segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Os nossos erros não podem ser atribuídos a outros.

Gn. 3. 9-14 E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi. Disse o Senhor Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi. Então, o Senhor Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida.”

Construo o assunto de hoje a partir destes versos e neles faremos duas análises, uma introdutória e pequena e a outra predominará todo o assunto. A parte introdutória e que não faz parte principal do assunto, refere-se à serpente. No contexto dos versos acima percebemos o homem culpando a Deus, por ele ter lhe dado aquela mulher, vemos também a mesma tática utilizada pela mulher com relação à serpente, e o mais interessante foi que a serpente não encontrou um culpado, assim sendo a ideia de um Anjo poderoso valendo-se de uma cobra carece de apoio bíblico.

Mas, como dito acima não é sobre um Anjo caído que quero falar neste assunto e sim sobre a questão da responsabilidade, ou também sobre tentar passar a culpa e a responsabilidade para outros. Vimos acima à bíblia mencionando que Adão e Eva agiram assim. Esta é a característica humana, dificilmente alguém assume os seus erros, quando são questões que não fere valores, logo se esquece, mas quando não, sempre é lembrado. O episódio de gêneses 3 é lembrado até hoje, ficou marcado, naturalmente é algo muito feio e que deve ser evitado, portanto, tudo que for realizado deve ser primeiramente medido pesado e acima de tudo muito bem pensado.   

Este assunto me surgiu quando estava lendo algumas declarações de Ellen G. White e duas questões me chamaram a atenção à primeira questão refere-se ao desapontamento adventista. E a segunda foi sobre uma declaração sua em uma reunião no acampamento em Battle Creek. (Lembrando sempre que a postagem não diz respeito a questão pessoal, mas sim teológica.) Todos sabem que o desapontamento foi o resultado da não volta de Jesus em 1844. Em se tratando de jogar a culpa e responsabilidade para outros sabemos que isso trás conseqüências, imagine então quando isso ocorre em um meio religioso, ou ainda com alguém considerado um profeta ou uma profetiza? Quando se analisa o caso percebe-se que a situação fica catastrófica e tal profeta ou profetiza cai em descrédito.

Dt. 18. 22 Sabe que, quando esse profeta falar em nome do Senhor, e a palavra dele se não cumprir, nem suceder, como profetizou, esta é palavra que o Senhor não disse; com soberba, a falou o tal profeta; não tenhas temor dele.” Baseado neste verso o profeta não pode ser inocentado nem se transformado em um “coitadinho” e muito menos o oposto disso, ou seja, alguém inspirado por Deus. Com relação ao desapontamento ocorrido em 1844 ela disse: Houvessem os adventistas, depois da grande decepção de 1844, ficado firmes na fé, e seguido avante em união no caminho aberto pela providência de Deus, recebendo a mensagem do terceiro anjo e proclamando-a ao mundo, no poder do Espírito Santo, haveriam visto a salvação de Deus, o Senhor haveria cooperado poderosamente com seus esforços, a obra se haveria completado, e Cristo haveria vindo antes disto para receber Seu povo para lhes dar o galardão.” (Mensagens escolhidas v 1 pg. 68)

Percebemos ao menos duas falácias nas declarações dela, a primeira é tentar conformar a volta de Jesus mediante com a cooperação humana, a volta de Jesus não é condicional ela não está condicionada a nada exceto Deus, Mt. 24. 36 Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai.” Jesus não disse que nem mesmo Deus sabe o dia de seu retorno, pelo contrário, asa palavras “daquele dia” demonstra que esse dia está determinado pelo conselho de Deus. Dn. 7. 22 “Até que veio o Ancião de Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo; e veio o tempo em que os santos possuíram o reino.” Veio o tempo, ou seja, ago designado. E a outra falácia diz respeito ao tema principal do assunto que é, transferir culpa e responsabilidades. Segundo Ellen White Jesus não voltou por falta de fé, consagração e espiritualidade do povo, é mais fácil dizer isso do que assumir a culpa pelo erro.

Sim, o erro está baseado no fato d’ela como profetiza embasar a crença na volta de Jesus em 1844 e como Jesus não voltou quem vai assumir a culpa por este erro? O povo claro! E ela insiste em dizer que a volta de Jesus é condicional, ou seja, está subordinada aquilo que o homem quer fazer, em outras palavras se os homens se converterem Jesus volta, se não, ele não volta. Se esta fosse a realidade de Deus, Jesus nunca voltaria, veja a sua declaração: Os anjos de Deus em suas mensagens aos homens, apresentam o tempo como muito breve. Assim ele me tem sido sempre apresentado. É verdade que o tempo tem prosseguido mais do que esperávamos nos primeiros tempos desta mensagem. Nosso Salvador não apareceu tão depressa como esperávamos. Falhou, porém, a palavra do Senhor? Nunca! Devemos lembrar que as promessas e ameaças de Deus são igualmente condicionais.” (Mensagens escolhidas v. 1 pg. 67)

A outra questão dita por Ellen G. White refere-se ao que ela disse em uma reunião no dia 27 de maio de 1856 em Battle Creek. Novamente ela disse que Jesus voltaria naquela época, ela disse: “Foi-me mostrado o grupo presente à assembléia. Disse o anjo: ‘alguns servirão de alimento para os vermes, alguns estarão sujeitos às sete últimas pragas, outros estarão vivos e permanecerão sobre a Terra para serem trasladados na vinda de Jesus” (Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, p. 131 e 132).

E qual foi à desculpa desta vez? A mesma, ou melhor, as mesmas, falta de fé do povo e condicionalidade. Mas essa não era a crença dos adventistas da época, em 1910 Evelyn Lewis-Reavis que esteve presente naquela conferência para saber quem seria ou não trasladado. Na ocasião em 1910 só restavam 27 dos 67 presentes que estiveram na reunião.  Em 1935 foi feita uma pesquisa entre os líderes adventistas para saber quais eram as “críticas feitas a Ellen White que na época pareciam mais importantes”. O documento prossegue dizendo que “quase todos eles queriam respostas para a acusação de que alguns de seus primeiros escritos haviam sido ‘tirados de circulação’ e também quase o mesmo número estava preocupado com a predição de 1856, de que alguns dos que estavam vivos na ocasião seriam transladados.

Durante anos, os pioneiros mantiveram uma lista dos que estavam presentes na conferência e passou-se o tempo e todos morreram, contrariando o que ela disse que alguns seriam comidas para vermes, após isso novamente ela transfere a sua culpa não só para a condicionalidade, mas também para a falta de fé do povo, “Verdade é que o tempo se tem prolongado além do que esperávamos nos primeiros dias desta mensagem. Nosso Salvador não apareceu tão breve como esperávamos. Falhou, porém, a Palavra de Deus? Absolutamente! Cumpre lembrar que as promessas e as ameaças de Deus são igualmente condicionais. Talvez tenhamos de permanecer muitos anos mais neste mundo por causa de insubordinação, como aconteceu com os filhos de Israel…” (Evangelismo, p. 695 e 696). Assim sendo se a profecia não se cumpriu, a culpa nunca pode ser do profeta, caso isso aconteça ele (a) cai em descrédito. O líder deve ser protegido para que a instituição cresça, é melhor então que a culpa seja transferida para os leigos (o povo) “afinal de contas quem manda eles não fazerem sua parte.”