No
desejo em defender a validade da antiga aliança adaptando-a ao
adventismo, EGW desvirtuou as informações bíblicas acerca da
guarda do sábado. O sábado bíblico para o povo de Israel era
cercado de várias cerimônias impostas por Deus, as quais o povo
deveria obedecer sob o risco de ser penalizado, ou mesmo ser levado a
morte. A seguir veremos na declaração de EGW ao menos duas
situações bizarras, uma que compromete o seu entendimento das
escrituras e outra que compromete a fidelidade dos membros da sua
igreja com relação à guarda do sábado.
Diz
Ela: “Por tal forma haviam os judeus pervertido a lei, que a
tornavam um jugo de servidão. Suas exigências destituídas de
significado eram um provérbio entre as outras nações.
Especialmente havia o sábado sido cercado de toda espécie de
restrições destituídas de senso. Não lhes era um deleite o santo
dia do Senhor, digno de honra. Os escribas e fariseus lhe tinham
tornado a observância intolerável fardo.
Ao
judeu não era permitido acender fogo, nem mesmo uma vela no sábado.
Conseqüentemente, o povo dependia dos gentios quanto a muitos
serviços que seus regulamentos proibiam que fizessem para si mesmos.
Não refletiam que, se essas ações eram pecaminosas, os que
empregavam outros para as praticar eram tão culpados como se as
houvessem praticado eles próprios. Julgavam que a salvação se
restringia aos judeus, e sendo a condição dos outros já
desesperada, não se poderia tornar pior. Mas Deus não deu
mandamentos que não possam ser obedecidos por todos. Suas leis não
sancionam quaisquer restrições irrazoáveis ou egoístas”. DTN.
204.
Analisando
esta página do livro o Desejado de Todas as Nações de EGW,
percebe-se claramente que o jugo de servidão o qual Ela se refere,
se deu pelo fato, após Jesus ter curado um indivíduo no sábado;
João 5. 8-10 (Então, lhe disse Jesus:
Levanta-te, toma o teu leito e anda. Imediatamente, o homem se viu
curado e, tomando o leito, pôs-se a andar. E aquele dia era sábado.
Por isso, disseram os judeus ao que fora curado: Hoje é sábado, e
não te é lícito carregar o leito.) Pelo que o livro revela, os
líderes judaicos dos dias de Cristo estavam pervertendo a lei e
pondo um jugo de servidão, o fato dos judeus terem dito ao curado
que era proibido pela lei carregar objetos no sábado EGW, afirmou
que os judeus estavam acrescentando normas desnecessárias ao
mandamento do sábado.
Tal
informação não procede, pelo fato de tais normas e mandamentos
estarem diretamente vinculadas a lei. Ne. 13. 15 (Naqueles dias, vi em
Judá os que pisavam lagares ao sábado e traziam trigo que
carregavam sobre jumentos; como também vinho, uvas e figos e toda
sorte de cargas, que traziam a Jerusalém no dia de sábado; e
protestei contra eles por venderem mantimentos neste dia.) Jr. 17. 27
(Mas, se não me ouvirdes, e, por isso, não santificardes o dia de
sábado, e carregardes alguma carga, quando entrardes pelas portas de
Jerusalém no dia de sábado, então, acenderei fogo nas suas portas,
o qual consumirá os palácios de Jerusalém e não se apagará.)
Ora,
os líderes de Israel não estavam adicionando nenhum jugo de
servidão, na realidade estavam apenas fazendo valer o que a lei
determinava, naquele contexto eles se valeram única e simplesmente
da lei, ao passo que Cristo fez prevalecer à misericórdia, em
detrimento do aspecto cerimonial destituído de caráter moral. O que
Jesus quis dizer com a sua ação restauradora, foi que o carregar ou
não carregar algo no sábado, não tornava alguém mais justo, ao
contrário a reação dos fariseus demonstrou que tal cerimônia não
tinha transformado as suas personalidades e ações.
O fato é que
dentro da ótica restrita da lei os líderes judaicos estavam com a
razão. Imagine quando eles liam o livro da lei e os escritos dos
profetas e se deparavam com escritos como o de Jeremias capítulo 17
o qual acabamos de ler, imaginem o cumprimento da profecia de
Jeremias o qual se deu com a invasão dos exércitos babilônicos
liderado por Nabucodonosor, registrado em 2ª Cr. 36. 21 (Para
que se cumprisse a palavra do Senhor, por boca de Jeremias, até que
a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação
repousou, até que os setenta anos se cumpriram.)
Muitos
se perguntam o seguinte: por que os líderes dos judeus detestavam
Jesus, os seus discípulos e Paulo? Como pode, eram todos da mesma
nação, todos tinham o mesmo objetivo de agradar a Deus, todos eram
zelosos da lei em todas as suas minúcias, seria isso mesmo? Claro
que não, ou melhor, sim pertenciam a mesma nação de Israel, tinham
o mesmo objetivo em agradar a Deus, apesar dos líderes se importarem
com a letra fria da lei e por isso o seu zelo era sem intendimento, e
claro Jesus assim como os discípulos e mesmo Paulo não foram tanto
conservadores da letra fria da lei.
Basta
reler o conflito que se configurou quando Jesus após curar um
indivíduo, o mandou carregar a sua maca, e isso em pleno sábado,
algo que contrariava aspectos relacionados a lei, isso é ponto
pacífico. Afirmar como EGW, que aspectos relacionados a lei foi jugo
de escravidão adicionados pelos líderes da nação, carecem de
fundamento escriturístico. Naturalmente os líderes judeus cegados
pelo zelo legalista, viram em Jesus e nos seus seguidores pessoas
transgressoras da lei, e portanto, passiveis de morte, fato é que
culminou na execução de Jesus e de alguns de seus seguidores.
Claro
está que Cristo não transgrediu lei nenhuma ao permitir que o ex
enfermo carregasse a sua maca, apesar dos escritos assim dizerem. Mas
Jesus ao realizar tal ação demonstrou que a lei não tinha trazido
perfeição ao líderes e quando eles os judeus resolveram matar a
Cristo estavam demonstrando quem era realmente o transgressor.
Portanto,
podemos retirar desta análise ao menos três questões importantes:
(1) EGW errou em dizer que os líderes dos judeus foi quem
estabeleceram os mandamentos acoplados a guarda do sábado ( carregar
cargas no sábado e etc.) Ao contrário a bíblia claramente descreve
tal advertência através dos profetas. (2) Ao assim proceder, EGW
está nitidamente estimulando os membros de sua denominação a
transgredir aquilo que tanto eles prezam e tem como ponto de
salvação, que é o sábado.
(3) Jesus
com sua visão espiritual demonstrou através de atos, e atos estes
que foram contrários a expectativa dos líderes da nação, sendo
assim nós devemos não nos restringirmos a aspectos cerimoniais os
quais não nos fazem crescer na graça. Pergunto: dentro da ação
lícita permitida pelo evangelho, qual o pecado de se carregar ou não
cargas no sábado? Em outras palavras o que tal ação (lícita) pode
contribuir tanto para o bem quanto para o mal?
Sejamos
honestos, não contribui em nada, nem pró nem contra. Os judeus que
viveram a antiga aliança, dependiam de aspectos cerimonias que
dentro de uma visão espiritual são destituídas de significado e
completamente irrelevantes. Qual foi o agravo moral que o ex enfermo
cometeu ao carregar a sua maca no sábado? Bem, acredito que para o
povo judeu da época, Ele feriu as suas consciências legalistas,
porém no que tange a sua ação nada de imoral, sendo assim ninguém
pode ser considerado um transgressor ao portar uma carga qualquer no
sábado, exceto se for algo ilícito.
No que diz respeito a ser
legalista, ou ter zelo pela aplicação da lei os judeus eram por
mandamento, Rm. 10. 5 “Ora, Moisés escreveu que o homem que
praticar a justiça decorrente da lei viverá por ela”. E era assim
que os judeus tentavam viver, eles não inventaram nada só seguiam o
mandamento estipulado.