Entre as várias leis e estatutos estabelecidos
por Deus no antigo testamento, encontramos também a lei da alimentação.
Diferentemente daquilo que é defendido por algumas denominações judaizantes o
regulamento alimentar dos judeus não era uma lei de saúde. Na verdade essas
leis estavam relacionadas com a pureza religiosa. Faremos uma análise um tanto
detalhada e veremos que a questão da alimentação se restringe ao aspecto
puramente cerimonial dos judeus.
Antes, porém no que concerne o assunto é bom
salientar a orientação de Paulo, pelo fato do assunto em si não ser um estimulo
contrario a nenhum estilo alimentar de quem quer que seja. Rm. 14.2-3 (Um crê que de tudo pode
comer, mas o débil come legumes; quem come não despreze o que não come; e o que
não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu.) Assim sendo passaremos a questão cerimonial do AT. A lei da restrição
alimentar andava junto com a lei da pureza e isso em todos os seus aspectos, e
é sobre isso que iremos começar este assunto.
Gn. 35.2 (Então, disse Jacó à sua
família e a todos os que com ele estavam: Lançai fora os deuses estranhos que
há no vosso meio, purificai-vos e mudai as vossas vestes.) Percebe-se claramente que os povos semitas relacionavam a pureza apenas no
que concerne à questão externa, apesar de terem a mente voltada para outros
deuses no caso os ídolos Jacó ordenou que se purificassem e mudassem as vestes.
Não nos é dito como se purificaram, mas tudo leva a crer que foi através de um
banho cerimonial, os versos a seguir apoiam este pensamento.
Posteriormente os
levitas “filhos” de Jacó foram escolhidos para serem os sacerdotes entre todo
Israel, foi então que a lei da pureza religiosa ganhou força em sua ordenança. Nm. 8.6-7 (Toma os levitas do meio dos filhos de Israel e purifica-os; assim lhes
farás, para os purificar: asperge sobre eles a água da expiação; e sobre todo o
seu corpo farão passar a navalha, lavarão as suas vestes e se purificarão.) Percebe-se claramente o aspecto cerimonial da
purificação, quando é visto a navalha sobre o corpo e as vestes sendo lavadas.
Parte da oferta pelo pecado tinha que ser
queimada fora do arraial, num lugar limpo;
Lv. 4.12 (A
saber, o novilho todo, levá-lo-á fora do arraial, a um lugar limpo, onde se
lança a cinza, e o queimará sobre a lenha; será queimado onde se lança a
cinza.) Igualmente as cinzas do holocausto deveria ser
levadas para um lugar limpo, Lv. 6.11
(Depois, despirá as suas vestes e porá
outras; e levará a cinza para fora do arraial a um lugar limpo.) De igual modo a oferta deveria ser comida em um
lugar limpo.
Lv. 10.14 (Também o peito da oferta
movida e a coxa da oferta comereis em lugar limpo, tu, e teus filhos, e tuas
filhas, porque foram dados por tua porção e por porção de teus filhos, dos
sacrifícios pacíficos dos filhos de Israel.)
Além de só poderem comer a oferta em um lugar limpo eles os sacerdotes também
deveriam estar limpos, Lv. 22.6 (O homem
que o tocar será imundo até à tarde e não comerá das coisas sagradas sem
primeiro banhar o seu corpo em água.)
Percebe-se claramente nestas passagens que a
distinção entre pureza e impureza foi feita para fins religiosos, relativo ao
sistema Levítico e sacrifical do antigo Israel. Gn. 34.5 (Quando soube Jacó que Diná,
sua filha, fora violada por Siquém, estavam os seus filhos no campo com o gado;
calou-se, pois, até que voltassem.) Algumas traduções dizem contaminada ao
invés de violada, o sentido é o mesmo de tornar-se impura ou imunda. Muitas
outras questões são tratadas as quais não iremos entrar que tornavam alguém impuro.
Mas algumas que demonstram com mais profundidade
o seu caráter simbólico nós iremos analisar. Lv. 11.32 (E tudo aquilo sobre que cair
qualquer deles, estando eles mortos, será imundo, seja vaso de madeira, ou
veste, ou pele, ou pano de saco, ou qualquer instrumento com que se faz alguma
obra, será metido em água e será imundo até à tarde; então, será limpo.)
Reparem se algo fosse
imundo após ser banhado tornava-se limpo, mas somente a tarde. Mas se algo
fosse de barro não poderia ser lavado, Lv.
11.35 (E aquilo sobre o que cair
alguma coisa do seu corpo morto será imundo; se for um forno ou um fogareiro de
barro, serão quebrados; imundos são; portanto, vos serão por imundos.)
Os sacerdotes tinham permissão para se tornar
impuro, como resultado da morte de parentes próximos, Lv. 21.1-3 (Disse o Senhor a Moisés: Fala
aos sacerdotes, filhos de Arão, e dize-lhes: O sacerdote não se contaminará por
causa de um morto entre o seu povo, salvo por seu parente mais chegado: por sua
mãe, e por seu pai, e por seu filho, e por sua filha, e por seu irmão; e também
por sua irmã virgem, chegada a ele, que ainda não teve marido, pode
contaminar-se.)
Mas ao sumo sacerdote
não lhe era permitido, Lv. 21. 10-11
(O sumo sacerdote entre seus irmãos,
sobre cuja cabeça foi derramado o óleo da unção, e que for consagrado para
vestir as vestes sagradas, não desgrenhará os cabelos, nem rasgará as suas
vestes. Não se chegará a cadáver algum, nem se contaminará por causa de seu pai
ou de sua mãe.)
De igual modo aqueles que faziam voto de
nazireados não podiam tocar em nenhum cadáver, Nm. 6. 6-7 (Todos os dias da sua
consagração para o Senhor, não se
aproximará de um cadáver. Por seu pai, ou por sua mãe, ou por seu irmão, ou por
sua irmã, por eles se não contaminará, quando morrerem; porquanto o nazireado
do seu Deus está sobre a sua cabeça.)
Mas se
involuntariamente ele esbarrasse em algum corpo morto deveria sacrificar uma
oferta, Nm. 6.9-11 (Se alguém vier a morrer junto a ele
subitamente, e contaminar a cabeça do seu nazireado, rapará a cabeça no dia da
sua purificação; ao sétimo dia, a rapará. Ao oitavo dia, trará duas rolas ou
dois pombinhos ao sacerdote, à porta da tenda da congregação; o sacerdote
oferecerá um como oferta pelo pecado e o outro, para holocausto; e fará expiação
por ele, visto que pecou relativamente ao morto; assim, naquele mesmo dia,
consagrará a sua cabeça.)
Entre os israelitas o povo comum que ficasse
imundo, ou mesmo que tocassem em algum cadáver deveriam se purificar com a água
purificadora misturada com as cinzas de uma novilha vermelha, contudo aquele
que carregava as cinzas ficava imundo, mas se por algum descuido não usasse a
água tal pessoas seria eliminada de Israel;
Nm. 19.2,
10-13 (Esta é uma prescrição da lei
que o Senhor ordenou, dizendo: Dize
aos filhos de Israel que vos tragam uma novilha vermelha, perfeita, sem
defeito, que não tenha ainda levado jugo. O que apanhou a cinza da novilha
lavará as vestes e será imundo até à tarde; isto será por estatuto perpétuo aos
filhos de Israel e ao estrangeiro que habita no meio deles. Aquele que tocar em algum morto, cadáver de algum homem, imundo será sete
dias. Ao terceiro dia e ao sétimo dia, se purificará com esta água e será
limpo; mas, se ao terceiro dia e ao sétimo não se purificar, não será limpo.
Todo aquele que tocar em algum morto, cadáver de algum homem, e não se
purificar, contamina o tabernáculo do Senhor;
essa pessoa será eliminada de Israel; porque a água purificadora não foi
aspergida sobre ele, imundo será; está nele ainda a sua imundícia.)
Evandro.