Qualquer
texto bíblico que possa sugerir uma divindade composta é tida pelos
trinitarianos como sendo uma comprovação de sua doutrina, e isso a
despeito do texto ser ou não explicito em seu sentido, por exemplo,
Ap.
1. 17
“E
eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a
sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último”.
O
fato da bíblia dizer neste verso que Jesus é o primeiro e o último,
se torna uma comprovação para os trinitarianos de que Jesus é
Deus, e mais ainda quando fazem a comparação com Ap.
21. 6 “Eu
sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e
que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso.” Ao
comparar o primeiro e o último com o princípio e o fim chegam a
conclusão de que os versos estão falando de pessoas diferentes mas
com o mesmo atributo.
Quando
na realidade a bíblia está sim falando de pessoas diferentes, e as
classificando também de um modo diferente, dizer que primeiro e
último é o mesmo que princípio e fim, é forçar um pouco o
entendimento, outro fato é que o contexto posterior de apocalipse 1.
17 joga por terra o ensinamento de Jesus ser Deus, Ap.
1. 18
“E
o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre.
Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno.”
O
próprio Jesus afirma que esteve morto, mas ressuscitou, assim sendo
é fácil compreender que Jesus não estava tomando para si a
prerrogativa de ser Deus quando disse ser o primeiro e o último,
fato é que a bíblia descreve a imortalidade como sendo uma característica única de Deus, 1ª
Tm. 1. 17
“Ora,
ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja
honra e glória para todo o sempre. Amém.”
A
partir daí iremos perceber por meio de alguns versos bíblicos a
diferenciação, entre Jesus e Deus, antes porém é interessante
atentarmos para mais um detalhe, vimos acima Jesus após ter dito ser
o primeiro e o último dizer que ressuscitou dos mortos, o
interessante é que o verso anterior e o posterior de apocalipse 21.
6 retrata também sobre Deus, Ap.
21. 5
“E
o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas
as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são
verdadeiras e fiéis.”
A
bíblia descreve Deus, como estando sobre o trono e o verso 7 nos
confirma isso “Quem
vencer, herdará todas as coisas; e eu serei seu Deus, e ele será
meu filho.” Sobre
o trono, serei seu Deus, é um relato bíblico de apenas uma pessoa,
e isso é confirmado em toda bíblia. E olhando
para outros versos Jesus é identificado como Jesus, e, Deus como
Deus. Ap.
20. 6
“Bem-aventurado
e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes
não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de
Cristo, e reinarão com ele mil anos”.
Outro
título utilizado para Jesus é cordeiro, Ap.
21. 9
“E
veio a mim um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das
últimas sete pragas, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a
esposa, a mulher do Cordeiro.” A
diferenciação continua, e para clarificarmos essa questão talvez
seja oportuno analisarmos, paralelamente, outros textos que
referencia Jesus e Deus numa suposta condição de exclusividade de
expressões, Ap.
17. 14
“Estes
combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o
Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com
ele, chamados, e eleitos, e fiéis.”
Seria um ponto forte para a doutrina da trindade? Naturalmente eles
argumentam que se e é “rei dos reis” logo se trata de Deus,
pois, só pode haver um rei dos reis, será? quantos “reis dos
reis” podem existir? Segundo a própria Bíblia mais de um, Ed.
7. 12
“Artaxerxes,
rei dos reis, ao sacerdote Esdras, escriba da lei do Deus do céu,
paz perfeita, em tal tempo.” Ez.
26. 7 “Porque
assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu, desde o norte, trarei contra
Tiro a Nabucodonosor, rei de babilônia, o rei dos reis, com cavalos,
e com carros, e com cavaleiros, e companhias, e muito povo.”
A
bíblia chama Artaxerxes e Nabucodonosor de “rei dos reis”, eles
não eram e nunca foram uma única pessoa, e de igual modo a Bíblia
chama Jesus de rei dos reis como vimos em apocalipse 17. 14 e também
chama Deus, o pai de rei dos reis, 1ª
Tm. 6. 14-15
“Que
guardes este mandamento sem mácula e repreensão, até à aparição
de nosso Senhor Jesus Cristo; A qual a seu tempo mostrará o
bem-aventurado, e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos
senhores.”
Assim
fica evidente que tais expressões revelam a possibilidade de um
mesmo título ser aplicado a mais de uma pessoa. Com isso em mente
observemos o contexto onde as palavras escritas dizem ser Jesus o
“primeiro e o último”. Ele, Jesus, segue falando sobre haver
sido morto e estar vivo, e, de fato, ele foi o primeiro, porque foi
morto antes da fundação do mundo, e o último porque venceu o
império da morte. De qualquer forma, devemos lembrar que o livro do
Apocalipse é um livro que até hoje ninguém conseguiu entender por
completo.
Vejamos,
por exemplo,
Ap. 22. 8-13
“E
eu, João, sou aquele que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-as
ouvido e visto, prostrei-me aos pés do anjo que mas mostrava para o
adorar. E disse-me: Olha, não faças tal; porque eu sou conservo teu
e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste
livro. Adora a Deus. E disse-me: Não seles as palavras da profecia
deste livro; porque próximo está o tempo. Quem é injusto, seja
injusto ainda; e quem é sujo, seja sujo ainda; e quem é justo, seja
justificado ainda; e quem é santo, seja santificado ainda. E, eis
que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um
segundo a sua obra. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o
primeiro e o derradeiro.”
Com
uma leitura simples não se identifica Deus ou Jesus como aqueles que
estão falando a João, mas o Anjo. Ap.
22. 16
“Eu,
Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas
igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente
estrela da manhã. Ora,
mas foi o anjo mesmo quem disse “Eu sou o Alfa e o Ômega”. Seria
aquele anjo, que disse isso, a Quarta Pessoa da “trindade”, se
sim, a doutrina precisa ser reformulada.
Lembrando
sempre que apesar de não ser completamente compreendido, o livro de
apocalipse segue uma regra em sua revelação, Ap.
1. 1
“Revelação
de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as
coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e
as notificou a João seu servo.”
Percebe-se
claramente, Deus, o pai, Jesus, o Anjo e por fim João, é claro a
distinção entre os seres, dizer que o livro do apocalipse é
revelação da trindade é ir muito além do que está escrito.