terça-feira, 1 de março de 2011

História eclesiástica.

Este assunto tem como objetivo fazer uma pequena análise do livro história eclesiástica de Eusébio de Cesareia (263-340) Os primeiros quatro séculos da igreja cristã. Os relatos escritos de Eusébio estão entre aspas. Devido ao fato de haver um período muito longo separando a história contida no livro e os dias contemporâneos, me impossibilitou de fazer uma análise mais profunda do conteúdo do livro. Não só o hiato de tempo existente, mas a própria narrativa encontrada no livro dificultou uma explanação mais objetiva desse período do cristianismo. Em outras palavras podemos dizer que os fatos narrados no livro são bem fragmentados. Lógico que isso de nenhuma maneira vem contribuir para prejudicar a obra do autor, contudo dificulta uma abordagem mais profunda do leitor. Como mencionei anteriormente, o breve assunto que ora tenho proposto é trazer a tona esclarecimentos referente a declarações de fé dos cristãos nos primeiros séculos da igreja. É importante ressaltar que a meu ver o objetivo primário do livro e claro do autor, foi identificar e relatar as atrocidades que se abateu sobre os mártires cristãos, a mando dos vários imperadores. Este é um tema onde Eusébio fez questão de declarar, sobretudo as variadas formas de tortura, porém menciona muito pouco sobre o porquê da tortura. Várias vezes é declarado que eles os cristãos eram obrigados a sacrificar, e na página 321 falando sobre o mártir Procópio lemos: “...e recebeu ordens para que fizesse libações aos quatro imperadores”... Percebemos então que existia nestes dias o culto a César. Lamentavelmente essa igreja que Eusébio declara neste livro bem cedo se corrompeu, ele mesmo descreve este episódio relatando este acontecimento. Pág. 111. “A igreja continuava até então pura e incorrupta como uma virgem, pois havendo alguns que tentassem perverter a sã doutrina do evangelho salvador, estavam ocultos em esconderijos escuros; mas, quando o grupo sagrado dos apóstolos se extinguiu e a geração dos que tinham tido o privilégio de ouvir sua sabedoria inspirada passou, também surgiram maquinações dos erros ímpios pela fraude e pelo engano dos falsos mestres”. Acrescento que este acontecimento já havia sido previsto pelo apostolo Paulo. At. 20: 29, 2ª Co. 11: 3-4. Reparem que Eusébio nos diz que após se extinguir a geração dos apóstolos os falsos mestres começaram a introduzir conceitos contrários ao puro evangelho, lemos na página 52 do referido livro. “Filo tornou-se notável, homem muito destacado por sua cultura, não apenas entre os seus, mas entre os que vinham de fora. Quanto à sua origem, era descendente dos hebreus, inferior a ninguém em Alexandria no que tange à dignidade de família e nascimento. Quanto às divinas escrituras e as instituições de seu país, seu amplo e extenso labor, suas obras falam por si. E não é necessário dizer o quanto era bem qualificado em filosofia e nos estudos liberais de países estrangeiros, já que era seguidor zeloso da seita de Platão e Pitágoras”. Como sabemos o cristianismo é devedor ao platonismo. O que dizer do Platonismo na medida em que lhe foi sobreposto o adjetivo cristão? Foi a partir do século II, por obra de helenistas convertidos ao Cristianismo, que se deu esse, tipo de sobreposição. Ela foi feita, sobretudo em função de dois objetivos: um, dar à doutrina cristã um status filosófico; outro transformá-la numa doutrina plenamente aceita pelos intelectuais da época. Ao recorrer à Filosofia os novos helenistas convertidos — tais como Justino, Tertuliano, Clemente de Alexandria, Orígenes, Gregório de Naziano, Basílio e Gregório de Nissa — evidenciaram várias "convergências" entre a doutrina cristã e as doutrinas filosóficas. Foi por causa dessas supostas convergências que eles se viram impulsionados a se adentrar ainda mais no território filosófico. Em geral, eles se serviram bem mais de Platão do que de Aristóteles. A recorrência a Aristóteles se deu, sobretudo pelo fato de eles terem encontrado na lógica aristotélica uma porta de acesso para a "teologia" de Platão. Direta ou indiretamente, eles encontraram em Platão e em Aristóteles inúmeras asserções que lhes pareceram úteis. O resultado foi uma mescla de filosofia e pregação religiosa, cuja tendência foi a de substituir a convicção racional pela fé. O que se deu, a bem da verdade, foi uma perversão de conceitos, de modo que, o que era tido como Filosofia, pouco a pouco se converteu em Religião... Entre elas a imortalidade da alma. Falando sobre a perseguição infligida por Valeriano nos é dito. “Mas quando se lhe apresentou a ocasião do céu”... Página 261. Outro relato interessante está registrado na pág. 330. “Uma moça de Tiro, por nome Teodósia, ainda com dezoito anos incompletos, mas distinta por sua fé e virtude, aproximou-se de alguns prisioneiros, confessores do reino de Cristo, sentados diante do tribunal, com a intenção de saudá-los e como é provável, pedir-lhes que se lembrassem dela quando estivessem na presença do Senhor”. Percebam que a morada no céu de modo imediato já começava a ser uma realidade naqueles dias. Continua na pág. 268. “Mas a festa mais alegre de todas foi celebrada por aqueles mártires perfeitos que estão agora festejando nos céus”. Lc. 14: 14, Jo. 5: 29, At. 24: 15, 2ª Tm. 2: 18. Ec. 9: 5. Outra prática estranha a bíblia que foi introduzida foi a de se reunir em cemitérios, “Mas nem vós, nem nenhum dos outros poderão, sob nenhum pretexto, manter reuniões nem entrar no que chamam de vossos cemitérios”. Pág. 258. Já na pág. 261 lemos: os cristãos chamavam de cemitérios, (koimêtêria) dormitórios, o lugar em que faziam seus sepultamentos... “Era freqüentado pelos cristãos, como lugares peculiarmente propícios para cultivar sentimentos religiosos, em particular se fossem depositários de confessores martirizados”... “Ali podiam manter um tipo de comunhão com a virtude falecida vendo-se mais fortalecidos por ela”. Outra questão interessante narrada neste livro foi o cisma que teve lugar nos dias em que Vítor dirigia a igreja de Roma. “As Igrejas de toda a Ásia, dirigidas por uma tradição remota, supunham que deveriam guardar o décimo quarto dia da lua para a festa da páscoa do salvador, em cujo dia os judeus tinham ordens de matar o cordeiro pascal”. É-nos dito que Vítor se empenhou em fazer o contrário, não querendo permanecer neste ensinamento. “Vítor se empenhou em desligar-se da unidade comum das igrejas de toda a Ásia”. Pág. 191 e 193. Fato que não aconteceu naqueles dias. Atualmente vemos na prática o empenho de Vítor em mudar a data da páscoa cristã. Outro acontecimento podemos dizer um tanto estranho, está registrado na pág. 306. “... outros ainda preferiram empurrar o braço para dentro do fogo a tocar o sacrifício profano; alguns, para escapar da provação mais rápido, antes que fossem levados e caíssem nas mãos dos inimigos, jogaram-se de cabeça do alto das casas, considerando vantajosa a morte em comparação com a malignidade desses perseguidores ímpios”. Em todo o livro percebemos que os cristãos admitiam o único Deus, porém em outras passagens vemos uma mistura com o triteísmo, igualmente podemos dizer sobre o dia do Senhor. Na pág. 329 lemos o seguinte: ... “Um dia antes do sábado santo, sexta feira na mesma cidade de Cesareia...” percebemos que eles não tinham ainda um corpo doutrinário definido. Outra questão também diz respeito às festas bíblicas como nos é relatado na pág. 287. “Muitas outras questões, sei, foram por ele discutidas (falando de certo Aristóbulo) algumas das quais com grande probabilidade, outras, estabelecidas com as mais certas das demonstrações, em que tentou mostrar que a festa da páscoa e do pão asmo deve ser observada totalmente após o equinócio...” Sabemos que por causa do anti- semitismo a igreja cristã repudiou tudo o que vinha dos judeus e no lugar das festas bíblicas foram adicionadas as festas cristãs, tal anti-semitismo começou com Marcião, para ele tudo o que foi endereçado aos judeus não servia para os cristãos inclusive o Deus dos judeus. O que percebemos no livro de Eusébio de Cesareia, é que lamentavelmente a única coisa digna de mérito que deve ser exaltada foi a bravura e a coragem dos mártires, face a intolerância religiosa imposta pelo império romano, ademais percebemos somente filosofias de um povo que vivia em trevas e que foi confundido por aqueles a quem o próprio povo mais respeitava, os filósofos. Lembrem-se, o cristianismo que nos é apresentado trás uma porcentagem muito grande no seu conteúdo da filosofia grega e muito pouco ou quase nada da bíblia. As principais doutrinas do cristianismo são todas filosóficas e entre elas estão: A trindade, as duas naturezas de Cristo e a imortalidade da alma. Já a guarda do domingo foi só uma continuação do que existia no império romano.