2ª
Co. 13. 8
“Porque nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria
verdade”. Este verso é interessante e muito importante, a
importância dele abrange todas as áreas de nossas vidas, inclusive
aquela que delineia a nossa crença. A pergunta a se fazer é: o que é
a verdade? É uma pergunta muito simples. Obviamente, responder não
é tão simples. Podemos oferecer definições como "A verdade é
aquela que está de acordo com a realidade, ou fato". Mas essa
definição básica não está completa porque está aberta à
interpretação e a uma ampla variedade de aplicações. O que é
realidade? O que é fato? E assim por diante.
Para
que a verdade seja definida adequadamente, teria que ser uma
declaração factual e lógica correta. Em outras palavras, teria que
ser verdade. Mas, talvez pudéssemos olhar mais longe a verdade,
determinando o que não é. Verdade não é erro. A verdade não é
auto-contraditória. Verdade não é engano. Certamente, pode ser
verdade que alguém está sendo enganado, mas o engano em si não é
verdade.
Dentro
do contexto bíblico podemos encontrar verdades relativas? Sim,
podemos, 2ª
Cr. 9. 28
“Importavam-se cavalos para Salomão, do Egito e de todas as
terras.” A visão de todas as terras do autor do texto, não é a
mesma visão que temos do mundo na atualidade, por isso a realidade
neste contexto é relativa, o mesmo pode ser entendido no que se
refere ao conhecimento astronômico dos dias bíblicos, Js.
10. 13
“E o sol se deteve, e a lua parou até que o povo se vingou de seus
inimigos. Não está isto escrito no Livro dos Justos? O sol, pois,
se deteve no meio do céu e não se apressou a pôr-se, quase um dia
inteiro”.
O
pensamento geocêntrico era uma verdade para as pessoas dos dias
bíblicos, no entanto não é mais uma realidade para os nossos dias.
O mesmo acontecia com as pessoas doentes naqueles dias, a verdade que
permeava a mentalidade da época era que os doentes estavam
possuídos, por que era assim? A doença geralmente não é visível ou palpável, assim sendo era algo espiritual que acometia o
indivíduo, portanto, neste aspecto a verdade para eles não é a
mesma para nós.
A
grande questão a ser analisada está no fato de que esses detalhes
não torna o relato bíblico uma mentira, a crença destacada nesses
casos (toda a terra, o sol se deter, as doenças serem manifestações
de espíritos) é uma crença baseada na tradição e na falta de
conhecimento, lembrando sempre que não foi objetivo da bíblia ir
contra a linguagem e conhecimentos da época. Outro fato é que essas
verdades relativas não ferem a espiritualidade nem mesmo a
divindade. Não podemos considerar esses itens como sendo
doutrinários, pelo contrário.
Mas,
as pessoas podem questionar dizendo, se a bíblia testifica que os
demônios foram e são as causas das doenças, então naturalmente
ela está se contradizendo... mas isso não é uma realidade
doutrinária e sim uma realidade para época, no que diz respeito a
questão teológica e mesmo doutrinária, a bíblia não apoia o
dualismo, ou seja, um ser espiritual disputando com Deus, ao menos
três versos bíblicos clareia essa questão, Is.
40. 18
“Com quem comparareis a Deus? Ou que coisa semelhante confrontareis
com ele?”
Is.
40. 25
“A quem, pois, me comparareis para que eu lhe seja igual? — diz o
Santo”. Is.
46. 5
“A quem me comparareis para que eu lhe seja igual? E que coisa
semelhante confrontareis comigo?” Percebe-se nestes versos o
próprio Deus jogando por terra a questão do dualismo. Assim sendo,
percebemos que a verdade relativa encontrada na bíblia, está
interligada com as interpretações sugeridas e tidas como realidade
da época, no entanto, tal interpretação e pensamento não fere a
questão teológica principal, ou seja, Deus.
O questionamento
levantado para o Deus da bíblia, sua autoridade e sua criação, não
pode surgir de pessoas que professam crer na bíblia, quando os
céticos em todas as variantes fazem isso, pode ser visto como algo
natural, haja vista que o objetivo deles é desacreditar a bíblia
perante uma sociedade afetada pelo materialismo, mas quando ao longo
dos séculos vemos pessoas reinterpretando a teologia, essa ciência
ou estudo que se ocupa de Deus, de sua natureza e seus atributos,
contribui para relativizar a verdade sobre quem é Deus.
A
bíblia precisa ser interpretada? Naturalmente! No entanto, o mesmo
não pode ser dito sobre quem é Deus. Ou pelo menos, não podemos
reinterpretar aquilo que a própria bíblia testifica de quem seja
Deus. Por exemplo, vimos a cima, nos versos de Isaías, a bíblia
dizendo que não existe um concorrente para Deus, jogando por terra a
crença no dualismo pagão, tão difundido e defendido pela maioria
das denominações cristãs.
A
bíblia também nos apresenta uma fartura de versos dizendo que Deus
é um,
Is. 44. 24
“Assim diz o Senhor, que te redime, o mesmo que te formou desde o
ventre materno: Eu sou o Senhor, que faço todas as coisas, que
sozinho estendi os céus e sozinho espraiei a terra”.
Lc.
18. 19
“Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão
um, que é Deus.” Gl.
3. 20 “Ora,
o mediador não é de um, mas Deus é um.” Rm.
16. 27
“Ao Deus único e sábio seja dada glória, por meio de Jesus
Cristo, pelos séculos dos séculos. Amém!”
Paulo, Jesus, Isaías, não foram eles que elaboraram tal descrição, de que Deus é um, essa informação é bem anterior, alias, foi dita pelo próprio Deus, Ex. 20. 3 “Não terás outros deuses diante de mim”. Segundo a língua portuguesa, o pronome oblíquo mim, refere-se a 1ª pessoa do singular (eu) : mim, comigo. Quando Deus disse, (Mim), obvio que Ele não estava tratando da primeira pessoa do plural, que seria: nós, conosco, ou seja, Ele não disse, “diante de nós”.
Outro
fato interessante é que desde essa declaração pós êxodo,
passaram-se vários anos, e sempre, cada personagem bíblico em sua
época sustentaram a unicidade de Deus, percebe-se claramente que
para os escritores bíblicos tal unicidade de Deus já era algo
definido determinado e terminado, outra questão importante foi que
nenhum deles tentaram reinterpretar quem era Deus, fica evidente que
Deus se auto revelou, não foi necessário um interpretação para
poder entender quem é Deus.
É
evidente por toda a bíblia que Deus é um. Não podemos dizer o
mesmo da teologia cristã pós bíblica. Os primeiros teólogos da
era cristã mudaram o entendimento daquilo que a bíblia diz ser
Deus. Para eles, Deus continua sendo um, porém, esse um, é
compartilhado por três, eles continuam insistindo, não importa,
esse três deve ser entendido como sendo um. A pergunta a se fazer é:
não estaria esses mesmos teólogos transformando a verdade de Deus
em uma verdade relativa? Naturalmente!
Se
por milhares de anos Deus foi descrito como sendo um ou uma
unicidade, logo, se alguém diz que ele não é tão um conforme a
bíblia assim o diz, então naturalmente a verdade dessa unicidade é
relativa. Mas, não é esse o ensino bíblico, pelo
contrário, combatendo essa aparente relatividade, vejamos os
seguintes versos: Mc.
12. 28-29
“Chegando
um dos escribas, tendo ouvido a discussão entre eles, vendo como
Jesus lhes houvera respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o principal
de todos os mandamentos?
Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó
Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!” O
interessante é que a pergunta feita pelo escriba, foi direcionada
justamente para aquele que os teólogos trinitarianos dizem ser Deus,
mas o próprio Jesus desmente essa tentativa de relativizar a verdade
sobre o único Deus, Mc.
12. 32
“Disse-lhe o escriba: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que
ele é o único, e não há outro senão ele”. Vemos neste verso
uma declaração importante do escriba, ele diz que é com verdade
que Deus é um, de único.
A
outra questão está na resposta de Jesus para o escriba, se Jesus
fosse relativizar essa verdade essa era a hora, mas não foi assim,
pelo contrário, Mc.
12. 34
“Vendo Jesus que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe: Não
estás longe do reino de Deus. E já ninguém mais ousava
interrogá-lo.