quarta-feira, 1 de maio de 2019

A importância do simbolismo da ceia.

Jo. 6. 3-4 “E Jesus subiu ao monte, e assentou-se ali com os seus discípulos. E a páscoa, a festa dos judeus, estava próxima”. A páscoa conforme registrada no AT. já no NT. Deu lugar para a ceia do Senhor. Mediante, isso várias são as interpretações no meio religioso cristão acerca do significado da mesma. O catolicismo romano talvez seja a denominação religiosa que mais retrata a questão da ceia do Senhor como sendo algo puramente literal, o ensinamento católico romano diz que o pão literalmente se transformou no corpo de Cristo. 

A base bíblica para este pensamento se encontra em Jo. 6. 51, 54 “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”. Falava Jesus realmente de uma forma literal? Absolutamente! Não existe um ensinamento em toda a bíblia que confirme a prática do canibalismo, portanto Jesus falou de uma forma metafórica, algo corriqueiro para o mundo judaico de então.

Veremos dois exemplos claros disso encontrados no evangelho de João: Jo. 10. 9 “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens”. Jo. 15. 1 “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador”. Fato é que Jesus não disse literalmente que era uma porta e nem mesmo que era uma videira e muito menos que Deus seja literalmente um agricultor; como disse acima a linguagem bíblica é assim, metáforas, prosopopeias e figuras de linguagens, linguagem comum nos dias bíblicos.

 1ª Co. 11. 26 “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha”. Este é o objetivo da ceia do Senhor, testificar. Mas, testificar o que? Bem, podemos enumerar alguns acontecimentos importantes que merecem serem relembrados; e entre eles estão: o fim dos sacrifícios, os quais representavam a páscoa, a inserção da nova aliança, o cumprimento da promessa representada pelo cordeiro sacrificado, o prenuncio da ressurreição e por fim a instauração do reino de Deus. 

Portanto, estes são alguns objetivos da ceia do Senhor, naturalmente para aqueles que creem, lógico. Ou seja, todos os acontecimentos relacionados acima só terão lugar na mente daqueles que creem. Cito também a presença espiritual na ceia, não no pão, o pão é apenas um simbolo, algo que trás a memória, é certo também que a presença espiritual do Cristo ressuscitado não se dá apenas no momento da ceia, pelo contrário, Mt. 28. 20 Ensinados a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”. 

1ª Co. 11. 24 “E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim”. A confusão acontece quando o verso e outros paralelos dizem: isto é o meu corpo... seria desnecessário Jesus ter dito assim... este ato representa o meu sacrifício... é sabido por todos que a ceia judaica não era só realizada com pão e vinho, era a páscoa, portanto eles também comiam do sacrifício das ovelhas, mas o verso parece aludir ao pão. 

Seria ele mais especial ou representava mais taxativamente o sacrifício de Cristo? Jo. 1. 29 “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Em termos de representatividade e baseado no contexto direto que era a páscoa, o cordeiro representava melhor a Cristo, acredito que o pão figurou naquele momento pelo fato de ser melhor manipulado, ou seja, o ato de reparti-lo seria mais fácil com o pão do que com o cordeiro. 

Assim sendo, o pão não é o corpo de Cristo, representa-o. A palavra memória encontrada em 1ª corintios 11. 24, em grego é anmnésis e significa trazer a memória, recordar, relembrar, portanto, este é o objetivo da ceia, recordar relembrar manter viva a esperança do novo reino, dizer que o pão é literalmente o corpo de Cristo, é texto fora de contexto, é o mesmo que dizer que ele Jesus na ceia com os doze, comeu do seu próprio corpo, não tem lógica.