sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Lei de saúde ou cerimônia religiosa?

Entre as várias leis e estatutos estabelecidos por Deus no antigo testamento, encontramos também a lei da alimentação. Diferentemente daquilo que é defendido por algumas denominações judaizantes o regulamento alimentar dos judeus não era uma lei de saúde. Na verdade essas leis estavam relacionadas com a pureza religiosa. Faremos uma análise um tanto detalhada e veremos que a questão da alimentação se restringe ao aspecto puramente cerimonial dos judeus.

Antes, porém no que concerne o assunto é bom salientar a orientação de Paulo, pelo fato do assunto em si não ser um estimulo contrario a nenhum estilo alimentar de quem quer que seja. Rm. 14.2-3 (Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes; quem come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu.) Assim sendo passaremos a questão cerimonial do AT. A lei da restrição alimentar andava junto com a lei da pureza e isso em todos os seus aspectos, e é sobre isso que iremos começar este assunto.   

Gn. 35.2 (Então, disse Jacó à sua família e a todos os que com ele estavam: Lançai fora os deuses estranhos que há no vosso meio, purificai-vos e mudai as vossas vestes.) Percebe-se claramente que os povos semitas relacionavam a pureza apenas no que concerne à questão externa, apesar de terem a mente voltada para outros deuses no caso os ídolos Jacó ordenou que se purificassem e mudassem as vestes. Não nos é dito como se purificaram, mas tudo leva a crer que foi através de um banho cerimonial, os versos a seguir apoiam este pensamento.

Posteriormente os levitas “filhos” de Jacó foram escolhidos para serem os sacerdotes entre todo Israel, foi então que a lei da pureza religiosa ganhou força em sua ordenança. Nm. 8.6-7 (Toma os levitas do meio dos filhos de Israel e purifica-os; assim lhes farás, para os purificar: asperge sobre eles a água da expiação; e sobre todo o seu corpo farão passar a navalha, lavarão as suas vestes e se purificarão.) Percebe-se claramente o aspecto cerimonial da purificação, quando é visto a navalha sobre o corpo e as vestes sendo lavadas.

Parte da oferta pelo pecado tinha que ser queimada fora do arraial, num lugar limpo; Lv. 4.12 (A saber, o novilho todo, levá-lo-á fora do arraial, a um lugar limpo, onde se lança a cinza, e o queimará sobre a lenha; será queimado onde se lança a cinza.) Igualmente as cinzas do holocausto deveria ser levadas para um lugar limpo, Lv. 6.11 (Depois, despirá as suas vestes e porá outras; e levará a cinza para fora do arraial a um lugar limpo.) De igual modo a oferta deveria ser comida em um lugar limpo.

Lv. 10.14 (Também o peito da oferta movida e a coxa da oferta comereis em lugar limpo, tu, e teus filhos, e tuas filhas, porque foram dados por tua porção e por porção de teus filhos, dos sacrifícios pacíficos dos filhos de Israel.) Além de só poderem comer a oferta em um lugar limpo eles os sacerdotes também deveriam estar limpos, Lv. 22.6 (O homem que o tocar será imundo até à tarde e não comerá das coisas sagradas sem primeiro banhar o seu corpo em água.)

Percebe-se claramente nestas passagens que a distinção entre pureza e impureza foi feita para fins religiosos, relativo ao sistema Levítico e sacrifical do antigo Israel. Gn. 34.5 (Quando soube Jacó que Diná, sua filha, fora violada por Siquém, estavam os seus filhos no campo com o gado; calou-se, pois, até que voltassem.) Algumas traduções dizem contaminada ao invés de violada, o sentido é o mesmo de tornar-se impura ou imunda. Muitas outras questões são tratadas as quais não iremos entrar que tornavam alguém impuro.

Mas algumas que demonstram com mais profundidade o seu caráter simbólico nós iremos analisar. Lv. 11.32 (E tudo aquilo sobre que cair qualquer deles, estando eles mortos, será imundo, seja vaso de madeira, ou veste, ou pele, ou pano de saco, ou qualquer instrumento com que se faz alguma obra, será metido em água e será imundo até à tarde; então, será limpo.)

Reparem se algo fosse imundo após ser banhado tornava-se limpo, mas somente a tarde. Mas se algo fosse de barro não poderia ser lavado, Lv. 11.35 (E aquilo sobre o que cair alguma coisa do seu corpo morto será imundo; se for um forno ou um fogareiro de barro, serão quebrados; imundos são; portanto, vos serão por imundos.)

 Os sacerdotes tinham permissão para se tornar impuro, como resultado da morte de parentes próximos, Lv. 21.1-3 (Disse o Senhor a Moisés: Fala aos sacerdotes, filhos de Arão, e dize-lhes: O sacerdote não se contaminará por causa de um morto entre o seu povo, salvo por seu parente mais chegado: por sua mãe, e por seu pai, e por seu filho, e por sua filha, e por seu irmão; e também por sua irmã virgem, chegada a ele, que ainda não teve marido, pode contaminar-se.)

Mas ao sumo sacerdote não lhe era permitido, Lv. 21. 10-11 (O sumo sacerdote entre seus irmãos, sobre cuja cabeça foi derramado o óleo da unção, e que for consagrado para vestir as vestes sagradas, não desgrenhará os cabelos, nem rasgará as suas vestes. Não se chegará a cadáver algum, nem se contaminará por causa de seu pai ou de sua mãe.)

De igual modo aqueles que faziam voto de nazireados não podiam tocar em nenhum cadáver, Nm. 6. 6-7 (Todos os dias da sua consagração para o Senhor, não se aproximará de um cadáver. Por seu pai, ou por sua mãe, ou por seu irmão, ou por sua irmã, por eles se não contaminará, quando morrerem; porquanto o nazireado do seu Deus está sobre a sua cabeça.)

Mas se involuntariamente ele esbarrasse em algum corpo morto deveria sacrificar uma oferta, Nm. 6.9-11 (Se alguém vier a morrer junto a ele subitamente, e contaminar a cabeça do seu nazireado, rapará a cabeça no dia da sua purificação; ao sétimo dia, a rapará. Ao oitavo dia, trará duas rolas ou dois pombinhos ao sacerdote, à porta da tenda da congregação; o sacerdote oferecerá um como oferta pelo pecado e o outro, para holocausto; e fará expiação por ele, visto que pecou relativamente ao morto; assim, naquele mesmo dia, consagrará a sua cabeça.)

Entre os israelitas o povo comum que ficasse imundo, ou mesmo que tocassem em algum cadáver deveriam se purificar com a água purificadora misturada com as cinzas de uma novilha vermelha, contudo aquele que carregava as cinzas ficava imundo, mas se por algum descuido não usasse a água tal pessoas seria eliminada de Israel;

Nm. 19.2, 10-13 (Esta é uma prescrição da lei que o Senhor ordenou, dizendo: Dize aos filhos de Israel que vos tragam uma novilha vermelha, perfeita, sem defeito, que não tenha ainda levado jugo. O que apanhou a cinza da novilha lavará as vestes e será imundo até à tarde; isto será por estatuto perpétuo aos filhos de Israel e ao estrangeiro que habita no meio deles. Aquele que tocar em algum morto, cadáver de algum homem, imundo será sete dias. Ao terceiro dia e ao sétimo dia, se purificará com esta água e será limpo; mas, se ao terceiro dia e ao sétimo não se purificar, não será limpo. Todo aquele que tocar em algum morto, cadáver de algum homem, e não se purificar, contamina o tabernáculo do Senhor; essa pessoa será eliminada de Israel; porque a água purificadora não foi aspergida sobre ele, imundo será; está nele ainda a sua imundícia.)

A outras questões relacionadas à impureza dos filhos de Israel, porém iremos ver em outra postagem, por ora basta atentar o que foi tratado até aqui é algo puramente cerimonial nada relacionado à saúde.

Evandro.