalipse, Ap. 2. 10 “Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.”

Como pode o diabo lançar alguém na prisão? O verso nada diz de um aprisionamento espiritual. Naturalmente ele se refere aos poderes dominantes os quais insatisfeitos com a nova religião fizeram o que era prejudicial isto é, fizeram as obras da carne ou do diabo.

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Satã, o "deus" temido pela cristandade.

     Dt. 10. 20 “Ao Senhor, teu Deus, temerás; a ele servirás, e a ele te chegarás, e pelo seu nome jurarás. A primeira parte do verso nos interessa, o assunto será baseado nele. (Ao Senhor, teu Deus, temerás). A cristandade em sua totalidade com raríssimas exceções, tem pisado sobre esse mandamento. Após viver por quatro séculos no Egito, Israel incorporou muito de suas práticas, Js. 24. 14 “Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade, e deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais dalém do rio e no Egito, e servi ao Senhor.”

O intuito de Deus foi remover de suas mentes não só as práticas religiosas, como todo temor aos deuses estranhos. Naturalmente esse mandamento é extensivo, é requerido para nós outros, Ex. 23.13 “E, em tudo que vos tenho dito, guardai-vos; e do nome de outros deuses nem vos lembreis, nem se ouça da vossa boca.” Percebemos que o mandamento é claro, e a regra nos ensina a não servir, a não temer, e nem mesmo pronunciar algo referente a deuses estranhos.

E por que não devemos temer outros deuses? 1ª Co. 8. 4 “Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo e que não há outro Deus, senão um só.” Não devemos temê-los pelo fato de não serem nada, são apenas expressões da mente, são as necessidades humanas em ter um deus palpável. Qual o motivo da proibição por parte de Deus com relação aos ídolos, visto serem mortos em sí?

Entre eles estão: por ser criador, Deus não reparte sua glória com nada e com ninguém, a necessidade das imagens de esculturas ou dos ídolos em si é uma clara demonstração de total desconhecimento do Deus criador e dos seus ditames revelados pela bíblia, a adoração aos ídolos leva a uma fraqueza mental emocional, caracterizado pelo temor, Dt. 28. 15 e 28 “Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do Senhor, teu Deus, para não cuidares em fazer todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que hoje te ordeno, então, sobre ti virão todas estas maldições e te alcançarão. O Senhor te ferirá com loucura, e com cegueira, e com pasmo do coração.”

O NT. Nos comprova essa realidade, os doentes eram tidos como possuídos por demônios (deuses estranhos) então, o doente não era visto como tal, pelo fato da mentalidade da época está inserida em um contexto onde os demônios ídolos, eram temidos, Lc. 13. 11 “E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava curvada e não podia de modo algum endireitar-se.”

Dt. 32. 16-17 “Com deuses estranhos o provocaram a zelos; com abominações o irritaram. Sacrifícios ofereceram aos diabos, não a Deus; aos deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, dos quais não se estremeceram seus pais.” É clara a identificação entre deuses, diabo e ídolos. No entanto, a cristandade quase sem exceções tem espiritualizado algumas ocorrências literais, por exemplo:

A serpente no jardim era apenas uma personificação de Satanás, quando alguém teme o ídolo, na verdade estão prestando culto a Satanás, o ídolo é só uma personificação do mesmo; mas não é assim que a bíblia descreve, a bíblia em algumas traduções são claras em dizer que os ídolos são os deuses dos povos, são divindade menores, conhecidas como daimones ou demônios, os distribuidores, ora de bênçãos, ora de maldição. Na atualidade os demônios são distribuidores apenas de desgraças.

No início desse assunto eu disse que a cristandade tem pisado a exigência de temer somente ao Deus bíblico, o criador. Na mentalidade cristã contemporânea, Deus tornou-se uma espécie de amigo ajudador, aquele que suporta toas as afrontas, devido ao seu amor pela humanidade, na verdade, esse deus que foi criado por essa mentalidade é quase um deus dependente de suas criaturas. Realmente a bíblia diz que Deus é bom, longânimo e misericordioso, no entanto não é um deus dependente que chora por causa de suas criaturas.

Vejamos como a bíblia o traduz, Dt. 10. 17 “Pois o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas.” Assim sendo, a cristandade tem transformado O Deus que deve ser temido, em um deus emocionalmente dependente; e por outro lado, tem temido um deus estranho. Os cristãos acreditam que Satanás é um deus um pouco menor, mas grande em poder para o mal.

Com isso ele passou a ser o deus que deve ser temido, vejam que confusão, aquele que deve ser temido passou a ser aquele que depende de suas criaturas e aquele que é fruto do paganismo e da má interpretação teológica, passou a ser o deus terrível, logo existe uma transgressão do ensino bíblico. Satanás o deus pagão passou a ser aquele que deve ser temido, ouvimos e vemos em todos os lugares, as pessoas temerosas dizerem: não fale nesse nome, dá azar...

...Cuidado com a sua astúcia, ele enredou os Anjos e enganou os homens, e continua enganando com o objetivo de leva-los a perdição. Como disse a cima, má interpretação das escrituras, não é bíblico alguém, exceto Deus, remover a salvação espiritual de uma pessoa. Rm. 8. 37-39 “Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor!”

Resumindo, o nosso temor deve ser somente para com Deus, não precisamos temer os (ídolos demônios) não precisamos temer aquilo que é nulo em sí, 1ª Co. 8. 4 “Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo e que não há outro Deus, senão um só.”



sábado, 2 de outubro de 2021

A doutrina do santuário segundo o adventismo.

    O que entendemos ser uma base? A base é o apoio o suporte, a sustentação de algo. Logo, quando a base desmorona, tudo o que depende dela cai por terra. E no que concerne a questão religioso não é diferente, o próprio Jesus utilizou da base como metáfora, para um bom ou um mau fundamento religioso.

Mt. 7. 24-25 “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.

Como podemos identificar um ensinamento doutrinário religioso como estando embasado ou não? Primeiramente ele deve ser coerente com o ensino bíblico, segundo: não deve haver contradições entre o ensinamento e a bíblia, e terceiro: não deve haver miscelânea, ou seja, misturas de explicações objetivando encontrar apoio. Caso isso ocorra tal questão doutrinária religiosa deve ser relegado ao desprezo. E por falar em base doutrinária vejamos o que disse E. G. W. No seu livro História da Redenção, pg. 375.

(A passagem que, mais que todas as outras, havia sido tanto a base como a coluna central da fé do advento, foi a declaração: "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado.) Dan. 8:14.

A declaração que vimos dela é que a doutrina adventista do santuário não é somente a base, mas também a coluna central do adventismo. Portanto, precisamos saber se essa doutrina suporta os questionamentos que naturalmente incorrem sobre ela. A primeira questão a ser levantada é sobre o contexto bíblico, principalmente no que relaciona a historia dos dias da profecia de Daniel capítulo 8. visto ser ele o ponto de partida para a interpretação adventista da doutrina do santuário. Dn. 8. 14 “E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado.”

Ainda no livro História da Redenção na pg 377 ela continua dizendo: (Em 1844, com a terminação dos 2300 dias, não mais existia o santuário terrestre havia já séculos; portanto, o santuário celestial era o único que poderia ser trazido à luz nessa declaração: "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado." Dan. 8:14. Mas, como o santuário celestial necessitava de purificação? Retornando às Escrituras, os estudantes das profecias aprenderam que a purificação não era uma remoção de impurezas físicas, pois isso devia ser realizado com sangue e, portanto, devia ser uma purificação do pecado).

Na pg. 378 ela continua: (Assim, os que seguiram a luz da palavra profética viram que, em vez de vir Cristo à Terra, ao terminarem os 2300 dias em 1844, entrou Ele então no lugar santíssimo do santuário celestial, na presença de Deus, para levar a efeito a obra final da expiação, preparatória para Sua vinda).

Veremos se a declaração de E.G.W está ou não de acordo com a bíblia. Dn. 8. 5 “E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha uma ponta notável entre os olhos.”

Dn,. 8. 8-11 “E o bode se engrandeceu em grande maneira; mas, estando na sua maior força, aquela grande ponta foi quebrada; e subiram no seu lugar quatro também notáveis, para os quatro ventos do céu. E de uma delas saiu uma ponta mui pequena, a qual cresceu muito para o meio-dia, e para o oriente, e para a terra formosa. E se engrandeceu até ao exército dos céus; e a alguns do exército e das estrelas deitou por terra e os pisou. E se engrandeceu até ao príncipe do exército; e por ele foi tirado o contínuo sacrifício, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra”.

Não vamos ler todo o capítulo para não tornar a leitura enfadonha, por ora, vamos identificar quem esse bode representa, visto ser alguém que deu sequencia em seu empreendimento que contaminou o santuário do AT. Dn. 8. 21 “mas o bode peludo é o rei da Grécia; e a ponta grande que tinha entre os olhos é o rei primeiro.”

Dn. 8. 22 e 24 “O ter sido quebrada, levantando-se quatro em lugar dela, significa que quatro reinos se levantarão da mesma nação, mas não com a força dela. E se fortalecerá a sua força, mas não pelo seu próprio poder; e destruirá maravilhosamente, e prosperará, e fará o que lhe aprouver; e destruirá os fortes e o povo santo.”

Reparem que o verso claramente diz que o lidar da mesma nação se fortaleceria e destruiria muitos povos, inclusive o povo santo, a quem entendemos por Israel. Assim sendo, fica claro que o poder proveniente da Grécia faria ou fez cessar os serviços religiosos no templo em Jerusalém. E o que isso significa? Significa que a interpretação adventista sobre a contaminação do santuário é simplesmente reprovável.

Primeiramente não se trata em Daniel capítulo 8 de que os pecados dos crentes de todas as épocas tenha contaminado o santuário, essa interpretação é deplorável. Depois, o contexto do capítulo está se referindo ao santuário do AT. Portanto, refere-se aos judeus. Não há relato de santuário celeste nesse contexto. É dito também que a abominação adentrou no santuário por causa das transgressões dos judeus, nada diz sobre pecados de todas as eras, e muito menos de que Jesus esteja fazendo investigação por pecados dos crentes.

Diz também que a contaminação duraria (ATÉ) 2300 tardes e manhãs e o santuário seria purificado, já a interpretação adventista advoga a ideia de que o santuário começaria a ser limpo (APÓS) 2300 tardes e manhãs sendo que segundo eles, não são 2300 tardes e manhãs, mas sim 2300 anos literais.

O que vemos nisso tudo? Percebemos primeiramente a incoerência com o ensino bíblico. Depois percebemos confusão, entre o contexto bíblico e a doutrina, de uma lado a bíblia dizendo que quem causou a abominação foi os gregos, do outro o adventismo diz que foi o papado, ( ler o Grande Conflito) a bíblia diz que o santuário seria purificado no término das 2300 tardes e manhãs, já o adventismo diz que após os 2300 anos literais o santuário começaria a ser purificado.

Dn. 8. 12 “E o exército lhe foi entregue, com o sacrifício contínuo, por causa das transgressões; e lançou a verdade por terra; fez isso e prosperou.” Vemos que o santuário foi derribado por causa das transgressões, segundo o adventismo o santuário foi simbolicamente derribado pelo poder do papado, e por fim, como Jesus não veio em 1844 reinterpretaram a questão do santuário, ou seja, Jesus não viria naquele período à terra, mas entraria no santo dos santos, no santuário celestial.

Percebemos uma tremenda confusão tendo como intuito em adaptar uma doutrina, doutrina essa considerada não só a base, mas também a coluna central do adventismo. O que vemos em tudo isso é que podemos considerar a base do adventismo como sendo a casa edificada na areia, Mt. 7. 26-27 “ E aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”.

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

A Vitória é nossa.

  Desde cedo somos estimulados a perseguir certos objetivos, na realidade essa tendência para à conquista está impregnada na nossa natureza; e qual é o propósito real disso? Ser vitorioso! Essa é a máxima que ouvimos e com frequência também almejamos, quem não quer ter sucesso em seus empreendimento? Quem não quer ser vitorioso em sua carreira? Por certo é um agravo alguém não querer ser bem sucedido.

 A própria bíblia nos incentiva a termos certos objetivos Ec. 3. 13 “E também que todo homem coma e beba e goze do bem de todo o seu trabalho. Isso é um dom de Deus.” Ec. 9. 10 “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma.” A teologia do AT. É centralizada basicamente no aqui, isso nos trás a mente questões como: a lei, as boas obras, o sacerdócio, enfim, questões relacionadas ao momento.

 E por isso, Salomão e muitos outros escritores bíblico, traçaram a vida humana, como algo limitado pela sepultura, não que eles desconhecessem a necessidade do gênero humano comparecer perante o juízo, o próprio Salomão ensinou isso, Ec. 11. 9 “Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e alegre-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas essas coisas te trará Deus a juízo.”

 Contudo, o NT. Nos ensina algo além da sepultura, isto é, não limita a nossa vida, pelo contrário, a teologia do NT. Nos estimula a buscarmos a verdadeira vida. Existe coerência nesse pensamento? Sim! Se verdadeiramente a morte for o fim da existência, a vida não faz nenhum sentido, contudo, baseado na realidade da existência de um criador inteligente, podemos acreditar que a teologia do NT. É bastante compatível.

 Baseado nos dois testamentos, percebemos que o estimulo que recebemos, os objetivos perseguidos, a luta pela conquista tão impregnada em nosso ser, não nos torna vencedores e isso sem exceções, não importa se fulano A ou B adquiriu muitos bens em sua vida, a realidade humana embasada pela bíblia, nos mostra que a sepultura é o nosso limitador, portanto, no estagio atual em que vivemos, não existe vencedores, ao contrário, todos juntamente são derrotados pela morte.

 Isso não significa que devemos viver a vida sem objetivos, na verdade as realizações humanas fazem parte da nossa natureza, Ec. 1. 13 “E apliquei o meu coração a esquadrinhar e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; essa enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens, para nela os exercitar.” Destaco no entanto, que a bíblia, ou mais precisamente o NT. classifica a palavra vitória dentro do contexto espiritual como sendo um eterno presente, no contexto atual descrevemos essa palavra de duas maneiras: fulano é vitorioso, mas o mesmo fulano foi vitorioso, logo fulano não é vitorioso.

 Seguindo esse raciocínio, entendemos logo que o nosso entusiasmo é passageiro e ilusório, a realidade dos fatos nos comprova isso. O conceito bíblico de vitória é prevalecer sobre. Portanto, se somos vencidos pela morte fica evidente que somos derrotados por ela, Sl. 98. 1 “Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele fez maravilhas; a sua destra e o seu braço santo lhe alcançaram a vitória.” 1ª Jo. 5. 4 Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.“ 

 Aqui está o ponto de partida para tornarmos vitoriosos. Fica evidente que a vitória só acontece quando algo ou alguém, sobrepuja sobre o outro. Apesar de sermos sempre derrotados nesse contexto, temos a promessa de sermos vitoriosos, naturalmente essa promessa não perfaz a ideia de possuirmos milhões, pensamento este prevalecente no mundo atual, o pensamento atual é claro em dizer que o possuir é sinônimo de vitória.

 A promessa do NT. Engloba outros fatores, Ap. 20. 14 “E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte.” A palavra inferno é hades e significa profundeza, lugar escuro, sepultura, nada referente a um lugar de tormento ensinado pela cristandade. Será a partir desse acontecimento que possuiremos a vitória.

 1ª Co. 15. 54-55 “E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” Percebemos a relação de vida eterna e vitória, algo bastante distinto do pensamento e ensinamento atual.

 Reparem que os versos nos mostram ao menos duas coisas interessantes referente ao vencedor: incorruptibilidade e imortalidade. Segundo o ensino bíblico mais precisamente do NT. Só tornaremos imortais se não formos corruptíveis, e só seremos incorruptíveis se formos imortais, podemos destacar a corrupção em um duplo sentido, a corrupção do gênero humano afetado pelo pecado, e a corrupção física causada pelo contexto pós pecado.

 Fica claro também neste ensinamento que os vitoriosos não tem mérito algum, 1ª Co. 15. 57 “Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.” Não podemos ter méritos por aquilo que não operamos, não podemos operar onde não podemos atuar. A promessa da imortalidade é algo grandioso é algo espiritual, portanto longe da atuação humana, fica evidente nas palavras acima; “Graças a Deus que nos dá a vitória”.

 Portanto, a vitória não é algo que conquistamos. Na expressão bíblica ser vitorioso, é algo completo e pleno, algo inexistente neste mundo, sendo assim a vitória só será alcançada no mundo vindouro, na era atual existem sim aqueles que “vencem” e amenizam em partes a sua situação, contudo, tal vitória não é plena, no final existe sim uma derrota. Sl. 3. 8 “A salvação vem do Senhor; sobre o teu povo seja a tua bênção.”

 O conceito de salvação no AT. Se referia na sua grande maioria, ser salvo das mãos inimigas, e o mesmo parecer é encontrado no NT. Quando Paulo diz: Graças a Deus que nos dá a vitória, ele está tendo em mente ao menos dois inimigos mortais que impedi-nos de sermos vitoriosos, a saber: a natureza humana pecadora e a morte. Acredito que uma pessoa em sã consciência deveria se agarrar a essas promessas, caso contrário, a ilusão, e o próprio molde mundano, ensinará que sim, poderemos ser vitoriosos aqui e agora, mas a realidade dos fatos tem nos mostrado que por último, todos são derrotados.

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Sim, Deus é justo.

 No que concerne a questão que envolve Deus, Eu costumo sempre dizer: o fato de pretendermos algo não torna esse algo uma realidade. Digo isso baseado na descrença que encontramos na atualidade concernente ao poder criador revelado pela bíblia. A modernidade o modismo, tem ditado as regras sobre uma “nova visão” da não necessidade de Deus e mesmo do seu poder criador, a tecnologia o liberalismo influenciado pelo libertarianismo tem colocado em prática as seguintes palavras conforme encontrada em salmos, Sl. 10. 4 “Por causa do seu orgulho, o ímpio não investiga; todas as suas cogitações são: Não há Deus.”

Mas, como dito a cima, o fato de alguém querer, insistir, ensinar que Deus não existe, não anula a sua existência; e digo mais: todos, sem exceção, crentes e descrentes, as suas, a minha existência, está garantida só e puramente bondade e misericórdia de Deus. Existem ao menos dois aspectos perceptíveis aos nossos sentidos, que demonstram claramente a existência de Deus, ambas são descritas pela bíblia como algo proveniente do próprio Deus.

A primeira delas é a criação, Rm. 1. 19-20 “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.” Paulo faz uma narrativa evidente do poder criador de Deus, em outras palavras Ele diz: ora, se você quer crer em Deus, o seu poder criador testemunha em seu favor. No entanto, você não é obrigado a crer, porém, isso não anula o poder criador de Deus.

Sim, a criação como um todo ( animado e inanimado) evidenciam o poder de Deus, porém, o ser vivente demonstra isso mais claramente. Atentemos para o fato de que antes da nossa existência não somos capazes de relatar nenhum fato ocorrido, exceto através da história, isso naturalmente se dá devido a nossa inexistência, não podemos testemunhar algo que não presenciamos, porém, manifestamos para a vida, e isso sem nenhuma petição ou esforço de nossa parte. Sim, a vida é um milagre, e milagre é a ação de Deus, executando o impossível aos nossos olhos.

Não fizemos nenhum esforço para nascer, não instruímos o nosso coração a bater, a vida é algo completamente espontânea, no entanto, Deus estabeleceu leis as quais seguem o seu curso obedecendo o seu legislador, Ap. 4. 11 “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas.”

Assim sendo, todos indistintamente são devedores a Deus, em outras palavras somos inteiramente dependentes de Deus, não só para a nossa existência, como para a nossa subsistência, Dt. 32. 39 “Vede, agora, que eu, eu o sou, e mais nenhum deus comigo; eu mato e eu faço viver; eu firo e eu saro; e ninguém há que escape da minha mão.” Portanto, à vida testifica grandemente do poder criador de um Deus justo e inteligente.

Muitos contestam argumentando que não existe justiça em meio a um mundo mau; isso é parcialmente uma realidade, quando digo parcialmente, me refiro ao fato de que todas as coisas estão patentes e sob o controle de Deus, até mesmo a maior calamidade manifestada aos nossos olhos, porém isso não tira de Deus a bondade e a justiça. Na verdade os acontecimentos em todas as suas formas, são o desenrolar da história de um mundo mergulhado no pecado.

A argumentação prossegue quando se pergunta: como Deus pode ser bom é justo se o mundo está mergulhado em pecado? O pecado também está sob o controle de Deus, por fim será extirpado do meio da criação. E quanto a entrada do pecado? Isso também está de acordo com a sua vontade; o desenrolar da história é bastante diversificado, contudo, no final, tudo culminará com os desígnios e conselhos de Deus, Is. 46. 10 “Que anuncio o fim desde o princípio e, desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade.”

Duas questões as quais nós devemos de sempre atentar, Deus agirá sempre em sintonia com o seu plano eterno, nenhuma angustia ou clamor humano, pode apressar os desígnios de Deus, somos regidos pelo “tempo” e tudo tem um tempo e um propósito. E, também, o mal moral e mesmo o mal físico são primariamente responsabilidade dos homens amenizar, sim, Deus move a história, o homem atua nela. E por que Deus não atua diretamente na história acabando com os sofrimentos?

Ele, não o faz ainda, 1ª Co. 15. 24 “Depois, virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império e toda potestade e força.” O verso está claramente nos dizendo que na atualidade o reino de Deus não está ativo e isso pode ser comprovado com outro verso bíblico, Dn. 4. 17 “Esta sentença é por decreto dos vigiadores, e esta ordem, por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens; e os dá a quem quer e até ao mais baixo dos homens constitui sobre eles.”

Lc. 11. 2 “E ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino.” Ou seja, algo para o futuro. Podemos assegurar que a justiça de Deus em sua abrangência, ocorrerá após o reino dos homens, no entanto, algo bem atual e tão velho quanto o mundo nos demonstra certamente a justiça de Deus. E essa é a segunda questão; a morte, isso mesmo. Assim como não fazemos nenhum esforço para nascer, todos em sã consciência fazem um tremendo de um “esforço” para não morrer.

Contudo, de nada adianta, contra a morte nada vale, o dinheiro, a posição, o destaque ou qualquer outra coisa que possa elevar o gênero humano, Ec. 3. 20 “Todos vão para um lugar; todos são pó e todos ao pó tornarão.” Rm. 5. 12 “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram.”

Se dependesse do gênero humano, alguns nasceriam e outros não, alguns morreriam e outros não. Mas, com Deus não é assim, portanto, fica evidente a justiça imparcial de Deus.



quinta-feira, 1 de julho de 2021

Jesus e o maná.

Entre outros erros encontrado na “ortodoxia” cristã, está a propensão de tornar literal sempre aquilo que é naturalmente simbólico, ou espiritualizar sempre aquilo que é por natureza literal. Um exemplo claro de um simbolismo encontrado na narrativa bíblica está João capítulo 6. Jo. 6. 48 “Eu sou o pão da vida”. Estaria Jesus afirmando de modo cristalino de que Ele é um pão? E mais, estaria Jesus afirmando taxativamente que desceu do céu?

Precisamos entender todo o contexto bíblico somente assim não faremos afirmações precipitadas. O assunto começa a se desenrolar baseado em cima do pão, por que isso? Jo. 6.1-2 e 5 Depois disso, partiu Jesus para o outro lado do mar da Galileia, que é o de Tiberíades. E grande multidão o seguia, porque via os sinais que operava sobre os enfermos. Então, Jesus, levantando os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pão, para estes comerem?”

O pão está em relevo pelo fato de ser o item, o produto a ser utilizado naquele momento, ele não foi destacado para dizer que Jesus literalmente é um pão. Em outras palavras a realidade que seguiu aquele momento, serviu para Jesus fazer uma analogia, baseado naquilo que o povo precisava que foi o pão, em outras palavras o pão foi o meio utilizado por Jesus tendo como objetivo em levar o povo a tê-lo como o enviado de Deus.

Jo. 6. 24-26 “vendo, pois, a multidão que Jesus não estava ali, nem os seus discípulos, entraram eles também nos barcos e foram a Cafarnaum, em busca de Jesus. E, achando-o no outro lado do mar, disseram-lhe: Rabi, quando chegaste aqui? Jesus respondeu e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que me buscais não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes”.

Mas o povo não via assim, o milagre da multiplicação dos pães era algo “normal” para os judeus, eles conheciam o milagre do pão “maná” que já havia acontecido, tanto é assim que quando Jesus estava direcionando as suas mentes para que eles pudessem não segui-lo apenas pelo milagre da multiplicação, eles logo lançaram-lhe este acontecimento, a saber: o milagre do maná nos dias de Moisés.

Jo. 6. 30-31 “Disseram-lhe, pois: Que sinal, pois, fazes tu, para que o vejamos, e creiamos em ti? Que operas tu? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer o pão do céu”. Em outras palavras eles disseram: Moisés também fez um milagre idêntico e nem por isso disse que deveriam crer nele. Qual foi a resposta de Jesus? Jo. 6. 32-33 “Disse-lhes, pois, Jesus: Na verdade, na verdade vos digo que Moisés não vos deu o pão do céu, mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo”.

Neste momento Jesus passa a fazer uso da analogia, ou seja, passa a ser simbolizado pelo pão. Assim como o maná que veio do céu, prolongou a vida terrestre dos judeus, Jesus estipulou as mesmas qualidades, propôs a vida, não a terrestre, mas a vida eterna, e para isso ele deveria ter as mesmas características do maná, ou seja, dar vida, vir do céu, ser enviado por Deus, os versos a cima deixa isso claro.

O contexto fortalece essa realidade, Jo. 6. 34-36 “Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-nos sempre desse pão. E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede. Mas já vos disse que também vós me vistes e, contudo, não credes”. O pão repartido após o milagre, a busca da maioria dos seus seguidores pelo pão que perece, a lembrança do maná que foi distribuído no deserto, serviu de pano de fundo para a narrativa de Jesus. Os seus seguidores disseram: o milagre da multiplicação do pão existiu, associaram a história antiga relacionada ao maná, foi o que Jesus precisava, se o povo estava a procura de pão ele passou a ser o pão da vida dado por Deus.

Isso não significa de nenhuma forma ser Jesus um pão no verdadeiro sentido da palavra, os versos lidos acima continuam confirmando essa realidade, quando ele disse: (Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome;) vem a mim, em que sentido? Com o intuito em mastigá-lo? De maneira nenhuma! Ir até ele, é crer ser ele, o enviado de Deus. Caso seja diferente ele terá de ser considerado literalmente como a água, foi o que ele disse no mesmo verso: (e quem crê em mim nunca terá sede).

Nos versos a seguir Jesus volta a fazer a sua analogia, utilizando o maná, Jo. 6. 48-51 “Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer desse pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.

Foi quando alguns dos seus seguidores não entenderam, então disseram: Jo. 6. 52 “Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como nos pode dar este a sua carne a comer?” Isso não pode ser, não existe esse costume entre os judeus, assim sendo os seus seguidores compreenderam corretamente de que Jesus não falava literalmente, infelizmente eles não conseguiram assimilar a ideia da analogia, entre o maná vindo do céu enviado por Deus, com o intuito de saciar o povo e Jesus o pão que propõe uma vida melhor.

Vejamos mais uma vez a associação feita: Jo. 6. 58 “Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre.” Como disse anteriormente, o comer da carne de Jesus está associado a buscá-lo, a crer em seu nome, assim como os seus discípulos o seguiram por causa dos sinais e sobretudo pelo milagre da multiplicação, assim ele nos orienta a buscá-lo, como uma necessidade de alguém que almeja o alimento, neste caso o pão físico.

A maioria dos seus seguidores não compreenderam a analogia feita, fugiram pensando se tratar de um novo ensinamento o qual propunha até mesmo o canibalismo, muitos atualmente interpretam esse capítulo de João a questão do pão vindo do céu como sendo algo real, literal, mas reparem as palavras do próprio Jesus repreendendo os seus seguidores, Jo. 6. 60 “Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isso, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?”

Em outras palavras eles disseram: o homem deve estar louco como pode nos dá de comer de sua carne e a beber do seu sangue? Foi quando Jesus os repreendeu demonstrando que eles desconheciam as suas palavras e colocações, Jo. 6. 63 “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida.” Em outras palavras Jesus disse: o que estou dizendo para vocês é algo puramente espiritual, e essa falta de compreensão espiritual impediu vocês de verem.


quinta-feira, 3 de junho de 2021

Analisando uma denominação religiosa por meio da bíblia.

Existem vários métodos pelos quais podemos utilizar com o objetivo de se provar se uma denominação religiosa dita cristã está dizendo a verdade. Principalmente se tal denominação religiosa cristã, professa ter e ensinar só e puramente a verdade encontrada na bíblia; e dentre esses métodos, podemos utilizar um, que provara ou reprovara de vez o que a dita denominação está ensinando.

Atentemos agora, para as declarações de E. G. W profetiza dos adventistas, concernente aos seus ensinamentos e afirmações sobre a questão implicada nos dízimos, ela diz: (Vivemos num tempo de solene privilégio e santo legado, num tempo em que nosso destino está sendo decidido para a vida ou para a morte. Despertemos. Vós que pretendeis ser filhos de Deus, trazei vossos dízimos para o Seu tesouro. Dai vossas ofertas voluntária e abundantemente, segundo Deus vos tem feito prosperar. Lembrai-vos de que o Senhor vos confiou talentos, com os quais deveis diligentemente negociar para Ele.) Conselhos sobre mordomia, Pg. 85.

Outra declaração feita por ela: (O último grande dia revelará tanto a eles como a todo o Universo que bem se poderia ter feito, não tivessem eles seguido suas inclinações egoístas, e assim roubado a Deus nos dízimos e ofertas. Poderiam ter posto seu tesouro no banco do Céu, preservando-o em sacos que não envelhecem; mas, em vez de o fazerem, gastavam-no consigo mesmos e com seus filhos, e pareciam temer que o Senhor lhes tirasse um pouco do dinheiro ou da influência, e assim tiveram de sofrer perda eterna.) Idem pg 86.

E ela continua dizendo: (A Oração não Substitui o Dízimo, a oração não tem o fim de operar qualquer mudança em Deus; ela nos põe em harmonia com Ele. Não ocupa o lugar do dever. Por mais frequentes e fervorosas que sejam as orações feitas, jamais serão aceitas por Deus em lugar de nosso dízimo. A oração não paga nossas dívidas para com o Senhor.) Idem pg. 99.

Naturalmente essas declarações deveriam ser consideradas uma heresia, não são consideradas, devido ao fato de que quase todas as denominações, executam, estimulam a prática do dízimo, assim sendo, “estão todas dentro da ortodoxia” em outras palavras estão de comum acordo. Mas, o que a bíblia diz dessas declarações? Primeiramente deixa-me organizar as questões, ou seja, podemos classificar as argumentações de E. G. W. Em dois temas distintos, a saber: seria o dízimo uma obrigação na na nova aliança? E, a salvação, se dá pela graça, ou pelas obras?

A questão do dízimo e a sua NÃO obrigação na nova aliança, não será discutido neste assunto, Ef. 2. 8-9 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” A ênfase na salvação pelas obras, é um dos maiores aliados daquelas pessoas que querem descobrir a verdade acerca das falácias ditas e repetidas nas denominações religiosas cristãs concernente a sua propaganda de se intitular igreja verdadeira, movimento levantado por Deus, povo predito na escritura...

Ao propagar a salvação pelas obras essas denominações estão literalmente dizendo: pregamos uma verdade nossa! Uma verdade inventada, com o intuito em terrorizar o pobre indivíduo e prendê-lo em seus laços, sim a realidade que ao propagar a salvação pelas obras eles estão em total desacordo com a bíblia; a bíblia diz: Não vem das obras, para que ninguém se glorie.

Gl. 2. 16 “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.” Em um de seus textos lido a cima, E. G.W. Faz uma declaração um tanto contraditória, vejamos: (A Oração não Substitui o Dízimo, a oração não tem o fim de operar qualquer mudança em Deus; ela nos põe em harmonia com Ele. Não ocupa o lugar do dever. Por mais frequentes e fervorosas que sejam as orações feitas, jamais serão aceitas por Deus em lugar de nosso dízimo. A oração não paga nossas dívidas para com o Senhor.)

Ela diz que a oração não substitui o dízimo, e ela também não opera nenhuma mudança em Deus e diz mais, a oração não nos põe em harmonia com Deus. Baseado em suas declarações entendemos que segundo E. G. W. O dízimo opera uma mudança e nos põe em harmonia com Deus, se dou o dízimo, logo não sou mais devedor e tenho aceitação por parte de Deus. Em outra citação acima ela diz também: Vós que pretendeis ser filhos de Deus, trazei vossos dízimos para o Seu tesouro.

Segundo as suas palavras se não levo os dízimos para o seu tesouro??? Não sou filho de Deus. Tg. 2. 17 “Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.” Esse é o verso utilizado por aqueles que defendem as obras para salvação, no entanto crer que a salvação está baseada em obras, ou mesmo que Deus irá rejeitar alguém pelo fato desse alguém não ser dizimista soa como o evangelho do terror.

Outra realidade bíblia é que ninguém por si mesmo pode se tornar filho de Deus, 1ª Jo. 4. 19 “Nós o amamos porque ele nos amou primeiro.” 1ª Pe. 1. 2 “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: graça e paz vos sejam multiplicadas.” Outra pergunta a ser feita é: onde é a casa do tesouro para que possamos levar o dízimos?

No que diz respeito as obras referidas por Tiago, NÃO devemos entender tais palavras, como sendo um mandamento com o objetivo de angariarmos a salvação, Tg. 2. 18 “Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.”

Na verdade é o inverso daquilo que é ensinado por essas denominações, ele está dizendo que a salvação é demonstrada pelas obras. Assim sendo, percebemos que E.G.W. Está forçando o contexto com o objetivo em aterrorizar e aprisionar o crente de sua denominação, demonstra com isso que o adventismo é igual a todas as outras denominações ditas cristãs, não difere em nada em termos de aceitação por parte de Deus.

Não existe salvação por meio de obras, Is. 64. 6 “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; e todos nós caímos como a folha, e as nossas culpas, como um vento, nos arrebatam.” Segundo o ensino bíblico, a salvação se manifesta por meio de boas obras, não o inverso disso. (Se manifestar e diferente de operar).

sábado, 1 de maio de 2021

Criados à imagem de Deus.

    Dt. 4. 15 “Guardai, pois, com diligência as vossas almas, pois nenhuma figura vistes no dia em que o Senhor, em Horebe, falou convosco do meio do fogo.” A bíblia é clara em afirmar nesse e em outros versos, que Deus não possui uma forma a qual podemos comparar, Deus não é temporal, portanto, Ele não está sujeito as limitações da matéria.

Como conciliar então, essa afirmação com outros versos bíblicos, a saber: Gn. 1. 26 “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.”

Cl. 3. 10 “E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou.” Não existe contradição nem mesmo dificuldades para podermos conciliar essa questão, o que existe na verdade é uma falsa compreensão daquilo que a bíblia apresenta como sendo à imagem de Deus.

A falsa compreensão relacionada a esse assunto acontece, devido ao fato de interpretarmos essa questão baseados apenas naquilo que intuímos como sendo uma imagem; a nossa mente interpreta uma imagem como sendo um reflexo daquilo que somos, ou daquilo que percebemos ao nosso redor.

Mas, a realidade não é esse o sentido bíblico da imagem de Deus. Vimos contudo em gênesis 1. 26 o verso relatando que fomos criados sim à imagem de Deus, bem, se não podemos interpretar o relato bíblico de imagem como sendo uma forma física a qual expressamos a Deus, o que seria então? Sl. 8. 4-6 “Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés.”

Percebemos aqui uma característica da imagem de Deus compartilhada ao homem, o domínio sobre a criação, Gn. 1. 28 “E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.”

Portanto, a imagem de Deus é algo que foi compartilhado conosco, nada tem haver com aparência física; e mesmo o domínio sobre as obras da criação o qual não foi completamente perdido na queda, trás consigo atributos naturais tais como: racionalidade, uso da linguagem, conceitos de tempos e números, ou seja, a capacidade de raciocínio, essas são características da imagem de Deus que foi compartilhada unicamente com os seres humanos.

Outros atributos da imagem que foram quase que completamente perdidos foram, a justiça, a misericórdia e o amor, por isso o NT. Nos estimula a “resgatarmos” a imagem de Deus, Ef. 4. 24 “E vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade.”

Portanto, se a bíblia nos encoraja a resgatarmos a imagem de Deus, fica claro que isso não pode ser algo físico, principalmente relacionado a um corpo. O mesmo erro de interpretação acontece quando a bíblia diz que Cristo é a imagem de Deus, Cl. 1. 15 “O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação.” Segundo o que nos é apresentado pela bíblia, Cristo compartilhava com as pessoas ao seu redor plenamente os atributos da imagem de Deus, o fato da bíblia dizer que Ele é a imagem do Deus invisível, refere-se exatamente as suas obras, as quais podem ser traduzidas como sendo: (perdão, misericórdia, compaixão, justiça e amor. Diga-se de passagem obras essas realizadas pelo próprio Deus, por meio de Cristo.

Jo. 10. 38 “Mas, se as faço, e não credes em mim, crede nas obras, para que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim, e eu, nele.” Outro elemento importante da imagem de Deus em nós é a nossa consciência dele, isso nenhum animal demonstra. Ao menos duas passagens bíblicas demonstram essa diferenciação, Gn. 9. 6 “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem.”

No AT. A pena de morte para assassinatos feitos injustamente era requerido a pena máxima para o assassino, isso pelo fato do homem ter sido criado a imagem de Deus, Tg. 3. 8-9 “Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.”

Percebemos então, que a imagem de Deus em nós após a queda não deixou de existir, só ficou “aleijada” precisando ser restaurada e isso nos é dito em Judas verso 10 “Estes, porém, dizem mal do que não sabem; e, naquilo que naturalmente conhecem, como animais irracionais, se corrompem”. Estando a imagem de Deus corrompida, a irracionalidade e brutalidade tomam o seu lugar.

Já o NT. Nos dá um padrão de medida relacionado a imagem de Deus, e esse padrão é Jesus, o Cristo. Rm. 8. 29 “Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” Paulo nos diz para aderirmos a imagem de Jesus, pelo fato dele ser considerado a expressa imagem de Deus.

2ª Co. 4. 4 “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” Vimos então, que a imagem de Deus em nós nos torna diferentes do resto da criação; e que ela de nenhuma forma refere-se a algum tipo de imagem literal representada por formas e contornos, o mesmo é válido para Cristo com relação a imagem de Deus, pelo fato de Jesus ser homem apesar de ser glorificado ainda possui características de corpo e formas, algo que Deus não possui.



quinta-feira, 1 de abril de 2021

João 14. e o pronome ele.


Jo. 14. 16-17 “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós”.
Existem três razões principais pelas quais as pessoas pensam que o espírito santo é uma pessoa. Primeiro porque é traduzido como “o” Espírito Santo", em vez de "espírito santo", mesmo quando o texto grego não possui o artigo "o" os tradutores assim o fazem. Segundo, o "E" e o "S" ficam em maiúsculo, indicando um nome próprio, mesmo quando não existe razão no texto grego ou no contexto do versículo. Terceiro, pronomes pessoais como "ele" nos versos referidos, dão a entender que se trata de uma pessoa.

A língua grega, como aquelas que foram derivadas do latim (português, espanhol, francês, italiano, etc.), atribui um gênero específico para cada substantivo. Cada objeto, animado ou inanimado, é designado como masculino ou feminino [ou neutro no caso do grego]. Por exemplo, em português a palavra “tijolo”, está no gênero masculino e se refere ao pronome português “ele”. Igualmente, a palavra “panela”, está no feminino. É claro, embora estes substantivos tenham gênero, esse gênero não se refere ao fato de serem macho ou fêmea.

Na língua hebraica, na qual o Antigo Testamento foi escrito, a palavra traduzida como “espírito”,ruach, é apresentada com pronomes femininos. Mas o Espírito Santo certamente não é do sexo feminino ou uma mulher. Em grego, palavras masculinas e assim como palavras de gênero neutro são usadas para se referir ao Espírito Santo. A palavra grega traduzida como “Consolador”, “Auxiliador”, “Confortador” e “Advogado” [dependendo na versão que usa] nos capítulos de João 14 a 16 é parakletos , uma palavra masculina no grego e, assim, referido nesses capítulos por pronomes gregos equivalentes ao português “ele”.

Por causa das regras gramaticais do grego e do português, é incorreto concluir que o Espírito Santo seja uma pessoa, porque é referido no masculino, como “ele” ou “o qual”. Somente se soubéssemos que o parakletos ou o auxiliador fosse de fato uma pessoa é que poderíamos concluir que é uma pessoa. O pronome masculino não garante que estamos falando de uma pessoa. No entanto, o termo parakletos, pode sim se referir a uma pessoa, quando realmente se referir a uma pessoa, como é o caso de 1ª Jo. 2. 1 “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo.”

Porém, o Espírito Santo em nenhum lugar é designado com pessoalidade. Além disso, não há absolutamente nenhuma justificativa teológica ou bíblica para se referir ao termo “Espírito Santo” com pronomes masculinos, mesmo em grego. A palavra grega pneuma, traduzida como “espírito” (mas também traduzida como “vento” e “sopro” no Novo Testamento) é uma palavra gramaticalmente neutra. Assim, na língua grega, os pronomes equivalentes ao português “que” ou “aquilo” são utilizados corretamente quando se refere a esta palavra traduzida ao português como “espírito”.

Por exemplo: At. 2. 33 “Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis.” Reparem que o próprio Pedro designa o espírito como sendo algo, não como alguém. No entanto, quando a tradução de João Ferreira de Almeida foi concluída e impressa, em 1753, a doutrina da trindade já estava sendo aceita há mais de mil anos. 

Então, naturalmente, os tradutores dessa versão, influenciados por essa crença, escolhiam os pronomes pessoais, em vez de neutro, referindo-se ao Espírito Santo em português. Como dito acima, o fato de existir um pronome pessoal para o espírito santo, não significa que esteja tratando de uma pessoa, por exemplo: Mt. 10.12-13 “E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; E, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz”. Percebe-se neste verso o pronome pessoal feminino designando à casa, no entanto, podemos afirmar com certeza de que a casa não é alguém, mas sim algo.

Jo. 16. 13 “Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.” Para os trinitarianos o pronome masculino ele desse verso comprova a pessoalidade do espírito santo, pois diz “ele vos guiará” lembrando sempre que, alguns versículos referentes ao espírito nos quais um pronome pessoal masculino foi adicionado é por causa da teologia do tradutor.

Mas, os verbos gregos não têm gênero, Como os trinitarianos acreditam que o contexto de João 16 é a "Pessoa", "do Espírito Santo", eles traduziram “ele vos guiará” como o verbo não tem gênero, poderia ser traduzido como: “guiará” ou “ela guiará”, o que for melhor apoiado pelo contexto. Outra questão interessante se encontra em Lc. 11. 24-26 “Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos, procurando repouso; e, não o achando, diz: Voltarei para minha casa, donde saí. E, tendo voltado, a encontra varrida e ornamentada. Então, vai e leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele homem se torna pior do que o primeiro.”

Mas temos certeza de que o demônio é um "ele"? O verbo grego não tem gênero e pode ser masculino, feminino ou neutro, devido à teologia convencional, ninguém diz "ela". Na mente de todos, o demônio é um ser masculino ainda que não comprovado, (1) ninguém viu o sexo dos demônios (2) o demônio era uma crença que abrangia as pessoas daquela época e isso devido a influencia, o local e o contexto.

Jo. 14. 17 “O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós.” Os trinitarianos bradam dizendo: “ele habita convosco” é prova de que é uma pessoa. Não mesmo. As palavras "Ele habita convosco" é uma interpretação do grego, que é simplesmente "habita" na terceira pessoa do singular e, portanto, poderia ser "ele habita", "ela habita" ou "habita". Nesse caso, Jesus está falando do dom de Deus, do espírito santo, que é "algo" e não uma "Pessoa", portanto, é apropriado sim dizer "ele habita", ou em outras traduções “permanece conosco”, ou seja, o presente de Deus, o dom, a dádiva de Deus, ele, ela, ou habita, permanece conosco.


terça-feira, 2 de março de 2021

Deus, o diabo e os seus descendentes, uma realidade espiritual.

Gn. 3. 14-15 “Então, o Senhor Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.

Nestes dois versos, a bíblia nos apresenta duas questões muito interessantes, a primeira é de ordem puramente física, ou seja, como resultado final por ter estimulado Eva ao pecado, Deus está amaldiçoando a serpente, e a segunda é de ordem puramente espiritual, nos é dito que a serpente tem os seus descendentes. Como poderia ser isso? Como dito acima essa filiação é de ordem espiritual. Do mesmo modo a bíblia diz sobre os descendentes da mulher.

E ainda sobre questões que tratam de paternidade as quais também são de ordem puramente espiritual temos os versos a seguir, Rm. 8. 16 “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. 1ª Jo. 3. 2 “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é”.

O verso é claro em dizer: (Agora somos filhos de Deus), dando uma ideia de paternidade adotiva ou espiritual, o simples fato de sermos criaturas de Deus não significa que somos filhos Dele, pois, Deus é Espírito, transcendente e imortal, nós não fomos gerados por Deus, somos humanos, criaturas físicas e mortais. Quando a bíblia retrata sobre os descendentes da serpente X descendentes da mulher, ela quer destacar um antagonismo, ou seja, uma tendência contrária, uma rivalidade.

Ainda sobre a paternidade espiritual, nós podemos ver isso destacado claramente no evangelho de João; isso se deu em um embate com os líderes religiosos judaicos da época, Jo. 8. 38 “Eu falo das coisas que vi junto de meu Pai; vós, porém, fazeis o que vistes em vosso pai.” Outras traduções dizem: (e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai). Deve ficar claro que o estar junto de vosso pai, é uma personificação, não uma realidade.

Apesar da personificação da paternidade a rivalidade entre os dois grupos de gênesis 3. 15 sempre foi literal, ou seja, a paternidade em ambos os lados é espiritual, no entanto, a oposição é bem visível e essa tendência contrária pode ser vista desde os primórdios, Gn. 4. 8 “E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou”.

1ª Jo. 3. 12 “Não segundo Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas”. A bíblia conclui que Caim era do maligno, o qual tem o mesmo significado de serpente e diabo, naturalmente são palavras que personificam a natureza humana caída não regenerada, isso é demonstrado no próprio verso quando lemos sobre Caim, nos é dito que as suas obras eram más, significando que sua tendência pecaminosa prevaleceu sobre ele.

Outro fato importante deve ser destacado, não foi o homicídio cometido por Caim que o tornou um descendente da serpente, repare que a bíblia diz que as suas obras eram más, ter prazer na prática do pecado é uma característica dos descendentes da serpente, naturalmente essa é apenas uma questão dentre várias outras, 1ª Jo. 3. 8-9 “Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus”. Todos nós praticamos pecado, não há um que não peque, a grande questão é: temos nós prazer em viver na prática do pecado? O verso 9 responde bem essa questão.

Dentre as várias práticas cometidas por pessoas avessas a Deus e sua palavra, podemos destacar também o que se encontra em Gn. 4. 16 “Retirou-se Caim da presença do Senhor e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden” Jr. 14. 10 “Assim diz o Senhor sobre este povo: Gostam de andar errantes e não detêm os pés; por isso, o Senhor não se agrada deles, mas se lembrará da maldade deles e lhes punirá o pecado”.

Naturalmente o andar errante nesses episódios é estar longe da presença de Deus. Outra característica daqueles que são designados como os descendentes da serpente se encontra em Pv. 17. 11 “O rebelde não busca senão o mal; por isso, mensageiro cruel se enviará contra ele”. Essa rebeldia refere-se a uma rebeldia espiritual, uma rejeição natural daquilo que Deus sancionou como sendo uma realidade para seguirmos.

Podemos destacar outros atributos contrários a Deus e sua palavra, Sl. 14. 1 “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem”. Rm. 1. 20 “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”.

Os versos aqui falam da incredulidade, apesar dos incrédulos verem na natureza o poder criador de Deus, eles o rejeitam, e essa incredulidade vem acompanhada em muitas das vezes com blasfêmias e sarcasmos, mas a bíblia descreve tais atitudes e pessoas, como sendo os descendentes da serpente. E por último uma característica que a bíblia usa para classificar quem é quem nessa história, 1ª Jo. 3. 10 “Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão”.

Aqui nós devemos de atentar para o seguinte fato: quando se fala de irmãos entende-se que está se falando de um só pai, logo os irmão terão que ser filhos do único Deus, que a bíblia diz ser o pai, e ser filhos espirituais (adotivos, regenerados) desse único Deus. Outro fato também, é que infelizmente nós não conseguimos classificar o que seja esse amor, entre os irmãos.

Em suma, a bíblia apresenta essas e outras propriedades, contra e a favor a Deus e sua palavra, podemos ver nesses versos o que ela diz ser filhos de Deus e filhos do diabo, descendentes da mulher e descendentes da serpente, filhos do espírito e filhos da carne ou do pecado, no entanto, apesar de destacar essas características, nós não podemos avaliar as pessoas, não podemos classificá-las, essa distinção de espiritualidade será julgada por Deus, o que fizemos aqui foi uma análise daquilo que a bíblia diz ser ambos os descendentes.