A
postagem não tem como objetivo em contestar as doenças e muito
menos os milagres. Isso baseado em duas questões simples: as doenças
sempre existiram, e a bíblia testifica por todas as suas páginas,
sobre a ação de Deus e dos seus agentes, At.
3. 4-7
“Pedro,
fitando-o, juntamente com João, disse: Olha para nós. Ele os olhava
atentamente, esperando receber alguma coisa. Pedro, porém, lhe
disse: Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou:
em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda! E, tomando-o pela mão
direita, o levantou; imediatamente, os seus pés e tornozelos se
firmaram.”
Mas
não foi sempre assim, inclusive os povos dualistas, aqueles que
acreditam que o mundo é regido por duas forças opostas, os assírios
e babilônicos são um exemplo claro disso, criam que toda classe de
doenças eram provocadas por demônios, para os babilônicos o deus
Namtar, o príncipe das trevas, se comprazia em atormentar os míseros
mortais: era representado agarrando um homem pelos cabelos, e com a
espada desembainhada para feri-lo com todo tipo de doenças e dores.
Etemmu
era o nome dado aos espíritos dos mortos que não receberam os
sacrifícios rituais prescritos; vagavam pela terra assombrando casas
e "encostando" ou "incorporando" nas pessoas que
assim caíam em transe e eram atormentadas de mil maneiras. Lamastu
era o deus da febre e das doenças de crianças. Lilitu, era a deusa
que causava os pesadelos noturnos, após o período de cativeiro ela
entrou na mentalidade judaica transformada em Lilit.
Desta
divindade ou demônio feminino, Isaías diz metaforicamente que ela
descansa nas ruínas do Edom. Is.
34. 14
“Criaturas
do deserto se encontrarão com hienas, e bodes selvagens balirão uns
para os outros; ali também descansarão as criaturas noturnas e
acharão para si locais de descanso.” Inclusive
essa mesma
deusa ou demônio era a deusa da tormenta para os acádios,
identificada com Mililla ("senhora tormenta").
Outro demônio que tinha destaque entre os povos antigos foi Pazuzu ele era
o deus principal das chamadas "possessões demoníacas". As
pessoas o representavam-no com corpo mais ou menos humano, rosto de
bode, pés em forma de garras de ave de rapina e poderosas asas.
Pazuzu é o demônio que escolheu W. P. Blatty para causar a
possessão no seu filme e livro “O Exorcista”. Assim para os povos
que viviam ao redor de Israel acreditavam que cada doença, um
demônio que causava.
Mesmo
moléstias tão comuns como a enxaqueca ou torcicolo. Quando alguém
sofria das têmporas e os músculos de seu pescoço estão doloridos,
está lá a ação de um demônio. Assim o demônio Alal agia sobre o
peito. O demônio Adad, agia sobre o pescoço. Enquanto que Gigin
atormentava nos intestinos, Idpa causava dor de cabeça, a fronte já
era atormentada por Utug. As dores nas costas eram provocadas por
Ishtar. A demonologia da antiga Mesopotâmia, descrita na literatura
sumérica, penetrou através dos caldeus na cultura helenística. Por
exemplo: a loucura e qualquer comportamento estranho, eram
conseqüência da interferência desses deuses, irritados, na mente
do homem.
Foi
quando Hipócrates (460-367 a.C.) considerado o pai da Medicina,
juntamente com seus seguidores lutaram para erradicar a tradição
espírita ou demonológica na explicação das doenças. Era a
ciência que sustentava, já então, que todas as doenças se devem a
causas naturais. Esses homens passaram a negar, a influência de
deuses, espíritos ou demônios inclusive na epilepsia, considerada
por excelência "a doença sagrada". Embora houvesse
médicos no período do império romano, a maioria, continuou com a
mentalidade mágica e demonológica. Ao daímon deus da Febre se
dedicou um templo próprio em Roma. Galeno, médico grego (nascido em
Pérgamo, Ásia Menor) conhecido em todo o império romano do século
II DC. Foi acusado de praticar a magia (bruxaria), pois só assim se
compreenderia a precisão com que predizia o curso de uma doença
interna: segundo ele teria de ser assim porque conhecia os demônios
que as causavam!
No
Antigo Testamento não há nenhum caso de possessão demoníaca. E
porque não há nenhum caso? Eram claras e severas as admoestações
contra a magia, e a mentalidade mágica e demoníaca só entrou na
bíblia após o cativeiro babilônico. De maneira nenhuma poderia se
aceitar no AT. possessões, encostos e expulsões. Depois, a
interpretação demonológica foi entrando aos poucos. Esta
mentalidade mágica chegou mesmo a grassar entre os judeus do período
inter-testamentário e nos judeus e cristãos do primeiro século
após Cristo.
Já
nos Evangelhos fala-se de possessões ou expulsões demoníacas 16
vezes, e 3 nos Atos dos Apóstolos. Mt.
8. 16-17
“E,
chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele, com a
sua palavra, expulsou deles os espíritos e curou todos os que
estavam enfermos, para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta
Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou
as nossas doenças.”
Percebemos
aqui algo interessante, a bíblia traça uma analogia entre os
espíritos malignos e as doenças, confirmando assim a crença da
época onde eles relacionavam as doenças com os demônios, Mc.
1. 34 “E
curou muitos que se achavam enfermos de diversas enfermidades e
expulsou muitos demônios, porém não deixava falar os demônios,
porque o conheciam.”
At.
8. 6-7
“E
as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia,
porque ouviam e viam os sinais que ele fazia, pois que os espíritos
imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e
muitos paralíticos e coxos eram curados.”
É
fato também que se o ensinamento dos demônios for tido como sendo
algo literal e não um pensamento da época irá contradizer o ensino
cristão, onde e dito e ensinado que o diabo é enganador e só fala
mentira, Mc.
1. 23-24
“E
estava na sinagoga deles um homem com um espírito imundo, o qual
exclamou, dizendo: Ah! Que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste
destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus.” At.
16. 16-17
“E
aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem
que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava
grande lucro aos seus senhores.Esta, seguindo a Paulo e a nós,
clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da
salvação, são servos do Deus Altíssimo.”
Nestes
quatro versos nós percebemos o suposto espírito maligno fazendo
propaganda ou uma espécie de evangelismo, algo contrário as características do diabo
O que são essas possessões? Principalmente nos dois séculos
a.C. e no século I d.C., a medicina dos judeus era a da Mesopotâmia.
Recebida diretamente dos povos mesopotâmicos e indiretamente através
da cultura greco-romana. Muitos dirão: isso é impossível, se a
bíblia diz que era espírito maligno, então é certo que era!
Devemos entender que não é propósito da bíblia esclarecer a
ignorância dos povos no que diz respeito a ciência em geral.
O propósito da bíblia é
revelar Deus, a sua vontade, demonstrar a natureza caída do homem e
mostrar também que a curta vida na terra não é o fim de tudo,
esses são alguns objetivos da bíblia, lembrando sempre que o
próprio Deus, os profetas apóstolos e mesmo Jesus, sempre trataram
das questões humanas, baseado na linguagem humana da época.