sábado, 3 de outubro de 2015

Paulo, de perseguidor a perseguido.

Na atualidade um grande número de pessoas as quais se intitulam cristãs, tem feito uma propaganda contrária as cartas de Paulo, e consequentemente aos seus ensinamentos. A ponto de dizerem e afirmarem mesmo em livros, que ele Paulo foi contra os ensinamentos de Jesus; para muitos, Paulo foi um contraventor, um produto da igreja gentílica. O problema crucial para essas pessoas está no fato de Paulo não descrever o Jesus histórico segundo os relatos dos evangelhos. Paulo está preocupado em demonstrar o Jesus ressuscitado, pois fato é que o Jesus ressuscitado não está preso a um contexto geográfico, assim sendo os gentios fazem parte da bem aventurança trazida pelo Jesus ressuscitado.

O argumento de que Paulo foi um contraventor reside no fato d’ele Paulo, não basear a sua mensagem de salvação em cima da lei. Antes, a salvação anunciada por Paulo é baseada na graça. Acredito também que uma grande injustiça tem sido feita em toda era cristã sobre aquilo que Paulo tem dito. A graça anunciada por Paulo não é uma anarquia, não é uma vivencia sem regras e limites, ao contrário, é um novo estilo de vida baseado não em padrões estabelecido pelo mundo, mas por Deus, Rm. 6.1-2 (Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?)

No campo das idéias e da experiência, se alguém lutar contra algo será porque aquele algo de alguma forma lhe causou algum desgosto. E é exatamente isso que percebemos na pessoa de Paulo, por muitos anos ele viveu o ensinamento máximo do judaísmo; At. 26.4-5 (Quanto à minha vida, desde a mocidade, como decorreu desde o princípio entre o meu povo e em Jerusalém, todos os judeus a conhecem; pois, na verdade, eu era conhecido deles desde o princípio, se assim o quiserem testemunhar, porque vivi fariseu conforme a seita mais severa da nossa religião.)

Apesar de pertencer ao farisaísmo ou ao partido mais radical dos seus dias, ele Paulo viu que aquilo de nada aproveitava. Ele percebeu não por si mesmo é claro, que as exigências da lei não o faziam merecedor de nada, pois o déficit era grande demais. Rm. 3.19 (Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus.) Foi então que ele percebeu que a lei existe, porém não trás uma solução para aplacar as suas exigências, ao contrário, os reclamos da lei só é cumprida se alguém viver irrestritamente de acordo com suas exigências.

Lv. 18.5 (Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; cumprindo-os, o homem viverá por eles. Eu sou o Senhor.) Se cumprir viverá, mas e se não cumprir? Paulo não foi um rebelde como muitos alegam, nem mesmo intentou desprezar as ordenanças do farisaísmo, antes por ele mesmo as coisas teriam ficado na mesma; isto é, Paulo teria continuado a perseguir os novos convertidos. At. 9.1-2 (E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém.)

At. 8.3 (E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.) Acredito que Paulo perseguia a nascente igreja acreditando que estava agradando a Deus, ou seja, a nova fé era algo que causava repudio entre os judeus, sendo assim ninguém em sã consciência faz o que Paulo fez, segundo o relato bíblico ele pede cartas aos seus líderes e sai afoito para tentar parar aquela onda crescente de novos convertidos, usando para isso mesmo a violência. A história de perseguidor passando a ser perseguido não é uma invenção é fato, algo extraordinário aconteceu em sua vida a ponto de o chamarem de louco. At. 26.24-25 (Dizendo ele estas coisas em sua defesa, Festo o interrompeu em alta voz: Estás louco, Paulo! As muitas letras te fazem delirar! Paulo, porém, respondeu: Não estou louco, ó excelentíssimo Festo! Pelo contrário, digo palavras de verdade e de bom senso.) Porque Paulo estava sendo acusado de louco?

At. 26.9 (Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno.) At. 26.12-15 (Com estes intuitos, parti para Damasco, levando autorização dos principais sacerdotes e por eles comissionado. Ao meio-dia, ó rei, indo eu caminho fora, vi uma luz no céu, mais resplandecente que o sol, que brilhou ao redor de mim e dos que iam comigo. E, caindo todos nós por terra, ouvi uma voz que me falava em língua hebraica: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões. Então, eu perguntei: Quem és tu, Senhor? Ao que o Senhor respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues.)

Somente de uma forma sobre humana foi que Paulo deixou o farisaísmo e consequentemente o legalismo, a salvação na sua visão não mais dependia de viver amarrado aos ditames da lei, na concepção de Paulo, Cristo substituiu a lei, claro naturalmente, dentro do contexto da salvação. É claro que no aspecto moral a lei existe e será por meio dela que Deus em Cristo irá julgar o mundo, lógico que a questão moral não está restrito somente aos preceitos dos dez mandamentos; Gl. 2.19 (Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus.)

É bom reparar como se dá a anulação da lei em nossas vidas, não é viver a seu bel prazer seguindo a natureza e suas concupiscências que a lei é anulada, antes é viver para Deus; Rm 8.2 (Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.) Paulo percebeu por meio do espírito que o sistema judaico dos seus dias no que concerne a religiosidade estava falido, necessário seria outro sistema.

Hb. 9.13 (Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne.) O que o escritor da carta aos hebreus está dizendo é fato, o ritualismo judaico apesar de ser sério só atendia uma parte do culto, a parte física, ou seja, purificava os contaminados com relação a carne, em outras palavras era apenas uma representação. Hb. 10.4 (Porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados.)

Fazer uma acusação contra Paulo dizendo que ele não perseverou em permanecer na tradição judaica é no mínimo desconhecer o que ele viu, ou mesmo não ter percepção de sua espiritualidade, antes devemos ser gratos a Deus por ele ser o apostolo dos gentios.

Nós cristãos temos duas opções com relação a nossa crença, ou aceitamos aquilo que o NT. Nos diz sobre Jesus e de como ele introduziu a nova aliança, ou voltamos para a forma de culto do AT. Sabendo que aquele que ressuscita a lei como meio para a salvação viverá por ela, em outras palavras se não cumprir a risca o que ela determina não viverá. Gl. 3.11 (E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.)