A cidade de Ecrom foi uma das cinco
cidades filisteias no sudoeste de Canaã. Era uma cidade na
divisa da fronteira entre a Filístia e o Reino de Judá. Js. 13. 3 “Desde Sior, que está defronte do Egito,
até ao limite de Ecrom, para o norte, que se considera como dos cananeus; cinco
príncipes dos filisteus: o de Gaza, o de Asdode, o de Asquelom, o de Gate e o
de Ecrom. A prática do culto a Baal
infiltrou na vida religiosa judaica durante o tempo dos juízes Jz. 3. 7 “Os
filhos de Israel fizeram o que era mau perante o Senhor e se esqueceram do Senhor,
seu Deus; e renderam culto aos baalins e ao poste-ídolo.”
Tornou-se comum em Israel durante o reinado
de Acabe 1ª Rs. 16. 31-32 “Como se fora coisa
de somenos andar ele nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, tomou por mulher
a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e o
adorou. Levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em
Samaria.” E também afetou Judá
2ª Cr. 28. 1-2 “Tinha Acaz vinte
anos de idade quando começou a reinar e reinou dezesseis anos em Jerusalém; e
não fez o que era reto perante o Senhor,
como Davi, seu pai. Andou nos caminhos dos reis de Israel e até fez imagens
fundidas a baalins.”
Baal era
considerado um deus da fertilidade que, de acordo com a crença comum, permitia
que a terra produzisse colheitas e pessoas produzissem crianças. Diferentes
regiões adoravam Baal de diferentes maneiras, e ele provou ser um deus
altamente adaptável. Várias localidades enfatizavam um ou outro de seus
atributos e desenvolveram vários nomes a baal. Baal-Peor Nm. 25. 3 “Juntando-se Israel a Baal-Peor, a ira do Senhor
se acendeu contra Israel.”
Baal-Berite
Jz. 8. 33 “Morto Gideão, tornaram a prostituir-se
os filhos de Israel após os baalins e puseram Baal-Berite por deus.” Estes são apenas dois exemplos de divindades localizadas. O culto
a Baal estava enraizado na sensualidade e envolvia prostituição ritualística
nos templos. Às vezes, para apaziguar Baal necessitava o sacrifício humano,
geralmente o primogênito de quem fazia o sacrifício Jr. 19. 5 “E edificaram os altos de Baal, para queimarem os seus filhos no fogo em
holocaustos a Baal, o que nunca lhes ordenei, nem falei, nem me passou pela
mente.”
Os sacerdotes de Baal apelavam ao seu deus
em ritos selvagens que incluíam gritos de êxtase e ferimentos auto-infligidos 1ª Rs. 18. 28 “E eles clamavam em altas vozes e se
retalhavam com facas e com lancetas, segundo o seu costume, até derramarem
sangue.” Todos
estes versos relatam acontecimentos relacionados aos israelitas, quero dizer,
um deus da cultura pagã passou a fazer parte da mentalidade religiosa dos
judeus. Mas, ainda que a idolatria estivesse operante no meio da nação de
Israel eles não viam tal ídolo como viram os judeus do tempo do NT.
O erro de
cultuar Baal no AT. Existiu, porém, tal “culto” não era direcionado ao demônio,
assim como acreditavam os judeus nos dias do NT. Para os judeus do AT. O culto a
um ídolo qualquer era direcionado a uma divindade inferior, Lv. 17. 7 “Nunca mais oferecerão os seus sacrifícios aos demônios, com os quais
eles se prostituem; isso lhes será por estatuto perpétuo nas suas gerações.” O original a palavra
é sátiro que quer dizer animal peludo, bode por exemplo. O termo demônio só
veio a aparecer em traduções posteriores.
Os profetas, por exemplo, Ainda que cressem
em deuses não os temiam, Sl. 136. 2 “Rendei graças ao
Deus dos deuses, porque a sua misericórdia dura para sempre.” O mesmo fez o profeta Elias no
confronto com os sacerdotes de Baal, 1ª Rs. 18. 26-27 “Tomaram o novilho que lhes fora dado,
prepararam-no e invocaram o nome de Baal, desde a manhã até ao meio-dia,
dizendo: Ah! Baal, responde-nos! Porém não havia uma voz que respondesse; e,
manquejando, se movimentavam ao redor do altar que tinham feito. Ao meio-dia,
Elias zombava deles, dizendo: Clamai em altas vozes, porque ele é deus; pode
ser que esteja meditando, ou atendendo a necessidades, ou de viagem, ou a
dormir e despertará.”
Diferentemente
no NT. Devido a influência grega os ídolos ou os deuses inexistentes das nações
passaram a ser temido pelo povo judeu, não só pelo povo comum, mesmo a elite,
os líderes da nação criam assim Mt. 9.
34 “Mas os fariseus murmuravam: Pelo
maioral dos demônios é que expele os demônios.” Mesmo antes de Cristo a mitologia cananeia
advertia sobre os cuidados que se devia ter após o corte de unhas e cabelos,
pois uma vez cortados e separados do corpo, já pertencem ao maligno.
Maligno esse
conhecido por demônio mosca, e outras devas de espíritos maléficos, pelo fato
mesmo de serem moradas da sujeira. Neste sentido na mesma mitologia cananeia,
se adorava a Baal-Zebub, que segundo muitos significava “Baal, do estrume das
moscas”. Mt. 12. 24 “Mas os fariseus, ouvindo isto, murmuravam:
Este não expele demônios senão pelo poder de Belzebu, maioral dos demônios.”
Jesus foi acusado pelos fariseus de expulsar demônios pelo poder de Belzebu, Mt. 10. 25 “Basta ao discípulo ser como o seu mestre, e ao servo, como o seu
senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?”
Lc.
11. 21 “Quando o valente, bem armado, guarda a sua própria casa, ficam em segurança
todos os seus bens.” Reparem que no contexto da acusação dos fariseus Jesus usou várias vezes a
palavra casa, lembrando também que a palavra Belzebu significa senhor da casa.
E neste jogo de palavras Jesus leva os seus ouvintes a perceberem que Belzebu
na verdade é apenas o deus das moscas o deus da mitologia que mora na sujeira.
Lc. 11. 24-26 “Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos,
procurando repouso; e, não o achando, diz: Voltarei para minha casa, donde
saí. E, tendo voltado, a encontra varrida e ornamentada. Então, vai e
leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, habitam
ali; e o último estado daquele homem se torna pior do que o primeiro. Saindo
do homem, o espírito imundo perambula por lugares áridos... Chegando lá
encontra a casa varrida e arrumada, (o que debilitaria as forças de baal-zebub).
Diante disso,
vai e toma outros sete espíritos piores do que ele, os quais vai habitar na
casa, e (acumulam tanta sujeira) que com isso a condição daquele torna-se pior
do que antes. Tanto na bíblia quanto na literatura rabínica e apócrifa, como
também na cultura tradicional cristã que apresentam os demônios habitando
desertos, lugares áridos, ruínas de casas abandonadas e lugares imundos como
esgotos e cemitérios. Na verdade isso é um reflexo da mitologia pagã que
adentrou no judaísmo. No entanto
quando Cristo fez eco dessas crenças populares, emprestadas do paganismo,
evidentemente que não pretendia confirmar a fábula, senão dar à sua argumentação
um cunho pitoresco e bem humorado.