Eis aqui um assunto profundo que
nos leva a pensar. Assim como a trindade, a dupla natureza de Cristo, e mesmo o
diabo como um ser espiritual, outro ensinamento existente no meio cristão que
considero como sendo um mito é o livre-arbítrio. A grande maioria do mundo
cristão considera este ensinamento, porém sem antes entenderem na integra o que
na realidade estão crendo, isso é fato visível como também o é com as demais
doutrinas, as quais eu citei na introdução do assunto.
Alguns versos bíblicos que nos mostram
a liberdade de escolha. Gn. 2. 16-17
(E o Senhor Deus lhe deu esta
ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres,
certamente morrerás.) A
consequencia da ordem dada por Deus resultaria em uma escolha, algo que
aconteceu. Dt. 30.19 (Os céus e a terra tomo, hoje, por
testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição;
escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência.)
Js. 24.15 (Porém, se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei, hoje, a quem sirvais:
se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos
deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor.)
Para um seguidor do
livre-arbítrio estes poucos versos por si só provam a existência do mesmo. Na
realidade as escolhas humanas ocorrem ao longo de toda a bíblia, assim como
acontece com cada um de nós ao longo de nossas existências, porém o que envolve
o livre-arbítrio não é a questão das escolhas, mas sim o fato de serem elas
causadas ou não.
A capacidade de escolher é uma
parte, ou melhor, função integral da nossa existência pessoal, portanto a
vontade existe. A questão que separa os que crêem dos que não crêem no
livre-arbítrio é o que faz a vontade agir. O caso de Adão e Eva. Muitos dirão:
“ao usarem o livre-arbítrio Eles decidiram pecar”. O que em partes foi uma
realidade, porém, tal vontade não foi livre, mas sim causada. De um lado Deus
ordenando para que Eles não comecem da árvore, de outro a serpente dizendo para
Eva que não haveria problema algum se Ela o fizesse.
Onde se encontra então a
liberdade neste episódio? Os defensores do livre arbítrio querem que a vontade
seja livre de interferência externa. Frequentemente ouço alguém dizer que Deus
nunca “atropela” o nosso livre-arbítrio. Essa liberdade das causas externas é
suposta para defender a nossa integridade e assegurar a nossa responsabilidade.
Assim dizem também que a vontade é livre de causação, como? Contornam então
esse problema dizendo que a vontade é “autocausada” asseguram que a vontade não
cria a si própria, mas que os seus movimentos de escolher o curso de uma ação
são espontâneos.
Porém a grande questão a se
perguntar é: O que faz com que a vontade escolha um caminho e não outro? Se ela
não é causada, ela é obra do acaso. Se ela é causada então ela não é livre.
Para os que crêem num soberano universal não se cogita obra do acaso. Quanto à
espontaneidade eu pergunto: como pode uma vontade puramente espontânea dar
início a uma ação? Se a vontade é ”neutra e não predeterminada para agir de um
modo ou de outro, o que faz com que ela aja? Se ela parte do neutro como ela
pode sair desse centro morto?
Como disse anteriormente à
vontade existe como uma capacidade de tomar decisões. Mas isso está longe de
aceitar a teoria popular do livre-arbítrio a respeito de como a vontade se
comporta.