sábado, 15 de maio de 2010

É bíblico a pré existência? Parte I

Várias passagens bíblicas parecem dizer que Jesus Cristo existiu em alguma forma no céu, antes de aparecer aqui na terra. A maioria destas passagens encontra-se no Evangelho de João e entre elas estão: Jo. 6.38, Jo. 6.62, Jo. 8.58 Jo. 17.5. A argumentação, é que estas afirmações são claras e devemos aceitar o ensinamento bíblico de que Jesus viveu anteriormente no céu. É certo que estas passagens são claras, porém isso não significa necessariamente que devemos tomá-las em sentido literal. Há outras passagens bíblicas que são tão claras como estas, e sem dúvida não as tomamos em sentido literal, ainda que frequentemente as pessoas que ouviram estas palavras não sabiam inicialmente como entendê-las. Muitas destas passagens se encontram no Evangelho de João, por exemplo: Jo. 2.19-20 Jo. 3.3-4 Jo. 4.34 Jo. 6.50 Mt. 18.9 Lc. 9.23 Da mesma forma que não tomamos as afirmações anteriores em sentido literal, tampouco devemos tomar em sentido literal as afirmações de que Jesus viveu no céu antes de nascer na terra. Em primeiro lugar a bíblia afirma que Jesus é um homem. Vamos conferir em Is. 53.3 – Jo. 1.30 – Jo. 8.40 – At. 2.22, 17.31 – Rm. 5.15 – 1 Co. 15.21 – 1 Co. 15.47 – 1 Tm.2.5 Nós homens e mulheres começamos nossa existência quando nascemos. No caso de Jesus, Mateus e Lucas nos informam que Maria a mãe de Jesus concebeu pelo poder do espírito de Deus. E Mateus nos fala do momento em que “Tendo nascido Jesus em Belém de Judéia no tempo do rei Herodes” Mateus 2:1 Se Jesus não nasceu em forma real e normal nesse momento, em que sentido pode ser Filho de Abraão e de Davi, ou inclusive de Maria? O que Lucas nos diz? Lc. 2.52 Como pode haver crescido em sabedoria se antes de nascer já era um ser celestial dotado de toda a sabedoria? E se Jesus abandonou toda a sua sabedoria e conhecimento anterior para nascer na terra como homem, como pôde seguir sendo a mesma pessoa? Já que a essência de qualquer pessoa é a totalidade das experiências e sabedorias adquiridas no decorrer de sua vida. O que nos diz Hebreus Hb. 2.10, 5.8, porém como pôde ter sido aperfeiçoado aqui, se antes de nascer já era um ser celestial, perfeito e poderoso? O ENVIADO DE DEUS. Havia entre os judeus a idéia de que um bom mestre “vinha de Deus”, porém, não no sentido de haver vivido nos céus com Deus antes de nascer. Por exemplo, em Jo. 3.2 não há evidência de que Nicodemos cria que Jesus havia existido literalmente nos céus antes de nascer na terra. Se a bíblia aparentemente insinua que Jesus veio do céu, diz o mesmo acerca de outros homens. Por exemplo: João 13:3, Jo. 16.28 Estas palavras são tomadas comumente como evidência da preexistência de Jesus no céu, porém João 1:6 diz: A frase afirma literalmente que João veio da presença de Deus, igual a Jesus, porém ninguém sustenta que João havia preexistido no céu. Jesus foi enviado ao mundo para trazer sua mensagem de vida. 1 Jo. 49. Os que crêem que Jesus preexistiu no céu antes de nascer como humano, sugerem usar esta passagem para ensinar que Cristo veio ao mundo desde o Céu. Sustentam que se Deus enviou Jesus ao mundo é porque estava fora dele, no céu. Ademais, afirmam que esse ser que esteve no céu era o Deus-Filho que tomou a forma de homem. Os apóstolos também igualmente são enviados ao mundo por Jesus Cristo. Jo. 17.18 tanto os apóstolos como Jesus Cristo, foram enviados ao mundo. Enviados de onde? Acaso os apóstolos vieram do céu, literalmente falando, havendo preexistido como deuses? É certo que não!!! Eles foram enviados ao mundo estando no mundo. Portanto, a expressão “enviar ao mundo” não implica necessariamente “preexistência” ou “vir do céu”. Em Jo. 6.41 Jesus diz: Porém estas palavras são provas suficientes de que Cristo “desceu” do céu, literalmente falando, ou que preexistiu com Deus no céu antes de nascer como homem? Tiago 1:17 diz: Muitas dádivas ou presentes de Deus “descem do céu” num sentido metafórico. Por exemplo, uma esposa idônea é um presente de Deus que “desce do céu”. Um filho é uma “dádiva” de Deus para uma família, porém este filho não desceu do céu literalmente falando, mas é apenas uma forma de dizer que Deus deu ou concedeu este presente. Veja Mt. 7:11. Outro caso mais claro ainda é o do profeta Jeremias. Ler Jr. 1:5 Estas palavras tomadas literalmente, implicam que Jeremias existia antes de nascer, porém ninguém as toma neste sentido. Significa que antes do profeta nascer, Deus já sabia como seria e já havia decidido que quando nascesse, o nomearia como profeta ás nações. Antes de nascer, Jeremias existia somente na mente e no plano de Deus, quem conhece todas as coisas antes que existam. Da mesma forma, Deus disse em Isaías 51.2 Como havia decidido que Abraão teria uma descendência numerosa, falou dele como se já fosse uma realidade desde o momento que decidiu. Ver Is. 46.10, 49.1-3 – Rm. 4:17 Sl. 139.16 Assim também na esfera humana, quando um arquiteto se propõe a construir um edifício, primeiro faz uma maquete e possivelmente a apresenta dizendo: Este é o edifício tal, quando não é nada mais que um projeto. ELEITOS ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO O Novo Testamento diz que Deus elegeu os cristãos antes que nascessem, falando como se já existissem. Em Ef. 1.4 Paulo diz que Deus nos elegeu Nele (em Cristo), antes da fundação do mundo, o que implica que se Cristo já existia, então também existiam as demais pessoas que creriam Nele. Na realidade Paulo está falando da predestinação, o fato de que Deus conhece de antemão quem vai nascer e que papel terá em seu plano e propósito. Em Ef. 1:11, o Apóstolo diz de forma explícita: Também em Rm. 8.29-30 Dirigindo-se a Timóteo, Paulo diz: 2 Tm.1:9 como se todos os crentes já existissem desde então. Da mesma forma o Apóstolo Pedro explica as alusões à suposta “preexistência” de Jesus Cristo. 1 Pe. 1.20. Aquela Glória que Tive Contigo Jesus disse em Jo. 17.5 Para os trinitarianos e não-trinitarianos, esta passagem “prova” que Cristo preexistiu no céu antes de fazer-se homem. Porém igualmente acontece em Gn. 15.18 onde se lê que Deus fez uma promessa a Abraão. Apesar de que ainda não existia sua descendência. Agora observe o que diz Jesus em Jo. 17.22 Observou? Jesus e seus apóstolos compartilham a glória de Deus! Porém são de todo literais estas palavras de Jesus? Têm glória os apóstolos? Em 1 Pe. 5.1 o apóstolo Pedro reconhecia que “participava” da glória que ainda não havia sido revelada! Pedro recebeu a glória como uma promessa, porém teria que esperar a segunda vinda de Cristo para recebê-la. I Pe. 5.4 Concluímos então que Cristo “teve” sua glória com o Pai, porem na verdade a recebeu em sua ressurreição. At. 3.13-15 Recordamos que Cristo teve sua glória com o Pai, do mesmo modo que seus discípulos tiveram sua glória com Jesus. Porém a nossa glória só será recebida depois da ressurreição, ou seja, da transformação de nossos corpos mortais. Cl. 3.4 Fp. 3.20-21 1 Co. 15.43 É óbvio que Jesus não pôde haver gozado dessa glória ainda que realmente existisse então, posto que as Escrituras enfatizem que ele só se fez merecedor dessa glória ao completar na cruz sua vitória sobre o pecado. O escritor Aos Hebreus diz: Hb. 2.9 Em sua primeira epístola, Pedro diz que: Deus ressuscitou a Jesus e lhe deu glória. 1 Pe. 1.21 Jesus mesmo, falando a dois discípulos no caminho de Emaús, enfatiza que sua glorificação era posterior a seus sofrimentos coisas e entrasse na sua glória? Lc. 24.26 – Jo. 7.39 e Jo. 12.16 As passagens anteriores demonstram que Jesus não poderia haver gozado literalmente da glória antes de seu nascimento, porque somente poderia recebê-la depois de haver terminado com êxito o seu ministério. Tanto a existência de Jesus antes que o mundo existisse como sua glorificação, somente pôde haver existido em forma antecipada na mente e propósito de Deus. Este propósito foi detalhadamente revelado por meio dos profetas. Falando do que estava para acontecer, o Senhor disse em Mt. 26.24 As passagens que são citadas para apoiar a idéia da suposta “preexistência” de Jesus, não indicam que Ele realmente vivesse no céu antes de nascer aqui na terra. Simplesmente enfatizam em linguagem figurada o fato de que a aparição do Senhor Jesus aqui na terra não foi por acaso, senão um acontecimento que foi determinado e autorizado por Seu Pai Celestial desde antes da criação do mundo.

contribuição de: Marcelo Alexandre Valle.