Uma das razões pelas quais existem muitos incrédulos e ateus, se dá pelo fato de não compreenderem o plano e propósito de Deus para as suas criaturas. O fato da bíblia dizer que Deus é bom e onipotente, atrai as pessoas a depositarem as suas esperanças e expectativas que possam vir sanar as suas necessidades e aflições. Contudo, quando essas mesmas expectativas e necessidades são frustradas, surge a revolta e o amargor de espírito. Tentar compreender quem é Deus e como Ele age, nos livrará de abalos e comprometimentos na fé.
Porém, não significa que ficaremos para sempre inabaláveis. A nossa fragilidade, quer seja: mental, emocional e mesmo espiritual, contribui para as indagações concernentes ao propósito de Deus, ao “buscarmos” conhecê-lo, ficaremos mais estabilizados em nossas emoções. Uma premissa básica a qual devemos entender se encontra em Nm. 23. 19 “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?
O resumo do verso para esse assunto é: (Deus não é homem para que minta... Falaria e não o confirmaria?) Isso significa que Deus está além, está sobre a jurisdição humana. A incredulidade e mesmo o abalo espiritual acontece, devido ao pensamento e mesmo o ensinamento errôneo acerca de Deus. Os povos aderiram a cultura pagã no que diz respeito a adoração, fazem promessas, oferendas, buscando com isso angariar algum benefício oriundo de Deus, os pagãos faziam isso, sacrificavam, ofereciam se mutilavam, tentavam com essas práticas, agradar ou mesmo aplacar a ira dos seus deuses.
O nosso discernimento deve ser outro. Portanto, as nossas expectativas relacionadas a vontade de Deus deve ser outra, ou seja, racional e de acordo com o que ensina a escritura. Em resumo, não é a nossa “crença” que determina o milagre, e o não entendimento dessa realidade bíblica contribui para as queixas e apostasias. Assim, o que determina o milagre em nosso mundo, é a vontade de Deus. Dn. 3. 17-18 “Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.
Esses versos são interessantes, esclarece muito o milagre baseado na vontade de Deus. O perigo de morte era iminente, e a resposta para o rei foi: “Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; cheios de fé depositaram a esperança, ...“ele nos livrará da fornalha de fogo ardente”. No entanto, existia um impasse “...se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses.” Os três hebreus possuíam fé na providência, contudo o que definiria o livramento ou não, seria a vontade de Deus.
O argumento geralmente utilizado para a rejeição de Deus é que existem contradições em seus ensinamentos, por exemplo: alegam em seus argumentos que se Deus é bom e poderoso, logo ele pode realizar um milagre, e se ele não realiza, existem contradições nesses ensinamentos. Na verdade não existem contradições, mas sim uma visão distorcida da vontade e agir de Deus. Lembrando sempre que nós fomos ensinados a “visualizar” um Deus mordomo, ou um Deus gênio da lâmpada. Jesus expressou a maneira correta de se acreditar em Deus, Mc. 14. 36 “E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres.”
Na sua aflição Jesus fez um apelo, sabendo que Deus era poderoso para livrá-lo. Porém, não dependia apenas de sua oração, mas sim do plano e vontade de Deus. Deus só age com propósitos. Mesmo os milagres realizados por Deus, não fogem a ordem da lógica, vejamos: Ex. 14. 21-22 “Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas. E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas foram-lhes como muro à sua direita e à sua esquerda.”
Nesse episódio, qual era o plano de Deus? Libertar os israelitas. Qual foi o seu propósito? Ex. 14. 17. 18 “E eis que endurecerei o coração dos egípcios, e estes entrarão atrás deles; e eu serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, nos seus carros e nos seus cavaleiros, E os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando for glorificado em Faraó, nos seus carros e nos seus cavaleiros.”
Portanto, os planos e propósitos de Deus seguem uma ordem e uma lógica. Vejamos um outro exemplo: imaginem alguém com uma idade bastante avançada fique acometido de uma doente mortal. Naturalmente os seus entes irão orar, buscar e confiar que Deus pode restabelecê-lo, mas para isso um milagre deverá ser operado, visto que a lógica indica dois fatores a serem superados, a idade bastante avançada e a doença mortal. Neste caso, como nos milagres relatados acima, deve existir para essa pessoa um plano especial e um propósito específico, para que Deus possa contrariar a lógica natural.
Compreendendo isso entendemos que Deus não contraria a ordem natural, a menos que exista algo implicado em tal contexto. Isso nós dá uma segurança de que Deus não é impotente em meio aos acontecimentos, principalmente naqueles que não saem do jeito que queremos. Isso muitas das vezes ocorre pelo fato de termos uma visão quase que totalmente baseado nesse mundo, por outro lado, Deus opera ou não o milagre, baseado não só na perspectiva material, mas sim espiritual.
No episódio em que Jesus clamou para que o seu sofrimento passasse, e isso materialmente não aconteceu, qualquer outro ficaria decepcionado é teria sua fé mais do que abalada, contudo, sabemos que Deus tinha outro propósito para a vida e morte de Cristo, primeiro o seu aperfeiçoamento, e depois ser o meio da salvação espiritual dos escolhidos Hb. 5. 7-9 “O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia. Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem.”
O verso sete diz que Jesus foi ouvido, mas como? Possivelmente ele não foi ouvido naquilo o qual ele estava clamando, mas o propósito de Deus para Jesus era melhor e mais abrangente, referia-se a esfera espiritual. Portanto, nunca devemos desanimar, oremos para que aquilo que temos proposto em nossos corações, possam ser algo lógico, para que acima de tudo segundo a vontade de Deus, Ele possa operar.