quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

TEMOS MESMO LIVRE ARBÍTRIO?

Outro ensinamento bastante difundido no meio cristão é a teoria do livre arbítrio. Esse ensinamento é aceito por quase todas as denominações religiosas cristãs. Portanto, a maioria da cristandade defende o livre arbítrio como sendo um ensinamento vindo do próprio Deus. E, para eles, essa questão está vinculada a todas as esferas de suas existências, ou seja, o livre arbítrio faz parte integral de todos os aspectos da vida, quer seja a vida física ou espiritual, é ensinado também que nós podemos escolher ser ou não salvos.

Seria isso uma realidade? Será que somos realmente as nossas escolhas são livres? Em primeiro lugar precisamos definir o que seria livre arbítrio. Arbítrio significa: resolução que depende somente da própria vontade. O que nos leva a conclusão de que livre arbítrio determina a decisão da vontade é puramente livre, conscientemente sem vícios, opcional sem influências.

Isto aqui é o verdadeiro livre arbítrio, onde o individuo deve agir conscientemente sem inclinações sem sofrer qualquer tipo de influência, quer seja interna de sua própria mente, ou do lado externo, isto é, mundo que o rodeia. Infelizmente esta não é a realidade humana. O homem é livre para agir a partir de seus impulsos e desejos, mas não é livre para agir contra eles.

Seguindo este pensamento nós chegamos a conclusão que o homem não têm uma escolha livre, por exemplo: o que nos levará a escolhermos o azul ao invés do vermelho? logicamente a preferência e o gosto pela cor azul, não foi uma escolha livre, mais sim pela influência que sofremos internamente que fez com que rejeitássemos o vermelho, vale salientar que na sua maioria a influência que recebemos é imperceptível, deste modo concluímos que a escolha pelo azul não foi livre mais sim influenciada ou causada pelo gosto.

Esta é a realidade de nossas vidas, todas as alegrias e decepções que temos no decorrer da mesma é resultado de escolhas que não são livres. Embora sejamos "livres" para escolher por nós mesmos, não somos livres para escolhermos as consequência de nossas ações. O homem só teria realmente o livre arbítrio se ele fosse isento de paixões e influências e também teria que conhecer o futuro, para que o resultado de suas escolhas a curto e a longo prazo fossem objetiva e sem arrependimentos, neste caso podemos dizer que só Deus têm o verdadeiro livre arbítrio.

Desde a mais simples até a mais ousada escolha humana na sua grande maioria o resultado é a frustração, sim pelo fato de nem sempre temos aquilo que escolhemos. E se existem frustrações no campo meramente físico, o que podemos esperar de nossas escolhas que envolve a questão espiritual, principalmente no que diz respeito a salvação espiritual? Devo salientar que nós não podemos escolher ir a Deus.

Geralmente os que defendem o livre arbítrio, ensinam que esse ensinamento é bíblico, um dos textos utilizados por eles se encontra em Dt. 30. 19 “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência.” O contra argumento está baseado em três questões que devemos atentar.

O verso e o contexto não estão tratando do livre arbítrio. Parece bastante óbvio que pessoas normais irão escolher viver. E, mesmo assim, baseado nesse verso a escolha não seria livre, mas sim influenciada pelo próprio Deus, o qual recomendou aos judeus a obedecê-lo. Não é uma palavra encontrada no verso bíblico que forma uma doutrina, portanto, a “escolha” encontrada em deuteronômio 30. 19 não apoia o livre arbítrio.

Outro verso utilizado se encontra em Gn. 3. 6 “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.” É o mesmo princípio, a escolha da mulher não foi livre, ela foi avisada ou influenciada, tanto por Deus, quanto pela serpente. O que fez com que ela tomasse essa decisão de comer o fruto foi que ela estava tendente a isso, o seu próprio desejo a impulsionou. Portanto, não houve liberdade nenhuma ali.

Assim sendo, liberdade de ação não é livre arbítrio. Na esfera humana ainda que nossas ações sejam pensadas e bem calculadas, só escolhemos algo para aquilo que somos inclinados e essa inclinação natural é movida por nossos gostos e tendências. Ou seja, nós nunca somos imparciais em nossas escolhas, portanto os nossos gostos e tendências torna as nossas escolha não livres. E isso me referindo as questões pura e simplesmente humanas, o que se dirá da questão espiritual.

Bem, nesse aspecto a bíblia mais precisamente o NT. Diz que por natureza somos mortos, isto é, somos incapazes por nós mesmo de buscar as coisas referentes a Deus. O morto é inerte, portanto não tem reação. Se a natureza humana é morta espiritualmente como pode alguém ter a liberdade de se voltar para Deus? Ainda segundo a bíblia, só podemos responder espiritualmente se Deus por meio de Cristo nos chamar, Ef. 2. 1 “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados.”

Se fomos vivificados é porque estávamos mortos e morto não tem liberdade, assim como o servo também não tem liberdade, quando se lê servo o original é escravo. Sobre a falsa ilusão de se ter livre arbítrio foi que aconteceu figuradamente um embate, entre Jesus e os judeus, Jo. 8. 33 “Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres?” Jesus prontamente demonstrou que ninguém é livre, Jo. 8. 34 “Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.”

Se somos livres, em que Jesus veio nos libertar? Vemos nas palavras de Jesus que quer queiramos ou não, nós não temos uma escolha livre, em outras palavras, não temos livre arbítrio, ou somos servos (doulos = escravos) do pecado ou doulos de Deus. Em ambos os casos seremos influenciados, e o resultado de nossas ações serão consequências dessas influências. E tudo isso se dá no campo físico, as influências em todos os aspectos demonstram que as nossas escolhas não são livres.



quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Jesus morreu mesmo? O que significa ser enviado no conceito bíblico?

Segundo a principal doutrina da cristandade, a doutrina da trindade que foi instituída após o concilio de Nicéia 325 dC. e Constantinopla 381 dC. é definida da seguinte forma: há um Deus em três pessoas, o pai é Deus o filho é Deus e o Espírito Santo é Deus, é dito ainda que as três pessoas que formam a divindade são co-iguais e co-eternas. Contudo, segundo os teólogos trinitarianos eles não são três deuses. Sem entrar no mérito da questão matemática o objetivo é encontrar na bíblia, devida coerência para tal argumento, pois para manter válido o dogma trinitariano é necessário este passar pelo crivo bíblico.

Sendo assim, nenhum destes pontos que perfazem a totalidade da doutrina podem se contradizer. A palavra co-igual significa que duas ou mais pessoas são idênticas, sem nenhuma distinção, e igualmente a palavra co-eterno, deve significar que duas ou mais pessoas têm a mesma idade e que nunca morrerão. Segundo a teologia trinitariana, as três pessoas que formam a divindade nunca nasceram, ou seja, são pré-existente, têm a mesma idade e não existe hierarquia ou autoridade sobre o outro membro, também são co-iguais, e nenhum deles pode morrer, visto serem co-eternos.

Se analisarmos a bíblia sem mesmo utilizarmos à lógica, por si só veremos uma grande incoerência nestas afirmações, tais afirmações entrarão em conflito com vários textos bíblicos, e que naturalmente irão violar de forma direta a doutrina. Por exemplo: Para os teólogos trinitarianos, Jesus assumiu um papel funcional, ou seja, filho de Deus é apenas um título a palavra filho é apenas uma metáfora. Caso fosse diferente como ficaria a definição co-iguais?

Bem, acredito que a palavra filho aplicada a Jesus não defina mesmo uma literalidade, mas não como querem os trinitarianos. Para o judeu do AT. A noção de filiação não significava uma literalidade, em outras palavras para se tornar filho de Deus e exercer uma função significativa a pessoa deveria ser ungida com óleo. Ex. 28. 41 E, com isso, vestirás Arão, teu irmão, bem como seus filhos; e os ungirás, e consagrarás, e santificarás, para que me oficiem como sacerdotes.”

Lv. 8. 12 Depois, derramou do óleo da unção sobre a cabeça de Arão e ungiu-o, para consagrá-lo.” O mesmo era feito com o rei em ocasião de sua investidura. 2ª Sm. 5. 3 “Assim, pois, todos os anciãos de Israel vieram ter com o rei, em Hebrom; e o rei Davi fez com eles aliança em Hebrom, perante o Senhor. Ungiram Davi rei sobre Israel.”  2ª Sm. 7. 14Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites de filhos de homens.”

1ª Cr. 22. 10 Este edificará casa ao meu nome; ele me será por filho, e eu lhe serei por pai.”  A unção com o azeite sagrado, ao mesmo tempo em que estabelecia um vinculo particular entre Deus e o “ungido”, significava a consagração formal para o desempenho de um cargo ou função, e assim aquele escolhido tornava-se filho de Deus. E isso ocorreu com Jesus, Lc. 4. 18 O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos.”

Jo. 3. 34 Pois o enviado de Deus fala as palavras dele, porque Deus não dá o Espírito por medida.” O mesmo problema é encontrado para se defender a definição de co-eterno, segundo os teólogos trinitarianos Jesus morreu apenas no contexto do pecado ou aqui na terra, ou seja, apenas a parte humana de Jesus foi que morreu na cruz, a sua natureza divina não morreu, Deus não pode morrer, argumentam. Isso na verdade foge não só da realidade bíblica como também da realidade humana e contrastando com o relato bíblico cria-se um problema imenso para a doutrina. Os textos bíblicos que passaremos a ler nada falam de uma morte parcial de Jesus. At. 2. 32 “Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas” At. 5. 30 “O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro”.

Rm. 6. 4 “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do pai, assim andemos nós também em novidade de vida”. Estes e outros versos vêm contradizer duas falácias, (1) de que Jesus morreu parcialmente (2) de que ressurgiu por si próprio. Assim sendo estes textos violam diretamente a questão da imortalidade, Deus não morre. 1ª Tm. 1. 17 “Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível ao único Deus seja honra e glória para todo sempre”.

A afirmação trinitariana de co-eternidade vai contra o texto bíblico, pois afirmam que Jesus morreu apenas de forma parcial, e que também ele não nasceu, Gl. 4. 4 “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”. A palavra enviou para a teologia trinitariana, no que se refere a Jesus, significa que ele assumiu uma forma humana e foi enviado do céu pelo pai, isto é, pai para a doutrina trinitária também é uma questão de funcionalidade dentro da esfera criada.

Em outras palavras Deus assumiu na sua forma trina ou assumiram, um papel no que diz respeito ao plano da salvação. Para eles Deus não enviou a Jesus, mas o próprio Jesus se auto enviou após se esvaziar de sua divindade, tudo aquilo que diz o texto bíblico só serve como interpretação para as mentes humanas finitas. No meu ponto de vista Deus enviou sim a Jesus, não do céu de uma forma literal, mas como forma de missão.

Ez. 2. 4 “Os filhos são de duro semblante e obstinados de coração; eu te envio a eles, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus.” Lc. 9. 2 Também os enviou a pregar o reino de Deus e a curar os enfermos”. Jo. 1. 6 Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João.” No que diz respeito a enviar estas e muitas outras passagens nos demonstram que a linguagem bíblica literal significa ter uma missão, seja de convite, repreensão, salvação e de rejeição e etc. Quando é dito que Jesus enviou os discípulos o que entendemos? Uma missão terrena, lógico, e quando diz que Deus enviou Jesus, porque devemos crer que foi do céu.

Não significa que o enviado deva estar no céu ou em algum lugar oculto, quando é dito que Jesus foi enviado por Deus significa que ele foi comissionado, por outro lado também a bíblia nunca disse que Deus de uma forma alegórica enviou Jesus do céu, muito menos nos diz que Jesus se auto enviou. A forma de ser comissionado a algo quer seja Jesus, João Batista, os apóstolos ou mesmo os profetas foi uma descrição bíblica literal, alguém estava sendo enviado aqui na terra, não de um mundo longínquo e de uma forma extra humana.