Na
atualidade há um grande consenso por parte da denominação católica romana e
grande parte das denominações intituladas protestantes, no que diz respeito à
questão preterista. Dentro do contexto religioso e profético entendemos como
preterista a visão que ensina que todos os acontecimentos relacionados ao fim
do mundo já aconteceram. Segundo tal ensinamento às profecias ditas por Jesus e
as tribulações que viriam sobre o mundo já foram cumpridas em 70 d.C, tal
acontecimento se deu entre Jerusalém e Roma; sendo assim para os preteristas
Jesus já veio.
Ao
olharmos para a bíblia a argumentação preterista cria um impasse para si mesmo,
ou seja, como conciliar tal argumentação com as seguintes questões: Mc. 13.7 (Quando, porém, ouvirdes falar de
guerras e rumores de guerras, não vos assusteis é necessário assim acontecer,
mas ainda não é o fim.) Naturalmente os preteristas irão dizer que o verso acima favorece a sua
argumentação, segundo eles os rumores de guerras aconteceram antes do ano 70
dC. E para eles foi somente entre Roma e Jerusalém.
No entanto o verso posterior começa a trazer dificuldades
para o ensino preterista Mc. 13.8 (Porque se levantará nação contra nação, e reino, contra reino. Haverá
terremotos em vários lugares e também fomes. Estas coisas são o princípio das
dores.) Certamente nação contra nação e reino contra reino não se
restringiu apenas entre Jerusalém e Roma, mais ao mundo como um todo.
O que dizer dos
terremotos? Segundo a história, aconteceu realmente vários terremotos porém é
evidente que nenhum grande terremoto abalou a terra entre 30 e 70 d.C. Ap. 16.18-19. (E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande terremoto, como
nunca houve igual desde que há gente sobre a terra; tal foi o terremoto, forte
e grande. E a grande cidade se dividiu em três partes, e caíram as cidades das
nações. E lembrou-se Deus da grande Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho do
furor da sua ira.)
Para os
preteristas esse acontecimento é simbólico e segundo eles já aconteceu, mas, no
entanto acredito que o juízo de Deus será literal e, portanto o terremoto de
apocalipse terá lugar no futuro, logo os terremotos preditos por Jesus são os
que têm acontecido em toda era cristã, não acredito que ele tenha dito isso
somente até o ano 70 EC. Mt. 24.24 (porque surgirão
falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para
enganar, se possível, os próprios eleitos.)
Realmente um pouco antes de 70 dC. Houve aqueles que se
intitulavam o Cristo, ou o Messias, entre eles: Judas o galileu, Simão filho de
Giora, Menahem, porém após o ano 70 dC. Continuou a aparecer os candidatos a
messias, tanto foi assim que massada foi destruída no ano 73 dC. E somente no
ano 132 dC. Apareceu um falso messias, chamado Simão filho de Kochba.
Mt. 24.21 (Porque nesse
tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não
tem havido e nem haverá jamais.) Segundo a história a destruição de Jerusalém pelo
exército romano em 70 dC foi algo realmente terrível, mas dizer que a
destruição foi algo tão terrível que nunca mais poderia ser comparado não faz
sentido, ou seja, já houve tribulações maiores e de dimensão muito mais
catastrófica, inclusive com o próprio povo judeu. Ainda segundo a história à
guerra entre judeus e romanos entre 66 a 73 dC. Teve como vítimas um milhão e
cem mil pessoas, já a 2ª guerra mundial matou setenta e três milhões de
pessoas.
Portanto, a grande tribulação dita por Jesus não pode ser
entendida literalmente como sendo a destruição de Jerusalém pelos romanos. E para
conformar o pensamento preterista ensinam ainda que depois dessa grande
tribulação ocorrida em 70 dC. Jesus veio cumprindo as próprias palavras de
Jesus, Mt. 24. 29-31 (Logo em seguida à tribulação daqueles dias,
o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do
firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Então, aparecerá no céu o
sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho
do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória. E ele
enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os
seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus.)
É aí
então que entra a grande controversa preterista, até este momento eles
utilizaram as palavras de Cristo e da bíblia como um todo, de uma forma literal
e local, a partir daí a coisa muda de figura, a interpretação começa a ser
simbólica espiritual. A tribulação é literal ocorreu em Jerusalém, já os
elementos da natureza tais qual o sol estrelas e o céu são interpretados de uma
forma simbólica.
E para
fechar o ensino preterista dizem eles que Jesus já veio, pronto! A bíblia se
cumpriu na integra no ano 70 dC. Afirmam os preteristas. Mas, Jesus já veio?
Sim dizem eles! Como se ninguém viu? Foi espiritual cumprindo as palavras do
próprio Jesus e por fim a profecia de Daniel, afirmam eles. Dn. 7.13 (Eu estava olhando
nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o
Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele.)
Esta é a profecia que os preteristas dizem que de uma
forma espiritual aconteceu no ano 70 dC. Bem, estamos de frente a um impasse,
onde aparece ao menos quatro questões, as quais os preteristas terão de
responder. (1) Jesus não disse que o seu retorno seria espiritual, o fato de
Daniel dizer que o filho do homem, o qual os cristãos entendem como sendo
Jesus, dirigindo-se para o “Ancião de Dias” (Deus) não ensina e nem confirma o
retorno de Jesus a terra, pois esta é o destino do retorno de Cristo.
(2) A bíblia diz que na sua vinda ele enviará os seus
anjos e estes reunirá os seus escolhidos
Mt. 24.31 (E ele enviará os seus anjos, com grande
clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos,
de uma a outra extremidade dos céus.) Isso não aconteceu e mesmo Daniel
7.13 e 14 não aparece os Anjos acompanhando o Filho do Homem. (3) Como os
preteristas poderão confirmar um acontecimento espiritual, i.e. a ida de Jesus
para Deus se não existe como provar tal acontecimento? (4) O profeta Daniel diz
que o reino de Deus será visível, literal e será na terra. Dn. 7.14 (Foi-lhe dado
domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as
línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu
reino jamais será destruído.)
Logo, segundo as informações dos evangelhos, Jesus
retornará sim, para à terra. Dn. 7.18 (Mas os santos do Altíssimo receberão
o reino e o possuirão para todo o sempre, de eternidade em eternidade.)
Este ensinamento está em sintonia com todo o registro do NT. Mas, o ensino
preterista leva a mente dos crentes a se acomodarem acreditando que
espiritualmente Jesus já voltou, não serve como conforto, não serve como um
incentivo ao crescimento espiritual. Qual é a síntese de tal evangelismo?