sábado, 1 de abril de 2017

Os gentios e a questão da impureza parte 2

O movimento adventista se orgulha em dizer que exclusivamente possui a mensagem de saúde, inclusive referem-se a tal mensagem (reforma de saúde) como sendo um anexo as três mensagens angélicas encontradas no livro do apocalipse capítulo 14. Para isso, valem-se das declarações de sua profetiza E.G.W. Assim sendo, a mensagem adventista ensina para os seus convertidos que a mensagem de saúde consiste em se voltar ao máximo para o vegetarianismo.

Primeiramente nós encontramos a seguinte declaração de E.G.W. No livro Conselhos Sobre Saúde, pág. 20 “A reforma da saúde é um dos ramos da grande obra que deve preparar um povo para a vinda do Senhor. Ela está tão estreitamente relacionada com a mensagem do terceiro anjo”. Em outro livro ela diz: “Os que têm sido instruídos com relação aos efeitos prejudiciais do uso da alimentação cárnea, do chá e do café, bem como de comidas muito condimentadas, e que estão resolvidos a fazer com Deus um concerto com sacrifício, não hão de continuar a satisfazer o seu apetite com alimentos que sabem ser prejudiciais à saúde”. Conselhos Sobre o Regime alimentar, pág. 381.

Baseado apenas nestas duas declarações de E.G.W. Podemos descrever que para ela a proibição por parte de Deus no AT. Com relação às carnes imundas, significa algo prejudicial à saúde dos judeus. Seria isso uma realidade bíblica? Não, a bíblia não faz diferenciação entre impurezas; por exemplo: não diz que a impureza dos animais era diferente de qualquer outra impureza, e isso nós veremos mais a frente.

Neste assunto não iremos entrar na questão das mensagens angélicas de apocalipse 14, o objetivo aqui é tratar um pouco mais, a respeito da impureza descrita na bíblia. Na atualidade nós somos sabedores que realmente existem determinados tipos de produtos relacionados como alimento, os quais são prejudiciais, entre eles podemos destacar: os refrigerantes e os embutidos, no entanto, na atualidade em se tratando de alimentação, o que na verdade não está contaminado? Em outras palavras, o que não é prejudicial?

No entanto, apesar da IASD. Fazer um trabalho de conscientização com respeito a esses tipos de produtos que ora temos como alimentícios, a ênfase, maior é dada com relação ao alimento cárneo, e as carnes ditas como imundas são as principais. A questão principal deste assunto a ser abordado é: estaria Deus instruindo o povo do AT. A não consumir determinadas carnes tidas por imundas por questão de saúde? Como dito acima, a bíblia não diferencia, por exemplo, a imundície relacionada ao porco com relação ao cadáver.

Se fizermos uma busca detalhada, veremos que a palavra imunda no hebraico é tame’ e não diz respeito à saúde, mais sim a questão religiosa, cerimonial, sexual. Ou seja, alguém poderia se poluir sexualmente, se corromper religiosamente, ou não estar puro, cerimonialmente. A palavra (tame’ imundo no hebraico) não quer dizer que determinadas carnes contém vermes e bactérias. Não estou defendendo nem mesmo incitando o consumo de carnes, seja ela de qual animal for, come quem quer.

Sabemos também que a carne de porco pode ser prejudicial para algumas pessoas, aqui no Brasil costumamos chamar este tipo de carne, de carne remosa, é um tipo de irritação que provoca alguns pruridos e urticárias, claro está que não são todas as pessoas que são propensas a este tipo de desconforto. O mesmo podemos dizer da carne bovina, algumas pessoas também são alérgicas e são impossibilitadas de consumi-la. No entanto, todas elas após o abate são propensas as bactérias, contudo, se cozidas adequadamente tais bactérias não serão prejudiciais. 

Dt. 7. 15 O Senhor afastará de ti toda enfermidade; sobre ti não porá nenhuma das doenças malignas dos egípcios, que bem sabes; antes, as porá sobre todos os que te odeiam.” É comum entre os adventistas dizerem que a saúde prometida por Deus advêm da obediência ao que eles entendem por leis de saúde, fica claro, no entanto, que a promessa de Deus está baseada na observância de toda a aliança, ou seja, seria uma bênção sobrenatural, e não simplesmente um resultado de uma dieta natural.

A questão do puro e impuro no AT. Vai muito além de comer ou não comer, por exemplo: Lv. 11. 39-40 Se morrer algum dos animais de que vos é lícito comer, quem tocar no seu cadáver será imundo até à tarde; quem do seu cadáver comer lavará as suas vestes e será imundo até à tarde; e quem levar o seu corpo morto lavará as suas vestes e será imundo até à tarde.” Naqueles dias mesmo um animal próprio para consumo não poderia ter o seu cadáver tocado, tocar em um animal considerado limpo é algo impróprio para a saúde? Na realidade a própria expressão, “imundo até a tarde” confirma  o mandamento cerimonial e exclui a questão da saúde.

 Outra questão que deve ser bastante enfatizada é a expressão hebraica para impuro e imundo, como vimos acima a palavra tame’ nos revela que não se trata de uma questão de saúde mais de impureza, não uma impureza interna, mais sim cerimonial. Is. 52. 1Desperta, desperta, reveste-te da tua fortaleza, ó Sião; veste-te das tuas roupagens formosas, ó Jerusalém, cidade santa; porque não mais entrará em ti nem incircunciso nem imundo.”  Isaías falou de algum judeu que estava com problemas de saúde? Não, ele se referiu aos judeus que não cumpriam os mandamentos e assim se tornavam impuros, impróprios, inadequados para participar da religião judaica.

Outro fato importante a ser lembrado é que a palavra de Isaías 52. 1 para imundo é a mesma para designar os animais impróprios para o alimento, é a palavra tame’. Lv. 11. 44 “Eu sou o Senhor, vosso Deus; portanto, vós vos consagrareis e sereis santos, porque eu sou santo; e não vos contaminareis por nenhum enxame de criaturas que se arrastam sobre a terra.”  Ao saírem da terra do Egito, o objetivo de Deus para o povo judeu é que eles fossem diferenciados, ou separados, santo no original.

Os animais representavam isso, limpos ou impuros, referindo-se aos judeus e gentios. Lv. 20. 26 “Ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus.”  Tanto é assim que os não judeus poderiam comer aquilo que para os judeus era proibido, Dt. 14. 21 “Não comereis nenhum animal que morreu por si. Podereis dá-lo ao estrangeiro que está dentro da tua cidade, para que o coma, ou vendê-lo ao estranho, porquanto sois povo santo ao Senhor, vosso Deus...” 


Se a questão da impureza alimentar estivesse relacionada a saúde, naturalmente Deus não iria permitir que os não judeus que habitavam em Jerusalém comessem de tais alimentos. Fato é que isso poderia se transformar em uma epidemia, e assolar até mesmo o povo da aliança.