Outro ensinamento bastante difundido no meio cristão é a teoria do livre arbítrio. Esse ensinamento é aceito por quase todas as denominações religiosas cristãs. Portanto, a maioria da cristandade defende o livre arbítrio como sendo um ensinamento vindo do próprio Deus. E, para eles, essa questão está vinculada a todas as esferas de suas existências, ou seja, o livre arbítrio faz parte integral de todos os aspectos da vida, quer seja a vida física ou espiritual, é ensinado também que nós podemos escolher ser ou não salvos.
Seria isso uma realidade? Será que somos realmente as nossas escolhas são livres? Em primeiro lugar precisamos definir o que seria livre arbítrio. Arbítrio significa: resolução que depende somente da própria vontade. O que nos leva a conclusão de que livre arbítrio determina a decisão da vontade é puramente livre, conscientemente sem vícios, opcional sem influências.
Isto aqui é o verdadeiro livre arbítrio, onde o individuo deve agir conscientemente sem inclinações sem sofrer qualquer tipo de influência, quer seja interna de sua própria mente, ou do lado externo, isto é, mundo que o rodeia. Infelizmente esta não é a realidade humana. O homem é livre para agir a partir de seus impulsos e desejos, mas não é livre para agir contra eles.
Seguindo este pensamento nós chegamos a conclusão que o homem não têm uma escolha livre, por exemplo: o que nos levará a escolhermos o azul ao invés do vermelho? logicamente a preferência e o gosto pela cor azul, não foi uma escolha livre, mais sim pela influência que sofremos internamente que fez com que rejeitássemos o vermelho, vale salientar que na sua maioria a influência que recebemos é imperceptível, deste modo concluímos que a escolha pelo azul não foi livre mais sim influenciada ou causada pelo gosto.
Esta é a realidade de nossas vidas, todas as alegrias e decepções que temos no decorrer da mesma é resultado de escolhas que não são livres. Embora sejamos "livres" para escolher por nós mesmos, não somos livres para escolhermos as consequência de nossas ações. O homem só teria realmente o livre arbítrio se ele fosse isento de paixões e influências e também teria que conhecer o futuro, para que o resultado de suas escolhas a curto e a longo prazo fossem objetiva e sem arrependimentos, neste caso podemos dizer que só Deus têm o verdadeiro livre arbítrio.
Desde a mais simples até a mais ousada escolha humana na sua grande maioria o resultado é a frustração, sim pelo fato de nem sempre temos aquilo que escolhemos. E se existem frustrações no campo meramente físico, o que podemos esperar de nossas escolhas que envolve a questão espiritual, principalmente no que diz respeito a salvação espiritual? Devo salientar que nós não podemos escolher ir a Deus.
Geralmente os que defendem o livre arbítrio, ensinam que esse ensinamento é bíblico, um dos textos utilizados por eles se encontra em Dt. 30. 19 “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência.” O contra argumento está baseado em três questões que devemos atentar.
O verso e o contexto não estão tratando do livre arbítrio. Parece bastante óbvio que pessoas normais irão escolher viver. E, mesmo assim, baseado nesse verso a escolha não seria livre, mas sim influenciada pelo próprio Deus, o qual recomendou aos judeus a obedecê-lo. Não é uma palavra encontrada no verso bíblico que forma uma doutrina, portanto, a “escolha” encontrada em deuteronômio 30. 19 não apoia o livre arbítrio.
Outro verso utilizado se encontra em Gn. 3. 6 “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.” É o mesmo princípio, a escolha da mulher não foi livre, ela foi avisada ou influenciada, tanto por Deus, quanto pela serpente. O que fez com que ela tomasse essa decisão de comer o fruto foi que ela estava tendente a isso, o seu próprio desejo a impulsionou. Portanto, não houve liberdade nenhuma ali.
Assim sendo, liberdade de ação não é livre arbítrio. Na esfera humana ainda que nossas ações sejam pensadas e bem calculadas, só escolhemos algo para aquilo que somos inclinados e essa inclinação natural é movida por nossos gostos e tendências. Ou seja, nós nunca somos imparciais em nossas escolhas, portanto os nossos gostos e tendências torna as nossas escolha não livres. E isso me referindo as questões pura e simplesmente humanas, o que se dirá da questão espiritual.
Bem, nesse aspecto a bíblia mais precisamente o NT. Diz que por natureza somos mortos, isto é, somos incapazes por nós mesmo de buscar as coisas referentes a Deus. O morto é inerte, portanto não tem reação. Se a natureza humana é morta espiritualmente como pode alguém ter a liberdade de se voltar para Deus? Ainda segundo a bíblia, só podemos responder espiritualmente se Deus por meio de Cristo nos chamar, Ef. 2. 1 “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados.”
Se fomos vivificados é porque estávamos mortos e morto não tem liberdade, assim como o servo também não tem liberdade, quando se lê servo o original é escravo. Sobre a falsa ilusão de se ter livre arbítrio foi que aconteceu figuradamente um embate, entre Jesus e os judeus, Jo. 8. 33 “Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres?” Jesus prontamente demonstrou que ninguém é livre, Jo. 8. 34 “Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.”
Se somos livres, em que Jesus veio nos libertar? Vemos nas palavras de Jesus que quer queiramos ou não, nós não temos uma escolha livre, em outras palavras, não temos livre arbítrio, ou somos servos (doulos = escravos) do pecado ou doulos de Deus. Em ambos os casos seremos influenciados, e o resultado de nossas ações serão consequências dessas influências. E tudo isso se dá no campo físico, as influências em todos os aspectos demonstram que as nossas escolhas não são livres.