Os
sabatistas se valem de textos os quais possam lhes dar uma segurança
doutrinária. Principalmente os leigos, quando estes estão doutrinando recém
convertidos. Imagine um membro sabatista instruindo alguém quanto a questão do
sábado, naturalmente usará de todos os recursos para convencer o seu expectador
e entre os vários textos usados destaco a carta aos hebreus capítulo 4.
Hb. 4. 1 “Temamos,
portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus,
suceda parecer que algum de vós tenha falhado.” Sem sarcasmo, mas com honestidade
quando um sabatista lê este verso logo lhe vem a mente o descanso sabático
semanal. Outros versos relacionados podem ser citados, Hb. 4. 9-10 “Portanto, resta
um repouso para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no descanso de Deus,
também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas.”
Para os “guardadores do sábado” tais versos estão
relacionados com o livro de Gênesis, ou mais
propriamente com a parte a qual relata que Deus cessou a sua obra criadora.
No entanto, não encontramos nenhuma menção da palavra “Sábado”, no livro de
Gênesis e também nenhum mandamento para a humanidade descansar, Gn. 2. 1-3 “Assim, pois, foram acabados os céus e a
terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua
obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha
feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou
de toda a obra que, como Criador, fizera.”
Segundo o relato bíblico a primeira vez a
primeira vez que houve uma ordem para se guardar o sábado se encontra em Êxodo
capítulo 16 verso 23 “Respondeu-lhes ele: Isto é o que disse o Senhor:
Amanhã é repouso, o santo sábado do Senhor;
o que quiserdes cozer no forno, cozei-o, e o que quiserdes cozer em água, cozei-o
em água; e tudo o que sobrar separai, guardando para a manhã seguinte.” Os versos 29-30 também confirmam isso, “Considerai que o Senhor vos deu o sábado; por isso, ele, no sexto dia, vos dá
pão para dois dias; cada um fique onde está, ninguém saia do seu lugar no
sétimo dia. Assim, descansou o povo no sétimo dia.”
Moisés, ao escrever Gênesis 2:1-3 sobre o
descanso de Deus no sétimo dia, evitou usar o vocábulo Shabbth,
porque segundo o autor inspirado, o Sábado só será imposto no Sinai, onde se
tornará o sinal da Aliança Mosaica. O autor de Hebreus nos capítulos 3 e 4
também faz a mesma coisa para diferenciar a realidade (descanso de Deus) que
“hoje” possuímos, da sombra (sábado semanal) que cumpriu sua função tipológica em
Cristo, Cl. 2. 16-17 “Ninguém, pois,
vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou
sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir;
porém o corpo é de Cristo.”
O
“descanso” de Deus registrado em Gênesis 2 existia antes da entrada do pecado e
era uma realidade que continuou a existir, o Sábado foi dado para Israel
como mandamento escrito no Sinai, após a entrada do pecado. Ao
ensinar a Israel sobre a Antiga Aliança, Moisés estava “dando testemunho do que
haveria de ser dito no futuro.” A Aliança Mosaica apresentada a Israel
ensinou o povo de Deus sobre a vinda do Messias. Revelou-lhes seus pecados e
sua necessidade de um Salvador.
Tudo na Antiga Aliança apontava para Cristo. Tudo
na Antiga Aliança foi cumprido Nele, até mesmo o Sábado. Hb. 10. 1 “Ora, visto que a lei tem sombra dos
bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar
perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano,
perpetuamente, eles oferecem. Hb. 3. 7-8 “Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não
endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da tentação no
deserto.”
Observem
que este descanso NÃO é um determinado dia da semana. Não é o domingo, ou o
sábado. É HOJE! A palavra grega katapausis traduzida por
“repouso” ou “descanso” aparece 8 vezes no NT. Iremos ver apenas três deles. At. 7. 49 “O céu é o meu trono, e a terra, o
estrado dos meus pés; que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar
do meu repouso? Hb. 3. 11 “Assim, jurei na
minha ira: Não entrarão no meu descanso.” Hb. 4. 1 “Temamos, portanto,
que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer
que algum de vós tenha falhado.”
Assim
sendo esta palavra não se refere à palavra grega sabatton ou sábado. Dando-nos
a entender que o sábado era apenas uma sombra física do descanso espiritual que seria dado
pela fé em Jesus. Em Cristo , o perfeito
descanso espiritual que Adão e Eva perderam quando pecaram foi agora
restaurado. As obras criativas de Deus foram concluídas em seis dias e no
sétimo “dia” (yom) Ele descansou de Sua obra criadora. Deus ainda está nesse
descanso atualmente. Deus nunca deixou seu descanso. (Apesar de nunca ter se cansado) Ao contrário
dos outros seis dias, o sétimo “dia” (yom) da criação não teve tarde ou manhã,
nem fim.
Os israelitas receberam um símbolo cerimonial
desse descanso, mas eles não conseguiram compreender para quem ele apontava. Nós
estamos sendo chamados para esse descanso hoje através da fé em Jesus Cristo. Não
estamos sendo chamados para uma sombra, mas para uma realidade. Estamos sendo
convidados a retornar para o descanso espiritual que foi perdido no Éden. No
relato da criação de Gênesis 1 e 2 há um fato curioso. Nos primeiros seis dias
da criação fala-se da tarde e da manhã; em outras palavras, cada dia tinha seu
começo e seu fim. Mas no sétimo dia, o dia do descanso de Deus, não se
menciona absolutamente o sobrevir da tarde. A partir daqui os rabinos
argumentavam que enquanto os outros dias se concluíam, o dia do descanso de
Deus não tinha fim: era eterno e perdurável, o descanso de Deus não tem
entardecer, mas sim perdura para sempre.
Portanto, ainda que na antiguidade os israelitas
não tivessem podido entrar nesse repouso, este ainda permanecia, já que era um
repouso eterno. Mesmo depois da entrada dos filhos de Israel na Terra Prometida
sob a liderança de Josué, eles ainda continuavam fora do verdadeiro descanso de
Deus. A Terra Prometida, assim como o sábado, era apenas uma sombra do descanso
que Deus queria restaurar as pessoas. Há ainda um descanso para nós entrarmos, mas
não é um determinado dia da semana. É o descanso espiritual que foi perdido no
Éden e restaurado somente pela fé em Cristo. Hb. 4. 9 “Portanto, resta um repouso para o povo de Deus.”
Neste verso a palavra utilizada para repouso não é
sabatton, mas sabbatismos. A palavra grega sabbatismos traduzida
corretamente por descanso sabático, não significa “guardar o sábado
nem o domingo”. Não estamos sendo convidados a entrar no dia de sábado semanal
(sabbaton), mas no descanso eterno de Deus (sabbatismos). Não estamos sendo
convidados a descansar durante um dia da semana, mas para descansar eternamente
em Cristo e na Sua obra consumada. Outro fato importante está na realidade de
que seria desnecessário o autor da carta aos hebreus convidar ou relembrar os
seus conterrâneos de que eles deveriam guardar o sábado. Portanto, este não foi
um apelo para retornarem as obras do passado mais sim para visualizarem ou
entrarem em um novo descanso e este espiritual.