terça-feira, 4 de agosto de 2009

Imortalidade da alma e moradas no céu.



A maioria das denominações cristãs creem e ensinam sobre a morada no céu, existem várias interpretações que são dadas pelas denominações cristãs com respeito a este assunto, por exemplo: a igreja católica ensina que a alma é imortal. Esta crença é descrita da seguinte maneira. Depois da morte do justo, a alma é separada do corpo, ela é julgada por Deus e goza de sua presença até o fim do mundo, quando será reunida ao corpo agora ressuscitado, para então ficar eternamente com Deus.

Na realidade, este não é um pensamento somente da igreja católica romana, mais sim de quase todas as denominações cristãs oriundas da reforma protestante, este pensamento é comummente chamado de imortalidade da alma e morada no céu. Poucas são as denominações cristãs que não creem na imortalidade natural do ser humano, porém para não destoar muito do pensamento cristão ortodoxo, algumas denominações ensinam que o homem irá para o céu somente no retorno de Cristo e lá com ele ficara por mil anos, outras ensinam que ficara no céu por três anos e meio outras ensinam que serão sete anos e outras que ficarão no céu por toda a eternidade.

Essas denominações negam a imortalidade da alma, porém, aceitam a morada no céu. De onde surgiu este ensinamento, será ele genuinamente bíblico? A doutrina da imortalidade da alma não é bíblica, pelo contrário contraria grandemente as declarações bíblicas, e entre elas estão: Ec. 9. 5-6 e 10 “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento. Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol. Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma”.

Ec. 12. 7 “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”. Este verso é amplamente utilizado como intuito de consolidar a crença da imortalidade da alma, só que a palavra espírito deste verso tem o mesmo significado do verso encontrado em Ec. 3. 19 – 21 "Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego, e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade. Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó. Quem sabe que o fôlego do homem vai para cima, e que o fôlego dos animais vai para baixo da terra?”

Esta palavra é Ruach que é a mesma palavra encontrada em Gn. 2. 7 “ E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.” A palavra espírito destes versos significa vento, fôlego, sopro, hálito, e mente, não está se referindo aqui a uma entidade desencarnada. O que volta para Deus é a vida que está no homem, vida esta que pode ser resumida como aquilo que nos conscientiza,
algo que é de propriedade de Deus e que naturalmente volta para Ele.

Quando a teoria da imortalidade da alma teve início? Gn. 3. 4 “Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis.” Percebe-se por este verso que a tendência e a vocação de viver eternamente sempre esteve presente na história humana, os povos antigos sempre acreditaram na vida após a morte, mas a influência sobre os judeus só tomou vulto a partir do domínio grego. 

Após disseminação da cultura helênica, alguns judeus passaram a crer na imortalidade da alma, tanto que nos dias de Jesus os próprios discípulos já estavam contaminados com essa teoria. Mt. 14. 25-26 “ Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, andando
por cima do mar. E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo.” Reparem que eles tiveram medo de fantasmas, os fantasmas só causam pavor em quem acredita neles e só se acredita em fantasmas aqueles
que são influenciados por tradições e crendices.

Lc. 24. 36-37 “E falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco. E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito.” Percebe-se a influência das tradições e crenças gregas no meio judaico. Segundo o ensinamento cristão pós 4º século parte do ser humano sobrevive a morte, mas o que os textos bíblicos nos dizem: Mc. 12. 25 “Porquanto, quando ressuscitarem dentre os mortos, nem casarão, nem se darão em casamento, mas serão como os anjos que estão nos
céus.”

Baseado no ensinamento cristão, não seria mais preciso o verso dizer que aqueles que se encontram no céu são como Anjos? O problema para se sustentar este dogma se encontra em dizer que isso se dará após a ressurreição, não existe uma declaração na bíblia dizendo que o corpo está morto e de que a alma esteja viva no céu, são apenas conceitos e dogmas. Jo. 5. 28 “Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz.” 

O verso nos mostra que Jesus cria e ensinava a ressurreição dos mortos, segundo o ensinamento das escrituras, isto é dos livros que perfazem o AT. e não na imortalidade da alma segundo a filosofia grega. O que ensinou o apostolo Paulo? 1ª Co. 15. 51-52 “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.” 

Segundo a enciclopédia britânica, a partir do segundo século os cristãos que tinham conhecimento da filosofia grega, passaram a sentir necessidade de expressar sua fé por meio da filosofia, tanto para sua satisfação pessoal, como para converter pagãos instruídos. A filosofia que mais lhes atraía era o platonismo, e em meio a isso os pais da igreja que na sua grande maioria tinham um grande conhecimento da filosofia grega, também criam e ensinavam a crença da imortalidade da alma. 

No segundo século Irineu de Lion, diferenciou o paraíso do céu, disse ele: somente os dignos de valores herdariam o céu, enquanto que outros habitariam o paraíso, e os demais viveriam na Jerusalém restaurada. Este pensamento da imortalidade da alma que não é bíblico, deu margem para a doutrina da morada no céu, tanto é assim que dentro da própria doutrina da morada no céu existem divergências no seu aspecto teológico.

Por exemplo: algumas denominações religiosas ensinam que após a morte a alma vai para o céu, é o ensinamento da imortalidade da alma, outras denominações ensinam que no retorno de Cristo os salvos ressuscitarão e irão para o céu e lá viverão com Cristo por três anos e meio, outras ensinam que por sete anos, outras por mil anos e por fim outras ensinam que viverão por toda a eternidade. A doutrina da imortalidade da alma não tem apoio bíblico, e a doutrina da morada no céu só foi possível graças a doutrina da imortalidade da alma, e para ambas as doutrinas são utilizados textos bíblicos isolados com o objetivo de dar corpo as
doutrinas. 

2ª Co. 5.1-2 “Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E por isso também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu.” Estes versos além de serem utilizados para dar suporte a doutrina da imortalidade da alma, é utilizado também para dar suporte a doutrina da morada no céu, porém, não apoiam nem um nem a outro, são mal interpretados. O que Paulo estava dizendo é sobre a vida que vem do céu, mais especificamente de Deus, que será dado aos vencedores.