segunda-feira, 26 de julho de 2010

Encarnação, um forte apelo espírita.

A Defesa da Preexistência de Jesus como um Ser imortal ou como anjo antes de vir a esta terra, tem forte apelo espírita. Deste modo estão dando forte argumento aos espíritas que ensinam a doutrina falsa da re-encarnação. Segundo o conceito espírita, re-encarnação significa a volta do Espírito à vida corpórea, mas num outro corpo, sem qualquer espécie de ligação com o antigo. Usa-se também o termo PALINGENESIA, proveniente de duas palavras gregas – PALIN, de novo; GENESIS – nascimento.
FONTE: (http://aprendizadoespirita.wordpress.com/2010/03/14/encarnacao-encarnacao/).

Segundo eles, os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais em poder, inteligência, saber e nem em moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos superiores, que se distinguem dos outros por sua perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e seu amor ao bem: são os anjos ou Espíritos puros.

Jesus para os espíritas é a manifestação de um Espírito Superior, a mais elevada entidade encarnada, o maior dos “missionários” enviados por Deus ao mundo, para ensinar aos homens que a verdadeira vida não é a transcorrida na terra, mas a que será vivida no além, indicar-lhes o caminho que conduz a ela e os meios para alcançá-la. (Grifos meus).
FONTE: (O Espiritismo no Brasil, pág 384-401).

Jesus foi o Diretor angélico do orbe terreno, acompanhou todo o processo de formação da Terra, o primórdio da vida no planeta, e vem seguindo, com a mais extremada atenção, a todos os espíritos que vinculados a este orbe, desenvolvem valores éticos e culturais. Mostra Emmanuel que Jesus não pode ser compreendido como um simples filósofo, tendo-se em conta os valores divinos de sua hierarquia espiritual, conseguidos à custa de inumeráveis encarnações em mundos, hoje já inexistentes. Esteve encarnado em nosso planeta uma única vez, e tornou-se, na expressão do Codificador, o "modelo e guia para a humanidade", haja vista ter sido Jesus o único Espírito Puro a envolver-se nos fluidos carnais da Terra. (Grifos meus).
Fonte: (http://www.riodeluz.net/index.php?Lugar=Pag_4).

COMENTÁRIO - Segundo o exposto acima, podemos perceber uma certa analogia da doutrina espírita com a doutrina da encarnação, feita pelos defensores de uma preexistência de Jesus antes de nascer nesta terra. Aqui se faz necessária uma aclaração de termos.

Como foi dito no início deste livro, para os trinitarianos, Jesus sempre foi “eterno”, nunca teve uma “origem”, ao passo que para os defensores da preexistência, Jesus teve uma “origem” lá na eternidade, antes da criação de todas as coisas, inclusive foi Ele (Jesus) que foi o criador de tudo.
O forte apelo espírita está baseado na premissa que se Jesus “existia” antes de nascer como homem, necessariamente deve haver “existido” sob alguma forma espiritual, pois ninguém concebe Jesus em sua preexistência, sem ter uma forma pessoal, corpórea, sem ser uma pessoa. Se Ele não possuía a humanidade até nascer, é óbvio que deveria então “existir” sob alguma forma corpórea-espiritual. É aqui que entra o conceito espírita! Ele existia como um Espírito Superior!!
Como ensina a doutrina espírita, Jesus era um SER SUPERIOR, enviado por Deus ao mundo e que acompanhou todo o processo de formação da Terra (Orbe terreno).

Para os defensores da preexistência, Jesus “saiu” de Deus em um tempo desconhecido por nós humanos na eternidade, porém ninguém informa como se deu este processo. Apenas, limitam-se a escolher aleatoriamente textos das escrituras, isolados de seus contextos, para dar apoio à esta teoria. Assim também fazem os trinitarianos para “provar” a trindade com a bíblia. Certamente este Espírito Superior, segundo os defensores da preexistência, foi aquele que abandonou sua antiga forma “corpórea – espiritual” para nascer como um bebê em Belém.

Com todo o respeito àqueles que acreditam na teologia tradicional da encarnação, gostaria apenas de destacar, que esta doutrina comum no universo pagão pré e pós-cristão é estranha ao pensamento bíblico. São invenções da mente humana e descritas nos concílios romanos.

A doutrina basicamente implica que um ser que não é carne, se torne carne. Tornar-se carne, é passar de um estado que NÃO É CARNE a outro QUE É CARNE.
Nas religiões pagãs eram geralmente os próprios deuses os que se encarnavam: deuses que tomavam corpos de carne, ou seja, se convertiam em seres humanos.

Mas existem muitas religiões que afirmam que os próprios seres humanos se encarnam, por exemplo, dentro do budismo e o hinduísmo se crê que ao morrer a alma de uma pessoa volta a encarnar-se em um animal ou pessoa diferente. Este processo se chama RE-ENCARNAÇÃO, ou seja, uma ENCARNAÇÃO REPETIDA.

A igreja dos santos dos últimos dias afirma que todos os seres humanos se encarnam ao nascer, posto que todos éramos anjos antes de vir a terra. Este processo o chamam de “PRÉ-EXISTENCIA CELESTIAL”.
Embora o cristianismo tradicional rejeita a encarnação dos seres humanos em geral, algumas igrejas crêem que Jesus, O Messias foi um ser diferente antes de nascer e que ENCARNOU em um corpo humano de um bebê no ventre de Maria. (EM ESSÊNCIA UM ENSINO ESPÍRITA).

Para alguns grupos, como os TESTEMUNHAS DE JEOVÁ e os Adventistas do 7º Dia, Jesus foi o arcanjo Miguel antes de vir a terra e disfarçou-se de homem quando se encarnou. Não existe na bíblia nenhum texto, passagem ou noção que afirme tal coisa. Jesus nunca é chamado de Miguel, nem Miguel afirma ser o Messias que haveria de encarnar-se. Na verdade, um arcanjo quer dizer ANJO-CHEFE, e não uma espécie separada de anjo. Ser o ARCANJO implica ser o ANJO PRINCIPAL, porém, não com uma natureza diferente da dos anjos. A epístola aos hebreus refuta esta heresia de que o Messias teria sido algum dia um anjo. Jesus é superior aos anjos. (veja Hebreus 1 e 2).

Há um texto que diz que Jesus virá com voz de arcanjo (1 Tess. 4:16) e isso o converte no Arcanjo Miguel? No mesmo verso também diz que Ele virá com a trombeta de Deus, então se aplicarmos o mesmo princípio, deveríamos dizer que isto o converte em DEUS, porque Ele vem com a trombeta de Deus? A bíblia também chama Jesus de LEÃO DA TRIBO DE JUDÁ, deveríamos então afirmar que Jesus é um leão por natureza?

Voltando à encarnação, desde o princípio a escritura deixa claro qual é a origem e o destino do homem: porquanto és pó e em pó te tornarás (Gen 3:19b).

Nós não encarnamos, pois nunca fomos outra coisa que não CARNE, simplesmente nascemos.

De onde Adão foi tomado? Do pó da terra. Antes de nascer simplesmente não existia, o que é óbvio, pois a palavra NASCER significa EXISTIR, INICIAR SUA VIDA. Não se pode crer na PREEXISTÊNCIA de um ser em outra dimensão ou esfera existencial sem crer na encarnação. É como acreditar no fogo do inferno ou no purgatório: deve-se crer em uma alma imortal. Sem uma alma imortal, não existe NADA que possa ir ao inferno sofrer.

Para que um ser possa haver PREEXISTIDO, tem que haver EXISTIDO EM ALGUM LUGAR ANTES. Tem que haver existido, porém de alguma forma diferente, ou numa existência prévia. Dado que os seres humanos são DE CARNE, se um ser humano (como se crê em relação a Cristo) PRÉ-EXISTIU, então se subentende que se tornou um ser humano através de um PROCESSO – O DA ENCARNAÇÃO, que as escrituras absolutamente não descrevem.

A atração psicológica de um Jesus não-humano

Gostaria de sugerir nesta parte, que cada falsa compreensão da Bíblia, cada doutrina errada, tem algum tipo de base psicológica para ela, e que, muitas vezes, isso envolve uma desculpa para a reprovação do desafio de crer na Palavra de Deus. Crer que Jesus de Nazaré era apenas um ser humano, nunca pecou, morreu e ressuscitou, realmente nos exige muita fé. O simples relato bíblico realmente necessita de mais fé do que possa parecer à primeira vista.

Acreditar que há 2010 anos atrás, um homem perfeito morreu ... e depois de três dias, Deus o ressuscitou e que 40 dias depois, ele subiu em direção ao céu e de alguma forma o céu o tomou, sim, ela exige fé para entender a realidade pessoal, concreta e histórica de tudo isto. Por isso que muitos crêem na trindade e na preexistência literal. Isto não lhe exige fé. Para muitos se torna em mistério e ponto final. Muitos acabam afirmando que não têm como compreender e se fecham em seus argumentos. Soa muito mais “altivo, excelso” crer num salvador assim, do que crer no “homem de dores, experimentado nos trabalhos” descrito na bíblia (Isaías 53:3b).

É muito mais fácil deixar de lado o desafio de crer nas escrituras e dizer: Na verdade, ele era Deus mesmo, ou um Filho Divino preexistente!!
No Século 1, Israel tropeçou na humanidade de Jesus. “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, o irmão de Tiago? E escandalizavam-se nele” (Mc. 6:3).

Em essência, a mesma coisa está acontecendo com os defensores da preexistência literal.
Jesus, Filho de Deus, o ser humano perfeito ... era verdadeiramente humano, com irmãos, mãe e parentes humanos. E assim eles tropeçaram em várias teorias e teologias erradas a respeito de Jesus para tentar racionalizar e espiritualmente legitimar a sua falta de fé nEle como uma pessoa humana.
Os primeiros cristãos também devem ter lutado com a questão de como poderia UM HOMEM ter feito tudo isso? Como isso pode ser verdade sobre UM HOMEM? E assim os outros cristãos posteriormente tomaram o caminho mais fácil, foi reprovada a questão, decidindo que Jesus deve ter sido Deus.

Da mesma forma, há o desafio do fato de que Jesus é explicado nas Escrituras como nosso representante, mas que nos requer muita fé, mas o cristianismo em geral que buscou esta demanda substituiu-o por outra figura, UMA FIGURA VINDA DO CÉU, distinta daquela descrita na bíblia, mas o Senhor Jesus definiu um padrão - humilhação e sofrimento, seguido de glorificação.

No entanto, a concepção comum sobre Jesus está errada: o caminho preexistente na glória do céu, seguida por humilhação, em seguida, um retorno à glória. A Bíblia ensina claramente que a glória do Senhor Jesus foi ganha, foi a sua recompensa, e nós com os nossos corações dizemos: “Digno é o Cordeiro que foi morto!" para receber a glória, sabendo que nós também iniciamos uma trajetória semelhante à glória, com todas as experiências de humilhação na vida compreendidas nesse mesmo contexto.

Apesar do fato de que Jesus, evidentemente, preferia falar de si mesmo como “filho do homem”, os discípulos nunca são contabilizados como se referindo a ele dessa maneira. Esse desconforto psicológico com o Jesus humano é refletido pela maneira na qual um cristão do 2º século, o herege Valentino, começou a ensinar que Jesus comeu e bebeu “de uma forma especial, para que nenhum resíduo excretal fosse produzido” (Conforme citado em Larry Hurtado, Senhor Jesus Cristo (Cambridge: Eerdmans, 2003 - p. 528. 528.) O desejo humano de acreditar em um deus (COMO NO TRINITARIANISMO), em vez de um homem é demonstrado na atitude de Israel a Moisés. Eles disseram: “MAS vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, ajuntou-se o povo a Aarão, e disseram-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós: porque enquanto {a} este Moisés, {a} este HOMEM que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe sucedeu." (Ex. 32:1,4).
Observe na passagem, como eles criaram um bezerro, mas o adoraram como DEUSES (plural). Eles cometeram a falácia da trindade muitos séculos antes. Eles não conseguiam segurar um salvador, que era humano, como eles, e então decidiram que um deus haveria de ser o seu salvador, que existe como uma pluralidade de deuses, dentro de uma unidade, ou seja, o bezerro de ouro. Jesus. A essência do Cristianismo é para ser direcionada à pessoa humana do Senhor Jesus. Observe os paralelos descritos pelo Apóstolo Paulo entre Cristo e Adão (1 Corintios 15:22/Rom.5:12).
Se Jesus não fosse plenamente humano, este paralelo se desintegraria.
Nunca houve uma pessoa que tivesse uma revelação tão clara do verdadeiro cristianismo como o apóstolo Paulo. A base de sua experiência era a sua união com Cristo. Sua vida estava de tal forma identificada com a Pessoa de Cristo, que ele dizia: “Estou crucificado com Cristo, logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”. Gálatas 2.20.
Nas epístolas, o apóstolo faz referência a si mesmo, resumindo a essência da vida cristã na expressão “homem em Cristo” (2 Coríntios 12:2). A vida de Paulo e a sua teologia nos ajudam a compreender o que significa ser um autêntico cristão, ou seja, um homem em Cristo.

Um dos livros mais significativos do Dr. Russel Shedd tem como título “A solidariedade da Raça: O Homem em Adão e em Cristo”. Trata-se da sua tese de doutorado, escrita em 1958. Nesta obra, Russel Shedd demonstra que a chave do entendimento do pensamento de Paulo sobre o homem, a salvação e a igreja está no conceito de “personalidade corporativa” que aparece nas Escrituras do Antigo Testamento e nos escritos rabínicos. O autor diz: “toda a antropologia e a soteriologia de Paulo estão construídas sobre os conceitos hebraicos da solidariedade da raça”. O apóstolo Paulo se apropriou do conceito “personalidade coletiva” do pensamento hebraico (o homem em comunidade) para demonstrar o que significa estar em Cristo e não mais em Adão.
Na época do Velho Testamento o povo judeu se entendia como uma unidade corporativa chamada Israel. Não havia como desvincular o indivíduo do grupo e o grupo do indivíduo. A idéia de uma personalidade coletiva era muito forte. O apóstolo Paulo não tinha dificuldade de pensar em termos de “personalidade corporativa” como nós, porque já estava acostumado a pensar desta forma. A partir deste conceito Paulo demonstrou que Adão e Cristo são as únicas “personalidades coletivas” diante de Deus. A Bíblia deixa bem claro que a humanidade está dividida em duas raças. A raça de Adão e a raça de Cristo. Ambos são cabeças universais da humanidade. Toda a humanidade está incluída nesses dois homens. Os atos destes dois homens tiveram efeitos sobre toda a raça humana.

A tendência é sempre que a nossa mente vagueie até as mais abstratas e menos exigentes coisas pessoais e ao invés de dizer que Jesus foi um homem elevado a Deus, o tornamos um Deus que se fez homem, filho do Pai, porém igual ao Pai (cf. declaração do Concílio de Nicéia, ano 325). Desta forma se observa que a Igreja como um todo se afastou do foco sobre o Jesus humano e real dos Evangelhos, porque eles se tornaram cada vez mais absorvidos em especulações sobre sua suposta vida anterior no céu (PREEXISTÊNCIA).

Para acreditar no verdadeiro Jesus, nos milagres de Deus em vidas humanas ao longo da história, era muito grande o desafio à fé e assim tudo foi tornado confortavelmente abstrato. Os escritores do Novo Testamento mostraram as coisas passadas, como a travessia do Mar Vermelho e os eventos no deserto como acontecimentos históricos reais, que foram tipos da obra de Cristo (1 Coríntios 10:1-4.; Hebreus 3, etc.).

Mas por volta do 2º Século, houve um afastamento da leitura desses eventos como tipos, e passaram a serem vistos como alegorias que já não eram os eventos de suma importância real e os personagens e acontecimentos foram considerados como alegóricos. Foi neste contexto de crescente abstração que os cristãos começaram a afastar-se do verdadeiro Cristo. Orígenes no terceiro século argumentou fortemente que as seções históricas da Bíblia deviam ser tomadas como alegoria e não como história literalmente precisa. Ele falou de estar na Bíblia “a verdade espiritual em mentiras históricas”, e passou a usar isso como uma desculpa para explicar por que o Senhor Jesus é apresentado como o ser humano e não divino dos Evangelhos.

Colaboração de:

MARCELO ALEXANDRE DO VALLE
[E-MAIL – marceloalexandrevalle@yahoo.com.br].