A bíblia
nos mostra principalmente nas páginas do AT. Deus por meio de Moisés
estabelecendo leis as quais regeriam a nação de Israel. O assunto que tenho
proposto neste tópico refere-se à questão alimentar. Dt. 14. 3 “Não comereis coisa alguma abominável.” Antes de comentar sobre o verso faz-se
necessário algumas perguntas: estamos nós na atualidade sujeitos a esta mesma
lei? A lei estabelecida por Deus referente a alimentação encontrada em Levítico
11 e Deuteronômio 14 deve ser entendida como sendo uma lei sobre saúde?
As igrejas ou denominações judaizantes as quais ensinam e
“praticam” tais orientações deveriam também observar outros ritos que tratam da
impureza? Veremos estas questões no decorrer do assunto? “Não comereis coisa alguma abominável.” Está assim traduzida pela ARA. A
bíblia nos permite tratar a abominação de duas maneiras distintas, de forma
ritual e no sentido ético. O sentido ritual refere-se ao alimento impuro a
cultura local aos ídolos a vestimenta e mesmo o casamento misto. Já a questão
ética refere-se a impiedade.
A palavra hebraica que trata da abominação de
Deuteronômio 14. 3 é to ̀ebah e é a mesma utilizada em Gn. 46. 34 “Respondereis: Teus servos foram homens de gado desde a mocidade até agora,
tanto nós como nossos pais; para que habiteis na terra de Gósen, porque todo
pastor de rebanho é abominação para os egípcios.” Para os egípcios tal repugnância (abominação) se dava numa
dimensão cultural. A mesma palavra hebraica é utilizada para descrever Dt. 22. 5 “A mulher não
usará roupa de homem, nem o homem, veste peculiar à mulher; porque qualquer que
faz tais coisas é abominável ao Senhor,
teu Deus.”
A mesma
palavra hebraica utilizada nos versos anteriores é usada em Lv. 20.13 “Se também um homem se deitar com outro
homem, como se fosse mulher, ambos praticaram coisa abominável; serão mortos; o
seu sangue cairá sobre eles.” Esta não é uma
questão ritual cerimonial cultural ou local, é uma questão ética, como podemos
definir isso? Baseado no ensinamento do NT. Em se tratando do sentido ritual já
podemos responder ao menos uma pergunta feita acima: “As igrejas ou denominações judaizantes
as quais ensinam e “praticam” tais orientações deveriam também observar outros
ritos que tratam da impureza?”
Se para eles comer algo causa-lhes repugnância ou é
abominável o misturar vestimenta também deveria causar, o casamento entre
pessoas que não professam a mesma denominação religiosa não poderia ser aceito,
os ídolos que são cultuados (na sua grande maioria) não são ídolos de pedra
deveriam causar abominação, será que causa? Por causa de atitudes similares foi
que Jesus disse aos seus ouvintes no monte das oliveiras, Mt. 5. 20 “Porque vos digo
que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais
entrareis no reino dos céus.” Já outra pergunta é: A lei estabelecida por
Deus referente a alimentação deve ser entendida como sendo uma lei sobre saúde?
Não! Deus não faz nenhuma referencia a saúde, Ele não diz que os camelos têm mais parasitas que as vacas, o
mesmo se dá com relação ao garças se alimentam de peixes, mas não são
consideradas próprias para consumo, no entanto, os patos também comem pequenos
peixes e não há uma restrição bíblica quanto ao seu consumo. Deus por meio da
bíblia dá algumas regras, sem dar razões para isso. Não nos é dito por que
as abelhas são impuras, mas o mel produzido por elas pode ser
consumido.
Não nos é dito por que a carpa que se alimentação do fundo pode
ser comido, mas o bagre (peixe gato) que também se alimenta do fundo não pode,
no entanto assim como o bagre as carpas são consideradas por muitos como porcos
de água doce. Os judaizantes irão dizer: O bagre não pode por ser peixe de coro
e a falta das escamas lhe deixa sujeito às contaminações existentes no seu
habitat. Mas a questão permanece, pois ambos o de couro ou o de escamas se
alimentam de toda sorte de impureza. Outra regra que foi estabelecida e nós não
compreendemos é: porque os gafanhotos podem e os caranguejos não podem. O
argumento de que o gafanhoto é herbívoro é inválido, isso pelo fato das abelhas
sobreviverem do pólen das plantas e nem por isso segundo a bíblia são liberadas
para consumo.
Argumentam
os judaizantes que a alimentação ideal são as ervas e estas podemos comer de
tudo. No entanto algumas plantas são venenosas, mas Deus não listou as que são
permitidas Ele deixou os seres humanos discernir quais são as plantas
permitidas para alimento e quais não são permitidas e Isso é feito por meio da
investigação científica. O mesmo se dá com relação às carnes; se algum
israelita tocasse em um animal não próprio para alimento era considerado imundo
até a tarde, no entanto se ele tocasse um animal morto próprio para consumo era
mesmo assim considerado imundo, até a tarde.
Lv. 11.
39-40 “Se morrer algum dos animais de que vos é lícito comer, quem tocar no seu
cadáver será imundo até à tarde; quem do seu cadáver comer lavará as suas
vestes e será imundo até à tarde; e quem levar o seu corpo morto lavará as suas
vestes e será imundo até à tarde.” O fato da bíblia dizer que a pessoa ficava imunda até a
tarde destaca o seu lado cerimonial e religioso e descarta a questão de saúde.
O cerimonial é definido nas palavras “até
a tarde”.
Já a questão religiosa pode ser entendida nos versos a
seguir Lv. 20. 25-26 “Fareis, pois, distinção entre os animais
limpos e os imundos e entre as aves imundas e as limpas; não vos façais
abomináveis por causa dos animais, ou das aves, ou de tudo o que se arrasta
sobre a terra, as quais coisas apartei de vós, para tê-las por imundas.
Ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor,
sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus.”
Mas os judaizantes podem retrucar: “somos israelitas espirituais, portanto pertencemos a Deus e assim
sendo somos separados e nos apartamos de coisas imundas”. Esta objeção pode
ser refutada com o seguinte verso bíblico, Dt.
14. 21 “Não comereis nenhum animal
que morreu por si. Podereis dá-lo ao estrangeiro que está dentro da tua cidade,
para que o coma, ou vendê-lo ao estranho, porquanto sois povo santo ao Senhor, vosso Deus. Não cozerás o cabrito
no leite da sua própria mãe.”
Isso só confirma duas coisas, o poder comer e o não poder
comer era uma questão religiosa entre Deus e os judeus; e os gentios ainda que
vivessem dentro de Israel não estava obrigado a seguir tal lei e ensinamento,
reparem, “Podereis dá-lo ao estrangeiro
que está dentro da tua cidade”. Em outras palavras a questão do puro e do
impuro foi para fazer separação entre Israel e os gentios, e o verso exclui
também a questão da saúde, ou os gentios que viviam em Israel poderiam adoecer
por causa de alimento?
Evandro.