Is. 46.9-10
“Lembrai-vos das
coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e
não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de
acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o
meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade.” Mc. 10.18 “Respondeu-lhe Jesus: Por que me
chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus.” Gn. 3.22 “Então, disse o Senhor Deus:
Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim,
que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva
eternamente.”
Estes versos nos mostra que Deus é soberano, que ele
também é bom e que o mal existe. Por soberania entendemos que seja alguém com o
poder supremo, alguém que domina absoluto. Na visão teológica este alguém é
Deus, o criador de todas as coisas. Muitos que querem se “livrar” de prestar
contas para o criador soberano lançam dúvidas quanto a regência suprema de Deus,
tentam de todas as formas minar a credibilidade das escrituras. Em teologia
existem três proposições as quais temos por verdadeiras.
Proposição (1) baseado no verso bíblico de Isaías e
dezenas de outros versos compreendemos que Deus é onipotente. Proposição (2)
Marcos e outros inúmeros versos da bíblia nos informa que Deus é bom.
Proposição (3) A julgar pelos acontecimentos maléficos que presenciamos no mundo que vivemos e como
nos é dito também em Gênesis e outros tantos versos bíblicos o mal é uma
realidade inegável. Como conciliar as três proposições sem afetar a soberania absoluta de Deus?
Para os filósofos ateus e outros a julgar pelo estado de
acontecimentos que observamos no mundo as três proposições não podem ser
verdadeiras ao mesmo tempo. Conforme o relato bíblico que lemos acima vemos que
Deus é onipotente, de igual modo vemos também que ele é bom e que apesar disso
o mal existe. A onipotência significa que Deus pode fazer tudo o que ele queira
ou deseje fazer. Naturalmente Deus não deseja fazer aquilo que é irracional ou
algo que seja destituído de significado. Sendo Deus e poderoso Deus pode fazer
qualquer coisa que seja compatível com seus próprios atributos.
A segunda premissa afirma que Deus é totalmente bom, isso
significa que Deus é moralmente exigido pela sua própria natureza a fazer
qualquer coisa boa. E se ele não desejasse e fizesse sempre o bem, ele não
seria totalmente bom. Mas o mal existe, de onde então vem o mal? Provavelmente
Deus é totalmente capaz de evitar que os males venham à existência, ou ao menos
é capaz de eliminar todos os males que existem. Mas os males ainda existem. Sabemos
pela bíblia que até mesmo o mal tem o seu destino final, Ap. 21.4 “E lhes enxugará dos
olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto,
nem dor, porque as primeiras coisas passaram.”
A bíblia em seu sentido natural e literal nos ensina que
não podemos negar a existencia do mal nem mesmo a soberania de Deus, ao passo
que grupos cristãos liberais oriundos de diversas denominações influenciados
pelo humanismo tem negado não só os escritos bíblicos como a própria ordem
explicita no mundo observável. Em outras palavras percebemos que a natureza é
compatível com o relato bíblico não só da soberania absoluta de Deus, como
também da existência do mal. Se o mundo observável não consegue fazer com que
os ateus enxerguem tanto a soberania e onipotência quanto a bondade de Deus,
então o que eles precisam ver para crer em tais atributos?
Rm.
1.18-20 A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos
homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se
pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os
atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua
própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo
percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso,
indesculpáveis. Sl. 33.9 “Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a
existir.”
Até mesmo esta realidade bíblica está sendo recusada por
diversos números de “cristãos” influenciados pelo ateísmo e pelo humanismo
apóstata, este acontecimento foi causado devido a visão materialista dos
líderes cristãos que não conseguiram conciliar a existência do mal no mundo com
um Deus onipotente. Entraram no mesmo caminho seguido pelos ateus e
iluministas. Cegados pelo movimento apóstata que ora observamos não conseguiram
ver que o Deus da bíblia por ser soberano nunca falha em racionalmente adaptar
os seus meios para alcançar os seus fins, sendo assim Deus consegue relacionar
os seus atos as suas intenções.
Is. 55.8-9 e 11 “Porque os meus
pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus
caminhos, diz o Senhor, porque,
assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos
mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que
os vossos pensamentos. Assim será a palavra que sair da minha boca: não
voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a
designei.”
O fato
importante que todos esquecemos ou fomos condicionados pelo cristianismo que
temos presenciado é que assim como Deus da bíblia é onipotente a despeito de
todas as dificuldades imaginadas ele também é o padrão de bondade e justiça. Em
outras palavras apesar do mal ser uma realidade no mundo Deus é intrinsecamente
bom, o fato do mal existir só demonstra que os meios estão sendo “adaptados”
para os seus fins. O fato é que Deus criou um mundo onde o mal era inevitável,
dadas as condições iniciais na queda.
Outro
fato que muitos e esquivam é que se cremos que Deus é soberano então devemos
crer que ele preordenou o pecado. O que mais podemos concluir? Podemos concluir
que a decisão de Deus de permitir que o pecado entrasse no mundo foi uma boa
decisão, dado os seus planos para o futuro. Caso fosse o contrário Deus não
estaria mantendo a existência do mundo nesta condição. Quanto aos ateus e
céticos resta-lhes uma pergunta: em um mundo criado onde os seres humanos
apesar de não ser onipotentes nem mesmo são independentes não seriam eles os
responsáveis pelos semelhantes e por toda a natureza? Digo isso baseado na
condição humana de ser o regente da criação.
A
palavra responsável é sinônima de responder por. Sendo interdependente com o
restante do mundo o que os humanos estão fazendo para aliviar o sofrimento
causado na maioria pelo próprio humano? Em que eles estão sendo
responsabilizados? Outro fato importante é que diferentemente dos seres humanos
não existe alguém acima de Deus para que ele tenha que prestar contas, ao passo
que a criatura está obrigada a prestar contas a Deus se assim for chamada,
Rm. 9.19-23 “Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu
à sua vontade? Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode
o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro
direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro,
para desonra? Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a
sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos
de ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as
riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de
antemão.”
O
problema não está no caráter de Deus visto que intrinsecamente Deus é o padrão
de bondade. O problema está nas perspectivas humanas a respeito de Deus que
procuram limitá-lo nos interesses de sua autonomia. Por que alguém deveria
presumir que Deus está debaixo de qualquer obrigação de tanto evitar os males
tão logo eles surjam? A bondade de Deus é correlata a sua sabedoria e
onipotência. Ele pode ter planos que fazem plenamente sentido para ele e que
incluem sua resposta a longo prazo para o mal. Não parece haver razão alguma
provável na bíblia por que Deus não teria designado um universo no qual os
males de várias espécies fossem inevitáveis, isso no entanto não quer dizer que
Deus aprova o pecado e o mal. Isto significa que os planos de Deus para a sua
criação sem o pecado e o mal estão em andamento.