sexta-feira, 15 de junho de 2018

É bíblico o congregar em uma denominação?

   Infelizmente nós como cristãos no que diz respeito aos assuntos religiosos absorvemos em nossas mentes muito daquilo que nos foi ensinado pela tradição e pouco ou quase nada do fato histórico propriamente dito; e assim, somos facilmente manipulados, tendentes a seguirmos as prescrições dos líderes (e isso em todas as esferas).
   
 Na questão religiosa ou mais propriamente a cristã, percebemos esta absorção principalmente na questão doutrinaria, seguindo de outros ensinamentos tidos como muletas do sistema denominacional, tais como: devemos obedecer ao líder religioso em tudo, visto ser ele o ungido do senhor; não devemos deixar de congregar, estou informado que a minha denominação é a verdadeira e etc.
   
  O assunto de hoje eu quero falar sobre onde devemos congregar. Não é incomum quando estamos conversando com alguém sobre religião e este faz a seguinte pergunta: onde, ou qual igreja você frequenta? Geralmente essa pergunta surge pelo fato de que tal pessoa, absorveu e muito os ensinamentos de sua congregação de que precisamos congregar em uma igreja, ou mais propriamente devemos nos reunir em um templo físico.
   
  E isso se dá naturalmente, devido a questão tratada nas linhas acima, ou seja, nós como povo basicamente só aprendemos ou assimilamos a tradição, não o fato histórico em si. Em outras palavras somos partidários do ensinamento de que Deus só se faz presente em um lugar denominado igreja ou instituição religiosa, a ideia ou o fato histórico de uma igreja no lar não nos soa muito interessante.
   
  Existe um texto que parece apoiar a ideia de que precisamos realmente congregarmos em uma denominação, mas devemos ter sempre em mente que tal parecer só é possível devido a lavagem tradicional que por anos recebemos. Hb. 10. 25 “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia”.
   
 A palavra grega utilizada é episunagógé a frase poderia ser traduzida como “Não negligenciemos nossas reuniões congregacionais”, naturalmente a carta foi dirigida primariamente para os judeus convertidos e assim sendo, eles deveriam se reunir com aqueles que partilhavam a mesma fé; eis o problema que surge, onde essas pessoas se reuniram? 
   
  O templo de Jerusalém não era, devido ao fato de não ser permitido a entrada de pessoas que não fossem judeus no interior do mesmo, quanto alguns versos relatam Pedro e outros discípulos dentro do templo, não significa que os demais cristão estavam com eles. Outro fato é que quando eles começaram a pregar a Jesus e a ressurreição foram retirados do templo.
   
  At. 5. 26-28 “Então foi o capitão com os servidores, e os trouxe, não com violência (porque temiam ser apedrejados pelo povo). E, trazendo-os, os apresentaram ao conselho. E o sumo sacerdote os interrogou,Dizendo: Não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina, e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem”.
   
  Deve ser salientado também o fato de que seria impossível a igreja primitiva adquirir um terreno e implantar um templo físico, isso pelo fato do impedimento causado pelos poderes políticos e, sobretudo religiosos, não havia outro meio a não ser reunirem-se nas casas.
   
  Rm. 16. 3-5 “Saudai a Priscila e a Áqüila, meus cooperadores em Cristo Jesus, Os quais pela minha vida expuseram as suas cabeças; o que não só eu lhes agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios. Saudai também a igreja que está em sua casa. Saudai a Epêneto, meu amado, que é as primícias da Acaia em Cristo”. Cl. 4. 15 “Saudai aos irmãos que estão em Laodicéia e a Ninfa e à igreja que está em sua casa”. Fm. 1. 2 “E à nossa amada Áfia, e a Arquipo, nosso camarada, e à igreja que está em tua casa”.
   
  A história relatada na bíblia testifica com a realidade de que os primeiros cristãos não buscavam a Deus em templos físicos, isso se deu primeiramente pelo impedimento causado pelos poderes dominantes da época, conforme vimos acima e também pelo fato de que o NT. Trouxe uma realidade mais profunda, isto é, uma realidade espiritual. 
   
  No AT. A ordem de culto requereria todo um mecanismo que pudesse ser utilizado para as práticas necessárias que predominavam o rito, tais como: bacias, cálices, mesa, candelabro, altar, incensário, ofertas e etc. assim sendo, necessário seria também um local ideal, não só para abrigar todos os utensílios, como para realizar as práticas exigidas advindas dos ritos e cerimônias.
   
  Apesar de no AT. O local de culto ser instituído por Deus, não existe uma declaração bíblica que sugira que seja neste local o único lugar onde se encontrava Deus, pelo contrário, 2ª Cr. 6. 18 “Mas, na verdade, habitará Deus com os homens na terra? Eis que os céus, e o céu dos céus, não te podem conter, quanto menos esta casa que tenho edificado?” At. 7. 49 “O céu é o meu trono, E a terra o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis? diz o Senhor, Ou qual é o lugar do meu repouso?”
   
  Isso nos demonstra claramente que não existe um lugar específico para cultuar a Deus, o que a bíblia ensina e estimula são as reuniões daqueles que creem, com o objetivo único de estimular a fé na palavra de Deus. Por isso hebreus 10. 25 estimula a prática da reunião, mas se filiar a um sistema denominacional com o intuito de encontrar Deus é ser guiado demais pelas tradições, Jo. 4. 23-24 “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”.
   
  Nunca podemos ser levados pela ideia de que o lugar para se encontrar com Deus é num templo feito por mãos humanas, isso é errado. Não devemos pensar que o fato de não pertencer a um corpo denominacional faz com que eu não seja um membro de Cristo, e errado pensar também pensar que o culto nas casas é algo sem valor, lembrem-se Deus é Espírito, talvez são as nossas atitudes e não o local que torna o culto impróprio.
   
  Portanto, a bíblia fala sim de reunião, mas não especifica o local, a bíblia não fala de ajuntamento desordenado ou mesmo em reuniões para se cumprir um ritualismo, o ritualismo cessou, a bíblia fala em congregar sim, no entanto não diz onde, diz também para buscarmos  a Deus e essa busca deve ser em espírito e em verdade,  Mt. 18. 20 “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”.
 

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Eleitos de Deus.

   A bíblia é clara em dizer que Deus concede salvação ao pecador arrependido. E ainda segundo os relatos da bíblia, a salvação se dá em uma esfera espiritual, logo tal acontecimento se materializa unicamente através da misericórdia de Deus. Porém ao longo dos séculos o cristianismo ao qual conhecemos tem se inclinado a propagar uma espécie de salvação total, ou seja, visto que a salvação se dá através da graça de Deus e Ele ama as suas criaturas, conclui-se então que todos são objetos da sua graça salvadora.

   Em todas as esferas de nossa existência devemos atentar para uma questão irrevogável. O simples fato de alguém querer que algo seja uma verdade não faz com que aquilo se torne uma verdade. Este conceito deve permear o nosso entendimento para a questão da salvação bíblica; em outras palavras o fato de vários ramos denominacionais assumirem o ensinamento da salvação total não autentica tal ensinamento, e nem mesmo torna isso uma realidade.

   Para o humanismo prevalecente e mesmo para a mentalidade cristã atual as palavras “Deus ama a todos” soa como um verdadeiro ensinamento bíblico, pois Deus não quer que ninguém pereça, antes, que todos cheguem ao arrependimento. Este conceito está equivocado e destoa completamente daquilo que a bíblia apresenta como graça salvadora de Deus, por exemplo: Jo. 17.2 “Assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste.” Jo. 17.9É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus.”

   A bíblia não diz o porquê Deus escolheu salvar alguns e não a todos, só diz que resolveu salvar alguns. Fato é que os versos acima citados e outros nos demonstram a salvação direcionada para alguns, não sabemos o porquê dessa escolha, assim também não sabemos explicar outros acontecimentos que nos são intrigantes, citarei um, por exemplo: por que algumas pessoas nascem em um lar de uma família extremamente rica ao passo que outras não. Alguém pode questionar dizendo: “ora, simplesmente os pais de tal pessoa eram ricos, herdaram a sua riqueza ou mesmo tiveram uma enorme herança e etc. e o filho se beneficiou disso”   

   Bem, isso pode até ser uma boa justificativa, mas não responde o porquê determinada pessoa teve que nascer nessa família e não em outra menos favorecida, o que esse filho (a) fez ou teve de melhor para ter tal privilégio? Essas são questões que raramente são tratadas e discutidas, fato é que não sabemos o porquê. Uns acreditam que o “destino autônomo” fez e faz isso, outros o acaso, eu acredito que o destino não é autônomo e muito menos que exista o acaso fortuito, não, não é uma redundância, aos nossos olhos pode parecer que exista o acaso, porém jamais devemos crer em algo ocorrendo de forma aleatória e sem propósito.   

  Uma coisa nós podemos ter certeza conforme nos é relatado na bíblia Pv. 16.4 Senhor fez todas as coisas para determinados fins e até o perverso, para o dia da calamidade.” O verso está nos dizendo que Deus não faz nada sem propósito, mesmo naquelas coisas as quais parecem insignificantes e sem importância. Assim sendo Deus pode muito bem em sua sabedoria eterna ter escolhido alguns para salvação e outros não, e com relação ao verso de provérbios descrito acima, não existe uma exceção a regra, isto claro analisando de uma forma ultra mundana. 

   Mas e com relação a salvação total? Muitos objetam usando mesmo a bíblia para “comprovar” a tese da salvação total, geralmente o verso utilizado e João 3.16 “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” O argumento se dá da seguinte maneira: “O verso por si só é bastante explícito, diz enfaticamente que Deus amou o mundo”.

   Isso é fato, diz realmente que Deus amou o mundo, o problema e não analisar o que acompanha o verso, por exemplo: o mesmo verso diz que todo o que Nele crer não irá perecer, mas se o amor é estendido ao mundo como alguns irão perecer? Objetarão dizendo: “ora esses escolheram crer em Deus, por isso serão salvos”. Na verdade esta é uma tese inválida, o amor de Deus não depende de uma via de mão dupla, ou seja, nós não iremos amar a Deus se antes Ele não nos amar primeiro, 1ª Jo. 4.19 “Nós amamos porque ele nos amou primeiro”.

   Gl. 4.9 mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos?” Mas a objeção pode continuar, “mas a bíblia diz que o mundo é objeto do amor de Deus”. Foi como disse acima, não podemos ignorar o todo da bíblia para abalizar um pensamento, nem sempre podemos interpretar um verso bíblico, baseado no nosso entendimento ou mesmo na disposição de entendê-lo.

   Primeiramente vimos Jesus rogando a Deus por aqueles que estavam no mundo mas não eram do mundo, e o verso a seguir repete o mesmo, Jo. 17.16 “Eles não são do mundo, como também eu não sou”. A bíblia no que diz respeito a salvação geralmente separa o mundo daqueles que estão no mundo, porém, em outros aspectos ela inclui o mundo fora do mundo, ou seja inclui o mundo dentro de uma localidade, At. 17.6 “Porém, não os encontrando, arrastaram Jasom e alguns irmãos perante as autoridades, clamando: Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui.”

   Para os judeus que habitavam em Tessalônica “a mensagem que estava trastornado o mundo” chegou por lá também. Jo. 7.4 “Porque ninguém há que procure ser conhecido em público e, contudo, realize os seus feitos em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo”. O mesmo disseram os irmãos de Jesus, ir a festa em Jerusalém seria manifestar os seus feitos para o mundo. Jo. 12.19 De sorte que os fariseus disseram entre si: Vede que nada aproveitais! Eis aí vai o mundo após ele” Neste caso aqui o mundo era os seus seguidores e mesmo os simpáticos aos seus ensinamentos.

   Com relação a salvação a bíblia separa os eleitos dentre o mundo, Ef. 1.4 “Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor”. Jesus faz uma separação nítida entre as suas ovelhas e os bodes que não lhe pertence, Jo. 10.26-27 “Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem”.

   Assim sendo fica claro que o mundo em sua totalidade não é objeto da salvação de Deus, e também não nos é dito o porquê que não é, dentro da visão bíblia só podemos dizer aquilo que já foi dito, o livro de apocalipse nos revela o por que o mundo como um todo não será salvo, Ap. 17.8 “A besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição. E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá”.