Vimos em
outro assunto que os animais impuros representavam os gentios, para isso usei
passagens bíblicas tais como: Lv. 11.
45-47 “Eu sou o Senhor, que vos faço
subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus; portanto, vós sereis
santos, porque eu sou santo. Esta é a lei dos animais, e das aves, e de
toda alma vivente que se move nas águas, e de toda criatura que povoa a terra, para
fazer diferença entre o imundo e o limpo e entre os animais que se podem comer
e os animais que se não podem comer.”
Lv. 20. 25-26 “Fareis,
pois, distinção entre os animais limpos e os imundos e entre as aves imundas e
as limpas; não vos façais abomináveis por causa dos animais, ou das aves, ou de
tudo o que se arrasta sobre a terra, as quais coisas apartei de vós, para tê-las
por imundas. Ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor,
sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus.”
E que
também a proibição não se referia a questão de saúde. Pelo fato de algumas
plantas serem venenosas, mas nem por isso elas estão listadas como algo
proibido. Naturalmente nem todas as carnes são fontes de alimento, mas a bíblia
também não diz se o camelo tem mais bactérias do que as vacas, nem mesmo porque
as abelhas são consideradas imundas e o mel produzido por elas é próprio para
alimento. A bíblia se limita a dizer: puro e impuro.
Outra
questão bastante relevante está no fato da bíblia relacionar a questão
cerimonial com um período de tempo; lembrando sempre, na maioria das vezes
aqueles que se tornavam impuros eram considerados como tais, até a tarde. Lv. 11. 31 “Estes vos serão por imundos entre todo o
enxame de criaturas; qualquer que os tocar, estando eles mortos, será imundo
até à tarde.”
Isso significa que estou estimulando as pessoas a comerem qualquer coisa? Bem,
cada qual come e bebe o que quiser, mas não é isso, Eu mesmo me restrinjo a
comer o que não gosto e aquilo que pode não me fazer bem.
O que estou dizendo é que a proibição encontrada no AT.
Não se referia a questão de saúde, mas sim uma questão religiosa cerimonial, ou
seja, a separação de judeus e gentios, isso é confirmado no NT. O livro de Atos
nos diz mais sobre isso; At. 10. 9-14
“No dia seguinte, indo eles de caminho e
estando já perto da cidade, subiu Pedro ao eirado, por volta da hora sexta, a
fim de orar. Estando com fome, quis comer; mas, enquanto lhe preparavam a
comida, sobreveio-lhe um êxtase; então, viu o céu aberto e descendo um objeto
como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas,
contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E ouviu-se
uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Mas Pedro
replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e
imunda.”
Antes de tudo quero dizer que estes versos não provam nem
apoiam nada sobre a questão de comer animais considerados imundos, Pedro teve
uma visão, e o que ele viu estava relacionado com aquilo que ele mais desejava
naquele momento, Pedro estava com fome. Tanto é assim que ele mesmo passa a
narrar os acontecimentos, At. 10. 17
“Enquanto Pedro estava perplexo sobre
qual seria o significado da visão, eis que os homens enviados da parte de
Cornélio, tendo perguntado pela casa de Simão, pararam junto à porta.”
Pedro
mesmo reconheceu ser uma visão, não uma ordem direta para comer o que lhe foi
apresentado; os versos a seguir mostram o significado da visão, At. 10. 28 “Vós bem sabeis que é proibido a um judeu ajuntar-se ou mesmo
aproximar-se a alguém de outra raça; mas Deus me demonstrou que a nenhum homem
considerasse comum ou imundo.” Os animais
aparecem para Pedro em algo semelhante a um lençol suspenso, depois os homens
do Centurião romano Cornélio aparecem na casa onde ele estava hospedado, e
depois o próprio Pedro diz, que após a nova aliança não podemos considerar
ninguém imundo. Isso demonstra claramente o que significava a proibição de
comer e não comer certos tipos de animais.
Assim
sendo a visão de Pedro relatada em atos capítulo 10 demonstra claramente que os
gentios outrora considerados impuros sob a nova aliança, não mais são
considerados como tais. Porém, o contexto do assunto nos mostra que o panorama
principal não é a liberação dos alimentos considerados impuros que está sendo
destacado, isso é claramente demonstrado, o que está sendo enfatizado é que os
gentios representados pelos animais suspensos numa espécie de lençol, não mais
são considerados imundos ou impuros para o reino de Deus.
Assim
sendo muitos se encherão “daquele orgulho denominacional” e dirão: - “lógico, o
contexto está tratando de uma aplicação simbólica, não uma realidade literal”.
Sim, isso é uma realidade, no entanto, não podemos desassociar os fatos, se
para um judeu como foi o caso de Pedro, os gentios eram considerados impuros,
ou mesmo imundo como certo tipo de animal, para ele ficou nítido que tais
pessoas consideradas impuras as quais foram representadas por animais não eram
mais consideradas assim.
Em
outras palavras, se Pedro compreendeu que os gentios foram purificados, naturalmente
aquilo que os representava foram também. At.
10. 34-35 “Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço,
por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em
qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável.” At. 11. 7-9 “Ouvi também uma voz que me dizia:
Levanta-te, Pedro! Mata e come. Ao que eu respondi: de modo nenhum,
Senhor; porque jamais entrou em minha boca qualquer coisa comum ou
imunda. Segunda vez, falou a voz do céu: Ao que Deus purificou não
consideres comum.”
A objeção pode ocorrer da seguinte forma: - “o verso está
dizendo que as pessoas foram purificadas não os animais.” Sim, no entanto, o
que está sendo usado para demonstrar a purificação das pessoas são os animais.
Foi o que Eu disse, Pedro deve ter entendido que ambos foram purificados, ele
não poderia desassociar um do outro, ou seja, como ele poderia acreditar que os
gentios foram purificados mas aquilo que os representava não foi; parece que Paulo também não teve
problemas para fazer a associação.
Rm. 14. 14 “Eu sei e estou persuadido, no Senhor Jesus, de que nenhuma coisa é de
si mesma impura, salvo para aquele que assim a considera; para esse é impura.”
Aqui Paulo está falando de alimento, e não é só isso a palavra grega para coisa
é oudemia e quer dizer nada,
ninguém. 1ª Co. 10. 25 “Comei de tudo o que se vende no mercado,
sem nada perguntardes por motivo de consciência.” Aqui muitos objetarão
dizendo: -“ele está falando de comida sacrificada aos ídolos.” Sim pode ser,
mais será que aquele que sacrificava aos ídolos se preocupava em sacrificar
somente alimentos considerados puros? A palavra mercado é makellon e quer
dizer, lugar onde carne e outros artigos alimentícios eram vendidos, açougue.