Jo. 15. 1-6
“Eu
sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não
dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. Vós
já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado. Estai em mim, e eu em vós;
como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim
também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está
em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se
alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os
colhem e lançam no fogo, e ardem.”
Nos dias
bíblicos as pessoas estavam familiarizadas com a questão da agricultura,
portanto, eles não tiveram dificuldades em entender esta parábola. O verso
dois, diz que simbolizado por um lavrador o dono da terra, Deus, limpa todo
aquele que dá fruto, para que dê mais fruto ainda. O interessante também é que
todo aquele que se diz cristão é comparado com uma vara, vara esta que sustenta
os frutos, contudo tal vara não pode por si só dá fruto, é preciso estar ligada
a videira, que segundo o relato bíblico é Jesus Cristo.
Vemos então
que Deus, como lavrador, amavelmente limpa, lava, purga e purifica os nascidos
de novo de tudo aquilo que não contribui para sua maturidade espiritual Ou
seja, “dar frutos”. Isto pode ocorrer de várias formas: disciplina,
ensinamentos, provações, etc. Mas, o que acontecerá com as varas infrutíferas?
Portanto, iremos atentar mais para essa questão. O que Deus irá fazer com as
varas infrutíferas, e o que elas representam? Há ao menos dois pontos de vista
que tentam interpretar essas passagens.
A
interpretação popular ou mais aceita no mundo cristão vem daqueles que
acreditam no livre arbítrio, para eles as “varas infrutíferas” são cristãos
autênticos que, por causa de sua falta de frutos, perdem a salvação. Para eles
é de suma importância o cristão produzir frutos, em outras palavras nós temos por
nós mesmos, produzir frutos.
A outra
opção e a que mais está em conformidade com a bíblia é aquela que diz que as
“varas infrutíferas” são supostos “discípulos” que experimentam somente uma
conexão externa e superficial com Jesus. Embora eles “creiam” e “sigam” a Jesus
em algum sentido, sua ligação “não se encaixa com uma união interna, espiritual
pela fé pessoal e regeneração” Portanto “as varas sem frutos são varas sem vida
contrariando aquilo que Jesus diz,
todos os que estão em mim, esses dão muitos frutos.
Vejamos como a bíblia apoia esta última interpretação
como sendo a mais lógica e acima de tudo mais bíblica. Afirmar que de qualquer maneira
precisam produzir frutos todos os que se dizem ou serão lançados fora é algo
que não tem apoio bíblico, Jo. 10. 28-29 “E dou-lhes a vida eterna, e
nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas
deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai”. Aqui
é dito que aqueles a quem ele dá a vida eterna nunca perecerão.
Mais
decisivo ainda é a palavra usada em Jo. 15. 6
“Se alguém não estiver em mim, será
lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem”.
Jesus diz que as varas infrutíferas serão “lançadas fora”. Jo. 6. 37 “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que
vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”.
Assim sendo dizer que todos
os que se dizem ser cristão precisam a qualquer custo produzir frutos é
contradizer as palavras de Jesus. O
que Jesus disse nesses versos é que há pessoas que produzem frutos, há aqueles
que irão produzir é outros que jamais produzirão, e esses serão lançados fora,
As varas infrutíferas são “lançados fora” (v.2). A vara infrutífera é “lançada
no fogo” e “queimará” Mt. 3. 12 “Em
sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e
queimará a palha com fogo que nunca se apagará”. Ap. 20. 15 “E
aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo”.
A realidade
é que as varas infrutíferas são pessoas não-regenerados e é apoiada pelo que o
Evangelho de João diz sobre “crentes” não-salvos. Em outras palavras, João frequentemente
retrata pessoas como “crendo” em Jesus, que claramente não são nascidas de
novo. Há crença e crenças. Jo. 2. 23-24 “E, estando ele em Jerusalém
pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu
nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque
a todos conhecia”.
Mesmo entre
aqueles que seguiam Jesus que se diziam ser seus discípulos, muitos não criam
Jo. 6. 64 “Mas há alguns de vós que não creem. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam, e
quem era o que o havia de entregar”. Portanto,
deve haver uma distinção entre discípulos. Existe no Evangelho de João,
portanto, uma “fé” ou “crença” superficial, transitória, que pode ser baseada
unicamente em milagres vistos, mas não é fundamentada no fruto de um
entendimento salvífico e a confiança em que Jesus realmente é. Pessoas como
essas estão, de alguma forma, conectadas ou unidas a Jesus, o bastante para que
elas possam ser chamadas de “discípulos”, ainda assim não são discípulos. Estas
são as varas infrutíferas de João 15.
Permanecer
em mim, o que significa? O permanecer em Cristo significa não só crer em Cristo,
mas fazer o que ele ensinou. Assim sendo, não existem verdadeiros cristãos sem
algum tipo de fruto. Frutificar é a marca infalível do verdadeiro Cristianismo;
a alternativa é a madeira morta, e as exigências da metáfora da videira faz
necessário que cada madeira esteja conectada com a videira. Não existe vida
neles; eles nunca deram frutos, ou então eles seriam limpos, não lançados fora.
Porque Jesus é a videira verdadeira, é impossível pensar que algum ramo que não
dá fruto possa ser considerado parte dele.
A conclusão
que se chega é que esta passagem não ensina que um cristão verdadeiro, nascido
de novo, possa apostatar da fé e perder sua salvação. Ela ensina que é
impossível dar frutos fora da união doadora de vida, salvífica, com Jesus, e é
impossível não frutificar quando esta conexão com Jesus realmente existe.
Também ensina que alguns (muitos) que professam estar “unidos” com Jesus, que
afirmam “crer” nele, e que mesmo o “seguem” como “discípulos” serão revelados
pelo tipo de fruto, como falsos, e, portanto serão lançados fora.