Gn. 3. 9-14
“E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou:
Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu,
tive medo, e me escondi. Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas
nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? Então, disse o
homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu
comi. Disse o Senhor Deus à
mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu
comi. Então, o Senhor Deus
disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais
domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu
ventre e comerás pó todos os dias da tua vida.”
Construo
o assunto de hoje a partir destes versos e neles faremos duas análises, uma
introdutória e pequena e a outra predominará todo o assunto. A parte
introdutória e que não faz parte principal do assunto, refere-se à serpente. No
contexto dos versos acima percebemos o homem culpando a Deus, por ele ter lhe
dado aquela mulher, vemos também a mesma tática utilizada pela mulher com
relação à serpente, e o mais interessante foi que a serpente não encontrou um
culpado, assim sendo a ideia de um Anjo poderoso valendo-se de uma cobra carece
de apoio bíblico.
Mas,
como dito acima não é sobre um Anjo caído que quero falar neste assunto e sim
sobre a questão da responsabilidade, ou também sobre tentar passar a culpa e a
responsabilidade para outros. Vimos acima à bíblia mencionando que Adão e Eva
agiram assim. Esta é a característica humana, dificilmente alguém assume os
seus erros, quando são questões que não fere valores, logo se esquece, mas
quando não, sempre é lembrado. O episódio de gêneses 3 é lembrado até hoje,
ficou marcado, naturalmente é algo muito feio e que deve ser evitado, portanto, tudo que for realizado deve ser primeiramente medido pesado e acima de tudo
muito bem pensado.
Este
assunto me surgiu quando estava lendo algumas declarações de Ellen G. White e
duas questões me chamaram a atenção à primeira questão refere-se ao desapontamento
adventista. E a segunda foi sobre uma declaração sua em uma reunião no
acampamento em
Battle Creek. (Lembrando sempre que a postagem não diz respeito a questão pessoal, mas sim teológica.) Todos sabem que o desapontamento foi o
resultado da não volta de Jesus em 1844. Em se tratando de jogar a culpa e
responsabilidade para outros sabemos que isso trás conseqüências, imagine então
quando isso ocorre em um meio religioso, ou ainda com alguém considerado um
profeta ou uma profetiza? Quando se analisa o caso percebe-se que a situação
fica catastrófica e tal profeta ou profetiza cai em descrédito.
Dt. 18. 22
“Sabe que, quando
esse profeta falar em nome do Senhor,
e a palavra dele se não cumprir, nem suceder, como profetizou, esta é palavra
que o Senhor não disse; com
soberba, a falou o tal profeta; não tenhas temor dele.” Baseado neste verso o profeta
não pode ser inocentado nem se transformado em um “coitadinho” e muito menos o
oposto disso, ou seja, alguém inspirado por Deus. Com relação ao desapontamento
ocorrido em 1844 ela disse: “Houvessem os
adventistas, depois da grande decepção de 1844, ficado firmes na fé, e seguido
avante em união no caminho aberto pela providência de Deus, recebendo a
mensagem do terceiro anjo e proclamando-a ao mundo, no poder do Espírito Santo,
haveriam visto a salvação de Deus, o Senhor haveria cooperado poderosamente com
seus esforços, a obra se haveria completado, e Cristo haveria vindo antes disto
para receber Seu povo para lhes dar o galardão.” (Mensagens escolhidas v 1 pg.
68)
Percebemos
ao menos duas falácias nas declarações dela, a primeira é tentar conformar a
volta de Jesus mediante com a cooperação humana, a volta de Jesus não é
condicional ela não está condicionada a nada exceto Deus, Mt. 24. 36 “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem
o Filho, senão o Pai.” Jesus não disse que nem mesmo Deus sabe o dia de seu retorno, pelo
contrário, asa palavras “daquele dia” demonstra que esse dia está determinado
pelo conselho de Deus. Dn. 7. 22 “Até que veio o Ancião de Dias e fez
justiça aos santos do Altíssimo; e veio o tempo em que os santos possuíram o
reino.” Veio o tempo, ou seja, ago designado. E a outra falácia diz
respeito ao tema principal do assunto que é, transferir culpa e
responsabilidades. Segundo Ellen White Jesus não voltou por falta de fé,
consagração e espiritualidade do povo, é mais fácil dizer isso do que assumir a
culpa pelo erro.
Sim, o erro está baseado no fato d’ela como profetiza
embasar a crença na volta de Jesus em 1844 e como Jesus não voltou quem vai
assumir a culpa por este erro? O povo claro! E ela insiste em dizer que a volta
de Jesus é condicional, ou seja, está subordinada aquilo que o homem quer
fazer, em outras palavras se os homens se converterem Jesus volta, se não, ele
não volta. Se esta fosse a realidade de Deus, Jesus nunca voltaria, veja a sua
declaração: “Os anjos de Deus em
suas mensagens aos homens, apresentam o tempo como muito breve. Assim ele me
tem sido sempre apresentado. É verdade que o tempo tem prosseguido mais do que
esperávamos nos primeiros tempos desta mensagem. Nosso Salvador não apareceu
tão depressa como esperávamos. Falhou, porém, a palavra do Senhor? Nunca!
Devemos lembrar que as promessas e ameaças de Deus são igualmente condicionais.”
(Mensagens escolhidas v. 1 pg. 67)
A outra
questão dita por Ellen G. White refere-se ao que ela disse em uma reunião no
dia 27 de maio de 1856 em Battle
Creek. Novamente ela disse que Jesus
voltaria naquela época, ela disse: “Foi-me
mostrado o grupo presente à assembléia. Disse o anjo: ‘alguns servirão de
alimento para os vermes, alguns estarão sujeitos às sete últimas pragas, outros
estarão vivos e permanecerão sobre a Terra para serem trasladados na vinda de
Jesus” (Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, p. 131 e 132).
E qual
foi à desculpa desta vez? A mesma, ou melhor, as mesmas, falta de fé do povo e
condicionalidade. Mas essa não era a crença dos adventistas da época, em 1910 Evelyn
Lewis-Reavis que esteve presente naquela conferência para saber quem seria ou
não trasladado. Na ocasião em 1910 só restavam 27 dos 67 presentes que estiveram
na reunião. Em 1935 foi feita uma pesquisa entre os líderes adventistas
para saber quais eram as “críticas feitas a Ellen White que na época
pareciam mais importantes”. O documento prossegue dizendo que “quase
todos eles queriam respostas para a acusação de que alguns de seus primeiros
escritos haviam sido ‘tirados de circulação’ e também quase o mesmo número
estava preocupado com a predição de 1856, de que alguns dos que estavam vivos
na ocasião seriam transladados.
Durante
anos, os pioneiros mantiveram uma lista dos que estavam presentes na
conferência e passou-se o tempo e todos morreram, contrariando o que ela disse
que alguns seriam comidas para vermes, após isso novamente ela transfere a sua
culpa não só para a condicionalidade, mas também para a falta de fé do povo, “Verdade é que o tempo se tem prolongado
além do que esperávamos nos primeiros dias desta mensagem. Nosso Salvador não
apareceu tão breve como esperávamos. Falhou, porém, a Palavra de Deus?
Absolutamente! Cumpre lembrar que as promessas e as ameaças de Deus são
igualmente condicionais. Talvez tenhamos de permanecer muitos anos mais neste
mundo por causa de insubordinação, como aconteceu com os filhos de Israel…”
(Evangelismo, p. 695 e 696). Assim sendo se a profecia não se cumpriu, a
culpa nunca pode ser do profeta, caso isso aconteça ele (a) cai em descrédito. O líder
deve ser protegido para que a instituição cresça, é melhor então que a culpa
seja transferida para os leigos (o povo) “afinal de contas quem manda eles não
fazerem sua parte.”