quinta-feira, 11 de julho de 2013

EGW erra ao interpretar João 5.8-10.


No desejo em defender a validade da antiga aliança adaptando-a ao adventismo, EGW desvirtuou as informações bíblicas acerca da guarda do sábado. O sábado bíblico para o povo de Israel era cercado de várias cerimônias impostas por Deus, as quais o povo deveria obedecer sob o risco de ser penalizado, ou mesmo ser levado a morte. A seguir veremos na declaração de EGW ao menos duas situações bizarras, uma que compromete o seu entendimento das escrituras e outra que compromete a fidelidade dos membros da sua igreja com relação à guarda do sábado.

Diz Ela: “Por tal forma haviam os judeus pervertido a lei, que a tornavam um jugo de servidão. Suas exigências destituídas de significado eram um provérbio entre as outras nações. Especialmente havia o sábado sido cercado de toda espécie de restrições destituídas de senso. Não lhes era um deleite o santo dia do Senhor, digno de honra. Os escribas e fariseus lhe tinham tornado a observância intolerável fardo.

Ao judeu não era permitido acender fogo, nem mesmo uma vela no sábado. Conseqüentemente, o povo dependia dos gentios quanto a muitos serviços que seus regulamentos proibiam que fizessem para si mesmos. Não refletiam que, se essas ações eram pecaminosas, os que empregavam outros para as praticar eram tão culpados como se as houvessem praticado eles próprios. Julgavam que a salvação se restringia aos judeus, e sendo a condição dos outros já desesperada, não se poderia tornar pior. Mas Deus não deu mandamentos que não possam ser obedecidos por todos. Suas leis não sancionam quaisquer restrições irrazoáveis ou egoístas”. DTN. 204.

Analisando esta página do livro o Desejado de Todas as Nações de EGW, percebe-se claramente que o jugo de servidão o qual Ela se refere, se deu pelo fato, após Jesus ter curado um indivíduo no sábado; João 5. 8-10 (Então, lhe disse Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda. Imediatamente, o homem se viu curado e, tomando o leito, pôs-se a andar. E aquele dia era sábado. Por isso, disseram os judeus ao que fora curado: Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito.) Pelo que o livro revela, os líderes judaicos dos dias de Cristo estavam pervertendo a lei e pondo um jugo de servidão, o fato dos judeus terem dito ao curado que era proibido pela lei carregar objetos no sábado EGW, afirmou que os judeus estavam acrescentando normas desnecessárias ao mandamento do sábado.

Tal informação não procede, pelo fato de tais normas e mandamentos estarem diretamente vinculadas a lei. Ne. 13. 15 (Naqueles dias, vi em Judá os que pisavam lagares ao sábado e traziam trigo que carregavam sobre jumentos; como também vinho, uvas e figos e toda sorte de cargas, que traziam a Jerusalém no dia de sábado; e protestei contra eles por venderem mantimentos neste dia.) Jr. 17. 27 (Mas, se não me ouvirdes, e, por isso, não santificardes o dia de sábado, e carregardes alguma carga, quando entrardes pelas portas de Jerusalém no dia de sábado, então, acenderei fogo nas suas portas, o qual consumirá os palácios de Jerusalém e não se apagará.)

Ora, os líderes de Israel não estavam adicionando nenhum jugo de servidão, na realidade estavam apenas fazendo valer o que a lei determinava, naquele contexto eles se valeram única e simplesmente da lei, ao passo que Cristo fez prevalecer à misericórdia, em detrimento do aspecto cerimonial destituído de caráter moral. O que Jesus quis dizer com a sua ação restauradora, foi que o carregar ou não carregar algo no sábado, não tornava alguém mais justo, ao contrário a reação dos fariseus demonstrou que tal cerimônia não tinha transformado as suas personalidades e ações. 

O fato é que dentro da ótica restrita da lei os líderes judaicos estavam com a razão. Imagine quando eles liam o livro da lei e os escritos dos profetas e se deparavam com escritos como o de Jeremias capítulo 17 o qual acabamos de ler, imaginem o cumprimento da profecia de Jeremias o qual se deu com a invasão dos exércitos babilônicos liderado por Nabucodonosor, registrado em 2ª Cr. 36. 21 (Para que se cumprisse a palavra do Senhor, por boca de Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram.)

Muitos se perguntam o seguinte: por que os líderes dos judeus detestavam Jesus, os seus discípulos e Paulo? Como pode, eram todos da mesma nação, todos tinham o mesmo objetivo de agradar a Deus, todos eram zelosos da lei em todas as suas minúcias, seria isso mesmo? Claro que não, ou melhor, sim pertenciam a mesma nação de Israel, tinham o mesmo objetivo em agradar a Deus, apesar dos líderes se importarem com a letra fria da lei e por isso o seu zelo era sem intendimento, e claro Jesus assim como os discípulos e mesmo Paulo não foram tanto conservadores da letra fria da lei.

Basta reler o conflito que se configurou quando Jesus após curar um indivíduo, o mandou carregar a sua maca, e isso em pleno sábado, algo que contrariava aspectos relacionados a lei, isso é ponto pacífico. Afirmar como EGW, que aspectos relacionados a lei foi jugo de escravidão adicionados pelos líderes da nação, carecem de fundamento escriturístico. Naturalmente os líderes judeus cegados pelo zelo legalista, viram em Jesus e nos seus seguidores pessoas transgressoras da lei, e portanto, passiveis de morte, fato é que culminou na execução de Jesus e de alguns de seus seguidores.

Claro está que Cristo não transgrediu lei nenhuma ao permitir que o ex enfermo carregasse a sua maca, apesar dos escritos assim dizerem. Mas Jesus ao realizar tal ação demonstrou que a lei não tinha trazido perfeição ao líderes e quando eles os judeus resolveram matar a Cristo estavam demonstrando quem era realmente o transgressor.

Portanto, podemos retirar desta análise ao menos três questões importantes: (1) EGW errou em dizer que os líderes dos judeus foi quem estabeleceram os mandamentos acoplados a guarda do sábado ( carregar cargas no sábado e etc.) Ao contrário a bíblia claramente descreve tal advertência através dos profetas. (2) Ao assim proceder, EGW está nitidamente estimulando os membros de sua denominação a transgredir aquilo que tanto eles prezam e tem como ponto de salvação, que é o sábado.

(3) Jesus com sua visão espiritual demonstrou através de atos, e atos estes que foram contrários a expectativa dos líderes da nação, sendo assim nós devemos não nos restringirmos a aspectos cerimoniais os quais não nos fazem crescer na graça. Pergunto: dentro da ação lícita permitida pelo evangelho, qual o pecado de se carregar ou não cargas no sábado? Em outras palavras o que tal ação (lícita) pode contribuir tanto para o bem quanto para o mal?

Sejamos honestos, não contribui em nada, nem pró nem contra. Os judeus que viveram a antiga aliança, dependiam de aspectos cerimonias que dentro de uma visão espiritual são destituídas de significado e completamente irrelevantes. Qual foi o agravo moral que o ex enfermo cometeu ao carregar a sua maca no sábado? Bem, acredito que para o povo judeu da época, Ele feriu as suas consciências legalistas, porém no que tange a sua ação nada de imoral, sendo assim ninguém pode ser considerado um transgressor ao portar uma carga qualquer no sábado, exceto se for algo ilícito. 

No que diz respeito a ser legalista, ou ter zelo pela aplicação da lei os judeus eram por mandamento, Rm. 10. 5 “Ora, Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça decorrente da lei viverá por ela”. E era assim que os judeus tentavam viver, eles não inventaram nada só seguiam o mandamento estipulado.