sábado, 16 de dezembro de 2017

As seitas e seus ensinamentos.

Em outro assunto, https://evandro-blogdoevandro.blogspot.com.br/2013/08/seitas-e-heresias.html vimos que nos dias do NT. O termo seita não "se caracterizava" como algo pejorativo. No entanto, o mesmo não podemos dizer da atualidade. Em termos de cristandade, o que pode ser caracterizado como uma seita? Em outras palavras, pertenço ou não a uma seita religiosa? Para isso será necessário utilizar um aferidor como padrão, afim de estabelecer uma base para ser o divisor de águas, e esse divisor será a bíblia.

Assim sendo e utilizando a bíblia como base, sem preconceito e sem demonizar os grupos cristãos existentes, posso dizer que todas as denominações quer sejam atuais ou milenares, devem ser consideradas como sendo seitas. Naturalmente não se pode negar o fato das ações benéficas exercidas e realizadas por essas denominações e mesmo a importância social para o grupo pertencente, o que se discute no presente artigo é a questão doutrinária e denominacional. Exclui-se também a questão pessoal, algo que a grande maioria não sabe separar.

Jo. 17. 1-2 "Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste". O catolicismo juntamente com o protestantismo asseguram com todas as letras que aqueles que não acreditam na doutrina da trindade e suas ramificações (duas naturezas de Cristo, Jesus pré-existente) devem ser taxados de apóstatas.

No entanto, se olharmos atentamente para o verso acima e muitos outros os quais não estão relacionados, podemos assegurar facilmente que a ortodoxia defendida por esses grupos religiosos não passa de um castelo de areia, reparem nas palavras de Jesus: (Conheçam a ti só, por único Deus verdadeiro.) Com estas palavras exclui-se toda a possibilidade bíblica da doutrina da trindade.

Outro fato, a doutrina da trindade e suas vertentes não são ensinamentos nem dos profetas e nem mesmo dos apóstolos, são ensinamentos pós bíblico, ou seja, surgiu num período posterior aos livros ou as cartas que perfazem a bíblia. Alegar como alegam os protestantes de que a bíblia e ela somente é a regra de fé e prática na vida do crente, destoa grandemente da realidade ensinada pelos próprios protestantes, isto é: a doutrina da trindade não provêm da bíblia, ainda que queiram ou insistam assim.

Sendo assim uma das primeiras questões a serem analisadas em uma denominação é o que ela ensina sobre o Deus da bíblia, na atualidade temos percebido uma contradição entre o que a bíblia ensina sobre Deus e o que tem ensinado a cristandade em geral. Mt. 10. 8-9 "Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expeli os demônios; de graça recebestes, de graça dai. Não vos provereis de ouro nem de prata, nem de cobre nas vossas bolsas."

Outra característica das seitas é fazer o oposto deste ensinamento, não estou dizendo que não existe a necessidade do dinheiro para a propagação do evangelho, na atualidade qualquer movimento que se faça faz-se necessário o dinheiro, no entanto, a característica da seita é tornar o suposto evangelho em um meio ilícito de enriquecimento individual ou coletivo, isto é, transformar a denominação religiosa em empresa. Muitas denominações ditas cristãs tem utilizado dos dízimos (algo não exigido no NT.) para movimentar uma empresa secular.

Mt. 10. 10 "Nem de alforge para o caminho, nem de duas túnicas, nem de calçado, nem de bordão; pois digno é o trabalhador do seu alimento. A parte do verso que lhes interessa é somente a que diz: digno é o trabalhador do seu trabalho, ou seja, trabalho gera dinheiro. Na verdade a proposta do evangelho com que diz respeito ao reino de Deus ao distribuir é completamente oposto daquilo que temos presenciado na atualidade, neste sentido todas estão classificadas como seitas.

E dentro deste contexto a própria bíblia classifica as atitudes e ações de determinados líderes religiosos, os quais "trabalham com afinco para certas denominações ditas cristãs, Mt. 7. 15 "Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores."  2ª Pe. 2. 3 "Também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme."

Outra característica de uma seita são os supostos dons espirituais, as ditas línguas estranhas por exemplo, Is. 28. 11 "Na verdade por lábios estranhos e por outra língua falará a este povo". 1ª Co. 14. 21 "Pois está escrito na Lei: “Por meio de homens de outras línguas, e por intermédio de lábios de estrangeiros, falarei a este povo, todavia, mesmo assim, eles não me ouvirão”, diz o Senhor. As línguas estranhas as quais a bíblia descreve são outros idiomas, e não sons desconexos sem significado e incompreensível. Portanto, o pseudo dom espiritual não transforma uma denominação em uma verdade absoluta.

Uma característica muito grande de uma seita é a suposta alegação de que ela está revestida de uma autoridade tal que aqueles que pisam em seus átrios e passam a pertencer ao seu corpo doutrinário passaram da morte para vida, em outras palavras alegam que fora de seus arraias não existe salvação. Isso contraria grandemente o ensino bíblico, At. 4. 11-12 "Este Jesus é ‘a pedra que vocês, construtores, rejeitaram, e que se tornou a pedra angular’. Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos".

Como disse anteriormente, pertencer a uma denominação pode trazer certos benefícios, entre aqueles que sobressai está o vínculo social, no entanto, dizer que isso lhe garante salvação e eternidade, não a passa de balela, Jo. 4. 20-21 "Nossos antepassados adoraram neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Jesus declarou: Creia em mim, mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém". 

Assim sendo, a falsa denominação não se caracteriza somente por apresentar e ensinar o erro, ou seja, aquilo que não está escrito e é contrário ao ensinamento bíblico. A falsa denominação religiosa também se materializa quando tenta apresentar aquilo que ela não possui, e são: dons espirituais, profetas e profetizas, profecias infalíveis para os últimos dias, surgimento profético encontrado nas escrituras. Essas e outras características perfazem a face de uma denominação arrogante ainda que se diz cristã, Cl. 2. 4 "E digo isto, para que ninguém vos engane com palavras persuasivas".




sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

O bem e o mal e sua influência.

A bíblia claramente nos diz que a questão do bem e do mal interferiu não só na parte externa e visível da natureza, causando com isso os desastres naturais, mas também interferiu internamente na natureza humana. E segundo a bíblia, essa interferência está associada ou mais precisamente influenciando diretamente a espiritualidade humana. Sendo assim e segundo a bíblia, o bem e o mal rege a natureza humana.

Já no livro do Gênesis a bíblia começa a descrever essa característica;  Gn. 3. 15 "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." Percebe-se claramente uma dicotomia, duas descendências com tendências diferentes.  Antes porém, deve ficar claro aqui que o verso está tratando de descendências humanas, fato é está se tratando de espiritualidade de pessoas, não de pessoas espirituais (Anjos ou demônios). 

No livro de Gênesis temos várias informações sobre esta questão, Gn. 4. 3-5 "E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante."

Fato é que a bíblia claramente descreve que Deus não só rejeitou a oferta de Caim, mas sim o próprio Caim. Baseado em Gênesis 3 a bíblia parece nos dizer que duas linhagens se levantariam na terra, uma se tornaria inclinado para Deus e sua palavra e a outra faria de forma oposta, resistiria a Deus e a sua palavra. Isso fica patente quanto a questão das ofertas oferecidas por Caim e Abel; apesar de não existir uma declaração bíblica, sabemos no entanto que o cordeiro foi algo requerido por Deus como oferta, não um cesto cheio de frutos.

A oferta de Caim demonstrou ou revelou a sua disposição para com Deus, em outras palavras nenhuma disposição. Pelo contrário, demonstrou uma indisposição, uma resistência a mesma. Gn. 4. 25-26 "E tornou Adão a conhecer a sua mulher; e ela deu à luz um filho, e chamou o seu nome Sete; porque, disse ela, Deus me deu outro filho em lugar de Abel; porquanto Caim o matou. E a Sete também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome do Senhor."

Analisando estes versos, percebemos que a bíblia não menciona pessoa alguma da descendência de Caim invocando o nome de Deus, pelo contrário, é nos dito que foi necessário a mulher ter um filho que substituísse Abel, e este segundo a bíblia, foi Sete, a partir daí a sua descendência começou a invocar o nome do Senhor. Imaginamos então o cenário religioso daqueles dias, podemos perceber claramente que aquelas pessoas deveriam ser estritamentes religiosas, obedientes e espirituais.

Mas não foi assim com Caim e os seus daqueles dias. A influência espiritual que Caim recebeu de seus pais e do próprio irmão Abel não fizeram efeitos em sua vida, nem mesmo para arrependimento; isso só pode ter uma explicação, Caim não compartilhava de uma natureza espiritual, Caim como a bíblia classifica era do mundo, em outras palavras o que lhe preenchia o vazio de sua vida era as coisas do mundo, Gn. 4. 16-17  "E saiu Caim de diante da face do Senhor, e habitou na terra de Node, do lado oriental do Éden. E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e deu à luz a Enoque; e ele edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade conforme o nome de seu filho Enoque."

Os dois versos nos descrevem algo incrível, o verso 16 diz que Caim saiu de diante da face do Senhor... e o 17 nos diz que após isso, ele constituiu uma família teve um filho, e este edificou uma cidade. O problema não está em edificar um cidade, em construir uma casa, ou torcer para um time de futebol, o problema é "sair de diante da face de Deus" e constituir essas coisas e outras mais em seu lugar, assim como fez Caim. 

O contraste é evidente, Sete e sua descendência começaram novamente (após Abel ter sido assassinado) a invocar o nome do Senhor, Caim por sua vez fugiu de diante da face do Senhor e instituiu outras coisas visíveis, tangíveis em seu lugar. Voltando a questão da influência: não é a influência "religiosa" ou espiritual que irá fazer com que alguém "invoque" o nome do Senhor, no entanto sem a influência espiritual as pessoas estão fazendo conforme Caim e sua descendência, isso é claramente notado no mundo secular que atualmente temos presenciado. 

A bíblia não nos deixa dúvidas quanto a questão da dicotomia causada entre o bem e o mal nas pessoas, Gn. 6. 1-2 "E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram." Algumas denominações religiosas ensinam que estes versos retratam a união nupcial entre os Anjos denominados por eles como filhos de Deus e as filhas dos homens e isso literalmente.

Este ensinamento por parte de algumas instituições religiosas é um equívoco baseado nas fábulas encontradas no livro apócrifo de Enoque. A bíblia está tratando literalmente de seres humanos, até aqueles dias a genealogia bíblica descrevia as gerações de Sete e de Caim separadamente, assim sendo aqueles que invocaram o nome do Senhor foram considerados a linhagem da mulher descrita em Gênesis 3 e também tidos como filhos de Deus.

Já aqueles que se apartaram de Deus e buscaram outras atividades para preencher o espaço deixado por sua ausência, foram considerados filhos dos homens, ou a descendência da serpente, conforme registrado em Gênesis capítulo 3. Foi então que essas duas linhagens se misturaram, em Gênesis ainda é dito que Deus resolveu destruir o homem pela ação do dilúvio, em parte nenhuma da bíblia nos é mostrado Anjos ou demônios sendo presos ou destruídos após isso.

Gn. 6. 7 "E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito."  ...Destruirei o homem que criei... não diz, Anjos que criei. Quanto a ser de Deus ou dos homens a bíblia classifica também Mt. 16. 23 "Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens."

O cogitar as coisas dos homens e não compreender as coisas de Deus, segundo a bíblia é somente andar nos passos da serpente a qual mais tarde foi personificada por Satanás, já ser filho de Deus não significa ser um Anjo ou ser de outro planeta 1ª Jo. 3. 2  "Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos."

Ainda há muito a dizer sobre esta questão, mas é assunto para outra ocasião.