Em um passado recente, digo, na era pré Internet, principalmente aqui no Brasil. Muitos sinceros cristãos dentro das variadas denominações foram literalmente enganados com a pregação de Malaquias capítulo (3). É lamentável mas, ainda muitos são enganados.
O engano aqui referido não se restringe somente ao aspecto teológico, é um insulto a inaptidão do individuo. Creio que atualmente, por força da lavagem cerebral a mensagem da maldição de Malaquias capítulo três continua enraizada nas mentes do povo. É importante ressaltar que na maioria das vezes o próprio povo leigo contribui para ser enganado, isso por vários motivos, enumero três deles.
(1) Inabilidade, pois, dizem eles: “Se o líder tal disse, quem poderá contestar, é o ungido do Senhor”. (2) “Se Deus manda prová-lo, e estou precisando adquirir isso e aquilo outro, irei prová-lo”. (3) “Não podemos contestar, está escrito na bíblia, portanto devemos obedecer. A mensagem usada. Ml. 3.10 - (Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida).
Infelizmente não é feito pelos membros uma análise aprofundada do verso e muito menos dos versos anteriores e posteriores do capítulo. Se fizessem isso descobririam que a mensagem de Malaquias capítulo três foi direcionada exclusivamente ao povo judeu dos dias de Malaquias. Vejamos o contexto. Ml. 1.1 – (Sentença pronunciada pelo Senhor contra Israel, por intermédio de Malaquias).
Reparem que a sentença é exclusivamente contra Israel. A primeira reprovação foi contra os sacerdotes vejam: Ml. 1.6-7 – (O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? diz o Senhor dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome? Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e ainda perguntais: Em que te havemos profanado? Nisto, que pensais: A mesa do Senhor é desprezível).
Todo o capítulo um e dois, a reprovação é dirigida aos sacerdotes, isso pelo fato de estarem agindo e permitindo que o povo agissem aleivosamente. Não cabe aqui os defensores do dízimo dizerem que o Israel referido é o Israel espiritual. Ml. 3.6 - (Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos). Filhos de Jacó, retrata o Israel literal. O capítulo 1 nos mostra que os sacerdotes ofereciam ofertas e neste caso no antigo pacto não representava dinheiro mas sim sacrifícios de animais limpos.
Porém, os sacerdotes estavam desobedecendo esta ordem direta de Deus, ofereciam sacrifícios defeituosos, e o pão da proposição era imundo. Percebemos então que o capítulo retrata o Israel literal dos dias do profeta Malaquias. Além das ofertas defeituosas o povo estava roubando no que concernia os dízimos e as ofertas. Ml. 3.8-9 – (Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda).
Percebam que o verso 9 claramente confirma que se trata de uma revelação para os judeus, onde nos é dito “vós a nação toda.” Ou seja, a nação judaica, primeiro pacto, e não (as nações), segundo pacto. O verso 9 Deus continua dizendo por intermédio do profeta que Ele era roubado, (Todavia, vós me roubais...) Podemos enumerar alguns aspectos que consolidam o argumento que tal profecia não está direcionada a igreja cristã.
(1) No que se refere os dízimos, Deus, ou mesmo Jesus não estabeleceram nenhum pacto com a igreja, (2) todas as denominações cristãs que praticam o dízimo usam Malaquias capítulo três para “persuadir” os seus membros a serem fiéis, em meio a isso pergunto: em qual denominação Deus e Cristo estão? Estão eles divididos? Apoiam a divisão denominacional? Estão em todas? Ou em nenhuma delas?
O Deus que estabeleu os dízimos e as ofertas foi um deus trinitário? Ml. 3.10 - (Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida). Este é o verso preferido dos líderes religiosos, trazei todos os dízimos a casa do tesouro. Como se a casa do tesouro fosse cada denominação em particular, omitem também o restante do verso onde diz para que haja mantimento na minha casa.
Em meio a um mundo materialista quando se fala em bênçãos vem logo a mente o dinheiro, igualmente quando se fala em mantimento, bem, ninguém adquire mantimento sem dinheiro. Mas, com a questão dos dízimos não era assim, pois mantimento era mantimento mesmo, ninguém bancava luxo de líderes denominacionais. Voltando ao contexto de Malaquias. Deus havia estabelecido um pacto com Israel, e que se eles fossem fiéis na questão dos dízimos e das ofertas, Ele, Deus os abençoaria. Isso devido ao fato de que o culto, os ritos, os simbolismos a subsistência dos sacerdotes, tudo isso dependiam dos frutos da terra que eram doados.
Quando o povo assim agia era sinal que estavam obedecendo a Deus, e evitando a idolatria. E consequentemente seriam abençoados. Reparem que a bênção está intimamente ligada com a manutenção da vida dos israelitas, era uma recompensa pelo árduo trabalho por eles realizados na agricultura, e se tal bênção decorresse a manutenção do culto em todos os seus aspectos seriam mantidos. Atualmente para os cristãos e seus líderes religiosos janelas dos céus tem um significado diferente dos dias bíblicos, é ensinado nos variados púlpitos que as janelas dos céus são bênçãos $$. Tal pensamento se encaixa perfeitamente na expectativa de muitos cristãos havidos por enriquecimento. Mas, isso é uma afronta ao claro ensino bíblico.
O que significa as janelas dos céus? Gn. 7.11-12 - (No ano seiscentos da vida de Noé, aos dezessete dias do segundo mês, nesse dia romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as comportas dos céus se abriram, e houve copiosa chuva sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites). Dt. 28.12 - (O Senhor te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo e para abençoar toda obra das tuas mãos; emprestarás a muitas gentes, porém tu não tomarás emprestado).
Para os personagens bíblicos chuvas era sinônimo de bênçãos, Jr. 14.4 - (Por não ter havido chuva sobre a terra, esta se acha deprimida; e, por isso, os lavradores, decepcionados, cobrem a cabeça). E Malaquias 3.11 é explícito em dizer que as bênçãos realmente são os produtos da terra, Ml. 3.11 -(Por vossa causa, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos). E, se o povo se convertesse Deus repreenderia o devorador que é o gafanhoto, Jl. 1.4 - (O que deixou o gafanhoto cortador, comeu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador, comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou o devorador, comeu-o o gafanhoto destruidor).
Para os teólogos da atualidade até mesmo o devorador tem um significado diferente. Mas, não é assim que ensina a bíblia, com a bênção de Deus no contexto de Malaquias que é a chuva, com os gafanhotos impossibilitados de destruírem, haveria fartura. É o que nos diz o final do verso onze de Malaquias três.