sábado, 1 de julho de 2017

Mais sobre Tiago 2. 10

Vez por outra os sabatistas acusam os não sabatistas dizendo que estes são transgressores da lei, para isso valem-se de textos os quais supostamente fundamentam tal acusação, porém em outro assunto postado aqui neste blog: evandro-blogdoevandro.blogspot.com.br/2013/05/tiago-210-e-os-sabatistas.html disse que Tiago 2. 10 não serve para condenar os não sabatistas; pelo contrário, caso alguém ou alguma denominação religiosa utiliza-se de Tiago 2 10 para tentar se justificar perante a lei está completamente equivocado, o verso diz assim: "Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos." Os sabatistas argumentam dizendo: (- este verso cai como luva para os transgressores, uma vez que eles estão de acordo quanto a permanência dos outros mandamentos do decálogo.

Mas seria isso mesmo? Lógico que não! Primeiramente deve se argumentar que a defesa da não obrigatoriedade do sábado para os não judeus é bíblico, este é o primeiro e mais relevante argumento. E para isso podemos depreender de passagens como:  Sl. 147. 19-20 "Ele revelou sua palavra a Jacó, sua lei e seus preceitos a Israel. Com nenhum outro povo agiu assim, a nenhum deles manifestou seus mandamentos." O contra argumento será que a partir de Israel foi manifestado a todas as nações.

Dt. 4. 12-13, 44 "Então o Senhor vos falou do meio do fogo; a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes figura alguma. Então vos anunciou ele a sua aliança que vos ordenou cumprir, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra. Esta é, pois, a lei que Moisés propôs aos filhos de Israel."  O mesmo contra argumento será utilizado, mas eu insisto em dizer que Deus não fez um pacto baseado na lei conosco, ou seja, a obrigatoriedade era exclusiva de Israel.

Então, a primeira e mais importante questão é o fato bíblico de Deus não ter feito conosco um pacto (mediante a lei) com relação a própria lei. O que Deus propôs para todos os povos e em todas as épocas, foi que a lei interior deve ser respeitada e exaltada. A lei interior é aquela que universalmente falando quando transgredida a consciência acusa, Rm. 2. 14-15 "Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem por natureza as coisas da lei, eles, embora não tendo lei, para si mesmos são lei. Pois mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os."

Muitos contestam dizendo: - Com relação ao sábado não se dá o mesmo? Não, o sábado e sua obrigatoriedade não foi estendida a todos os povos, tanto é assim, que quando alguém houve pela primeira vez que deve se guardar o sábado a sua consciência não lhe acusa, tal coisa só irá acontecer quando o indivíduo for completamente doutrinado a pensar e agir assim, em outras palavras tal ordenança não está escrito internamente nos não judeus. Mais duas questões importantes que se deve destacar, 1º dentro do cristianismo quando se faz um processo de conversão a lei, torna-se uma prática judaizante, ou seja, os primeiros cristãos sofreram e rechaçaram tal prática.

At. 15. 5 "Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés."  Os apóstolos resistiram tal instrução; e a segunda questão refere-se ao ato cerimonial do sábado, todas as ordenanças que são pronunciadas as palavras: até a tarde, até ao por do sol, estatuto perpétuo e para sempre, são entendidos como mandamentos cerimoniais. Com relação a guarda de toda a lei a própria lei ordena: Dt. 27. 26  "Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém."

A lei impõe um risco muito grande, ou se guarda a sua totalidade, ou se torna culpado de transgredir parte dela. Gl. 3. 10 "Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las."  Torna-se evidente que a arma do sabatista se volta contra ele, sim, se diz que guarda o sábado conforme recomenda a lei e não o faz, a condenação da lei recai sobre ele.

É de conhecimento de todos os sabatistas que ninguém observa o sábado segundo as ordenanças impostas na lei do próprio sábado, ou seja, pode-se até não trabalhar no período de 24 hs. que compreende o dia de sábado, no entanto isso não significa nada. A lei do sábado proibia de carregar cargas, nas horas do sábado, falar algo de interesse próprio, não comercializar no dia de sábado, também não podia caminhar neste dia; no período intertestamentário os líderes religiosos afrouxaram um pouco a lei e introduziram uma cláusula dizendo que poderia se caminhar por um percurso de 1 km.

Tg. 2. 8-9 "Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis." "Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores."  Em qual dos dez mandamentos se diz para amarmos o próximo e a não fazer acepção de pessoas? Em nenhum dos dez diz isso. Isso está registrado na chamada lei de Moisés, o que isso significa? simplesmente que a pretensão de se cumprir os dez mandamentos não livra ninguém da condenação da transgressão da lei.

Ou seja, Tiago é explícito ao afirmar, que qualquer que observa a lei mas não a sua totalidade me refiro toda a torá, transgride a lei. No pensamento judaico a lei deve ser observada num todo não em partes, e só observar os dez mandamentos tornam a lei fragmentada, portanto fica invalidada a sua observância. Assim sendo a acusação dos sabatistas contra aqueles que não observam o sábado como algo importante para a salvação fica sem valor, pois os próprios são responsabilizados perante a lei por não observá-la na sua totalidade. Resumindo, se alguém utiliza Tiago 2. 10 como um argumento de defesa dizendo que observa a lei deve ter cuidado, visto ser a observância da lei algo bastante inflexível.