Seguindo
o curso imposto pelo capitalismo, os proclamadores do “evangelho” da
prosperidade têm aguçado a tendência de seus seguidores a acreditarem que o
simples fato de se intitularem cristãos, lhes dá o direito de serem prósperos
em seus afazeres. Infelizmente os cristãos têm demonstrado em suas
exposições que o deus o qual professam crer é um deus servo, a serviço do seu
senhor.
Lamentavelmente
este raciocínio tem penetrado até mesmo nas mentes de pessoas fora do circulo
dos professos evangélicos da prosperidade, isso tem ocorrido devido ao fato do
regime capitalista ter penetrado no dia a dia das pessoas, moldando os seus
costumes e estimulando a sua tendência. E isso tem contribuído grandemente para
os cristãos fazerem comparações com os mundanos ou mesmo com cristãos que são
abalizados economicamente.
Infelizmente
muitos não analisam como determinadas pessoas conseguiram acumular riquezas,
não estão preocupadas em saber se foi de uma forma lícita ou não, não importa
como, o que importa é ter. Existe apoio bíblico para o conceito de prosperidade
material? Sim e Não, no AT. A vida dos israelitas era pautada no aqui e agora,
claro se excetua alguns casos em que os profetas estimulavam uma vida de
espiritualidade, Pv. 23. 17 “Não tenha o teu
coração inveja dos pecadores; antes, no temor do Senhor perseverarás todo dia.”
Com tudo isso, os israelitas foram instruídos não à
abandonar a justiça, mas a prosperar na terra a qual lhes foi dado, no entanto, os cristãos não foram instruídos
no modelo do AT. Pelo contrário, a teologia do NT. Vem desfazer este
ensinamento. Jesus e seus seguidores estimularam a prática espiritual modelo de
um novo reino, Jo. 18. 36 “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste
mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por
mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é
daqui.”
Claro
que este ensino abriu o leque para a interpretação que conhecemos na atualidade,
ou seja, de que o reino será no céu. Antes, o ensino de Jesus visava despertar
o povo de que o modelo de reino ou governo que regia o povo estava
ultrapassado. Por outro lado estava sendo lhes apresentado um novo modelo de
reino, era de origem espiritual ou celestial; outro fato importante a ser
abordado é que o ensino de Jesus e de seus seguidores concernente ao reino
espiritual, foi que o modelo de reino por ele proposto jamais foi um regime
capitalista, nem socialista ou comunista. Contrariando o ensino daqueles que se
intitulam cristãos e insistem em apresentar um deus servo.
Em
outras palavras não existe apoio para o evangelho da prosperidade dentro do
ensino do NT. Lc. 3. 10-11 “Então, as
multidões o interrogavam, dizendo: Que havemos, pois, de fazer? Respondeu-lhes:
Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e quem tiver comida, faça o
mesmo.” Não
podemos dizer que Cristo e os seus discípulos ensinaram um modelo político o
qual visava trazer um equilíbrio entre a sociedade, não pelo contrário, Jesus
apresentou um modelo espiritual, baseado na justiça de Deus.
Assim sendo aqueles que se apoiam no modelo de
prosperidade ensinado por alguns seguimentos dentro do cristianismo estão
desvirtuado quanto a espiritualidade, não existe barganhas com Deus, posso lhes
garantir que isso é completamente contrário e mesmo anti bíblico, Mc. 8. 34-35 “ Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos,
disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e
siga-me. Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por
causa de mim e do evangelho salvá-la-á.” Logo, se o reino de Cristo não pertence a este sistema, se a
nossa preocupação é com a vida espiritual, fica claro que o dito evangelho da
prosperidade não tem base bíblica e é tremendamente mundana e egocêntrica.
Muitos irão argumentar dizendo que vivemos em outro contexto, e o sistema de
trabalho e remuneração pertence ao capitalismo não mais ao ensino bíblico.
Claro
está que tal argumentação não pode surgir de uma pessoa que diz crer na bíblia,
até porque o sistema bíblico de distribuição não é nenhum desses o qual
presenciamos, o outro fato que devemos atentar é que a repartição de bens entre
a comunidade do NT. Ocorreu após o pentecostes, portanto foi um sistema de
distribuição espiritual e sem incentivo político.
Parece-me
que mesmo após alguns anos os seguidores de Cristo não haviam abandonado a
instrução dos apóstolos com relação à distribuição justa e igualitária, 2ª Co. 8. 12-14 “Porque, se há boa vontade, será aceita
conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem. Porque não é
para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas para que haja
igualdade, suprindo a vossa abundância no presente a falta daqueles, de
modo que a abundância daqueles venha a suprir a vossa falta, e, assim, haja
igualdade.”
Quando
me referi ao deus servo me reporto à prática da pregação instituída pelos
proclamadores da prosperidade, a qual podemos perceber na mídia, principalmente
na televisiva, percebemos os líderes dessas seitas esbravejando e exigindo que
o deus o qual eles acreditam venha lhes satisfazer as suas ordens e desejos,
contrariando assim o ensino bíblico de que a vontade suprema de Deus, me refiro
ao Deus da bíblia, ou seja, primariamente a vontade de Deus deve ser
realizada.
Podemos
estar certos de que as bênçãos as promessas e tudo o que perfaz o ensino
bíblico principalmente do NT. Está direcionado para a questão espiritual, não
podemos medir as bênçãos e promessas de Deus baseado no que conseguimos ou
deixamos de conseguir. Os evangélicos atribuem ou medem a sua conduta
espiritual baseado naquilo que conquistam, isso é anti bíblico e herege, não
existe um pingo de verdade neste ensinamento.
Para
eles se um seguidor não está prosperando e isso economicamente, provavelmente
segundo eles tal pessoa não é um dizimista fiel, se, contudo, tal pessoa for um
fiel dizimista é o diabo que está lhe provando, no meio religioso isso é
conhecido como “chavões”, ou seja, se não tem como contrapor ao menos lhe meta
terror. Mt. 8.20 “Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu,
ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.”
Na verdade isso é uma sugestão do ego embasado na cultura a qual
pertencemos, ou seja, o capitalismo e o consumismo tem dominado, instigado
sugerido a sermos prósperos economicamente. Na atualidade se alguém não possuir
e muito, tal sujeito está fora do sistema. Portanto, essa não deve ser a lógica
seguida por aqueles que professam ter fé na bíblia, pelo contrário, o
capitalismo o consumismo além de danificar o planeta com a desculpa de trazer
prosperidade tem proporcionado inúmeras doenças, tais quais: depressão,
problemas cardíacos entre outros. Vale ressaltar também que este assunto não
visa ser contra o bem estar e mesmo a prosperidade das pessoas. Mas sim ser contrário o comércio religioso.
Evandro.