A teoria do livre arbítrio parece ser bem próxima a realidade humana, ou seja, segundo essa teoria nós fazemos e escolhemos o nosso destino, é dito ainda que a vontade do homem e todos os seus desejos, determinações e escolhas é livre de qualquer causa externa. Mesmo os cristãos acreditam que com o seu livre-arbítrio o homem pode tanto escolher Cristo como rejeitá-Lo. Ele pode tanto escolher ser um Cristão como recusar ser um. A escolha é estritamente sua. mas esse pensamento está realmente embasado pela bíblia?
Não! Devemos entender o fato de que a bíblia nos diz que somos escravos do pecado, Rm. 6. 16 “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” Algumas traduções dizem escravos, ao invés de servos. Portanto para sermos livres no contexto espiritual precisamos ser libertados do pecado.
Jo. 8. 36 “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” E da mesma forma deve de ocorrer no contexto humano, somos seres humanos, porém regidos pelo espiritual, Deus é Espírito, sendo assim a vontade do homem é prisioneira da vontade última de Deus. Para que a vontade seja realmente livre ela não pode ser influenciada por nada nem por ninguém, a bíblia nos informa que só Deus possui essa prerrogativa.
Rm. 11. 34-36 “Porque, quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” O profeta Isaías nos diz a mesma coisa, Is. 40.13-15 “Quem guiou o Espírito do Senhor, ou como seu conselheiro o ensinou? Com quem tomou ele conselho, que lhe desse entendimento, e lhe ensinasse o caminho do juízo, e lhe ensinasse conhecimento, e lhe mostrasse o caminho do entendimento? Eis que as nações são consideradas por ele como a gota de um balde, e como o pó miúdo das balanças; eis que ele levanta as ilhas como a uma coisa pequeníssima.”
Deus opera em todas as coisas. Digo todas as coisas, não somente algumas coisas. E elas fazem exatamente o que Ele determinou porque o próprio Deus opera isto nelas. Tudo da história e todas as coisas na história são exatamente como Deus quis que fosse. O mundo não está fora de controle. Até mesmo os mínimos detalhes acontecem de acordo com a Sua eterna vontade e conselho. Ef. 1. 11 “Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade.”
Mt. 10. 29-30 “Não se vendem dois passarinhos por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.” Visto que a vontade de Deus é livre, não pode haver outras vontades livres no mundo. Se houvesse, elas limitariam e infringiriam a vontade de Deus, de forma que ela não poderia ser livre e Deus não seria absoluto. Mas se a vontade de Deus é soberana significa, portanto, que a vontade da criatura não é livre. A vontade de toda criatura é subserviente à vontade de Deus. Porque a vontade de Deus é sempre realizada, a vontade da criatura deve estar conformada à vontade de Deus. Isto é confirmado também pelas palavras de Isaías.
Is. 46. 9-10 “Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade.” Dessa forma, até o homem está preso à vontade de Deus – tanto o justo como o ímpio, o regenerado e o não regenerado. O homem não pode e não age independentemente de Deus. A própria vontade humana está sob o domínio da vontade eterna de Deus. Deus realmente criou o homem com uma vontade para realizar as suas escolhas, de forma que ele faz decisões e escolhas todos os dias. Contudo, esta vontade não é livre.
Embora o homem tenha muitos planos no seu coração os quais eles deseja realizar, ele nada pode fazer fora do conselho de Deus. Porque a própria vontade do homem é movida, direcionada e controlada pela vontade de Deus. A vontade do homem está sempre a serviço do Senhor, seja conscientemente ou inconscientemente, Pv. 19. 21 “Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá.”
Outros textos bíblicos confirmam essa realidade, por exemplo: Pv. 16. 1 “Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor a resposta da língua.” Preparações, na verdade quer dizer disposições do coração. Aqui o coração é dito ser direcionado por Deus, mas isto também inclui a vontade. Porque a vontade do homem é direcionada por seu coração, isto é mente, Pv. 21. 1 “Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do Senhor, que o inclina a todo o seu querer.” Assim, tão certo como Deus pela Sua onipotência muda o curso dos grandes rios, assim Ele dirige o coração e a vontade do homem.
O NT. Nos informa a mesma coisa, Fl. 2. 13 “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.” Muitos irão dizer que o verso refere-se somente aqueles que creem, mas isso não procede, Sl. 105. 25 “Virou o coração deles para que odiassem o seu povo, para que tratassem astutamente aos seus servos.” Deus virou o coração e, portanto, a vontade dos Egípcios ímpios para que odiassem Israel e os escravizassem.
Assim, o primeiro princípio que devemos entender sobre a vontade do homem é este. A vontade do homem não é livre, mas é sempre cativa à vontade de Deus. Não podemos desejar e fazer nada fora do querer de Deus, isso é confirmado em Dn. 4. 35 “E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?”